segunda-feira, 4 de junho de 2018

Materialismo histórico e materialismo dialético

"Aquilo que hoje parece uma espécie de lei natural - o crescimento econômico medido pelo PIB - é radicalmente questionado pela economia ecológica. Nem sempre o crescimento é mais benéfico que custoso para a sociedade. A partir de certo ponto, o aumento da produção e do consumo pode ser antieconômico."  -  José Eli da Veiga  -  Mundo em transe - Do aquecimento global ao ecodesenvolvimento
Ao longo de seus debates com os membros da “esquerda hegeliana” e através de suas pesquisas de economia, Marx havia chegado à conclusão de que “não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina a sua consciência”. Ou seja, são as condições econômicas, as relações de produção, que determinam os aspectos espirituais de uma sociedade, as idéias e as instituições; a síntese do materialismo histórico. Escreve Marx no prefácio à Para a Crítica da Economia Política:
O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado em poucas palavras: na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral da vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.” (Marx, 1974, p. 136).
A descoberta de que as condições materiais de uma sociedade condicionavam a superestrutura – a cultura, a religião, as leis, os costumes, a ciência e a tecnologia, entre outros fatores – foi muito importante nos estudos posteriores de Marx. A conclusão seguinte à qual chegou Marx é que aqueles que dominavam os meios de produção – a classe dominante – sejam patrícios romanos, nobres feudais, burgueses comerciantes ou industriais, ditavam a superestrutura, utilizando-a para perpetuar sua situação de dominação. Em outras palavras, a superestrutura é uma reprodução, sob certos aspectos, da infraestrutura.
Sobre esta análise dos aspectos materiais e espirituiais da sociedade, escreve Stalin: “O ser da sociedade, as condições da vida material da sociedade, eis o que determina as suas idéias, as suas teorias, as suas opiniões políticas, as suas instituições políticas.” (Stalin, s/d, p. 29).
Com o desenvolvimento do capitalismo, principalmente depois da 2ª Guerra Mundial, a complexidade das relações econômicas e sociais fez com que ficasse cada vez mais difícil este tipo de análise. Na década de 1960 Louis Althusser, filósofo marxista francês, ainda tentou explicar através de sua obra Aparelhos Ideológicos de Estado a maneira como a superestrutura – os aparelhos ideológicos de Estado: a família, a escola, a estrutura jurídica, a organização sindical, a cultura, entre outros – era manipulada pela classe dominante.
Hoje, no entanto a superestrutura se tornou ainda mais complexa. Em nossa moderna sociedade de consumo, baseada nas telecomunicações e na informática, como determinar qual será a influência destes instrumentos – a linguagem e as imagens digitais – sobre a superestrutura? Será que efetivamente a “classe dominante” tem real controle sobre estes meios, sobre esta superestrutura? Ainda quanto a isso, o que nos mostraram as recentes revoluções no mundo árabe?
 O materialismo dialético de Marx é baseado na dialética de Hegel. Para este, todo o processo do “ser” continha três “momentos”, que Marx transformou em três “fases” do processo de perpétuo desenvolvimento da matéria e do desenrolar histórico: a tese, a antítese e a síntese. Marx por assim dizer inverteu a dialética hegeliana e a apontou para o mundo material, histórico. A dialética materialista não é um processo mental (do espírito), idealista, como o via Hegel, mas um processo inerente à natureza e ao devir histórico. Sobre este ponto escreve Henri Lefebvre:
“O método é assim a expressão do devir em geral e das leis universais de todo o desenvolvimento: essas leis são abstractas em si mesmas, mas reecontram-se sob formas específicas em todos os conteúdos concretos. O método parte do encadeamento lógico das categorias fundamentais, encadeamento pelo qual se encontra o devir de que elas são a expressão concentrada.” (Lefebvre, s/d, p. 95)
Materialista, Marx não seguia o “materialismo vulgar” (como o chamava Engels); o materialismo mecanicista e metafísico dos iluministas franceses, da esquerda hegeliana ou de Feuerbach, entre outros. Marx havia descoberto uma dinâmica, que se aplica aos fatos históricos e à natureza.
O materialismo dialético foi fortemente propagado por Friedrich Engels, em obras como Anti-Dühring (1877) A dialética da natureza (1870), onde deu ao materialismo dialético um caráter filosófico, aplicando-o às várias ciências e quase o transformando em uma metafísica disfarçada. Depois da Revolução Russa, na União Soviética, o materialismo dialético acabou transformando-se no “Diamat”, instrumento de análise e de verificação da ortodoxia marxista nas ciências sociais e naturais.
Atualmente a maioria dos filósofos não-marxistas considera o materialismo histórico e o materialismo dialético como idéias filosóficas, com pouco ou nenhuma fundamentação científica, comparáveis às teorias psicanalíticas de Freud.
Bibliografia:
LEFEBVRE, HENRI. O materialismo dialético. Alfragide (Portugal). Edições Acrópole: s/d, 160 p.
MARX, KARL. Manuscritos Econômico-Filosóficos e outros textos escolhidos in Os Pensadores. São Paulo. Abril Cultural: 1974, 413 p.
REALE, GIOVANNI, ANTISERI, DARIO. História da Filosofia Vol. III. São Paulo. Paulus Editora: 1991, 1113 p.
STALIN, JOSEPH. Materialismo dialético e materialismo histórico. São Paulo. Global Editora: s/d, 63 p.
(Imagens: fotografias de Jindrich Styrsky)

segunda-feira, 16 de abril de 2018

AULA DE GEOGRAFIA - INDÚSTRIA NO BRASIL

Vamos continuar a estudar a economia brasileira tratando nessa aula do setor secundário ou industrial brasileiro. Você deve conhecer a evolução histórica de nossa indústria, sua distribuição geográfica e o perfil atual desse setor.
Número de empregos por gêneros da indústria
(mercado formal)
DISCRIMINAÇÃO    1996       1998          2000
Indústria                 6.362.984     5.881.547     5.945.628
Extrativa Mineral   117.289        112.904        115.281
Construção Civil    1.121.580 1.070.875 956.106
Indústria de Transformação 4.761.276 4.367.009 4.574.771
Classificação
O setor industrial de transformação pode ser classificado quanto ao tipo de indústria. Assim, podemos falar em:
*indústria de base – é aquela que vai produzir para outros setores
industriais. Podemos aí incluir o setor pesado como a siderurgia, a química e os de equipamentos e máquinas como a mecânica e metalúrgica.
*indústria de bens de consumo – produz diretamente para o consumidor final. Pode ser subdividida em durável (consumo e/ou reposição de longo prazo) como a automobilística, eletro-eletrônicos, e não-durável (consumo e/ou reposição de curto prazo) como a têxtil e alimentícia.
Localização das indústrias
A concentração das indústrias em determinados lugares depende de
certos fatores que passamos a analisar abaixo:
*proximidade de matérias-primas – é mais importante no caso de setores industriais que lidam com grandes volumes de matéria-prima, como o setor pesado. A siderurgia, por exemplo, necessita de grandes quantidades de ferro e manganês. Essa proximidade reduz o custo com o transporte e garante maior eficiência na continuidade das atividades desenvolvidas pela empresa.
*oferta de energia – um dos insumos mais importantes para o setor
industrial é a energia. Determinados setores consomem muita energia, como a indústria de base. A siderurgia requer o uso do carvão mineral, a indústria que produz alumínio requer muita energia elétrica. A não interrupção do fornecimento da energia é um fator essencial para a sobrevivência dessas empresas e, em alguns casos, o custo final de seus produtos é fortemente influenciado pelo custo da energia.
*mão-de-obra disponível – isso explica o porque das indústrias
concentrarem-se em áreas urbanas onde podem contar com essa oferta de mão-de-obra. Evidentemente, alguns setores requerem mão-de-obra mais qualificada e procuram cidades onde existam centros universitários e de pesquisa.
*mercado consumidor – no caso das indústrias de bens de consumo, a proximidade do mercado consumidor reduz o custo final do produto no varejo pelo menor custo do transporte até os pontos de venda. Grandes concentrações urbanas atraem mais indústrias que, assim, podem ficar próximas de um grande mercado consumidor.
*boa rede de transportes – essencial para garantir a circulação das
matérias-primas, da energia e do produto acabado. A saturação dos
transportes em algumas áreas urbanas tem afugentado algumas empresas desses locais.
Além desses fatores é claro que precisamos lembrar de políticas de
fomento ao desenvolvimento industrial incluindo isenções de impostos e facilidades para exportação. Assim como é importante também entender que o elevado custo da mão-de-obra, movimento sindical forte e problemas como enchentes, espaço físico disponível (para uma eventual expansão) e falta de segurança motivam indústrias a procurarem novos locais para sua instalação.
Breve histórico
Vamos fazer uma análise histórica do desenvolvimento do setor industrial no Brasil. Inicialmente precisamos lembrar que durante o período colonial o Brasil sofreu fortes restrições por parte da Coroa portuguesa que impedia a instalação de indústrias em nosso país que concorressem com sua produção ou que ferissem seus interesses comerciais na Europa e no Mundo. Mesmo após a independência o desenvolvimento industrial foi seriamente limitado pelas relações comerciais com os ingleses, maior potência da época. Em 1844, com a adoção de tarifas protecionistas mais elevadas, o Império começa a tomar medidas para promover o desenvolvimento do setor industrial no Brasil. Outros fatores trouxeram contribuição ou foram muito relevantes nesse desenvolvimento:
*cafeicultura – foi responsável pela atração dos imigrantes. Parte deles fixou-se em áreas urbanas constituindo a mão-de-obra assalariada para a indústria e, ao mesmo tempo, mercado consumidor. Além disso, a cafeicultura permitiu um acúmulo de capitais, mais tarde aplicado em atividades diversificadas, no setor bancário e industrial, e contribuiu para a expansão da rede ferroviária e melhoria das instalações portuárias, melhorando a rede de transporte.
*as Guerras Mundiais – durante as Guerras Mundiais, com a dificuldade de manter o comércio importador com a Europa, procura se desenvolver aqui no Brasil uma industrialização para substituição dos produtos importados e atender o mercado consumidor interno.
*governos de Getúlio Vargas – a crise na cafeicultura, as mudanças
políticas do período Vargas (substituição de uma oligarquia exportadora pela burguesia urbana e industrial) desviam os investimentos para o setor secundário. Impulsiona-se a indústria de base com a criação da CSN (Companhia Siderurgia Nacional), em 1946 e da PETROBRAS em 1953. Também após o término da Segunda Guerra Mundial as importações de equipamentos industriais apresentam um aumento o que indica uma fase de crescimento nesse setor.
*governo de JK – através do Plano de Metas ampliam-se os investimentos na infraestrutura necessária para o desenvolvimento da indústria (energia, rede de transportes). Começa a aumentar a participação do Estado em setores estratégicos como energia, mineração, transportes e criam-se estímulos para a atração dos investimentos estrangeiros tanto no setor pesado como na indústria de bens de consumo duráveis (automobilística).
*governos militares – trata-se de uma fase que alterna períodos de
estagnação e recessão com outros de forte crescimento (como no milagre brasileiro entre 1969 e 1973). Amplia-se a diversificação da indústria no Brasil. Adota-se uma política de incentivos às exportações, continua a atração do capital estrangeiro setores de tecnologia mais avançada começam a mostrar uma maior evolução (setor aeronáutico, bélico, nuclear e espacial). A política salarial adotada é prejudicial aos trabalhadores e o modelo econômico que é seguido leva a maior concentração de renda no período.
*redemocratização e década de 1990 – fase em que a economia
globalizada toma força e políticas econômicas neoliberais. Progressivamente há uma abertura do mercado interno brasileiro, até então muito protegido, o que eleva as importações e confirma-se a falta de competitividade do setor industrial brasileiro no mercado externo. Para competir, ou sobreviver, esse setor empreende uma rápida evolução tecnológica, empreende esforços pela qualidade e pela redução de custos, o que provoca um aumento do desemprego e falência ou venda de muitas empresas incapazes de enfrentar essa nova realidade. Ao mesmo tempo, as necessidades de diminuir o tamanho do Estado e de seus gastos (incapaz até mesmo de atuar com eficiência em setores essenciais para a sociedade) levam ao desenvolvimento de uma política de privatização de empresas estatais, como no setor siderúrgico (processo que leva, ao mesmo tempo, a uma capitalização para fazer frente ao pagamento de obrigações financeiras). Desenvolvem-se reformas no Estado, como no setor previdenciário. É criado o Mercosul que, por um lado, expande o
mercado de consumo para a produção industrial brasileira e, por outro, aumenta a concorrência com as indústrias de nossos vizinhos.
Apesar de tudo, chega-se ao final do século XX e início do século XXI com a certeza de que o Brasil ainda precisa definir uma política industrial que permita um fortalecimento das empresas nacionais, maior criação de empregos, estímulos para o setor exportador, além da continuidade do processo de fortalecimento das indústrias para aumentar sua qualidade e competitividade.
Distribuição geográfica das indústrias
Observa-se uma tendência à maior dispersão geográfica desse setor nos últimos quinze anos, mas ainda é forte a concentração na Região Sudeste.
Podemos destacar:
*Região Sudeste – as maiores concentrações industriais se encontram nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Destacam-se também a Baixada Santista (Cubatão), o Vale do Paraíba, a Região de Campinas e crescimento do setor na Região de Vitória, Triângulo Mineiro, além de várias cidades no oeste paulista e sul de Minas Gerais;
*Região Sul – são importantes as Regiões Metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre, além do Vale do Itajaí (SC) e Serras Gaúchas;
*Região Nordeste – as maiores concentrações industriais estão em suas regiões metropolitanas: Salvador, Recife e Fortaleza;
*Região Norte – é pouco industrializada destacando-se a Zona Franca de Manaus e a Região de Belém;
*Região Centro-Oeste – possui um modesto setor industrial sem a formação de grandes centros. As indústrias encontram-se espalhadas pelas principais cidades da Região.
Destaques no setor industrial
Passamos a analisar sucintamente alguns setores industriais de maior destaque no Brasil e que, historicamente, tem se mostrado serem os mais importantes ou pelo valor da produção ou pelo número de empresas e de funcionários. Observa-se recentemente maior aquecimento em setores como o de papel e papelão (embalagens – o que parece ser um sinal de aquecimento da economia), além dos setores de borracha, metalúrgico e têxtil.
*Siderurgia – o Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo iniciando maior desenvolvimento a partir da entrada em funcionamento da CSN em 1946, no município de Volta Redonda – RJ. A maior parte das siderúrgicas brasileiras concentra-se no Sudeste devido à proximidade do ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero - MG, da boa rede de transportes (ferrovias, proximidade de portos) e do mercado consumidor (representado pelas indústrias que consomem o aço). 
Podemos destacar:
-MG : USIMINAS, ACESITA e Belgo-Mineira;
-RJ : CSN (Companhia Siderúrgica Nacional);
-SP : COSIPA (Companhia Siderúrgica Paulista);
-ES : CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão).
Esse setor já foi privatizado. Busca nesse período a modernização e
eficiência para aumentar sua competitividade. A produção e os lucros cresceram mas enfrenta-se no mercado externo um duro protecionismo no Primeiro Mundo (EUA) que estabelece taxas e quotas para a compra do aço brasileiro. Também melhorou a qualidade do aço produzido após a privatização, assim como a diversificação de produtos fabricados pela siderurgia no Brasil.
Produção Mundial de Aço Bruto - Em Milhões de Toneladas
Nº de
Ordem País 1991 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
01 China 71,0 92,6 95,4 101,2 108,9 114,6 124,0 127,2 148,9
02 Japão 109,6 98,3 101,6 98,8 104,5 93,5 94,2 106,4 103,0
03 Estados Unidos 79,7 91,2 95,2 95,5 98,5 98,7 97,4 101,8 90,1
04 Rússia ... 48,8 51,6 49,3 48,5 43,8 51,5 59,1 57,5
05 Alemanha 42,2 40,8 42,1 39,8 45,0 44,0 42,1 46,4 44,8
06 Coréia do Sul 26,0 33,7 36,8 38,9 42,6 39,9 41,0 43,1 43,9
07 Ucrânia ... 24,1 22,3 22,3 25,6 24,4 27,5 31,4 33,1
08 Índia 17,1 19,3 22,0 23,8 24,4 23,5 24,3 26,9 27,3
09 BRASIL 22,6 25,7 25,1 25,2 26,2 25,8 25,0 27,9 26,7
10 Itália 25,1 26,2 27,8 23,9 25,8 25,7 24,9 26,7 26,5
*Química – setor que ainda promove uma abertura e modernização. Sua produção também é crescente com grande destaque para o setor petroquímico. A entrada do capital estrangeiro nesse setor e a quebra do monopólio da PETROBRAS trazem a perspectiva de grande aumento da produção e de aumento dos investimentos. Outro destaque é a produção de adubos e fertilizantes. Reúne ainda as produções de cosméticos e perfumaria.
Permanecem ainda problemas na Química Fina que envolve uma tecnologia mais avançada como no setor químico-farmacêutico.
*Automobilística – inicialmente com forte concentração na região do ABC, a partir dos anos 70 inicia uma maior dispersão geográfica deslocando-se para Betim – MG (FIAT) e Vale do Paraíba nos anos 80 (Taubaté e São José dos Campos). As mudanças empreendidas na década de 90 alteram bastante o perfil desse setor. A abertura do mercado interno provocou a necessidade de produzir um automóvel de melhor qualidade. Posteriormente, a entrada de novas montadoras (como a Renault, Peugeot, Toyota, Mitsubishi e Audi)
diversifica a oferta de produtos e aumenta a produção. O Brasil começa a se tornar uma plataforma de produção para vendas não só no mercado interno mas também para exportação. O baixo nível de renda no país, a ausência de estímulos mais eficazes para o setor exportador e a ocorrência de crises no país ou importadas de outros, ainda tem provocado instabilidades no setor com quedas na produção e nas vendas. Trata-se também de uma indústria que atualmente poupa mão-de-obra e terceiriza muitas etapas da produção.
Geograficamente, apresenta maior dispersão pelo território mas ainda concentrada na Região Sudeste onde é maior o mercado consumidor.
1996 1998 2000
0
1
2
3
4
Milhares
exportações importações
Exportações e importações de veículos
milhões US$
Balança comercial brasileira de autoveículos – em unidades
1999 2000
Discriminação Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo
Ônibus 1.396 10.646 -9.250 1.356 16.828 -15.472
Automóveis 232.265 154.809 77.456 328.363 167.251 161.112
Caminhões 9.336 1.424 7.912 12.809 631 12.178
Total 242.997 166.879 76.118 342.528 184.710 157.818
Nº de
Ordem País 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
01 Estados Unidos 10.876 12.254 12.065 11.859 12.158 12.003 13.025 12.800
02 Japão 11.228 10.554 10.196 10.347 10.975 10.050 9.895 10.144
03 Alemanha 4.032 4.356 4.667 4.843 5.023 5.727 5.688 5.527
04 França 3.156 3.558 3.475 2.391 2.580 2.954 3.180 3.348
05 Coréia do Sul 2.050 2.312 2.526 2.813 2.818 1.954 2.843 3.115
06 Espanha 1.768 2.142 2.334 2.412 2.562 2.826 2.852 3.033
07 Canadá 2.248 2.321 2.420 2.397 2.257 2.173 3.059 2.964
08 China 1.162 1.351 1.435 1.470 1.580 1.628 1.830 2.069
09 México 1.097 1.123 937 1.226 1.360 1.453 1.550 1.935
10 Reino Unido 1.569 1.695 1.765 1.920 1.936 1.976 1.973 1.814
11 Itália 1.277 1.534 1.667 1.545 1.828 1.693 1.701 1.738
12 BRASIL 1.391 1.581 1.629 1.804 2.070 1.586 1.357 1.691
*Têxtil – apresenta maior crescimento após a Segunda Guerra Mundial mas, obsoleta nos anos 80, passa a enfrentar sérias dificuldades com a progressiva abertura do mercado interno, especialmente durante os anos 90 com a entrada do produto asiático que utiliza uma mão-de-obra muito barata. Essa mesma abertura facilita o re-equipamento desse setor com a compra de novas máquinas. Promove-se também uma modernização administrativa e na produção. Várias indústrias têxteis não suportaram o quadro decorrente dessa abertura e fecharam as portas nos anos 90. As que sobreviveram parecem estar mais competitivas. A indústria têxtil dissemina-se por todo o país com maior concentração nas Regiões Sudeste e Sul.
*Alimentícia – a produção brasileira é muito diversificada, de boa qualidade e conta com a presença de algumas grandes multinacionais. Também se encontram bastante dispersas pelo território com maior concentração no Sudeste e no Sul (maior mercado consumidor, não só na quantidade mas também observando-se o nível de renda da população). É um setor com fortes ligações com a agropecuária preocupando-se com a procedência da matéria-prima (regularidade na quantidade e qualidade) e, assim, acaba por influenciar muito a vida do produtor rural. A exportação de alimentos industrializados tem apresentado crescimento. Essa indústria reúne o setor do açúcar, leite e derivados, óleos vegetais, massas, bebidas (como sucos, refrigerantes, vinho e aguardente), carne e derivados, doces, chocolate, sorvete e outros.
1995 1996 1997 1998 1999 2000
110
112
114
116
118
120
122
124
Níveis de produção industrial - número índice
Observe que, apesar do aumento dos níveis de produção industrial na década de 1990, o número de empregos na indústria de transformação decaiu. É uma indústria, atualmente, que procura poupar mão-de-obra, reduzir custos e aumentar sua eficiência e qualidade.
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
4300
4400
4500
4600
4700
4800
4900
5000
5100
Nº de empregos na ind. de transformação (mercado formal - em milhares de empregados) Saiba mais na Internet
*Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior: http://www.mdic.gov.br/
*Fiesp: http://www.fiesp.org.br/
*Política industrial, privatização e atualidades:
http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/NOVPOLI1.HTM
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/241/economia/241_50_anos_brasil_industrial.htm
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/240/economia/240_sera_ac htm
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/04/07/eco024.htl
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/02/07/eco028.htl
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/04/02/eco040.htl
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/03/10/eco018.htl
Exercícios
1- (VUNESP) Um pólo de inovação tecnológica pode ser definido em função de sua capacidade criativa, de reciclagem e de difusão de tecnologia de ponta. Tecnopólo é a denominação atribuída à cidade que reúne as principais características de um pólo de inovação tecnológica. Assinale a alternativa que apresenta três cidades paulistas que, na atualidade, reúnem tais características:
a) Santos, Sorocaba e Taubaté
b) São Carlos, São José dos Campos e Campinas
c) Limeira, São Carlos e Ribeirão Preto
d) Santo André, São José do Rio Preto e Presidente Prudente
e) São José dos Campos, Lorena e Campinas
2- (FUVEST) As afirmações abaixo apontam algumas tendências da nova lógica de localização industrial.
I – Distribuição dos estabelecimentos industriais das empresas em diferentes localidades de tradição manufatureira.
II – Separação territorial entre processo produtivo e gerenciamento
empresarial com a reintegração de ambos por intermédio de redes
internacionais.
III – Desconcentração da atividade industrial e emergência de novos espaços industriais, estruturando redes globalizadas.
IV – Concentração territorial da indústria dependente de fontes de energia e matéria-prima.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
e) III e IV
3- (PUC-RIO) Nas últimas décadas, vem ocorrendo no Brasil uma tendência de desconcentração industrial em direção às regiões periféricas. Observa-se também uma concentração de investimentos nas áreas já mais dinâmicas e competitivas do país, devido à presença dos fatores locacionais exigidos pelos setores de produção mais modernos e de tecnologia avançada. Entre esses fatores, podemos destacar os abaixo apresentados, exceto:
a) matérias-primas industriais
b) mercado consumidor de alta renda
c) infraestrutura de telecomunicações
d) proximidade dos parceiros do Mercosul
e) centros de produção de conhecimento de tecnologia
4- (UNOPAR) As cidades de Volta Redonda (RJ) e Camaçari (BA) destacam-se, respectivamente, na concentração de indústrias:
a) siderúrgicas e alimentícias
b) alimentícias e petroquímicas
c) eletroeletrônicas e de calçados
d) siderúrgicas e petroquímicas
e) eletroeletrônicas e têxteis
5- Caracterize a concentração industrial na Região Central de Minas e no Vale do Paraíba (SP):
Respostas
1- B
2- C
3- A
4- D
5- A região central de Minas destaca-se pela concentração siderúrgica e metalúrgica devido à proximidade da extração de ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero, além da indústria petroquímica e automobilística em Betim, na Grande Belo
Horizonte. O Vale do Paraíba reúne indústrias de bens de consumo (ex: automobilística), de base (ex: petroquímica) e de tecnologia de ponta (aeronáutica, bélica, espacial – em São José dos Campos).