quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Industrialização e seus efeitos


O processo de industrialização é um dos principais fatores de transformação do espaço. Por isso, a compreensão de seus aspectos, tipos e características é de grande relevância.
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Um dos principais agentes de produção e transformação do espaço geográfico na sociedade atual, sem dúvidas, é a atividade industrial, pois ela provoca efeitos sobre os movimentos populacionais e o crescimento das cidades; interfere nos tipos de produção no meio urbano e também no meio rural, entre outros.
Entende-se por industrialização o processo de transformação de matérias-primas em mercadorias ou bens de produção (esses últimos podendo ser novamente transformados) por meio do trabalho, do emprego de equipamentos e do investimento de capital. Obviamente, o crescimento da atividade industrial aumentou a demanda por matérias-primas e mais recursos naturais, por isso o ser humano passou a explorar ainda mais a natureza e, sobre ela e o espaço em geral, realizar cada vez mais intervenções e impactos.
Na visão de muitos autores no campo das Ciências Humanas, o processo de industrialização é sinônimo da era da modernidade, ou seja, a industrialização das sociedades marca, assim, a inserção delas no mundo moderno.

Evolução da atividade industrial – breve histórico
Ao longo do tempo, as sociedades pré-industriais e industriais passaram por sucessivos estágios de transformação, o que gerou diretas consequências sobre os tipos de produção de mercadorias e a forma de inserção destas no mercado.
Fase pré-industrial (artesanal): a fase da atividade artesanal – isto é, quando essa prática era o modo de produção predominante – estendeu-se desde a Antiguidade até o século XVII. A produção era individual e centrada na figura do artesão, que atuava desde o início do processo produtivo até, por vezes, a comercialização de seus produtos.
Fase manufatureira: as primeiras indústrias pautavam-se na manufatura, ou seja, no trabalho manual. Essa fase estendeu-se durante o século XVII até meados do século XVIII, quando se iniciou, na Inglaterra, o processo de Revolução Industrial. Utilizava-se o trabalho manual e máquinas simples com a inauguração do processo de divisão de tarefas e a formação das classes trabalhadoras (os assalariados) e as patronais (os patrões).
Fase maquinofatureira ou industrial: podemos dizer que a fase industrial propriamente dita ocorreu após o início da I Revolução Industrial com a invenção de maquinários capazes de intensificar a produção e empregar um maior número de trabalhadores, além de produzirem novos e variados tipos de mercadorias. Com o tempo, essa atividade aperfeiçoou-se com a Segunda e Terceira Revoluções Industriais.
Fase pós-industrial: embora não haja consenso sobre esse termo, a fase pós-industrial seria aquela em que as indústrias, embora ainda muito importantes, deixam de desempenhar um papel central no cerne das sociedades em uma etapa recente. A principal característica, nesse caso, é o deslocamento do emprego para o setor terciário (comércio e serviços), em um fenômeno que os economistas chamam de terciarização da economia.
É válido ressaltar que as etapas acima mencionadas não se sucederam de forma linear em todas as sociedades e nem de modo igualitário. Alguns países ou regiões do mundo somente conheceram o processo de industrialização em sua fase mais avançada ou moderna; outras regiões, em alguns países subdesenvolvidos, sequer podem ser consideradas como sociedades industriais.

Tipos de indústrias
Podemos dizer que existem três principais tipos de indústrias, classificadas com base na tipologia de suas mercadorias, havendo, porém, inúmeras outras formas de divisão da atividade industrial. Com base nesse critério, os tipos de indústrias são: de base, de bens de consumo duráveis e de bens de consumo não duráveis.
Indústrias de base: são aqueles tipos de indústrias que fabricam os chamados bens de produção, isto é, aqueles produtos que não são consumidos pelas pessoas, mas empregados por outras indústrias para a fabricação de mercadorias. Podem ser máquinas industriais ou matérias-primas transformadas, tais como o alumínio, o ferro, entre outras. Inclui-se aí, portanto, as chamados “indústrias extrativas”, ou seja, aquelas que atuam no processo de refinamento ou transformação de matérias-primas recém-extraídas, tais como o petróleo e todos os minerais.
Indústrias de bens duráveis: são as indústrias que atuam na fabricação de produtos não perecíveis, isto é, que possuem uma grande vida útil, como os automóveis, os eletroeletrônicos, entre outros.
Indústrias de bens não duráveis: são as que produzem mercadorias perecíveis, ou seja, que são rapidamente consumidas, a exemplo dos alimentos, do vestuário e outros.

Fatores locacionais
Os fatores locacionais referem-se aos elementos socioeconômicos que orientam a distribuição de uma determinada indústria sobre o espaço geográfico. Dentre os inúmeros fatores, podemos destacar:
- Presença imediata de matérias-primas e recursos naturais;
- Disponibilidade de mão de obra abundante e barata;
- Incentivos fiscais oferecidos pelo governo local (isenção de impostos, etc.);
- Rede de transporte prática e eficiente que permite o fácil escoamento da produção;
- Mercado consumidor amplo e acessível;
- Fontes de energia que garantam a produção;
- Presença de indústrias complementares ou de apoio;
- Em alguns tipos de indústria, é importante a proximidade com centros de pesquisas, tais como as universidades.
Todos esses elementos (ou pelo menos a maioria deles) são avaliados por uma indústria quando ela escolhe o local para a sua instalação. Muitos governos municipais, estaduais e até federais atuam no sentido de garantir essas condições (sobretudo os incentivos fiscais) para que as fábricas instalem-se em seus territórios e, assim, gerem mais empregos diretos e indiretos, dinamizando mais a economia.
Em alguns locais, formam-se os complexos industriais com grande infraestrutura
Em alguns locais, formam-se os complexos industriais com grande infraestrutura
Nesse contexto, é válido ressaltar a importância crescente das empresas multinacionais ou globais, que muitas vezes se deslocam de uma área para outra a fim de obter tais benefícios. Muitas delas migram para países subdesenvolvidos, onde a mão de obra é mais barata, ou seja, com menos salários aos trabalhadores. Além disso, muitas delas fragmentam a produção em muitas regiões, a exemplo das indústrias automobilísticas, em que as várias partes de um carro são produzidas em diferentes lugares do mundo para a obtenção de maiores vantagens e a máxima geração de lucro.

Os efeitos da industrialização sobre o espaço geográfico
Como já mencionamos, a indústria é um dos principais agentes de transformação do espaço. Quando uma área antes não industrializada recebe um relativo número de fábricas, a tendência é receber mais migrantes para a sua área, acelerando a sua urbanização.
Com mais pessoas residindo em um mesmo local, gera-se mais procura pela atividade comercial e também no setor de serviços, que se expandem e produzem mais empregos. Entre outros aspectos positivos, menciona-se a maior arrecadação por meio de impostos (embora, quase sempre, as grandes empresas não contribuam tanto com esse aspecto).
As indústrias contribuem para a geração de empregos
As indústrias contribuem para a geração de empregos
Dentre os efeitos negativos da industrialização, podemos citar os impactos gerados sobre o meio ambiente, haja vista que, a depender do tipo de fábrica e das infraestruturas para ela oferecidas, são gerados mais poluentes na atmosfera e também nos solos e cursos d'água. Além disso, os incentivos fiscais oferecidos pelo poder público são criticados por fazer com que a população arque mais com os impostos do que as grandes empresas.
O poder de intervenção da indústria nas sociedades é tão elevado que até as suas modalidades de produção, ou seja, a forma predominante com que suas linhas de produção atuam, interferem na organização do espaço, gerando mais ou menos produtos e empregos, entre outros elementos. Na era do fordismo, a produção era em massa, com mais empregos situados no setor secundário; o que se transformou radicalmente na era do toyotismo.

Por Me. Rodolfo Alves Pena
A atividade industrial é um importante elemento geográfico
A atividade industrial é um importante elemento geográfico
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
PENA, Rodolfo F. Alves. "Industrialização e seus efeitos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/industrializacao-seus-efeitos.htm. Acesso em 26 de setembro de 2019.

O espaço rural brasileiro é muito importante, pois é nele que se produz grande parte dos alimentos consumidos. São áreas geralmente não tão urbanizadas, com características próprias de cada região.

Temos a presença de grandes áreas verdes, naturais ou ainda cultivadas, áreas com ambientes tranquilos e agradáveis, pois a poluição sonora, visual e atmosférica é bem menor do que nas áreas urbanas.

Fatores que influenciam a atividade rural

A influência de fatores naturais é determinante para as atividades econômicas e a vida rural. Os elementos naturais como clima, solo e relevo primordiais para o bom desenvolvimento de uma região devem ser levados em conta e estudados. Em regiões frias ou muito áridas, por exemplo, não temos a condições climáticas favoráveis para o cultivo de certas plantas, assim como solos inférteis são pouco aproveitáveis.
Geografia Enem
Figura 1- Espaço rural brasileiro Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=32012, acesso 25/08/14.
Figura 2– IBGE: Atlas do espaço rural brasileiro. Disponível em: http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/ibge-atlas-do-espaco-rural-brasileiro-mostra-retratos-do-trabalho-a-campo-61896#y=0, acesso 25/08/14.

Como vivem as pessoas no espaço rural?

Sabemos que no meio rural a vida é mais pacata e tranquila, os deslocamentos são mais curtos, há pouca poluição. As pessoas convivem mais e conhecem-se. A vida é, portanto, mais saudável, não existe um ritmo tão frenético como na cidade. As construções se diferenciam: casas, fazendas, áreas com espaços maiores, diferentes da cidade, onde num espaço pequeno inúmeras casas são verticalizadas e as pessoas não conhecem seu vizinho de porta. A economia é baseada na agricultura e criação de animais, portanto as pessoas acabam trabalhando nesse setor, e na maioria das vezes migram para as cidades em busca de outras oportunidades.
Dica do Blog: Clique aqui e acesse a aula sobre o espaço rural brasileiro do Curso Enem Gratuito!

Atividades Econômicas

Agricultura – caracterizada pela agricultura tradicional, emprega a maioria das pessoas no campo. Muitas vezes para se realizar determinadas culturas, a vegetação original é derrubada, o que altera a paisagem e uma nova cultura é plantada. O Brasil possui uma economia predominantemente agrícola, porém a modernização e maquinários já chegaram ao campo. Atualmente, produtores rurais empregam em suas propriedades modernas tecnologias, através de tratores sofisticados, e equipamentos avançados. Isso acarreta consequências tais como: aumento da produtividade, comprometimento do solo no caso de uso de agrotóxicos, e redução da mão-de-obra substituída pelas máquinas, o que gera desemprego no campo.
Geografia Enem
Figura 3 
– Modernização no campo gera desemprego. Disponível em: http://pesquisamaneira.blogspot.com.br/2012/07/mecanizacao-agricola.html, acesso 25/08/14.
Pecuária – é caracterizada pela pecuária intensiva e extensiva. Você sabe qual a diferença?
Pecuária Intensiva – é aquela onde os animais são confinados em um local pequeno, geralmente currais ou galpões. Geralmente os animais recebem tratamento diferenciado, são vacinados, e possuem acompanhamento com médico veterinário. Sua dieta é baseada no consumo de ração.
Pecuária Extensiva- nesse tipo de pecuária os animais são criados soltos no pasto, em grandes propriedades, a produtividade é baixa, os animais não recebem vacinas e comem a partir do que encontram nos pastos.
Extrativismo – O Extrativismo consiste na retirada da natureza dos recursos minerais e vegetais. Com essa prática, as paisagens se transformam, e essa atividade econômica também faz parte da área rural, pois são praticadas em espaços considerados rurais. Ao empregar tecnologia, essa prática muitas vezes prejudica o solo, modifica o relevo, e elimina a vegetação nativa.
Elizabeth Geografia Enem
Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Elizabeth Noceti Pereira- formada em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como docente nas redes estadual e municipal da região da Grande Florianópolis.

O clima como elemento determinante na formação 

de territórios biogeográficos

Por Edson Couto



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A Terra constitui-se como um grande sistema, integrado de partes e componentes específicos que são seus subsistemas. atmosfera, a litosfera e a hidrosfera, e na interseção destes, a biosfera, são partes de uma complexa engrenagem alimentadas por fluxos de energia advinda da radiação solar, todos estes subsistemas trabalham de forma particular, mais interagem amplamente entre si, condicionando uma verdadeira máquina complexa e linear. (DREW, 1998)
A existência de seres vivos, bem como a distribuição destes na superfície terrestre, só se torna possível mediante as condições ambientais construídas na interação dos subsistemas. Tais ambientes serão espacializados geograficamente de acordo com as especificidades de cada subsistema, ou seja, as características ambientais da biosfera são condicionadas automaticamente pelas variações dos padrões e fenômenos de ordem biótica e abiótica presentes na mesma.
De forma específica alguns fatores e elementos do meio natural são determinantes para existência e sobrevivência de indivíduos ou de grupos taxonômicos, bem como da sua espacialização na superfície terrestre. Estes fatores podem ser divididos em três agrupamentos específicos, ou fatores de ordem: física, química e social ou biótica. Cada fator deste apresenta características definidas, porém agem de forma integrada na criação de ambientes naturais na Terra. (MARTINS, 1985)
Os fatores de ordem química são aqueles referentes aos elementos e substâncias químicas essenciais para a existência da vida, o oxigênio, por exemplo, é um elemento químico de suma importância para os seres vivos aeróbicos, como os seres humanos. O gás carbônico é outro composto químico essencial para os seres vivos vegetais e para algumas espécies de algas. E por fim, tem-se a água, a substância da vida, direta ou indiretamente a água está presente na estrutura fisiológica de praticamente todos os seres vivos. Assim, tais elementos mostram-se essenciais para a vida na Terra, e fazem parte dos chamados ciclos biogeoquímicos dos subsistemas terrestres.
Os fatores de ordem social ou biótica são referentes às inúmeras relações sociais desenvolvidas dentro de um determinado grupo taxonômico, ou entre grupos taxonômicos diferentes, mas que habitam o mesmo bioma trata-se, portanto, das relações harmônicas e desarmônicas. Estas relações definem a estrutura, a organização, a disseminação e os níveis tróficos de cada espécie, assim, a existência de algumas espécies são restringidas não somente pelos aspectos de ordem abiótica, mas, também pelas relações sociais desencadeadas com os membros de seu grupo, ou por indivíduos de grupos diferentes.
Já os fatores de ordem física são formados através de elementos de ordem abiótica presentes no meio natural, assim, as características edáficas, litológicas, geomorfológicas e climáticas, são os principais agentes dos fatores de ordem física. Os aspectos edáficos são essenciais para os seres vivos vegetais, pois é sobre o solo, que estes organismos se fixam e retiram a grande maioria de seus nutrientes, já para os seres animais há uma relação dinâmica com solo, pois é neste, que grande número de espécies terrestres habitam.
Porém é o clima um dos elementos mais importantes dentro do grupo dos fatores de ordem física, pois este “influencia diretamente as plantas, os animais (incluindo o homem) e o solo. Ele influencia as rochas através do intemperismo; [...]” (AYOADE, 1986, p. 1-2). Desta forma, é possível afirmar que o clima é um fator determinante dentro da dinâmica espacial de distribuição e disseminação dos seres vivos, inclusive os seres humanos.
O clima é “o conjunto dos fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera em um ponto da superfície terrestre” (HANN apud BECK, 1959, p.8). Assim, claramente é atribuída a definição de clima, como a síntese dos fenômenos do sistema atmosférico ocorridos sobre um ponto da superfície terrestre num período seqüencial de no mínimo 30 a 35 anos.
O clima, portanto, está relacionado às condições específicas do subsistema atmosférico, assim é fundamental para o equilíbrio de todo o sistema do planeta Terra. Sua relação e interação com os demais subsistemas é fundamental, pois este de forma efetiva e ativa está presente nos diversos fenômenos da biosfera, sendo sua ação motivadora para formação de territórios biogeográficos.
Os territórios biogeográficos podem ser entendidos como grandes porções da superfície terrestre que apresentam particularidades entre si, ou seja, são ambientes naturais com características ambientais similares, e que assim, desenvolvem aspectos de vidas taxonômicos específicos, tais particularidades são resultantes da ação do meio sobre os indivíduos, mas também destes enquanto comunidade e grupo taxonômico. (BROWN; LOMOLINO, 2006)
Na Terra são encontrados ao menos 5 (cinco) grandes territórios fitogeográficos, que são: a região Holártica, região Neotrópica, região Paleotrópica, região Australiana e região Antártica. Também existem, 8 (oito) territórios zoogeográficos, sendo 6 (seis) grandes regiões de Wallace e duas acrescidas por Trouessart respectivamente: região Ártica, região Antártica, região Paleártica, região Neártica, região Oriental ou Indiana, região Etiópica, região Australiana e região Neotrópica. (GALVÃO, [2005])
Tão logo, cada território biogeográfico apresenta-se espacializado na superfície terrestre, distribuídos em zonas sentetrionais e meridionais, assim como, em faixas orientais e ocidentais, abrangendo toda a totalidade da superfície terrestre. Nestes territórios são encontradas condições ambientais especificas que determinarão a existência de biotas e grupos taxonômicos endêmicos ou amplamente distribuídos.
Nesta perspectiva, o é um dos principais influenciadores da dinâmica da distribuição dos seres vivos na superfície terrestre, como afirma Good: “a distribuição dos seres vivos é primordialmente regulada pela distribuição do clima”. Mediante esta afirmação é possível concluirmos que o clima possui a ação efetiva na formação dos territórios biogeográficos.
Os efeitos extremos ou medianos da ação do clima é capital para a diversificação dos espaços naturais, ou outrora, para as singularidades, conforme estipulam Mason, afirmando que os extremos de temperatura e umidade são mais importantes para a distribuição das floras que as médias, Clements, por outro lado, afirma que são as médias que têm maior importância na distribuição dos seres vivos.
Tanto numa concepção de extremos ou de médias da ação dos elementos do clima na distribuição dos seres vivos, é importante ressaltar que as duas concepções são corretas, afinal os extremos são importantes para condicionarem a formação de ambientes hostis, onde o potencial biótico e de evolução e fixação das espécies vai condicionar a sua espacialização, e as médias são importantes para o surgimento de ambientes relativamente homogêneos e relevantes para a fixação e estabilização dos grupos taxonômicos em ambientes naturais específicos.
Assim, de forma específica os elementos climáticos podem agir drasticamente em um individuo, enquanto em outro não. A temperatura por exemplo, pode ser uma barreira para algumas espécies, desta forma, existirão espécies endêmicas típicas de regiões com temperaturas baixas e rígidas, que automaticamente não sobreviveriam em condições climáticas diferentes daquelas, ou ao contrário, poderíamos encontrar uma espécie endêmica que pode sobreviver mediante a condições de temperatura elevada, além da relação com o clima, o potencial biótico de cada espécie deve ser considerado.
O regime de chuvas também é fundamental para a distribuição de alguns grupos taxonômicos, que apresentam necessidade de grande quantidade de água para sobreviver, assim, a distribuição das precipitações é um condicionante climático, afinal, as atividades pluviométricas são determinadas através do ambiente climático e, portanto, de seus fatores e elementos. Segundo Ayoade (1986, p. 164), tem-se relativamente à distribuição das precipitações da seguinte forma:
1. Há precipitações abundante na zona equatorial e quantidade moderadas a altas e médias;
2. As zonas subtropicais e as áreas circunvizinhas aos pólos são relativamente secas;
3. As zonas litorâneas ocidentais nos subtrópicos tendem a ser secas, enquanto as zonas litorâneas orientais tendem a ser úmidas;
4. Nas altas latitudes as costas ocidentais são, em geral, mais úmidas do que as costas orientais;
5. A precipitação é abundante nas vertentes a barlavento das montanhas, porém esparsa nos lados do solavento;
6. As áreas próximas dos grandes corpos hídricos recebem mais precipitação do que os interiores dos continentes, que se localizam distantes das fontes oceânicas e suprimento de umidade.
A distribuição do regime de chuvas de acordo com as especificidades levantadas, condiciona a existência de certos tipos taxonômicos, constituindo a formação de territórios similares, mas ao mesmo tempo de territórios antagônicos. Esta relação à priori é a responsável pela diversificação da distribuição dos seres vivos, e, portanto, a formação dos territórios biogeográficos.
Por fim, a importância do clima é sui generis na formação dos territórios biogeográficos, uma vez que os fatores e elementos climáticos estão intimamente ligados aos fenômenos do subsistema atmosférico, interagindo assim, com todos os demais subsistemas, moldando a biosfera e agindo de forma determinante na distribuição dos seres vivos, e na criação de territórios onde a vida apresenta traços de singularidade e espacialização.
Assim, todo estudo relacionado à distribuição dos seres vivos na superfície terrestre, deve automaticamente levar em consideração o clima, afinal, este é determinante dentro desta lógica “locacional” de espacialização da vida. Também, é importante ressaltar o papel fundamental da influência do clima para o condicionamento de ambientes naturais similares ou outrora, em ambientes claramente diversificados, condicionados por elementos e fatores climáticos específicos na interface atmosfera-superfície, portanto, da biosfera.
Prof. Licenciado em História, Pós-Graduado em Ensino e Filosofia e Sociologia, Tecnólogo em TI, com Especialização em Redes, Bacharelando em Ciências Jurídicas e Sociais, Pós-Graduado em Supervisão, Orientação e Administração Escolar, Pós-Graduando em Ensino de Geografia.

Referências Bibliográficas:
AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. São Paulo: Difel,1986.
BROWN, James H; LOMOLINO, Mark V. Biogeografia. 2² ed. [Tradução: Iulo Feliciano Afonso]. São Paulo: FUNPEC.
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. São Paulo: Difel, 1986.
GUERRA, Antônio José Teixeira; GUERRA, Antônio Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
MARTINS, Celso. Biogeografia e Ecologia. São Paulo: Nobel, 1985.
MARUYAMA, Shiegenori. Aquecimento global?. [Tradução: Kenitiro Suguio]. São Paulo: Oficina de textos, 2008.
MENDONÇA, Francisco & DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.
RICKLEFS, R.E. A Economia da Natureza. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 470p.
SALATE, Eneas et alli. Amazônia. Desenvolvimento integrado e ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1983.
TOLENTINO, Mario; FILHO, Romeu C. Rocha; SILVA, Roberto Ribeiro da. O azul do planeta: um retrato da atmosfera terrestre. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 1995.
TROPPMAIR, Helmut. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Claro: Divisa, 2006.
TUBELIS, Antônio & NASCIMENTO, Fernando José Lino do. Meteorologia Descritiva: fundamentos e aplicações brasileiras. São Paul: Nobel, 1980.

terça-feira, 10 de setembro de 2019


Mineração: entenda como foi criada e como funciona o processo de produção na Serra dos Carajás

Como se formou o maior tesouro mineral controlado pela Mineradora Vale. Onze de julho de 1967. Um helicóptero sobrevoa a região central do Pará, coberta pela densa floresta, procurando jazidas …

Como se formou o maior tesouro mineral controlado pela Mineradora Vale.
Onze de julho de 1967. Um helicóptero sobrevoa a região central do Pará, coberta pela densa floresta, procurando jazidas de manganês. De repente, a neblina tapa a visão. O piloto desce, aflito, na primeira clareira que aparece. O recém-formado geólogo Breno dos Santos, funcionário da mineradora americana US Steel, que também estava no aparelho, só ouviu um grito: "Breno, isso aqui tá muito sujo! Olha o rabo do aparelho! Avisa se está perto das árvores que eu cuido da frente"!
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O pouso foi de emergência. E deu certo. Só que a clareira não era uma qualquer. O queixo de Breno quase caiu: a vegetação estranha e rala, quase inexistente, indicava, claramente, que ali estava uma "canga", área com grande concentração de ferro perto da superfície. O ferro "estraga" o solo e impede as árvores de crescer. Imediatamente, o geólogo lembrou-se que havia avistado, do helicóptero, outras clareiras na região. Era uma concentração absolutamente incomum.
Breno tinha acabado de descobrir, nada mais nada menos do que a mais rica reserva de minério de ferro do mundo. Mais tarde, no que depois veio a ser conhecida como a Província Mineral de Carajás, foi encontrado ouro, prata, manganês, cobre, bauxita, zinco, níquel, cromo, estanho e tungstênio. Enfim, um verdadeiro Eldorado.
Na verdade, essa história começa muito antes de o helicóptero da US Stell pousar. Tudo foi cuspido do interior da Terra por centenas de vulcões, há 2,5 bilhões de anos. "A Província Mineral de Carajás, pela diversidade de seus recursos minerais e grandeza das jazidas, é única no planeta", diz Breno dos Santos, hoje já não tão jovem, mas presidente da Docegeo, a empresa de pesquisa da Companhia Vale do Rio Doce, que explora a região. Você vai conhecer, agora, a receita do recheio de Carajás.
Ainda falta muito para descobrir
Em outubro de 1996, os geólogos da Docegeo deram de cara com um novo depósito de ouro em Carajás, chamado Corpo Alemão. Ainda não foi possível definir seu tamanho exato, mas espera-se que tenha muito mais de 100 toneladas do metal. A maior mina de ouro do Brasil, Serra Leste (também em Carajás), tem 150 toneladas e a maior do mundo, no Uzbequistão, tem 3 000 toneladas de ouro. As pesquisas em curso mostrarão a que profundidade o metal de Corpo Alemão está. Se estiver fundo, mesmo que em grande quantidade, sai muito caro explorar. Mas, segundo as primeiras amostras retiradas do solo, deve estar a cerca de 450 metros. Isso é pouco e muito bom. Há minas, na África do Sul, a 6 000 metros.
O tesouro de Carajás não é feito só de ouro. Mas a Vale não tem estimativa segura de quanto alumínio, estanho, zinco e cromo existe lá dentro. Para fazer o cálculo, é preciso investir muito em prospecção. Já foram detectados 104 pontos promissores, onde as pesquisas preliminares mostraram que deve haver metal. Seria necessário gastar 12 milhões de dólares por ano em cada um desses sítios, 1,2 bilhão anuais no total, só para avaliar o potencial desses lugares.
Mais pesquisa
Numa tentativa de diminuir a ignorância sobre Carajás, a Vale assinou, em maio, um contrato de pesquisa com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Banco vai investir 280 milhões de reais, durante cinco anos, e ficará com a metade do que a Vale descobrir nesse prazo. Em mineração as cifras são altas e o investimento arriscado. Uma área promissora, depois de pesquisada, pode desapontar. O conhecimento de uma província mineral depende também da experiência acumulada por gerações de geólogos. Carajás, com 30 anos, é nova se comparada com outras jazidas da África do Sul ou com o Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, descobertas há mais de um século.
"O investimento em tecnologia, feito nos últimos anos, vêm aumentando nosso conhecimento sobre os recursos da Província", diz o geólogo Gilberto Meneguesso, da Docegeo. Entre as novidades tecnológicas estão a prospecção feita por sensores aéreos e espaciais, os novos softwares que interpretam os dados captados pelos sensores e métodos químicos como o mobile metal íon, que detecta quantidades mínimas de metais numa amostra de solo.
A técnica mais usada é a dos sensores instalados em satélites e aviões que varrem a região enviando sinais eletromagnéticos ao solo. Ao esbarrar em uma área com metal condutor de eletricidade, o sinal retorna com maior intensidade. Feito o registro, os técnicos vão até o local e retiram amostras do solo que são levadas para um laboratório onde identifica-se a quantidade de minério nelas.
A pesquisa do Corpo Alemão está nessa fase. Foram feitos vinte furos com 300 metros de profundidade para coletar amostras. Mas será necessário multiplicar essas perfurações por, no mínimo, dez para definir o tamanho da jazida.
Os vulcões metaleiros
Há 2,5 bilhões de anos, dois pedaços da crosta terrestre se chocaram. Como um deles era mais leve, entrou embaixo do outro. Desceu tanto que alcançou algumas camadas inferiores da Terra.
Com o atrito a temperatura e a pressão aumentaram nas profundezas, e uma parte das rochas derreteu. O material acabou subindo para a superfície, formando centenas de vulcões.
A lava dos vulcões era uma mistura de rochas derretidas e metais presos em regiões mais profundas. Mas eles não saíram todos de uma vez. Cada metal tem um ponto de fusão, ou seja, precisa de uma quantidade exata de calor para derreter.
O ouro é o primeiro a derreter e subir pelo buraco interno do vulcão. Muitas vezes nem chega a ser cuspido e para no interior do canal. Também costuma subir até a boca do vulcão e se infiltrar em fissuras das proximidades. É sempre mais fácil encontrar ouro perto de uma ex-cratera. Quase junto com o ouro vem o cobre. Por isso, eles geralmente aparecem próximos um do outro. Muitas jazidas misturam os dois metais. Depois, saem o zinco, o chumbo e o ferro. O manganês é o último a sair. É o que vai parar mais longe da boca do vulcão. Os metais foram esfriando e formando blocos no chão ou na montanha criada pelo vulcão extinto. Em Carajás, o processo da deposição dos metais levou mais ou menos 200 milhões de anos. Com a ação da chuva, do vento e do ambiente, a região foi sofrendo mudanças.
Algumas reservas, antes profundas, ficaram praticamente expostas e outras foram sendo enterradas pela deposição de sedimentos. Uma densa vegetação cresceu sobre toda Carajás, menos onde existe ferro.
Como funciona Carajás hoje
Infraestrutura
Perfuratrizes, tratores, motoniveladoras e outros equipamentos são usados para preparar a mina para as escavações. Para facilitar o processo, às vezes são feitas detonações controladas usando Anfo, mistura de nitrato de amônia e óleo diesel. Dez mil funcionários trabalham na infraestrutura de Carajás.
Extração e Carregamento
19 escavadeiras e 15 pás carregadeiras retiram o minério de ferro de bancadas de 15 metros de altura e carregam caminhões fora de estrada. Ao todo, 800 mil toneladas de material são movimentados ao dia, suficiente para encher o estádio do Maracanã em 24 horas. Destes, 450 mil toneladas possuem teor de ferro para utilização industrial. O resto é estéril, que é devolvido ao solo.
Transporte 105 caminhões fora de estrada com capacidade para transportar até 400 toneladas (a carga de um Boeing 747, que leva, em média, 415 passageiros) carregam o minério para a britagem, a primeira etapa do processo de beneficiamento. Esses caminhões medem 8 metros de altura e 15 metros de comprimento. Só o pneu dele mede 3,3 metros.
Britagem
A britagem tem como objetivo separar o minério de ferro em três tamanhos diferentes. Esse processo pode ser repetido até três vezes para atingir o tamanho pré-estabelecido.
Correias Transportadoras
Depois de chegar de caminhão aos britadores, o minério passa a ser movimentado em esteiras conhecidas como correias transportadoras. A usina tem uma malha de 85 quilômetros de correias transportadoras, quase suficiente para cobrir a distância entre São Paulo e Campinas.
Peneiramento
Primeira e maior unidade de produção de Carajás, ela usa dois tipos de peneiras para produzir três tipos de minério. São eles: Granulado, Sinter-Feed e Pellet Feed. São 17 linhas de peneiramento por onde passam 19 mil toneladas de minério de ferro por hora.
Estocagem
O minério de ferro é levado para o pátio de estocagem em esteiras e empilhado. São quatro empilhadeiras e uma máquina que, além de empilhar, recupera o material. O pátio tem capacidade para estocar três milhões de toneladas de minério de ferro. São cinco pátios, cada um com um quilômetro de extensão e 60 metros de largura. O processo de beneficiamento para aqui.
Recuperação
Três recuperadoras pegam o minério das pilhas na área de estocagem e colocam em correias transportadoras que levam para três silos de carregamento. O maior deles tem capacidade para armazenar 1,6 mil toneladas de minério.
Carregamento
O trem de carga da Vale, com 330 vagões e aproximadamente 3,5 Km de comprimento passa por baixo dos silos com capacidade de armazenamento de 1,6 toneladas para ser carregado num processo que leva, em média, 2h30. Quando está carregado, com aproximadamente 40 mil toneladas, o trem percorre 892 km até São Luís, no Maranhão. É uma linha única com 57 pátios de cruzamento.
Viradores
Em São Luís, o trem é descarregado por meio de quatro viradores, equipamento que tomba os vagões a 180 graus e descarrega o minério em silos. Daí ele segue para correias transportadoras que levam até o pátio de estocagem.
Embarque Quando o navio atraca, recuperadoras de caçamba enviam o minério estocado a correias transportadoras, que o descarregam nos porões do navio. Um dos navios é o Berge Stahl, considerado o maior do mundo, que só faz a rota Roterdã, na Holanda, e São Luís, no Maranhão. A carga transportada por ele é capaz de encher o estádio do Maracanã em duas viagens. A Vale vende o minério de ferro de Carajás para 30 diferentes países. Os navios que transportam esse minério medem cerca de 340 metros de comprimento e, em média têm capacidade para transportar 365 mil toneladas a uma velocidade média de 13 nós ( 25 km/h ).