domingo, 24 de março de 2013


4ª Aula de Filosofia 2º Ano Ens. Médio. M, T, N.
Felicidade

felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade - pela filosofia, pelas religiões ou pela psicologia. O homem sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena.
A felicidade é o que os antigos gregos chamavam de eudaimonia, um termo ainda usado em ética. Para as emoções associadas à felicidade, os filósofos preferem utilizar a palavra prazer. É difícil definir, rigorosamente, a felicidade e sua medida. Investigadores em psicologia desenvolveram diferentes métodos e instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford,[1] para medir o nível de felicidade de um indivíduo. Esses métodos levam em conta fatores físicos e psicológicos, tais como envolvimento religioso ou político, estado civil, paternidade, idade, renda etc.
Evolução histórica das reflexões sobre a felicidade
Zoroastromístico que teria vivido por volta do século VII a.C. na região dos atuais Irã e Afeganistão, criou uma doutrina religiosa, o zoroastrismo, que se baseava numa luta permanente entre o bem e o mal. O bem incluiria tudo o que fosse agradável ao homem: beleza, justiça, saúde, felicidade etc.. No final dos tempos, haveria a vitória definitiva do bem. A missão dos homens seria a de procurar apressar essa vitória final, através de uma conduta individual correta.
Aproximadamente na mesma época, na China, dois filósofos apontaram dois caminhos para se atingir a felicidade: Lao Tsé defendeu que a felicidade podia ser atingida tendo, como modelo de nossas ações, a natureza. Já Confúcio enfatizou o disciplinamento das relações sociais como elemento fundamental para se atingir a felicidade.
dalai lama Tenzin Gyatso defende a autorreflexão como caminho para se atingir a felicidade.
A felicidade é um tema central do budismo, doutrina religiosa criada na Índia por Sidarta Gautama por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do Nobre Caminho Óctuplo. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do desejo em todas as suas formas. Um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o dalai lama Tenzin Gyatso, diz que a felicidade é uma questão primordialmente mental, no sentido de ser necessário, primeiramente, se identificar os fatores que causam a nossa infelicidade e os fatores que causam a nossa felicidade. Uma vez identificados esses fatores, bastaria extinguir os primeiros e estimular os segundos, para se atingir a felicidade[2].
Mahavira, um filósofo indiano contemporâneo de Sidarta Gautama, enfatizou a importância da não violência como meio de se atingir a felicidade plena. Sua doutrina perdurou sob o nome de jainismo[3].
Para o filósofo grego Aristóteles, que viveu no século IV a.C., a felicidade é uma atividade de acordo com o que há de melhor no homem. O homem, diferente de todos os outros seres vivos, é dotado de linguagem (logos), e a atividade que há de melhor no homem deve ser realizada de acordo com a virtude, então, aquele que organizar os seus desejos de acordo com um princípio racional terá uma ação virtuosa e a vida de acordo com a virtude será considerada uma vida feliz. Assim, a felicidade, para o filósofo grego, é uma atividade da alma de acordo com um princípio racional, isto é, uma atividade de acordo com a virtude.Com isso, vemos que a concepção aristotélica de felicidade diverge em muito da concepção contemporânea, por exemplo, que considera a felicidade como a paz de espírito ou um estado durável de emoções positivas. Para Aristóteles um homem feliz é um homem virtuoso. Nesse sentido, muitas vezes se sugere que o termo eudaimonia não seja traduzido, destacando a diferença do que concebemos atualmente como felicidade. (Cf. Ética Nicomaquéia, Livro 1, capítulo 7).
Epicuro, filósofo grego que viveu nos séculos IV e III a.C., defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo[4].
Pirro de Élis, filósofo grego contemporâneo de Epicuro, também advogava que a felicidade residia na tranquilidade, porém divergia quanto à forma de se alcançar a tranquilidade. Segundo Pirro, a tranquilidade viria do reconhecimento da impossibilidade de se fazer um julgamento válido sobre a realidade do mundo. Tal reconhecimento livraria a mente das inquietações e geraria tranquilidade. Este tipo de pensamente é, historicamente, relacionado à escola filosófica do ceticismo[5].
Outra escola filosófica grega da época, o estoicismo, também defendia a tranquilidade (ataraxia) como o meio de se alcançar a felicidade. Segundo essa escola, a tranquilidade poderia ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino[6].

Para Aristóteles, a felicidade pode ser atingida pela prática do bem.
Jesus Cristo defendeu o amor como o elemento fundamental para se atingir a harmonia em todos os níveis, inclusive no nível da felicidade individual. Sua doutrina ficou conhecida como cristianismo.
Maomé, no século VII, na Península Arábica, enfatizou a caridade e a esperança numa vida após a morte como elementos fundamentais para uma felicidade duradoura, eterna[7].
O cristianismo, após a morte de Jesus, aprimorou-se institucionalmente e dividiu-se em vários ramos. Um deles, o catolicismo, produziu muitos filósofos famosos, como Tomás de Aquino, que, no século XIII, descreveu a felicidade como sendo a visão beatífica, a visão da essência de Deus.
O filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau defendeu que o ser humano era, originalmente, feliz, mas que o advento da civilizaçãohavia destruído esse estado original de harmonia. Para se recuperar a felicidade original, a educação do ser humano deveria objetivar o retorno deste à sua simplicidade original[8].
Na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, os filósofos Jeremy Bentham e John Stuart Mill criaram o utilitarismo, doutrina que dizia que a felicidade era o que movia os seres humanos. Segundo o utilitarismo, os governos nacionais têm, como função básica, maximizar a felicidade coletiva[9].
positivismo do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) enfatizou a ciência e a razão como elementos que deveriam nortear o ser humano na busca da felicidade. Esta felicidade seria baseada no altruísmo e na solidariedade entre todo o gênero humano, formando a chamada "religião da humanidade".
O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) defendeu o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes, como elemento fundamental para se atingir a felicidade humana.
O psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939), o criador da psicanálise, defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou princípio do prazer. Porém essa busca seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, deu o nome de "princípio da realidade". Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial[10].
psicologia positiva - que dá maior ênfase ao estudo da sanidade mental e não às patologias - relaciona a felicidade com emoções e atividades positivas[11].
economia do bem-estar defende que o nível público de felicidade deve ser usado como suplemento dos indicadores económicos mais tradicionais, como o produto interno bruto, a inflação etc.
Estudos científicos recentes têm procurado achar padrões de comportamento e pensamento nas pessoas que se consideram felizes. Alguns padrões encontrados são:
  • capacidade de adaptação a novas situações
  • buscar objetivos de acordo com suas características pessoais
  • riqueza em relacionamentos humanos
  • possuir uma forte identidade étnica
  • ausência de problemas
  • ser competente naquilo que se faz
  • enfrentar problemas com a ajuda de outras pessoas
  • receber apoio de pais, parentes e amigos
  • ser agradável e gentil no relacionamento com outras pessoas
  • não superdimensionar suas falhas e defeitos
  • gostar daquilo que se possui
  • ser autoconfiante
  • pertencer a um grupo[12]
  • independência pessoal
Referências
  1.  The Oxford Happiness Questionnaire
  2.  CUTLER, H. C. e LAMA, D. A Arte da Felicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 14,15
  3.  WILKINSON, P. O Livro Ilustrado das Religiões. São Paulo: Publifolha, 2001. pp. 45-46
  4.  MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 93
  5.  MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. pp. 95,97,98
  6.  MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 92
  7.  MAZLOUM, A. Reflexões sobre a felicidade. Disponível em http://hamzaabdullah357.blogspot.com/2010/03/reflexoes-sobre-felicidade.html. Acesso em 3 de agosto de 2012
  8.  NICOLA, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna. Tradução de Maria Margherita de Luca. São Paulo. Globo. 2005. p. 303.
  9.  http://educacao.uol.com.br/biografias/jeremy-bentham.jhtm
  10.  http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2007/07/30/000.htm
  11.  Freitas-Magalhães, A. (2006). A psicologia do sorriso humano. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa. ISBN 972-8830-59-9 - ISBN 978-989-643-035-1(2ª Ed., 2009).
  12.  NIVEN, D. 100 segredos das pessoas felizes. 14ª edição. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. 189p
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