terça-feira, 27 de junho de 2017

Aula de Filosofia 2° Ano 2° Trimestre - Idealismo Alemão e Dialética

MORALIDADE E ETICIDADE (ÉTICA DE KANT E HEGEL)

Desde a antiguidade a Ética e moral são assuntos que estão presentes nas discussões de grandes filósofos. Esse é um assunto bastante comentado no âmbito da filosofia e bastante popular também entre os menos doutos, pois trata de questões que estão presentes no dia a dia das pessoas. Todo indivíduo que vive em sociedade lida com questões referentes a Ética, ela é algo que está intrinsecamente ligada a vida dos sujeitos conscientes. Grandes pensadores, não só da antiguidade, mas da história da Filosofia como um todo, se tornaram conhecidos por se debruçarem sobre a Ética nas suas obras, a exemplo de Aristóteles, Nietzsche, Jeremy Bentham, Kant, Hegel, entre outros.
Já no período conhecido como modernidade, mais precisamente nos sécs. XVIII – XIV, Kant (filósofo alemão, 1724 – 1804) desenvolveu várias discussões acerca da Ética, as quais podemos ter acesso em algumas de suas obras como a Crítica da razão prática. Do mesmo modo, Hegel (também filósofo alemão, 1770 -1831) desenvolve uma vasta reflexão acerca deste tema. Ambos viveram praticamente no mesmo período histórico – apesar de Hegel ter nascido posteriormente – mas a postura de cada um destes filósofos frente a este tema é bem diversa. Mais que isso, ambas são quase que opostas, é possível perceber isso através da crítica que Hegel faz ao tratamento que Kant dá a Ética.
Kant é responsável por formular uma Ética ou uma moral baseada no dever. Kant historicamente é conhecido por ser um sujeito que primava sobretudo pela razão em suas obras e acaba que o tratamento que ele dá a Ética também tendo esta característica. Kant coloca a razão como o elemento que deve reger toda ação humana. Ele elabora um conceito chave, o imperativo categórico, que é o reflexo desta razão absoluta, o princípio que todo indivíduo deve seguir como base para as suas ações. Este tal imperativo categórico preconiza que os indivíduos devem tomar suas atitudes de uma maneira que o princípio da sua ação possa ser tomado como um princípio de ação universal, ou seja, que aquilo que o indivíduo faça seja algo que possa necessariamente servir para todas as pessoas no mundo. E mais, que essa atitude seja também necessariamente considerada boa em qualquer contexto histórico, em qualquer tempo.
Hegel, por sua vez, é defensor de uma ética, também de cunho racional (o que já era de se esperar de um filósofo), mas de princípios diferentes da Ética defendida por Kant. A Ética de Hegel pode ser chamada de uma Ética contextualista, pois preconiza que o critério para avaliar uma ação como eticamente correta está no contexto da situação que o indivíduo está agindo, ou seja, é preciso avaliar outros elementos que estão dentro da situação e não somente a intenção do sujeito, como defende Kant. Além disso, na Ética de Hegel é importante verificar as consequências de tal ação para julgá-la, diferentemente da Ética de Kant que, estando somente no âmbito da intenção já se poderia julgar a ação do indivíduo.
As críticas de Hegel a Ética kantiana são inúmeras, a exemplo de algumas que já foram supracitadas. Enumerando estas críticas de Hegel a Ética kantiana teremos:
1 – Hegel afirma que considerar a intenção do indivíduo para um julgamento de ético não é suficiente. Se o indivíduo agir sempre de acordo com uma boa intenção, ainda assim pode haver más consequências e estas também devem ser consideradas para este julgamento ético. Uma boa intenção e más consequências torna a situação de modo geral eticamente incorreta;
2 – Da mesma maneira, determinar regras universais (imperativo categórico) para reger as ações dos indivíduos traz este mesmo problema. Imagine o caso do princípio universal de não poder matar; se eu sigo este princípio de maneira absoluta, no caso de alguém tentar me matar eu não vou poder revidar, mesmo portando uma arma e a minha vida estando em risco. Ou seja, eu não poderia me defender diante de um perigo eminente de morte para mim. Esta questão recai mais uma vez na problemática das consequências, estas devem ser consideradas. Neste quesito Hegel defende que existe um direito a vida e que eu poderia sim me defender. Deste modo, mesmo que eu mate a outra pessoa a minha atitude estaria justificada, pois no contexto da situação eu decidi agir em prol do meu direito a vida, um direito a defesa para garantir a minha sobrevivência.
No sentido destas primeiras considerações, Hegel defende uma Ética mais de caráter subjetivo, mais de caráter contextual, voltada para o indivíduo dentro de uma determinada situação e não de um indivíduo em um mundo como se fosse algo homogêneo.
3 – Hegel determina que é preciso considerar também a heterogeneidade do mundo e do tempo. Ou seja, é preciso que se leve em consideração que há lugares e lugares no mundo, lugares constituídos de uma determinada cultura, o que envolve hábitos e crenças. Do mesmo modo, o tempo leva estes costumes e crenças a mudarem, então a Ética não pode ser estática diante de um mundo que muda na medida do tempo. Há costumes atuais que são considerados corretos e que podem ter sido considerados incorretos, então como estabelecer o que é correto considerando toda a extensão do tempo? Hegel aponta uma solução para este problema: As ações em sua totalidade devem ser avaliadas de um ponto de vista que considere o local e o tempo em que elas são praticadas.
4 – Hegel também critica Kant no que di respeito a postura de Kant com a sua Ética frente ao estado. Para Hegel, Kant não considera a existência do estado em sua Ética, e este seria o seu maior erro. A partir desta problemática nós chegaremos ao principal ponto desta crítica.
Para Hegel a Ética envolve a relação dos indivíduos com o estado. Ela apresenta dois caráteres, o primeiro é subjetivo e diz respeito a Ética pessoal manifestada através de cada indivíduo e a segunda é objetiva e diz respeito a Ética do Estado, que diz respeito às normas do Estado, leis e costumes. Pode-se comparar a primeira como algo mais voltado para o indivíduo e a segunda mais voltada para o social, o conjunto dos indivíduos. A soma de “a+b”, ou seja, a Ética objetiva mais a subjetiva formam a totalidade do Ética. Hegel dá uma importância muito grande a esta parte objetiva, pois ela é responsável por moldar a natureza do homem, proporcionando uma espécie de segunda natureza que ao homem necessária para que ele tenha uma boa vivência em sociedade. Isto é as leis e normas da sociedade cumprem um papel de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. O termo “preparar” não seria exatamente o mais adequado, mas é quase que o efeito que se tem. Este processo de preparação se dá da seguinte maneira, as leis e normas funcionam como um meio de barrar as inclinações pessoais provindas da natureza primeira dos indivíduos. Nesta primeira natureza os indivíduos se comportam puramente por instintos, bem como quando nascem. Através do freio destes instintos o indivíduo irá adquirir uma segunda natureza que é mais voltada para o social, para o bem comum. Agindo de acordo com o que é determinado pelo estado (instituições sociais) o indivíduo é considerado ético.
O principal ponto desta crítica a Kant é que, segundo Hegel, Kant fica somente no âmbito da subjetividade pessoal e não considera a subjetividade social. Com isso, Kant leva a sua Ética a inúmeros problemas, os quais já foram citados acima. Hegel pressupõe que considerando a Ética do ponto de vista histórico e contextual estes problemas podem ser resolvidos, tornando assim a Ética possível. Hegel usa termos específicos nesta sua crítica, diz que Kant fica somente no âmbito da moralidade, do dever, da vontade subjetiva e que o mais viável é determinar que os indivíduos ajam de acordo com a eticidade, ou seja, fazer realizar o bem de acordo com a sua realidade histórica e de acordo com o que determina as instituições sociais. 
Hegel - A Dialética
          
           GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL -   A dialética para Hegel é o procedimento superior do pensamento é, ao mesmo tempo, repetimo-la, "a marcha e o ritmo das próprias coisas". Vejamos, por exemplo, como o conceito fundamental de ser se enriquece dialeticamente. Como é que o ser, essa noção simultaneamente a mais abstrata e a mais real, a mais vazia e a mais compreensiva (essa noção em que o velho Parmênides se fechava: o ser é, nada mais podemos dizer), transforma-se em outra coisa? É em virtude da contradição que esse conceito envolve. O conceito de ser é o mais geral, mas também o mais pobre. Ser, sem qualquer qualidade ou determinação - é, em última análise, não ser absolutamente nada, é não ser! O ser, puro e simples, equivale ao não-ser (eis a antítese). É fácil ver que essa contradição se resolve no vir-a-ser (posto que vir-a-ser é não mais ser o que se era). Os dois contrários que engendram o devir (síntese), aí se reencontram fundidos, reconciliados.
           Vejamos um exemplo muito célebre da dialética hegeliana que será um dos pontos de partida da reflexão de Karl Marx. Trata-se de um episódio dialético tirado da Fenomenologia do Espírito, o do senhor e o escravo. Dois homens lutam entre si. Um deles é pleno de coragem. Aceita arriscar sua vida no combate, mostrando assim que é um homem livre, superior à sua vida. O outro, que não ousa arriscar a vida, é vencido. O vencedor não mata o prisioneiro, ao contrário, conserva-o cuidadosamente como testemunha e espelho de sua vitória. Tal é o escravo, o "servus", aquele que, ao pé da letra, foi conservado.
a) O senhor obriga o escravo, ao passo que ele próprio goza os prazeres da vida. O senhor não cultiva seu jardim, não faz cozer seus alimentos, não acende seu fogo: ele tem o escravo para isso. O senhor não conhece mais os rigores do mundo material, uma vez que interpôs um escravo entre ele e o mundo. O senhor, porque lê o reconhecimento de sua superioridade no olhar submisso de seu escravo, é livre, ao passo que este último se vê despojado dos frutos de seu trabalho, numa situação de submissão absoluta.
b) Entretanto, essa situação vai se transformar dialeticamente porque a posição do senhor abriga uma contradição interna: o senhor só o é em função da existência do escravo, que condiciona a sua. O senhor só o é porque é reconhecido como tal pela consciência do escravo e também porque vive do trabalho desse escravo. Nesse sentido, ele é uma espécie de escravo de seu escravo.
c) De fato, o escravo, que era mais ainda o escravo da vida do que o escravo de seu senhor (foi por medo de morrer que se submeteu), vai encontrar uma nova forma de liberdade. Colocado numa situação infeliz em que só conhece provações, aprende a se afastar de todos os eventos exteriores, a libertar-se de tudo o que o oprime, desenvolvendo uma consciência pessoal. Mas, sobretudo, o escravo incessantemente ocupado com o trabalho, aprende a vencer a natureza ao utilizar as leis da matéria e recupera uma certa forma de liberdade (o domínio da natureza) por intermédio de seu trabalho. Por uma conversão dialética exemplar, o trabalho servil devolve-lhe a liberdade. Desse modo, o escravo, transformado pelas provações e pelo próprio trabalho, ensina a seu senhor a verdadeira liberdade que é o domínio de si mesmo. Assim, a liberdade estóica se apresenta a Hegel como a reconciliação entre o domínio e a servidão.

         Hegel parte, fundamentalmente, da síntese a priori de Kant, em que o espírito é constituído substancialmente como sendo o construtor da realidade e toda a sua atividade é reduzida ao âmbito da experiência, porquanto é da íntima natureza da síntese a priori  não poder, de modo nenhum, transcender a experiência, de sorte que Hegel se achava fatalmente impelido a um monismo imanentista, que devia necessariamente tornar-se panlogista, dialético. Assim, deviam se achar na realidade única da experiência as características divinas do antigo Deus transcendente, destruído por Kant. Hegel devia, portanto, chegar ao panteísmo imanentista, que Schopenhauer, o grande crítico do idealismo racionalista e otimista, declarará nada mais ser que ateísmo imanentista.
          No entanto, para poder elevar a realidade da experiência à ordem da realidade absoluta, divina, Hegel se achava obrigado a mostrar a racionalidade absoluta da realidade da experiência, a qual, sendo o mundo da experiência limitado e deficiente, por causa do assim chamado mal metafísico, físico e moral, não podia, por certo, ser concebida mediante o ser (da filosofia aristotélica), idêntico a si mesmo e excluindo o seu oposto, e onde a limitação, a negação, o mal, não podem, de modo nenhum, gerar naturalmente valores positivos de bem verdadeiro. Mas essa racionalidade absoluta da realidade da experiência devia ser concebida mediante o vir-a-ser absoluto (de Heráclito), onde um elemento gera o seu oposto, e a negação e o mal são condições de positividade e de bem.
         Apresentava-se, portanto, a necessidade da invenção de uma nova lógica, para poder racionalizar o elemento potencial e negativo da experiência, isto é, tudo que há no mundo de arracional e de irracional. E por isso Hegel inventou a dialética dos opostos, cuja característica fundamental é a negação, em que a positividade se realiza através da negatividade, do ritmo famoso de tese, antítese e síntese. Essa dialética dos opostos resolve e compõe em si mesma o elemento positivo da tese e da antítese. Isto é, todo elemento da realidade, estabelecendo-se a si mesmo absolutamente (tese) e não esgotando o Absoluto de que é um momento, demanda o seu oposto (antítese), que nega e o qual integra, em uma realidade mais rica (síntese), para daqui começar de novo o processo dialético. A nova lógica hegeliana difere da antiga, não somente pela negação do princípio de identidade e de contradição - como eram concebidos na lógica antiga - mas também porquanto a nova lógica é considerada como sendo a própria lei do ser. Quer dizer, coincide com a ontologia, em que o próprio objeto já não é mais o ser, mas o devir absoluto.
           Dispensa-se acrescentar como, a experiência sendo a realidade absoluta, e sendo também vir-a-ser, a história em geral se valoriza na filosofia; igualmente não é preciso salientar como o conceito concreto, isto é, o particular conexo historicamente com o todo, toma o lugar do conceito abstrato, que representa o elemento universal e comum dos particulares. Estamos, logo, perante um panlogismo, não estático, como o de Spinoza, e sim dinâmico, em que - através do idealismo absoluto - o monismo, que Hegel considerava panteísmo, é levado às suas extremas consequências metafísicas imanentistas.
Podemos resumir assim:
1.° - A lógica tradicional afirma que o ser é idêntico a si mesmo e exclui o seu oposto (princípio de identidade e de contradição); ao passo que a lógica hegeliana sustenta que a realidade é essencialmente mudança, devir, passagem de um elemento ao seu oposto;
2.° - A lógica tradicional afirma que o conceito é universal abstrato, enquanto apreende o ser imutável, realmente, ainda que não totalmente; ao passo que a lógica hegeliana sustenta que o conceito é universal concreto, isto é, conexão histórica do particular com a totalidade do real, onde tudo é essencialmente conexo com tudo;
3.° - A lógica tradicional distingue substancialmente a filosofia, cujo objeto é o universal e o imutável, da história, cujo objeto é o particular e o mutável; ao passo que a lógica hegeliana assimila a filosofia com a história, enquanto o ser é vir-a-ser;
4.° - A lógica tradicional distingue-se da ontologia, enquanto o nosso pensamento, se apreende o ser, não o esgota totalmente - como faz o pensamento de Deus; ao passo que a lógica hegeliana coincide com a ontologia, porquanto a realidade é o desenvolvimento dialético do próprio "logos" divino, que no espírito humano adquire plena consciência de si mesmo.
         Visto que a realidade é o vir-a-ser dialético da Ideia, a autoconsciência racional de Deus, Hegel julgou dever deduzir a priori o desenvolvimento lógico da ideia, e demonstrar a necessidade racional da história natural e humana, segundo a conhecida tríade de tese, antítese e síntese, não só nos aspectos gerais, nos momentos essenciais, mas em toda particularidade da história. E, com efeito, a realidade deveria transformar-se rigorosamente na racionalidade em um sistema coerente de pensamento idealista e imanentista.
        Não é mister dizer que essa história dialética nada mais é que a história empírica, arbitrariamente potenciada segundo a não menos arbitrária lógica hegeliana, em uma possível assimilação do devir empírico do desenvolvimento lógico - ainda que entendido dialeticamente, dinamicamente. Tal história dialética deveria, enfim, terminar com o advento da filosofia hegeliana, em que a Ideia teria acabado a sua odisseia, adquirindo consciência de si mesma, isto é, da sua divindade, no espírito humano, como absoluto. Mas, desse modo, viria a ser negada a própria essência da filosofia hegeliana, para a qual o ser, isto é, o pensamento, nada mais é que o infinito vir-a-ser dialético.
Referências Bibliográficas:

DURANT, Will. História da Filosofia - A Vida e as Ideias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.
FRANCA S. J. Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.
VERGEZ, André e HUISMAN, Denis. História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980.
JAEGER, Werner. Paidéia - A Formação do Homem Grego, Martins Fontes, São Paulo, 3ª edição, 1995.

Coleção Os Pensadores. Georg Wilhelm Friedrich Hegel - Estética: A Ideia e o Ideal - Estética: O Belo Artístico ou o Ideal, Nova Cultural, São Paulo, 1999.
IDEALISMO ALEMÃO

"Nada de significante no mundo já foi feito sem paixão."
(Hegel)

1. A filosofia Moderna
Convencionalmente aceita-se que a filosofia moderna estenda-se desde as grandes navegações do século XV até o conjunto de eventos que culminaram na Revolução Francesa, no final do Século XVIII (Universidade Católica de Brasília, 2007). De fato, foi um período de grandes mudanças políticas, sociais e científicas no mundo todo, apesar de o auge da filosofia moderna ter ocorrido no continente europeu.
Passou-se a delinear com melhor clareza os limites do estudo filosófico. Ainda no princípio do período moderno havia a preocupação com Deus e a relação do homem com Ele, inclusive buscando-se provas da imortalidade da alma e da existência de Deus (como exemplos podemos citar Descartes e Berkeley). Com o passar do tempo, há o predomínio da ideia de conquista técnico-científica da realidade (Cabral, 2006), Essa ideia se propagou devido às tentativas de explicações mecânicas e matemáticas do Universo, assim como por meio da invenção de máquinas (decorrentes das experiências físico-químicas).
Por todas essas questões, acreditou-se que a vida ética poderia ser pensada racionalmente, bem como a política também (Chauí, 2002).

1.1. Renascimento
Foi um movimento ocorrido no continente europeu (Universidade Católica de Brasília, 2007). Seus limites geográficos e cronológicos são difíceis de se estabelecer com precisão, mas pode-se afirmar que o auge ocorreu na Itália nos séculos XV e XVI. Segundo Cabral (2006), ocorreu entre os séculos XIV e XVI. Antes de ser considerado um período delimitado, deve ser visto como um conjunto de aspirações, que passou a considerar o homem como um ser de ações.
Houve um encantamento com a cultura Greco-romana, mas não é simplesmente um retorno à antiguidade clássica. Além da revalorização da cultura Greco-romana, o renascimento assinala uma reação ao medievo, assim como também um prenúncio de um novo tempo: os tempos modernos (Cabral, 2006). Por isso, pode-se afirmar que no Renascimento misturam-se elementos da antiguidade clássica e do cristianismo inseridos na nova realidade do período moderno.

1.2. Reforma Protestante
Movimento de cunho religioso que ocorreu no continente europeu (inicialmente na Alemanha), encabeçado pelo monge alemão Martinho Lutero, que no ano de 1517 afixou na porta do castelo Wittemberg suas 95 teses, criticando a concessão de indulgências, mas ainda assim alcançavam também temas como o pecado e as penitências, o que afetou as autoridades eclesiásticas (Universidade católica de Brasília, 2007).
Em resposta à ousadia de Lutero (em menos de um mês suas teses estavam espalhadas por toda a Alemanha), as autoridades eclesiásticas concluíram que Lutero agia em heresia, que culminou em sua excomunhão.
No ano seguinte, Lutero é condenado também pelo imperador Carlos Magno. Mas até esse momento já havia conquistado a confiança de muitos discípulos, entre humanista, artistas e príncipes. O movimento foi crescendo, mas demorou até que fosse reconhecido.

1.3. Revolução Científica
É o movimento que ocorre a partir das descobertas de Galileu, Kepler e demais pensadores do século XVII. Até então a ciência era conjunta com a filosofia, mas desde as descobertas científicas do período, houve uma delimitação mais precisa do que cabe à filosofia, e do que é responsabilidade da ciência (Universidade Católica de Brasília, 2007).
Destas descobertas pode-se formular novas compreensões acerca da natureza e de seu conhecimento, o que originou a ciência da natureza moderna (a física).

1.4. Racionalismo
Filosofia que enfatiza o papel da razão, que garante a aquisição e justificação do conhecimento sem auxílio (Blackburn, 1997). Iniciou-se com as novas descobertas da Revolução Científica e caracterizou-se a princípio pela posição de que a razão pode nos apresentar o mundo e de que a ciência deve separar-se da filosofia, então seria responsabilidade da filosofia o embasamento racional das novas descobertas.
Como grande representante do período, Descartes (conhecido como o pai da filosofia moderna) foi o primeiro a oferecer uma resposta para o impasse. Usou uma analogia significativa (Universidade Católica de Brasília, 1997), onde comparou o conhecimento humano a uma árvore, sendo as raízes a metafísica e o tronco a física. Assim sendo, caberia à filosofia definir os fundamentos, e à ciência os fenômenos e fatos em si.

1.5. Criticismo
Nascido na Alemanha, Kant interessou-se desde o início pela ciência newtoniana e se questionava a respeito da natureza do nosso conhecimento (Aranha, 2003). Em sua obra Crítica da Razão Pura, questiona a possibilidade de uma "razão pura", independente da experiência.
O criticismo caracteriza-se pela posição de considerar a análise crítica da possibilidade, do valor, da origem e dos limites do conhecimento racional seriam o ponto de partida do conhecimento filosófico. Pode ser considerado uma crítica ao Racionalismo e ao Empirismo.

1.6. Filosofia pós-Kantiana
Kant, ao apresentar seu sistema que pretendia sintetizar duas grandes tendências (racionalismo e empirismo), e ao mesmo tempo superá-las e resolver suas pendências. Decorrente destes objetivos, a filosofia alemã foi muito influenciada por Kant em todo o período vigente do seu sistema de idealismo.

2 Idealismo Alemão
2.1 local e data
Iniciou-se a partir do impacto causado pelas obras de Kant. Estende-se desde a década de 1780 até meados do século XIX. Seu declínio é marcado pela morte de Hegel em 18530 (Universidade Católica de Brasília, 2007).
Os filósofos idealistas não se colocavam como adversários da obra de Kant, mas sim como seus continuadores.
Dentre seus principais pensadores, serão contemplados neste trabalho Fichte, Schelling e Hegel, por serem considerados os mais importantes no esclarecimento do tema proposto.

3. Fichte
Nascido em 1762 e morto em 1814, formou-se em teologia e depois em filosofia em Iena. Tornou-se conhecido em parte devido ao fato de seu primeiro livro (publicado anonimamente) ter sido atribuído a Kant (Universidade Católica de Brasília, 2007; Blackbourne, 1997). Tornou-se professor da Universidade de Iena, e publicou uma obra que pretendia desenvolver a filosofia kantiana e a transforma em um idealismo radical, pois abandona a concepção Kantiana de dualismo "pensamento-coisa". Para ele, tudo depende do sujeito pensante que não corresponde a um? Eu individual? mas sim a um "eu universal", fonte para a explicação de todas as coisas.

3.1. Eu Absoluto
O ponto da partida de Fichte é o absoluto (Morente, 1980). Entretanto, este "eu absoluto" não consiste em pensar, pois pensar vem depois. Consiste em fazer, consiste numa atividade (Cabral, 2006). Assim, a essência do eu absoluto é a ação.
Cabral nos aponta em sua obra os três princípios determinados por Fichte e utilizados na elaboração de suas teorias, a seguir: Tudo o que é, só é na medida em que está dentro do eu; a isso Fichte denominou o primeiro princípio de sua obra, o da identidade. Deste princípio da identidade, decorre o princípio da oposição. Neste segundo princípio, admite um contrário do eu, que é chamado de não-eu. Para Fichte, Não-eu é sempre eu, pois o oposto só poderia se dar pela ação absoluta do eu.
Destes princípios, deriva ainda o terceiro, o princípio da razão, onde Fichte se esforça por unificar os opostos citados, através de uma análise reflexiva, até restar unicamente o eu como fundamento de todo o saber.

4. Schelling
Nascido em 1775 e morto em 1854, em Berlim. Nasceu em Leonberg e estudou em Türbingen. Tornou-se professor em Iena em 1798. Suas primeiras obras enfatizam a força, autoconsciência, no espírito dinâmico e na realização moral de ideais inatingíveis (Blackburn, 1997). Inicialmente segue as obras de Fichte, mas desenvolve seu próprio sistema, numa filosofia da natureza complexa.
Toma o absoluto como ponto de partida para a sua reflexão, porém considera que o absoluto é harmonia, a unidade dos contrários, a unidade total. Morente (1980) destaca que para Schelling, o absoluto é a unidade vivente, espiritual, dentro da qual estão como germes todas as diversidades que conhecemos.

4.1. Natureza
Segundo Cabral (2006), Schelling afirma que Deus e natureza não se opõem. "A natureza não está fora de Deus, mas em Deus". Schelling argumenta que Deus é a ideia de todas as ideias, o conhecer de todo o conhecer, a luz de toda a luz. DEle vem tudo e para Ele tudo retorna. Essas ideias podem nos apontar uma relação elaborada por Schelling entre Deus e Natureza, partindo do Eu absoluto de Fichte. Essas ideias podem não ter sido tão bem aceitas pela sociedade eclesiástica da época, pois não se afasta por demais de uma teoria panteísta.

5. Hegel
Nasceu em 1770, em Stuttgart e morreu em 1831, em Berlim. A princípio era seguidor de Schelling, mas ao publicar sua obra Fenomenologia do espírito, torna pública a sua opinião contrária a este filósofo. Afirmou que o propósito fundamental da Filosofia é superar divisões e chegar ao Eu absoluto (Universidade Católica de Brasília, 2007).
Um dos legados mais importantes de Hegel para a filosofia foi sua posição frente à Lógica (dialética hegeliana), um tanto complexa ao considerarmos suas posições entre história de um lado e pensamento e espírito de outro. Estas observações levaram-no a considerar a desarmonia ou as contradições do mundo como um exemplo das contradições do pensamento (Blackbourne, 1997).

5.1. Dialética
Como conceito, a dialética pode ser entendida como "a arte do diálogo, a arte de discutir" (Rezende, 2005). A abordagem dialética hegeliana constitui-se de três etapas e visa ser o processo lógico pelo qual a verdade é descoberta (Bergman, 2004). O processo da dialética se constitui em tese, antítese e síntese, sendo a tese o conceito de "ser", a antítese o conceito de "nada" e a síntese o conceito de "tornar-se". A síntese é a maior forma de verdade, pois é a unidade dos opostos da tese e da antítese.
O processo dialético não é propriedade exclusiva da consciência humana, ajudando-nos a entender o mundo, mas é também o próprio mundo (Espírito Absoluto). Então podemos entender todo o mundo, por que tudo é resultado do Espírito Absoluto. Ainda segundo Hegel, a sentença "o real é racional" corrobora com essa conclusão.

5.2. História
Hegel traça o desenvolvimento do espírito do mundo em termos de uma busca por liberdade. História é o desenvolvimento progressivo dessa liberdade (Bergman, 2004; Blackbourne, 1997). A história tem o propósito racional.
Uma grande contribuição da filosofia hegeliana é a construção de um método para se entender o curso da história e de nosso conhecimento como o resultado da marcha do pensamento humano rumo a estágios melhores (Cabral, 2006). Para Hegel, a história mostra a evolução humana rumo a uma racionalidade e liberdades maiores.
Desse novo modo de compreender a história resulta a ideia de progresso (Aranha, 2003), pois na medida em que a história avança, os homens acumulam conhecimentos e práticas, aperfeiçoando-se cada vez mais. Entretanto, tal progresso somente se realiza com uma teoria do conhecimento adequada.
Assim, o presente é melhor e superior se comparado ao passado, e o futuro será melhor se comparado ao presente, o que aporta a uma noção romancista, confiando no caráter progressista, mas ainda proporcionando um modelo para futuros movimentos sociais e políticos que se orgulham de estar do lado do futuro.

6. Considerações
Para os filósofos do Idealismo Alemão, sua visão de mundo era antropocêntrica, visto que julgavam somente o homem ser capaz de escapar ao determinismo natural.
Esse determinismo é apontado pelo fato de considerarem a natureza como parte do Eu absoluto, fundindo-se a Deus, então o homem, parte deste todo, também se fundiria neste Eu Absoluto, nesse sentido poderia perder um pouco da sua essência.
Mas elaborando melhor a teoria do Idealismo alemão, Hegel construiu sua dialética e pode assim atribuir à história um caráter racional, que livraria o homem do determinismo, pois, "só o homem tem história, por que somente ele tem agir moral. Com o darwinismo, considerou-se que todos os animais têm uma história (mesmo que biológica), mas só o homem pode sair do determinismo da natureza".

7. Referências:
ARANHA, M.L.A. Filosofando. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2003.
BERGMAN, G. Filosofia de banheiro. São Paulo: Madras, 2004.
BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
CABRAL, C. A. Filosofia. São Paulo, Ed. Pillares, 2006.
CHAUI, M. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ed. Ática, 2002.
MORENTE, M.G. Fundamentos de filosofia. 8.ed. São Paulo: Mestre Jou, 1980.
REZENDE, A. Curso de filosofia. 13. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.

DIALÉTICA

A dialética  pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma discussão na qual há contraposição de idéias, onde uma tese é defendida e contradita logo em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo, uma discussão onde é possível divisar e defender com clareza os conceitos envolvidos.
A prática da dialética surgiu na Grécia antiga, no entanto, há controvérsias a respeito do seu fundador. Aristóteles considerava a Zenôn como tal, já outros defendem que Sócrates foi o verdadeiro fundador da dialética por usar de um método discursivo para propagar suas idéias.

A DIALÉTICA EM PLATÃO

Para Platão a dialética é o único caminho que leva ao verdadeiro conhecimento. Pois a partir do método dialético de perguntas e respostas é possível iniciar o processo de busca da verdade.

Em sua Alegoria da Caverna, Platão fala da existência de dois mundos: o mundo sensível e o mundo das idéias. Sendo o segundo alcançado apenas através da dialética, da investigação de conceitos.

A DIALÉTICA EM HEGEL

Em Hegel, a dialética se movimenta da seguinte forma: primeiro existe a TESE, que é a idéia, gerando uma ANTÍTESE, que se contrapõe à TESE, surgindo assim a SÍNTESE, que é a superação das anteriores.

Hegel aplicava esse raciocínio à realidade e aos diferentes momentos da história humana. Desde as antigas civilizações do oriente até a concepção de Estado Moderno, constando nesse ínterim, acontecimentos como o surgimento da filosofia, o iluminismo e a Revolução Francesa. Ou seja, a história estaria dividida em três etapas, correspondendo exatamente à TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE. A SÍNTESE representa a superação da contradição.

A DIALÉTICA MARXISTA

Karl Marx reformula o conceito de dialética em Hegel, voltando-o para a sociedade, as lutas de classes vinculadas a uma determinada organização social, surgindo assim, a chamada: dialética materialista ou materialismo dialético.

A dialética materialista une pensamento e realidade, mostrando que a realidade é contraditória ao pensamento dialético. Contradições estas, que é preciso compreender para então, transpô-las através da dialética. Marx fala da dialética sempre em um contexto de luta de classes, diferentes interesses, que geram a contradição. Sendo assim, o materialismo dialético é uma das bases do pensamento marxista.
Aula de História 1º ano Ensino Médio
Civilização Chinesa

Historiadores baseados em documentos antigos afirmam que a civilização chinesa possui mais de quatro mil anos de idade, estes registros atestam a condição de uma das mais antigas e importantes civilizações de todo o mundo. Os registros mais remotos do povo chinês comprovam a sua formação múltipla marcada pela influência de vários povoados que habitaram pioneiramente o território e estabeleceram-se nas proximidades do rio Amarelo. A Civilização chinesa foi responsável pela criação de importantes invenções. Até o século XV, os chineses ocuparam posição destacada na produção intelectual e tecnológica. São eles os inventores da pólvora, do compasso, das primeiras prensas e da medicina. Entretanto, na Idade Contemporânea, a superioridade do Império Chinês foi abalada pelo contato com as nações europeias envolvidas no processo de expansão da economia industrial. Durante o século XIX, a ação imperialista acabou estabelecendo uma série de conflitos que colaboraram para um novo período da história chinesa. Os chineses então modernizaram suas instituições e, hoje, ocupam a categoria de potência mundial.
China
A China era habitada desde os tempos pré-históricos. No início do Período Neolítico, agricultores estabeleceram-se no vale do rio Amarelo (Huang-Ho). Por volta de 3000 a.C., já havia comunidades agrícolas sofisticadas no território chinês. Por volta de 1600 a.C., constituiu-se a primeira dinastia chinesa – a Shang.



Além da avançada agricultura, esse povo construiu palácios de madeira e desenvolveu a fabricação de objetos em bronze e em porcelana.





Poucas culturas despertam tanta curiosidade quanto a chinesa. Arqueólogos, historiadores, outros estudiosos e turistas visitam constantemente o país na tentativa de desvendar seus mistérios. E mistério é o que não falta na história desse povo milenar.
A China é uma das civilizações mais antigas do mundo, juntamente com o Egito, a Mesopotâmia, a Pérsia, a Índia e a Grécia. Diversos objetos inventados na China antiga ainda hoje fazem parte do nosso cotidiano: o jogo de xadrez, os papagaios ou pipas de empinar, a bússola, a porcelana, a pólvora, os fogos de artifício, o guarda-chuva, o papel, a imprensa, produtos e técnicas medicinais como a acupuntura.


Os chineses eram conhecidos por sua grande preocupação com a saúde. Uma prova disso é que na Antigüidade o curso de medicina era muito procurado pelos jovens. Segundo a tradição, se alguém recebia seu corpo como uma dádiva dos pais, era sua obrigação protegê-lo contra doenças. Os exercícios corporais sempre foram muito valorizados pelos chineses, como forma de manter o corpo e a saúde mental em perfeitas condições.
Havia exceções a essa regra, como a prática, muito difundida entre os chineses, de cortar parte do corpo (pernas, braços, etc.) para ser usada no preparo de uma sopa medicinal, que era servida aos pais quando ficavam doentes.

Localização
A China situa-se na parte leste da Ásia. A China é terceiro maior país do mundo depois da União Soviética e do Canadá, é limitada ao norte pela Mongólia e pela União Soviética, a leste pela União Soviética, Coréia do Norte, mar Amarelo e mar da China Oriental; ao sul pelo mar da China do Sul, pelo Vietnã do Norte, Laos, Birmânia, Índia, Butão, Silkim, Nepal e Paquistão Ocidental; a oeste pelo Afeganistão e União Soviética.



Dois terços da China são montanhosos ou semidesérticos. A sua parte oriental é formada por férteis planícies e deltas. Há ilhas, sendo que a maior delas é Hainan, na costa meridional. Os rios principais são: Amarelo, Amur e Yu.
A China tem uma área de 9.596.961 Km2 e uma população superior a 1.300.000.000 de habitantes. Sua capital é Pequim. São cidades principais: Xangai, Pequim, Tientsin, Luta, Shenyang, Cantão, Wuhan, Harbin, Sain. 94% dos chineses são han e 11% de chuangs.
A agricultura é a base da economia. Os chineses plantam arroz, trigo, cevada, soja, painço, algodão, chá e tabaco. Há também grandes reservas de carvão, ferro, cobre, chumbo e outros minerais.

O Império do Meio: o início da grande civilização
Em 1929, o arqueólogo chinês Pei Wenzhong encontrou na aldeia de Zhoukoudian, perto de Beijing ou Pequim, atual capital da China, um crânio humano que datava de aproximadamente 500 mil anos. Esse crânio pertencia ao gênero Homo erectus, que viveu em regiões da África, da Ásia e da Europa entre cerca de 1,8 milhão e 300 mil anos atrás. O arqueólogo batizou o seu achado de “Homem de Pequim”.
Estudando esse fóssil e outros indícios encontrados na região, os pesquisadores concluíram que o Homo erectus chinês vivia em cavernas e produzia artefatos de pedra polida, utilizava o fogo para cozinhar os alimentos e proteger-se do frio. Vivia da caça, da pesca e da coleta de frutos das florestas. Tudo indica que os primeiros chineses tinham vida semelhante à dos demais povos do Paleolítico.
Sabe-se também que, há cerca de 6 mil anos, em Yangzhou, na região fértil do Rio Amarelo, desenvolveu-se uma cultura neolítica  de agricultores e criadores de animais domésticos (cães e porcos). Ali também eram fabricados potes e vasos de cerâmica para armazenar os alimentos. Esses objetos de cerâmica eram ricamente decorados com símbolos que, pelo que parece, deram origem à escrita chinesa.


Vaso em cerâmica, um dos principais traços da cultura material chinesa

Fragmentos

O povoamento do vale do Rio Amarelo (Rio Hoang-Ho) se explica pela fertilidade do solo, favorável a pratica da agricultura, principalmente o cultivo do arroz. Durante centenas de anos a enchentes do rio  e os ventos do deserto vinham depositando na terra uma camada de argila amarelada, conhecida como loesse, que deu ao rio um tom amarelado e o nome. Precedendo que o loesse era um eficiente fertilizante do solo, os chineses fixaram-se nas planícies às margens do rio, onde iniciaram o cultivo da terra. Para melhor aproveitar os recursos naturais da região, os chineses construíram canais de irrigação e diques para controlar as cheias. Essa prática é semelhante à que os egípcios antigos desenvolveram aproveitando as enchentes do Nilo.
Essas pequenas aldeias agrícolas deram origem a povoados, que mais tarde se transformaram em pequenos  Estados governados por chefes políticos. Posteriormente, alguns desses pequenos Estados foram dominados por outros, fazendo surgir reis poderosos e respeitados. O poder passou a ser transmitido de pai para filho (poder hereditário), dando origem ao que chamamos de dinastias.
 A família e aspectos culturais da China
Para a maioria dos chineses, e durante a maior parte da história da China, a família era o centro da vida social, e a devoção a ela era considerada uma grande  virtude. Os pais sentiam-se responsáveis pela transmissão dos ensinamentos que vinham dos antepassados para seus filhos, como preservar a propriedade familiar.
As famílias chinesas eram muito numerosas. Geralmente os parentes viviam na mesma casa (pai, mãe, filhos, avós, netos, tios), reunindo muitas vezes três ou quatro gerações.
Para uma mulher casada, a maior virtude era a fidelidade, e isso também valia caso ela enviuvasse. Entretanto não era ilegal que uma mulher se casasse depois da morte do marido, o que de fato era até comum, por causa das dificuldades econômicas. No entanto, isso era visto como uma prática moral inferior. De acordo com a crença popular, a mulher que casasse em segundas núpcias seria considerada, depois de morta, um fantasma na família dos maridos.
Na China, os meninos recebiam tratamento  diferenciado, uma vez que eram considerados os futuros chefes das famílias. Quando completavam 20 anos de idade, tinham seus cabelos cuidadosamente presos no alto da cabeça e protegidos por um gorro. Os casamentos eram normalmente arranjados entre famílias e, depois de casada, a mulher mudava-se para a casa do marido. Os imperadores chineses costumavam casar suas filhas com membros das famílias reais dos povos vizinhos e, assim, protegiam suas fronteiras.
Os meninos e meninas podiam freqüentar as escolas. A sociedade chinesa sempre deu muita importância para a educação. Mesmo as crianças mais pobres recebiam instrução, muitas vezes da própria família.
A educação das meninas tinha o objetivo de prepará-las para as tarefas do lar, como bordar e costurar. Para os meninos, o objetivo central era prepará-los para concorrer ao cargo de funcionário real, que era escolhido pelo próprio imperador. Se fossem escolhidos, os rapazes teriam uma situação privilegiada dentro do Estado.

As cidades chinesas
Desde os primórdios as cidades chinesas foram densamente povoadas. Chang-an foi uma das mais famosas cidades da China na Antigüidade.
Por volta do século VII a.C., Chang-an já possuía 1 milhão de habitantes. Os tipos de moradias variavam de acordo com as condições sociais de cada um. Os nobres e os ricos comerciantes viviam perto dos palácios e a população empobrecida amontoava-se nas periferias das cidades. As melhores moradias tinham mais de um andar, eram cobertas com telhas e decoradas com cuidado e harmonia. Os trabalhadores urbanos e os camponeses habitavam casas pequenas, com pouca ventilação, cobertas por bambu.
A alimentação das camadas privilegiadas era rica e variada: carnes, ovos, cereais e vegetais. A comida era servida em belas vasilhas de porcelana, e como talheres utilizavam pauzinhos, feitos de bambu ou madeira. Para os pobres a comida quase sempre era insuficiente. Geralmente alimentavam-se de um cozido de vegetais. Nas regiões onde havia muitos arrozais (vale dos rios Hoang-Ho e Yang Tse-Kiang, no sudeste da China), a alimentação era acrescida de uma tigela de arroz.
Bebida alcoólicas e chás eram apreciados pela população. Os banquetes organizados pelos nobres eram servidos em belas jarras decoradas com ornamentos de ouro, bronze ou prata.
         

Religião na China
Não havia somente uma religião na China, mas várias, e constituídas de filosofias diferentes.
Uma das mais conhecidas filosofias religiosas da China foi criada por Confúcio (ou Kung Fu-tzu, “Mestre Kung”), que viveu aproximadamente de 551 a 479 a.C. Confúcio era considerado o maior professor do império, sendo adorado em vários cantos do território. Seus ensinamentos falavam de ética e dos ritos de passagem  de uma etapa da vida a outra, como nascimento, o casamento e a morte.


Confúcio (551-479 a.C.)

As idéias de Confúcio  valorizavam a busca do equilíbrio e a harmonia para uma vida melhor. O conjunto de seus ensinamentos recebeu o nome de confucionismo. Essa filosofia religiosa, que até hoje é muito difundida na China, não pregava a adoração de um deus, mas o humanismo e as boas relações entre as pessoas. A regra fundamental de Confúcio dizia: “O que não queres que façam a ti, não faças aos outros”.
Outra importante manifestação religiosa continua sendo o budismo (linkar para budismo/religiões), originado na Índia, e que se expandiu na China a partir do século III d.C.
As religiões populares eram festivas e reuniam muitos seguidores. As famílias cultuavam os deuses nas festas anuais e nas oferendas aos antepassados. Acreditavam que os espíritos dos antepassados protegiam o lar e, por isso, reservavam um dos aposentos da casa para lhes servir de moradia. Em certas datas do ano, como aniversário ou morte do antepassado, os familiares o homenageavam.
A maior religião popular da China foi o taoísmo (linkar para religiões). Suas teorias foram criadas pelo pensador Lao-tsé, que viveu por volta do século VI a.C. Segundo Lao-tsé, o Tao seria criador do mundo e responsável pela ordem de todas as coisas e de todas as pessoas. O taoísmo ganhou muitos adeptos entre as camadas populares ao pregar que todos os que levassem uma vida muito miserável e sofrida na Terra poderiam alcançar uma vida melhor pós a morte, pela fé e pela purificação.
Segundo Lao-tsé, toda a natureza é regida pelo equilíbrio das energias yin (energia negativa e feminina) e yang (energia positiva e masculina), os opostos que se complementam. E o corpo humano é parte desse conjunto. A oposição entre as energias yin e yang pode explicar fenômenos que ocorrem em nosso corpo: se em harmonia, essas energias promovem a saúde; se em desequilíbrio, a doença.
Divindades de origem Taoísta
•Os Três Puros — Os Três Puros são a trindade Taoísta de deuses representando os princípios supremos.
•Quatro Imperadores — Reis celestes do Taoísmo.
Imperador de Jade — O Imperador de Jade é o governante supremo de tudo, contado entre as principais divindades Taoístas.
Beiji Dadi  — Governante das estrelas.
Tianhuang Dadi  — Governante dos deuses.
Imperatriz da Terra
• Xi Wangmu ou Rainha Mãe do Oeste é a deusa que detém o segredo da vida eterna e a entrada para o paraíso.
• Pak Tai ou Bei Di é o  Deus Taoísta do Norte, Pak Tai é um dos Cinco Imperadores que desde a Dinastia Han são associados a cada um dos pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) segundo a teoria dos Cinco Elementos. Em Hong Kong e Macau, são considerados divindades do vento. Pak Tai é também o deus das águas.
•Oito Imortais:  Os Oito Imortais são uma crença Taoísta descrita pela primeira vez na Dinastia Yuan. O poder de cada Imortal pode ser transferido para uma ferramenta que pode dar vida e destruir o mal. A maioria nasceu nas Dinastias Tang ou Sung. Eles não só são venerados pelos Taoístas como são elementos da cultura chinesa. Vivem na Montanha Penglai.
Divindades de origem Budista
•  Guan Yin ou Kuan Yin é a deusa da compaixão e piedade.
•  Hotei é uma divindade budista popular. Deus da alegria e fortuna.
•  Dizang é aquele que salva da morte.
•  Yanluo é o governante do Inferno (forma abreviada do sânscrito Yama Raja
•  Shi Tennô:  Os Quatro Reis Celestes são deuses guardiões budistas.

Outras divindades
• Erlang Shen é um deus chinês com um terceiro olho na testa que vê a verdade.
• Lei Gong o deus do trovão.
• Guan Yu é o deus das irmandades, das artes marciais e, quando estas ocorrem, também deus da guerra.
• Zhao Gongming, deus da fortuna que monta um tigre.
• Bi Gan também é um deus da fortuna.
• Zhu Rong é o Deus do fogo.
• Gong Gong é o  Deus da água.
• Chi You: Deus da guerra e inventor das armas de metal.

Mitologia chinesa
Os historiadores supõem que a mitologia chinesa tem início por volta de 1100 a.C. Os mitos e lendas foram passados de forma oral durante aproximadamente mil anos antes de serem escritos nos primeiros livros como o Shui Jing Zhu e o Shan Hai Jing. Outros mitos continuaram a ser passados através de tradições orais tais como o teatro e canções, antes de serem escritos em livros como no Fengshen Yanyi.
Pássaros


Fenghuang.
Fenghuang — O Fenghuang é considerado a fênix chinesa.
Jian:  A Jian é uma ave mítica que se acredita só tenha um olho e uma asa: um par dessas aves depende um do outro, é inseparável, daí, representar o marido e a mulher.
Jingwei:  Jingwei é o pássaro mítico que tenta encher o oceano com gravetos e seixos. Na verdade o Jingwei era a filha do Imperador Yandi, mas morreu jovem, afogada no Mar do Leste. Após sua morte ela decidiu renascer como um pássaro para vingar-se do mar trazendo gravetos e seixos das montanhas próximas tentando enchê-lo a fim de evitar que sua tragédia aconteça a outros.
Jiu Tou Niao: É uma ave de nove cabeças usada para assustar crianças. Conta à lenda que ela seqüestra jovens meninas e as leva para sua caverna onde ficam até ser salvas por um herói.
Su Shuang é uma ave mitológica, também descrita como uma ave aquática.
Peng:  A Peng é uma ave mitológica gigante e de impressionante poder de vôo.
Zhu — A ave Zhu é tida como um mau presságio.

Dragões



O dragão chinês é uma das criaturas mais importantes da mitologia chinesa. É considerada a mais poderosa e divina criatura e acredita-se que seja o regulador de todas as águas. O dragão simbolizava grande poder e era apoio de heróis e deuses. Um dos mais famosos na mitologia chinesa é Yinglong. Diz-se ser o deus da chuva. Pessoas de diferentes lugares rezam para ele a fim de receber chuva. Na mitologia chinesa, acredita-se que os dragões possam criar nuvens com sua respiração. O povo chinês usa muitas vezes a expressão "descendentes do Dragão" como um símbolo de sua identidade étnica.



Yinglong — é um servo poderoso de Huangdi. Uma lenda diz que Yinglong ajudou um homem chamado Yu  a parar uma enchente do Rio Amarelo abrindo canais com sua cauda.
Reis Dragões — Os reis dragões são os quatro governantes dos quatro oceanos (cada um corresponde a um ponto cardeal). Eles vivem em palácios de cristal no fundo do mar de onde governam a vida animal.
Fucanglong — é um dragão do mundo subterrâneo que guarda os tesouros enterrados. Sua saída da terra provoca a erupção de vulcões.
Shenlong — é um dragão que pode controlar os ventos e as chuvas.
Dilong — é o dragão da terra.
Tianlong — Tianlong são os dragões celestiais que puxam as carruagens dos deuses e guardam seus palácios.
Li — O Li é um dragão dos mares menor. Não tem chifres.
Jiao — O Jiao é outro dragão sem chifre que vive em pântanos. O dragão mais inferior.

Desenvolvimento econômico



O comércio foi uma intensa atividade econômica para os chineses. Primeiramente, praticava-se o escambo, que é a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Posteriormente, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e bronze começaram a ser usadas nas relações comerciais. Os produtos comercializados eram geralmente alimentos, cerâmica e seda.
O comércio da seda foi uma das atividades mais lucrativas para os chineses. No século I d.C., o Império Romano tornou-se um dos maiores consumidores do produto. A seda era transportada geralmente por terra, e o caminho mais conhecido era aquele que atravessava o Deserto de Góbi, as terras dos atuais Cazaquistão e Turquia, até chegar a Roma. Esse trajeto era conhecido como rota da seda.

Quando os chineses desenvolveram as técnicas para a produção da seda, grande parte da população passou a se dedicar a essa atividade. A seda era muito utilizada na confecção de roupas para os imperadores e nobres, e, em ocasiões especiais, para decorar painéis e faixas com dizeres festivos ou fúnebres.
Gradualmente a produção da China estendeu-se por toda a Europa, onde o tecido delicado e caro era muito apreciado. Entretanto a seda só foi industrializada na Inglaterra no século XV. Atualmente a China ainda produz a melhor seda do mundo.

O desenvolvimento científico
Os estudiosos chineses, que dominavam tecnologias avançadas para a época, desenvolveram vários instrumentos que ainda hoje são muito úteis, como a bússola magnética, o sismógrafo (que mede a intensidade dos tremores de terra) e o compasso. Já no século II d.C., Zhang Heng construiu um globo celeste. Em 1088 Han Gonglian projetou o primeiro relógio astronômico movido a água do mundo. Os chineses também deram uma grande contribuição  para os estudos de astronomia e aritmética.

   
Bússola                                    Sismógrafo

Globo celeste de Zhang Heng

Inúmeros objetos e utensílios de bronze da dinastia Shang (1500-1027 a.C.) encontrados por arqueólogos, e que se encontram expostos em museus, comprovam a riqueza da antiga arte chinesa. O bronze era usado na confecção de objetos que seriam  utilizados nas cerimônias  reais e religiosas e não na fabricação de instrumentos agrícolas, como ocorria na Europa.
                           
Jarro da dinastia Shang                Caixa de laca vermelha imitando um jarro utilizado em rituais

Os artesãos tinham papel de destaque na China antiga. Eram contratados pelo rei para confeccionar objetos de uso pessoal e adornos, tecidos para a roupagem da família imperial e para funcionários reais.
Os chineses consideravam o jade a pedra mais valiosa de todas e, por essa razão, era muito usada para fazer adornos e objetos.

A escrita chinesa
Os mais antigos registros escritos da China de que se tem notícia foram encontrados na cidade de Anyang, no leste da China, gravados em pedaços de ossos de animais e em cerâmicas. Alguns sinais utilizados como escrita podiam ser facilmente relacionas ao Sol, representados por um circulo com um risco no meio, e ao cavalo, representado por um desenho do animal.
Como podemos perceber a escrita chinesa, como a de outras civilizações, é ideográfica, ou seja, os símbolos expressam idéias. A escrita moderna chinesa é um aperfeiçoamento do modelo antigo.


Corrigir a ortografia do século 2 DEPOIS de cristo

A escrita chinesa e seus símbolos equivalentes ao nosso alfabeto.

Organização social chinesa: Imperadores, mandarins, grandes proprietários e camponeses
Os imperadores tinham a função de manter o equilíbrio e a harmonia entre os dois mundos: o natural (dos vivos)  e o sobrenatural (dos mortos). Acumulavam funções administrativas, religiosas e sociais.
Julgar a capacidade  do imperador era responsabilidade do Céu e nem sempre ela estava relacionada com as tarefas cumpridas na Terra.
           
E como saber se o imperador estava agradando ao Céu?
A sociedade chinesa acreditava que os deuses se manifestavam na natureza e na vida social. Revoltas populares, perturbações naturais (catástrofes, secas, inundações), invasões de povos estrangeiros eram sinais divinos de que o imperador deveria ser substituído por outro a qualquer momento.
Durante a dinastia Chin (221 – 206 a.C.) a China transformou-se em um Estado unificado, com o poder centralizado na figura do imperador. Como parte das medidas tomadas para fortalecer o poder real, surgiram mandarins, funcionários que controlavam a administração do estado, organizando o calendário das atividades reais, a construção de estradas, diques, barragens e obras públicas, e zelando pela justiça e segurança da sociedade. Os mandarins eram muito importantes, pois praticamente administravam o Estado. Por isso, desde cedo os meninos da nobreza eram preparados para exercer essa função.
A dinastia Chin ficou conhecida também pela construção da Muralha da China, com mais de 2.500 quilômetros de comprimento.

A Grande Muralha da China

A produção agrícola estava nas mãos de grandes e médios proprietários de terras. Existiam também grupos de camponeses que arrendavam, com suas famílias, as terras do governo, onde criavam animais e plantavam. Essas pessoas trabalhavam arduamente: além de sustentarem a família, tinham de pagar altos tributos pelo arrendamento das terras.

Curiosidades
Sozinha, a China tem duas vezes mais gente do que a Europa inteira.
1,2 bilhões de pessoas, este é o número estimado de habitantes (pessoas registradas) pelo último CENSO.
Um em cada cinco habitantes do planeta vive na China, um quinto da população mundial.
Se o mundo fosse uma única rua, um em cada quatro dos seus vizinhos seria chinês.
Se você morasse na China neste momento estaria dividindo o cômodo que ocupa em sua casa com mais 7 pessoas.
Por causa da superpopulação, cada casal só pode ter um filho. Mas, se o primeiro for menina, pode-se tentar de novo.
Com quase 3.000 km de extensão, a Muralha da China, única obra feita pelo homem que pode ser vista do espaço, começou a ser construída em 200 A.C. e completa atualmente 2200 anos de vida. Sua construção envolveu mais de um milhão de pessoas, muitas das quais morreram ali mesmo.
Sua imponência começa pelo aspecto visual e termina na prática, pois em alguns trechos de suas descomunais escadarias, o visitante só consegue subir os degraus de quatro, com as mãos no chão.
Li ou Lee (forma inglesa) é o sobrenome mais comum do mundo. Só na China existem 87 milhões deles.
O célebre Livro Vermelho de Mao, espécie de cartilha do comunismo chinês, atualmente só serve para ser vendido aos turistas nos portões da Praça da Paz Celestial, onde a figura de Mao Tse Tung ainda brilha.
Na China, as ruas são extensões da casas. Ali os chineses comem, dormem, cortam o cabelo, fazem massagem, Tai-Chi-Chuan e até dançam.
Dentro da China existem várias nações. Algumas inteiras, como é o caso do Tibete e algumas minorias (mongóis, turcos, cazaques, tibetanos, etc.). São por volta de 55 grupos diferentes, ou seja, 60 milhões de chineses não são tão chineses assim - 60 milhões! Mais do que uma França ou duas Argentinas! Na China até as minorias são exageradas.
Imaginar que um país tão grande assim (o terceiro maior do mundo só atrás da Rússia e do Canadá) tenha a mesma geografia de norte a sul é o mesmo que generalizar que no Brasil só existe selva. É um erro grosseiro. Tanto das curiosas formações rochosas de Guilin, no oeste do país, quanto da maior de todas as montanhas - o Monte Everest - a China tem várias faces em sua geografia.
Cobras, ervas, ratos, morcegos. Tudo cura na milenar medicina chinesa. Lagartos ressecados, por exemplo, são bons para tosse comprida, pedra nos rins e até mesmo impotência.
A Fênix é uma das criaturas mágicas da mitologia chinesa. Dizem que só aparecia quando o país era governado por um bom imperador.
As pétalas de uma Datura sagrada representam as cinco pontas da estrela.
O cervo e o alto funcionário: símbolos de prosperidade.
Por ser o BOI o animal que mais ajuda na lavoura, puxando o arado e a carroça, a maioria do povo chinês considera pecado comer sua carne.
"Um faz dois, dois fazem três, de três nascem as dez mil coisas." Foi assim que Lao Tsé condensou a cosmologia chinesa. DEZ MIL é a expressão que simboliza o todo e a imortalidade.
O sapo e a rã são símbolos de longevidade.
A arte de empinar pipas é tradicional na China.
O morcego é um símbolo de felicidade, e cinco morcegos juntos representam: longevidade, saúde, fortuna, amor à virtude e morte natural.
Um quarto dos crimes previstos no Código Penal é punido com a morte, incluindo delitos menores como envenenar gado ou difundir pornografia.
Os chineses são muito supersticiosos. Os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios não existem, porque o ideograma do 4 é parecido com o da morte. Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são bem mais baratos, e muito utilizados por estrangeiros.