domingo, 17 de janeiro de 2016


Corrupção e Impunidade

Corromper – Induzir a realizar ato contrário ao dever ou à ética;
Impunidade – Escapar a punição;
Violência – Ato em que se faz uso se força bruta. Contrário ao direito ou à justiça.
Essas palavras são tão usadas no dia-a-dia que ninguém precisa de dicionário para conceituá-las. Mas é sempre bom reforçar os seus significados. Assim é mais fácil interligá-las.
Corrupção e impunidade estão juntas quando se descobre o escândalo e os autores, mas não se pode (ou não se quer) reaver o bem corrompido e nem punir os culpados.
Impunidade é violência na certa
Pessoas que são capazes de praticar a corrupção, em qualquer sentido da palavra, são capazes de qualquer atrocidade (quando ficam impunes!). A maioria das pessoas que entra no mundo do crime não começa com um assassinato ou coisa parecida. Os maiores bandidos começam com pequenos atos. Mas num país em que reina a impunidade, esses pequenos atos nunca são barrados e acabam crescendo cada vez mais. Assim não demora para que uma criança que roubou um biscoito no supermercado, cresça e roube numa residência, e depois se junte com uns “amigos” e assalte um banco. E depois, comande o tráfico de drogas na cidade. Uma cidade, por sinal, que não dá o devido valor às suas criança. Talvez porque o governante “desvia” o dinheiro da educação para a sua conta bancária! Uma cidade que tem também, um poder judiciário e uma polícia muito fraca. Talvez porque os seus policiais fazem parte da gang que assaltou o banco!
E o que será que aconteceria se a gang de jovens invadisse a casa do prefeito? Talvez este ficaria furioso e pediria para que alguns policiais (que conhecem muito bem os criminosos, apesar de nunca os terem punido) dessem um “sumiço” nesse grupo de jovenzinhos arrogantes. De um jeito que a justiça nunca descobrisse (ou admitisse) quem estava por trás de tudo. E assim acaba um capítulo da história corrupção, impunidade e violência. Exagerada? Não. É a mais pura realidade do Brasil. Onde tudo é movido pelo orgulho e pela ambição.
Agora, vamos imaginar que essa cidade de que estamos falando fosse bem organizada. As crianças todas estivessem na escola. Uma escola bem estruturada, com professores profissionalizados, com pagamentos em dia… Órgãos governamentais cuidariam da fiscalização das crianças que não fossem à aula. O prefeito fosse um “cara” super honesto e humilde. Exigisse competência e agilidade a polícia, que por sua vez seria muito bem paga. A legislação bem organizada e a lei a palavra de ordem. Os habitantes se respeitassem. Fossem solidários uns com os outros. Ninguém teria arma ilegal em casa. A família seria a instituição mais valorizada por todos. Enfim, a cidade dos sonhos. Parece até um conto de fada! Isso seria o ideal para que todos vivessem bem, mas os próprios brasileiros desacreditam que isso possa acontecer.
Temos de dar os parabéns para o Espírito Santo pelo trabalho que tem sido feito pela Polícia Federal, promotores, procuradores… em combate ao narcotráfico, uma das maiores causas do crime no Brasil. Porém muito ainda tem que ser feito. Tanto pelo governo, quanto por nós que moramos aqui e buscamos um lugar mais pacífico.
A corrupção, a impunidade e a violência, principalmente, são fatores que caracterizam a cultura brasileira desde 1500. Ao menos é isso que pensa a maior parte da sociedade. Mas pensando bem, esses males não atingem somente o nosso estado ou o nosso país. Desconhecemos a realidade social de muitos outros países. É claro que o Brasil está entre os dez países mais corruptos do mundo, porém é bom sabermos que ele não é o único com empresas fraudulentas, políticos corruptos… A diferença mais visível é a que diz respeito à impunidade, que no nosso país é a causa do acelerado crescimento do número de criminosos. Às vezes, o problema se encontra na própria lei. A maioria dos que fiscalizam e/ou fazem as leis estão envolvidos nos esquemas de corrupção. Chegamos a um ponto onde quem é honesto é que se dá mal na vida. Recentemente 2 juízes, famosos pelo combate ao crime organizado, foram brutalmente assassinados.Por quê? Porque, a lei agora é ser do crime. Este já é maioria e tem poder suficiente para aniquilar os vestígios de caráter que ainda restam no país.
O problema é que o crime organizado (literalmente, quem está no comando normalmente são pessoas super inteligentes, cultas, estudadas, mas que não souberam aplicar tal sabedoria!) lesam o nome do país e a nossa dignidade quando “levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima”. Ou seja, concluem suas falcatruas sem nenhuma “puniçãozinha”. Bom, até o nosso Código Penal (de 07/12/1940!) favorece a isso. Além de que, as instituições democráticas são fracas, a gestão dos bens públicos é feita por debaixo do panos e fiscalizada por órgãos incompetentes…
Toda essa impunidade favorece ao esquecimento e banalização dos fatos pelos próprios lesados. Assim a indignação, força motriz, “fica para lá”. E povo não protesta, não age. Só reclama…
Esses fatos são bons para questionarmos a democracia. Será que essa forma social tão exaltada por nós é realmente democrática? Ultimamente o que se vê é o abuso de poder de uns poucos, na maioria das vezes corruptos, prejudicando a liberdade e estabilização de muitos. Muitos esses, que ao serem lesados, em vez de se indignarem, acabam passando para o outro lado, pois crêem que lá a vida é melhor e mais “fácil”.
As soluções para acabar com essas falcatruas no nosso país têm de começar com a mudança da legislação, ou melhor, com a reforma total no nosso poder judiciário. E sem medo, punir, de forma radical, os corruptos (até mesmo se forem grandes autoridades).
Os nossos bens públicos deviam ser administrados com mais clareza. O povo tem de ficar sabendo o que acontece com os seus pertences. Para isso, deveria haver mais informação. Incentivar a população a denunciar quando sabe de algum crime, sem medo.A televisão e o rádio deveriam enfatizar sobre esse assusto. Mas não de forma enjoativa, com um político falando duas horas sem parar. Talvez através de propagandas criativas, novelas, sites na internet… Uma mobilização nacional para discutir as relações Sociedade X Estado. De uma forma que convidasse o cidadão a participar. Talvez com enquetes, pesquisas, campanhas nas escolas… questionando as pessoas comuns se elas têm conhecimento de para onde vão os seus impostos, ou informando da importância da declaração do imposto de renda. Falando nisso, essa declaração deveria ser uma ação muito valorizada e bem acompanhada pela Receita Federal, pois é nela que sabemos onde está sendo aplicado o dinheiro desse país. E descobre-se também se o dinheiro desses corruptos vem somente do salário deles mesmo!
Deve-se também acabar com alguns privilégios de algumas classes sociais e transformá-los em direitos. Direitos iguais para todos! Que lema bonito… pena que, muito distante.
Outra coisa que o Brasil precisa urgentemente é de uma reforma no sistema penitenciário. Promovendo um programa ressociliador, para que os presos não saiam da cadeia piores do que entraram. Além disso, devem ser construídos mais presídios de segurança máxima. Onde os presos sejam vigiados, onde não entre celular, ou qualquer outra possibilidade de comunicação. Enquanto isso não acontecer, os presos irão continuar comandando e encomendando mortes de dentro das celas. E isso nós não podemos admitir.
Como é fácil falar sobre os problemas do Brasil. Apontar soluções como as acima, mais fácil ainda. Talvez colocá-las em prática seja o mais complicado. Diria mais, o complicado é formar cidadãos que as coloquem em prática. Que, além de melhorar as leis, a respeitem. Que, acima de tudo, façam por onde chamar o Brasil de país democrático. Isso sim, é difícil.
A humanidade chegou a um ponto em que a educação, desde a repassada às crianças, é feita de forma errada. O Brasil só melhorará quando as crianças virem honestidade nas atitudes dos pais. Virem solidariedade e confiança entre as pessoas. Uma criança formada dessa maneira não entrará, jamais, nessa onda de corrupção e violência.
Amor ao próximo. È isso que Jesus sempre pregou, contudo o que menos se vê na sociedade. Talvez esteja faltando religiosidade e crença nas pessoas. E esses valores devem ser incentivados a todo momento. Pois é o maior dever do homem para com Deus.
Por mais que isso seja duro de aceitar, é a realidade. O homem de hoje não tem amor. Se seduz fácil. É movido pela ganância. Aprendeu a sempre querer mais dinheiro. E o pior, aprendeu a passar por cima das pessoas para atingir seus ideais (se é que isso pode ser chamado de ideais!). Hoje se traem amigos, desviam (roubam!) dinheiro e até se assassina por ambição. Como que uma sociedade onde “os fins justificam os meios” vai se ver livre de corruptos? É como pensa o filósofo francês Rousseau: “ninguém nasce mau-caráter, a sociedade é que corrompe os indivíduos”. O mesmo vele para os corruptos, se eles existem é porque a própria sociedade os induz a serem assim.
Somos um povo muito contraditório. Temos ideais maravilhosos, mas o  que gostamos é de ganho fácil. Votamos em quem nos ajudou ou pensando em algum benefício (particular!). Reclama-se do narcotráfico, mas somos consumidores desenfreados de drogas.
Critica-se o governo, porém o povo reelege políticos corruptos. Por que, por exemplo, Gratz (político capixaba conhecido em matérias nacionais e internacionais que envolvem o crime organizado no Brasil) se reelegeu? Porque parece que o povo gosta de quem, de alguma forma, lhe ajudou, mesmo que ilegalmente. Hoje não se pensa mais coletivo. Então, como acabar com corruptos se sempre temos os corruptores e aqueles que ficam vendo tudo de boca fechada?
Quando o povo quiser, tanto a corrupção, quanto a impunidade e a violência diminuirão, consideravelmente. Não se pode esquecer que, quem está lá, do lado do crime, não são pessoas de outro mundo. São pessoas comuns, mas que tiveram uma má formação de caráter e deixaram o dinheiro falar mais alto.
Então qual seria a solução definitiva para esses problemas? Implantar um sistema sócio-econômico socialista em todo o mundo, do jeito sonhado por Marx e Engels? Nessa altura do campeonato, isso é utopia. A solução está na educação do povo. Primeiro, tem de se mudar o homem, para depois mudar o  mundo!