sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


Israel: descobertas ruínas do palácio do rei Davi


Pesquisadores dizem ter descoberto palácio do Rei Davi em Israel.
Pesquisadores da Autoridade de Antiguidades de Israel e da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram o que seriam dois edifícios reais com cerca de 3 mil anos na antiga cidade fortificada de Khirbet Qeiyafa.

Ruínas associadas ao lendário personagem bíblico têm cerca de 3 mil anos. Depósito real para guardar impostos também foi identificado.
Um desses edifícios foi identificado pelos cientistas como um palácio do lendário Rei Davi, importante figura para o cristianismo, judaísmo e islamismo, famoso pelo episódio bíblico da luta com o gigante Golias, entre outros. A segunda construção, afirmam os cientistas, é uma espécie de depósito real.
Vista aérea da cidade murada (Foto: Divulgação/Sky View/Autoridade de Antiguidades de Israel/Universidade Hebraica)
Os trabalhos arqueológicos da equipe de Yossi Garfinkel e Saar Ganor revelaram parte de um palácio que teria mil metros quadrados, com vários cômodos ao seu redor onde foram encontrados recipientes de alabastro, potes e vestígios da prática de metalurgia.
Achados de relíquias arqueológicas encontradas em Khirbet Qeiyafa (Clara Amit / Israel Antiquities Authority)
O palácio é a construção mais alta da antiga localidade, permitindo o controle sobre todas as outras casas, bem como uma vista a grandes distâncias, chegando até o Mar Mediterrâneo. De acordo com nota da Autoridade de Antiguidades, o local é ideal para mandar mensagens por meio de sinais de fumaça.
O palácio, no entanto, foi muito destruído cerca de 1.400 anos após seu surgimento, quando foi transformado em sede de uma fazenda, no período do Império Bizantino.
Palacio do Rei David desenterrado em Khirbet Qeiyafa (Sky View / Hebrew University / Israel Antiquities Authority)
O depósito identificado mais ao norte era um local para guardar impostos, na época coletados na forma de produtos agrícolas. Essa estrutura corrobora a ideia da existência de um reino estruturado, que cobrava tributos e tinha centros administrativos. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O NOVO MESSIANISMO


Escravizados por Roma, os hebreus esperavam a chegada de um Messias-Rei que restauraria o Estado nacional de Davi. Entre os primeiros cristãos, esse  messianismo tinha se transformado na espera do retorno em glória de Cristo que faria chegar o fim dos tempos. O Messias judeu, ungido do Senhor e rei dos judeus, converteu-se  em Cristo redentor de todo o gênero humano.
O retorno de Cristo foi esperado pelos cristãos por mais de um século; depois, o declínio dessa esperança suscitou a instituição de uma Igreja por séculos e milênios.
O malogro do retorno de Cristo engendra a vitória da Igreja.
A espera cristã pelo fim dos tempos adormece, com algumas interrupções locais e temporárias em seitas exaltadas.
No século XVII, uma explosão de messianismo incendiou a alma de comunidades sefardis do Império Otomano.
Mass é dentro do espírito laico dos judeus-gentios europeus que, nos séculos XIX e XX, o messianismo ressuscita: judeu por sua origem, cristão pelo seu caráter universal, torna-se o anúncio de uma salvação terrena.
O novo messianismo judaico-gentílico combina a esperança judaica e o universalismo cristão. Ele encontra suas condições de emergência na fé no progresso, advinda do Iluminismo, expressa por Condorcet como uma certeza histórica, e na filosofia de Hegel, para quem o devir conduz à apoteose do Espírito.
Os jovens hegelianos judeus-gentios, tais como Max Stirner, Bruno Bauer, Ludwig Feuerbach e sobretudo Karl Marx, fizeram emergir do caldeirão de cultura hegeliano um messianismo revolucionário.
Marx, espírito racional extremamente poderoso, não suspeitava de forma alguma da inspiração místico-religiosa que o fazia designar o proletário como novo Messias redentor, anunciar um apocalipse - a luta final contra as forças tenebrosas do capitalismo - e predizer o fim da história na realização de uma sociedade socialista universal, livre da exploração, da servidão e da dominação.
A fundação do socialismo europeu se beneficiou de uma importante contribuição judaico-gentílica, a começar por aquela do próprio Marx. O internacionalismo que dele decorria suscitou a adesão crescente dos judeus-gentios universalistas; judeus-gentios emancipados pela nação aspiraram a uma emancipação - muito além dos judeus e das nações - da humanidade inteira.
Aqueles que aderiram à socialdemocracia combinavam os laços com sua nação e a adesão internacionalista. Em contrapartida, aqueles que aderiram ao bolchevismo e se tornaram comunistas consideravam as nações, suas culturas, suas religiões, istificações, ilusões e superstições como tantas outras que impediam o acesso à fraternidade universal. Eram totalmente universalistas, mas de um universalismo abstrato, que ignorava as realidades concretas das nações, das culturas e das religiões, assim como seu enraizamento profundo nos espíritos.
No império czarista, a mensagem revolucionária laicizou em parte o messianismo religioso que foi o chassidismo. Esse movimento de piedade mística, levado pela esperança de redenção, havia nascido no século precedente talvez sob a influência indireta do sabetaísmo, como sugere Gershom Scholem (*).  Os judeus-gentios do império czarista, submetidos às discriminações e às humilhações, ameaçados de pogroms, foram aqueles que viveram a fé na revolução de maneira mais ativa e mais ardente, e forneceram um grande número de dinamizadores do partido bolchevique, que conta em seu gabinete político com Zinoviev, Karnenev, Radek, Litvinov, Sverdlov, Kaganovitch, e depois o socialista revolucionário Trotski.

(*) Les Grands coutants de Ia mystique iuive, Payot, 1950. (Edição brasileira: As grandes correntes da mística judaica, Coleção Estudos 12, trad. J. Guinsburg, Dora Ruhrnan, Fany Kon, Jeanete Meiches e Renato Mezan. São Paulo: Perspectiva, 1995.)
A partir do início do século XX, judeus-gentios de linha marxista, tais como Bernstein e Kautsky, compreendendo que a profecia de Marx de generalização do proletariado pelo achatamento das classes médias não se realizaria, e conscientes da necessidade de salvaguardar a democracia, tornaram-se "reformistas" que moderaram o messianismo, deixando de lado seu aspecto apocalíptico e inserindo-o num progresso gradual.
Entraram em conflito com os marxistas ortodoxos, sobretudo bolcheviques, para quem se tornaram renegados. Por outro lado, foram iudeo-gentios do Império Austro-Húngaro, como Max Adler e Otto Bauer, que, desejando evitar ao mesmo tempo a ortodoxia e o reformismo, tentaram preencher as lacunas do pensamento de Marx, principalmente no que concerne à realidade das nações.
A Primeira Guerra Mundial, reconhecida pelos marxistas ortodoxos como uma guerra entre imperialismos, e depois o surgimento, na desintegração da Rússia czarista, da revolução bolchevique, constituíram elementos que apareceram como a realização de um apocalipse em que se defrontaram, de um lado, as forças furiosas do mal e de outro, as forças da salvação. Tal foi a convicção não somente dos bolcheviques, que doravante se nomeavam comunistas, mas também de inúmeros revolucionários judeus-gentios como Rosa Luxernburgo(**) e Karl Liebknecht. A palavra "revolução" adquire então uma carga mística inaudita que porta em si uma parturição de um mundo novo liberto do Mal.

(**)  Entretanto, desde a tomada do poder pelos bolcheviques russos, Rosa Luxemburgo teve a consciência antecipatória da doença que adviria do bolchevismo. Escreve ela: -A liberdade apenas para os membros de um partido, por mais numerosos que sejam, não é liberdade. A liberdade é sempre a liberdade para aquele que pensa diferente. - (La Réyolution russe, trad. do alemão para o francês e com um prefácio de Gilbert Badia, Le Temps des Cerises, 2000). Rosa Luxemburgo, assim como Liebknecht, foi assassinada em 15 de janeiro de 1919.
A grande esperança messiânica também suscita vocações revolucionários nos gentios. O comunismo torna-se no século XX, a primeira (e talvez última) grande religião da salvação terrena. Inúmeros judeus-gentios foram seus prosélitos ardentes. Persuadidos de servir à causa universal da humanidade, desprezando as crenças e as identidades nacionais e religiosas, não hesitaram em liquidar fisicamente os inimigos de classe, os agentes imperialistas ou supostos como tais e todos aqueles que, aos seus olhos, constituíam um obstáculo à realização do comunismo universal. Depois de ativos durante a Revolução de Outubro, muitos deles tornaram-se agentes da Terceira Internacional ( Komintern ), trazendo seu devotamento sem limites para a causa da URSS, identificada como sendo a de toda a humanidade.
 Na URSS o proletariado foi subjugado pelo Partido que, se apoderando da missão que Marx havia conferido a esse mesmo proletariado. Torna-se o único detentor da Verdade politica e organiza seu próprio culto. Quando advém a primeira glaciação stalinista, nos idos dos nãos 1930,  repressão abate um grande numero de judeus-gentios comunistas.
Entre os judeus-gentios revolucionários tornados agentes do Komintern, alguns se revoltaram e denunciaram o stalinismo; alguns o fizeram cedo demais como Ciliga e Voline, outros só na primeira glaciação stalinista como Artur Koestler e Manés Sperber, enquanto outros só o fizeram após o despertar pós stalinista, nos anos 1950,  como o poeta Adam Wasyk.
Por sua vez, Trotski se opôs desde o início ao “comunismo num único país” e ao neonacionalismo soviético, e manteve em sua integridade a ideia internacionalista.
Em outros lugares, bom numero de intelectuais judeu-gentios apoderou-se da crítica marxista para abrir novos horizontes, mas sem alimentar alguma ilusão sobre a revolução. Os seguintes pensadores tornaram-se os metamarxistas mais fecundos: Ernst Bloch, Hans Jonas, Walter Benjamim, Theodor Adorno, Max Horkheimer, e Herbert Marcuse.
Também muitos judeus-gentios que  estiveram na ponta do anti- stalinismo, foram as vítimas do neonacionalismo e, depois, do anti-semitismo stalinista camuflado em luta contra o cosmopolitismo.
A esperança messiânica ressurge com a grande crise do capitalismo dos anos 1930, e com as ondas revolucionárias que conduziram à guerra civil espanhola e à Frente Popular na França. Ela se amplia no decorrer da Segunda Guerra Mundial, quando primeiramente a resistência da URSS ao nazismo, depois sua marcha vitoriosa e enfim seu triunfo pareceram  anunciar a era do socialismo universal. Depois da queda do Terceiro Reich, muitos judeus-gentios europeus sentiram grande reconhecimento pela URSS, que havia libertado Auschwitz.
Depositaram novamente nela uma esperança infinita e permaneceram durante muito tempo cegos ao anti-sernitismo dos últimos anos do reinado de Stalin.
Nos anos 1960, com o trotskismo ou o maoísrno, inúmeros judeus-gentios, sobretudo franceses, reencontraram, por sua vez, a esperança messiânica. Essa nova onda se dispersa por todos os cantos do mundo, ressuscitando a religião revolucionária, até que o colapso do maoísrno na China e em seguida a implosão da União Soviética aniquilassem essa esperança infinita.
O século XX assistiu à grande falência do internacionalismo. Os nacionalismos impetuosos de 1914 haviam desintegrado a Segunda Internacional Socialista. A Terceira Internacional transforma-se em satélite da URSS e esta promove de 1941 a 1945, uma "grande guerra patriótica" enquanto, em todos os cantos, os partidos comunistas brandiam as bandeiras de suas nações. Em 1989, os nacionalismos dos povos da União Soviética desintegraram-na.
O internacionalismo socialista foi um dos polos do mundo judaico-gentílico. Sob o impulso do neomessianismo, os judeus alimentaram os grandes  sonhos emancipadores da humanidade e carregaram em si não a esperança em outro mundo celeste, mas a aspiração, amiúde ardente, a um mundo terrestre diferente. Contribuíram para os sonhos e as realidades de nosso devir.
Marx, com seu pensamento inovador, crítico, ousado e original, revolucionou a concepção da história e da sociedade, e foi um  renovador, junto com Freud, de concepções antropológicas, históricas e sociológicas. O neomessianismo de Marx gerou uma mística revolucionária.
Entre tantas análises e descobertas, Marx compreendeu que a própria natureza humana é Histórica, o homem não nasceu ambicioso, egoísta, individualista e que no passado as pessoas se organizaram em comunidades para a produção de autoconsumo, de autossubsistência sem limites, até com sobras e excedentes, mas sem o mercado, com dependências pessoais fortes, interação e sociabilidade, que lhes faziam ter preocupação com o outro pois dele dependia também a satisfação de suas necessidades, apesar de que com outras comunidades houvesse um relacionamento indiferente ou agressivo e muitas vezes colonialista em prol do sustento e da manutenção e garantia da sua comunidade em particular.
No inicio do século XX em diante, uma parte do pensamento judaico-gentílico tentou abrir o marxismo ou, considerando-se suas insuficiências ou até mesmo suas carências, ultrapassá-lo, integrando-o.  Lukács, que em sua juventude reabriu o marxismo para a filosofia, submerge num dogmatismo stalinista antes de redescobrir no último instante uma filosofia da complexidade. Lucien Goldman e Joseph Cabel praticam um marxismo aberto. É sobretudo a Escola de Frankfurt - animada pelos judeus- gentios Theodor Adorno e Max Horkheimer - que renova o pensamento crítico de Marx, mas doravante privado do messianismo da revolução.  Ernst Bloch tenta reencontrar o "Princípio esperança", mas também ele sem certeza messiânica. Walter Benjamin descobre a importância e os problemas da "reprodução mecanizada", e especialmente inverte em seu contrário o otimismo da filosofia da história.
Benjamim compreende que  "civilização"  e " "barbárie" são termos não antinômicos, mas complementares. Seu desencantamento com a promessa revolucionária e sua intuição da catástrofe próxima, fazem-no ver o progresso não mais como uma marcha ascendente, mas como uma queda na direção do futuro, segundo a imagem do anjo de Klee: "O anjo do progresso que nos leva para a queda". Ele captou a regressão inscrita no progresso técnico e econômico. Para ele, a revolução socialista deveria agir como um freio de alarme instantâneo que detém o trem em sua corrida ensandecida na direção da catástrofe do planeta e do esmagamento do ser humano pela barbárie, pela escravidão e pela condenação à morte dos vencidos. (morte de fome e sede).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Queridos alunos e alunas chegamos mais uma vez ao final do ano letivo. Vivenciamos diversas experiências, ouvimos, falamos, discutimos e debatemos os mais variados temas e chegamos a conclusão que sabemos muito pouco. Porém o pouco que aprendemos um com o outro nos fez melhor. Quero agradecer do fundo do meu coração a colaboração de todos vocês por fazerem de nossas aulas algo divertido e edificante. Espero melhorar no próximo ano, espero também encontrar alguns de vocês nas faculdades, em bons empregos, ou na sala de aula para aqueles que ainda percorrem a jornada do herói. Foi gratificante ter estado com vocês todos os dias. Um Feliz Natal, Um Próspero Ano Novo, e aquelas férias merecidas para nós todos. Amo vocês. Prof. Edson.