quarta-feira, 4 de março de 2015

1ª Aula de História – 3º Ano Ensino Médio-2015
Neocolonialismo e a descolonização.
Esta aula tratará de dois processos: primeiramente o processo do neocolonialismo, iniciado no século XIX. Em seguida, o processo de descolonização, efetivado com o final da Segunda Guerra Mundial.
O Neocolonialismo
O século XIX vai conhecer uma nova corrida colonial. Este processo histórico está diretamente relacionado com a chamada Segunda Revolução Industrial – ocorrida na Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos.
A Segunda Revolução Industrial provocou um enorme aumento na capacidade produtiva das indústrias, fazendo-se necessário uma ampliação do mercado consumidor e do mercado fornecedor. A disputa por novos mercados resulta no imperialismo e, posteriormente, na Primeira Guerra Mundial.
O Antigo Sistema Colonial e o Neocolonialismo.
O Antigo Sistema Colonial ocorreu entre os séculos XVI e XVIII. A preocupação fundamental era o fornecimento de gêneros tropicais e de metais preciosos para a Europa, bem como o consumo de produtos manufaturados europeus, por parte das colônias.
A mão-de-obra utilizada era a escrava (negra ou indígena), a política econômica que norteava as relações era o Mercantilismo – com a necessidade de acumulação de capitais, daí a existência dos monopólios.
A área geográfica do Antigo Sistema Colonial era a América- podendo-se encontrar colônias de exploração e colônias de povoamento.
Já no Neocolonialismo a área geográfica passou a ser a África e a Ásia. A política econômica que predomina será o liberalismo e o fator básico da colonização é econômico, ou seja, necessidade de matérias-primas industriais, tais como carvão, ferro, petróleo. A área colonial receberá os excedentes industriais e será local para investimentos de capitais disponíveis na Europa.
As novas áreas coloniais também auxiliarão as tensões sociais da Europa: novas terras para receber população europeia, tornando-se uma válvula de escape às pressões demográficas.
O regime de trabalho será o assalariado – garantindo assim o mercado consumidor. A mão-de-obra barata das áreas coloniais interessava às grandes industriais, pois o trabalhador europeu recebia altos salários, em razão de sua organização sindical e de partidos políticos que lutavam pelos direitos trabalhistas.
A propaganda que defendia o imperialismo denominava-se “darwinismo social”. Baseada em ideias pseudocientíficas, afirmava ser a sociedade europeia (branca) mais civilizada que outras sociedades (não brancas).
Assim, cabia à sociedade europeia a missão de “civilizar” as demais, o conhecido “fardo do homem branco”.
Porém, o neocolonialismo foi estritamente econômico, satisfazendo os interesses dos grandes grupos econômicos – cartéis, trustes e holdings – e beneficiando a alta burguesia. Por conta disto, o neocolonialismo alterou o capitalismo que, de concorrencial passou a ser monopolista: o capital concentrado em grandes grupos econômicos financiados por grandes bancos. Desenvolve-se então uma nova modalidade de capitalismo, o capitalismo financeiro.
O imperialismo na Ásia
A revolução Industrial e a expansão das indústrias têxtil inglesa torna a Ásia uma consumidora de produtos europeus, especialmente britânicos.
Uma das regiões mais disputadas na Ásia foi a Índia que, ao longo dos séculos XVI ao XIX ficará sob o controle da Inglaterra. A Índia será administrada pela Companhia das Índias Orientais.
Em 1857 ocorre a Revolta dos Sipaios (revolta Indiana), última tentativa de resistência ao domínio britânico e, em 1876 a rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia.
O imperialismo na China ligava-se aos interesses econômicos do chá, seda e outras mercadorias.
Entre 1840 e 1842 ocorreu a Guerra do Ópio, em razão da destruição de carregamentos de ópio para a China. A vitória inglesa no conflito resultou na assinatura do Tratado de Nanquim, onde Hong Kong é incorporado à Inglaterra e cinco portos foram abertos ao comércio inglês – com destaque para os portos de Xangai e Nanquim.
Após esta abertura forçada, a China será alvo de outras nações imperialistas, como o Japão, Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Como reação ao domínio estrangeiro surge uma sociedade nacionalista secreta – a Sociedade dos Boxers – promovendo ataques e sabotagens aos estrangeiros. Surge então a Guerra dos Boxers, cuja derrota chinesa às potências estrangeiras culminou com novas concessões econômicas.
O imperialismo na África.
Um dos pioneiros na conquista da África foi a França que, em 1830 ocupou a Argélia; em 1844 conquistou o Marrocos e em 1854 o Senegal. No ano de 1910 foi formada a África Ocidental Francesa, composta pelos territórios da Guiné, Gabão, parte do Congo e do Sudão. Ainda parte do império colonial contava-se a Madagascar e a Tunísia.
A Inglaterra teve sua colonização na África impulsionada pela construção do canal de Suez, no Egito. Em 1888 a companhia dirigida por Cecil Rhodes conquistou a Rodésia. Entre os anos de 1888 e 1891 foram incorporados ao império britânico o Quênia, a Somália e Uganda. Outros territórios britânicos foram a União Sul-Africana, Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha conquistou o Camarão, África Sudoeste e África Oriental. A Itália anexou a Líbia, Somália e Eritréia.
Portugal anexou Moçambique, Angola, Guiné Portuguesa; a Espanha com o Marrocos Espanhol, Guiné Espanhola e Rio do Ouro.
A região central da África era objeto de disputa por várias nações europeias. Para resolver a questão foi organizada a Conferência de Berlim (1884/85), que contou com a participação da Rússia e dos Estados Unidos. A conferência estimulou a corrida sobre os poucos territórios livres que existiam no continente africano.
O Japão adota posturas imperialistas a partir da década de 1860, início do período de modernização do Japão, conhecido como “Era Meiji”. O imperialismo japonês ocorrerá sobre a China, Coréia e Formosa (Taiwan).
O imperialismo na América Latina será exercido pelos Estados Unidos: México, após a guerra de 1848. A partir de 1870 o domínio norte-americano se fará na região do Caribe.
A parte sul do continente americano terá o predomínio da Inglaterra.
Consequências do neocolonialismo
O mundo será partilhado entre as grandes potências industriais. A tentativa de ampliar as áreas de dominação provocará o choque imperialista. Este choque vai deflagrar a Primeira Guerra Mundial.
A descolonização.
Causas da descolonização
A descolonização da Ásia e da África está relacionada com a decadência da Europa, motivada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise de 1929 e Segunda Guerra Mundial.
Outro fator será o despertar do sentimento nacionalista na Ásia e na África, impulsionado pela decadência da Europa e pela Carta da ONU, que, em 1945, reconheceu o direito dos povos colonizados à autodeterminação. O ponto máximo do nacionalismo será a Conferência de Bandung (1955), ocorrida na Indonésia que estimulou as lutas pela independência.
A guerra fria e a polarização entre EUA (capitalismo) e a URSS (socialismo) também contribuíram para o fim dos impérios coloniais. Cada uma das superpotências via na descolonização uma oportunidade de ampliar suas influências políticas e econômicas.
A Descolonização da Ásia.
O processo de independ6encia das áreas coloniais asiáticas foi por meio da guerra ou pacífica.
Independência da Índia
O processo de independência da Índia teve seu início na década de 1920, através do Partido do Congresso, sob a liderança de Mahatma Gandhi e Jawarhalal Nerhu.
A campanha de Gandhi foi caracterizada pela desobediência civil, não violência e resistência passiva.
Em 1947, os ingleses reconheceram a independência da Índia. Em face das rivalidades religiosas o território foi dividido: a maioria hinduísta, governada por Nerhu formará a União Indiana; a parte islâmica, governada por Ali Junnah, formará o Paquistão. Em 1971 o Paquistão Oriental proclama sua independência do Paquistão Ocidental, surgindo a República do Bangladesh.
Independência da Indonésia
O movimento de independência da Indonésia foi conduzido por Sukarno. A luta estendeu-se até 1949, quando a Holanda reconheceu a independência.
Independência da Indochina
No ano de 1941, como resistência a ocupação japonesa, formou-se um movimento nacionalista – Vietminh – dirigido por Ho Chi Minh. Após a derrota japonesa na guerra foi proclamada a independência da República Democrática do Vietnã ( parte norte).
Os franceses não reconheceram a independência e tentaram, a partir de 1946, recolonizar a Indochina, tendo início a Guerra da Indochina. Em 1954, na Conferência de Genebra foi reconhecida a independência da Indochina, dividida em Laos, Camboja e Vietnã (parte norte e parte sul).
A mesma conferência estabeleceu que o paralelo 17 dividisse o Vietnã. Em 1956 formou-se a Frente de Libertação Nacional, contra o governo de Ngo Dinh Diem – apoiado pelos EUA. A Frente contou com o apoio do Vietcong (exército guerrilheiro). O cancelamento das eleições de 1960 deu início à guerra do Vietnã. O Vietcong contou com o apoio do Vietnã do Norte, e o governo de Ngo Dinh Diem dos EUA.
A guerra perdurou até 1975, quando os Estados Unidos retiraram-se da região.
A Descolonização da África.
Independência do Egito
O Egito era um protetorado inglês (a região possuía autonomia, supervisionada pela Inglaterra). O domínio inglês terminou em 1936, porém o canal de Suez continuou sob controle britânico.
Independência da Argélia
O movimento nacionalista argelino começou em 1945. Liderada por muçulmanos este movimento inicial foi reprimido.
As manifestações intensificaram-se após a fundação da Frente Nacional de Libertação – influenciada pelo fundamentalismo islâmico. A guerra de independência começou em 1954. Em 1957 ocorreu a Batalha de Argel – duramente reprimida pelo exército francês. No ano de 1962 houve a assinatura do acordo de Evian, ocorrendo o reconhecimento da independência argelina.
O fim do império colonial português.
Durante a década de 1950 começaram a se organizar movimentos separatistas em Angola, Moçambique e Guiné portuguesa.
Em 1956 foi criado o Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), sob a liderança de Agostinho Neto. Posteriormente surgiram a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Após a independência de Angola, mediante o Acordo de Alvor em 1975, os três grupos acima iniciaram uma guerra civil, na disputa pelo poder.
A independência de Moçambique foi patrocinada pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), tendo como líder Samora Machel – que em 1960 iniciou um movimento de guerrilha. Portugal reconheceu a independência em 1975.
No ano de 1956, Amílcar Cabral fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). No ano de 1974 foi reconhecida a independência da Guiné; em 1975 do Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
Um importante fato que contribuiu para o fim do império colonial português foi a Revolução dos Cravos, que ocorreu em 25 de abril de 1974 e que marcou o fim do regime fascista (imposto por Oliveira Salazar e continuado por Américo Tomás e seu primeiro-ministro Marcelo Caetano). O novo governo de Portugal não ofereceu resistência para o reconhecimento da independência das colônias.
As consequências da descolonização.
Entre as consequências do processo de descolonização afro-asiática enumeramos o surgimento de novos países que, ao lado das nações latino-americanas, formaram o bloco do Terceiro Mundo. Este bloco fica sob a dependência dos países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou de países socialistas (Segundo Mundo).
A dependência deste bloco será responsável pela concentração de renda nos países ricos e pelo crescente endividamento externo dos países subdesenvolvidos, apresentando sérios problemas de saúde, educação, desnutrição, entre outros.

Prof. Edson Couto

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