A importância da
Leitura nos dias de sempre
Edson de
Souza Couto
Professor de
História, Filosofia e Ciência das Religiões.
Vivemos em
mundo tecnológico, onde a informação rápida e globalizada nos alcança em
qualquer lugar, a qualquer tempo. Nosso mundo é visual, portanto nossa
percepção da vida se dá muito pelo uso dos sentidos, principalmente da visão.
Muitas vezes esquecemos que foi graças a uma invenção da renascença que o livro
se popularizou entre as pessoas saindo dos recônditos mosteiros, das
bibliotecas das Igrejas, das mãos dos copistas e glosadores, indo parar numa
prensa de tipos móveis criada por Gutemberg.
O livro mudou a
vida das pessoas, mudou suas crenças, veja a Reforma proposta por Lutero e a
tradução da Bíblia para a língua alemã, gerando um trauma na Igreja Católica
Romana. Diderot e D’Alembert com sua enciclopédia encantaram os nobres, transformando
déspotas em esclarecidos reis.
Shakespeare e
Voltaire, com seus contos e fábulas alimentaram os sonhos de verão, e as noites
de inverno. Como não ser livre lendo? Tudo é possível nas linhas, nos
parágrafos, nas frases, no ponto e vírgula e na interrogação.
Como não lembrar
Mário Quintana: “Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho, eles
passarão. Eu passarinho”.
Destas poucas
palavras que não são minhas, mas inspiração de algo que li em algum momento,
reflito sobre o tempo, sobre o pós-moderno, sobre tablets, Ipads, epubs,
laptops, e não encontro o cheiro das folhas de papel, movidas pelos dedos
umedecidos na língua, não sinto gosto da paixão da página seguinte, do próximo
volume, do novo livro.
Entre as linhas
de Sparks, Brown, Rowling ou Duda Falcão, Martha Medeiros, Machado de Assis,
Jorge Amado, vou desvendando os mistérios de mim mesmo, nos devaneios da ficção
ou da dura realidade cotidiana das ruas da Bahia. Entre dragões, lençóis,
intrigas e paixões ardentes, parte minha navega em mares desconhecidos, outra
ancora da diletante vertente de meus medos. Somente o livro me permite voar sem
ter asas, me refaz da queima como a Fênix, renascida das próprias cinzas. Hoje quando sair de casa para ir à Feira do Livro
em Torres, meu coração vai palpitar, em sobressaltos como se estivesse
apaixonadamente indo ao encontro da namorada, mãos suando, peito apertado, mas com a alegria incontida da minha primeira vez...
Torres (RS) 11 de
novembro de 2013.