domingo, 30 de agosto de 2015

 
 
 

Papiro que afirma que Jesus tinha uma esposa é autêntico, dizem cientistas

Por  | Super Incrível – 10 horas atrás
 
  

Um estudo conduzido por três equipes de cientistas de Harvard, Columbia e MIT (Massachussetts Institute of Technology) chegou à conclusão de que Jesus Cristo era casado. A pesquisa levou em conta um antigo papiro, estudado nos últimos anos por especialistas.

Escrito na língua copta, idioma que deixou de existir no século 17, o papiro se chama “Evangelho da Esposa de Jesus” e, quando descoberto em 2012, foi negado pelo jornal do Vatican, que à época afirmou que o papiro “era falso, tinha gramática pobre e origem incerta”.

O papiro traz à tona a frase “Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa…’” e faz referência também a uma discípula mulher. Por conta dessa referência ao fato de Jesus ser casado, as escritas achadas em um documento de 4cm por 8cm causaram tanta polêmica.

Com 8x4 cm, papiro encontrado em 2012 é alvo de muita polêmica (Reprodução)Com 8x4 cm, papiro encontrado em 2012 é alvo de muita polêmica (Reprodução)

“A composição química do papiro e os padrões de oxidação são consistentes com outros papiros antigos, ao comparar o fragmento do Evangelho da Esposa de Jesus com o Evangelho de João”, escreveram os pesquisadores no artigo publicado na revista Harvard Theological Review.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O CONCEITO 'ALMA'

A alma: Sócrates, Platão e Aristóteles

1. Doutrina socrática sobre a alma.

Observação: Sócrates fazia filosofia através da relação dialógica com seus interlocutores, ele nada escreveu. Tudo o que se tem escrito sobre a filosofia socrática foi escrito por Platão, seu aluno; e pelo fato de Platão nunca ter negado o mestre, a filosofia socrática é platônica. Significa que a filosofia socrática sobre a alma é também a filosofia platônica.

1. Dualismo corpo - alma: Para Sócrates a alma se apresenta como uma substância específica imaterial (= espiritual), não composta (= simples), essencialmente distinta do corpo material.
2. Hierarquia das faculdades: A alma tendo a capacidade de exercer um comportamento ético é dotada,  de faculdades distintas e hierarquizadas: sentido, vontade dotada de liberdade e inteligência.
3. Especificidade da alma: A alma é simples porque é indivisível, diferente do corpo que se divide em partes, dotada de movimento próprio e de conhecimento.
4. Imortalidade da alma:
   
         Fedon de Platão:

- "Quais são (perguntou Sócrates) as coisas que são susceptíveis de decomposição? A propósito de que espécie de coisas devemos temer esse estado, e para que espécie de seres isso não acontece? Depois disso teremos ainda de examinar qual dos dois é o caso da alma, para finalmente, conforme o resultado que obtivermos, haurir daí confiança ou temor com respeito à nossa alma.

- É verdade (responde o outro interlocutor, Cebes).

- Não é, pois, às coisas compostas ou àquelas cuja natureza é composta, que cabe corresponder precisamente a composição? Mas, se acontece haver alguma coisa não composta, não é só a ela que convém, mais do que a qualquer outra coisa, o escapar a esse estado de decomposição.

- Sim, disse Cebes, - é o que penso, assim deve ser.

- Dizei-me então: Os seres que sempre se conservam imutáveis e sempre se comportam do mesmo modo, não é altamente verossímil, que seriam esses precisamente os seres que não se decompõem? Ao contrário, o que jamais é o mesmo, o que ora se comporta de um modo, ora de outro, é ou não é isso, o que chamamos composto?

- Segundo penso, é.

- Passemos, agora àquilo para onde nos havia encaminhado a argumentação precedente! Essa essência de cuja existência falamos em nossas interrogações e em nossas respostas, diz-se: comporta-se ela sempre do mesmo modo, mantém a sua identidade, ou ora se apresenta de um modo, ora de outro? Pode-se admitir que o igual, o belo, que cada realizador em si - o ser - seja suscetível de uma mudança qualquer? Ou acaso cada uma dessas realidades verdadeiras, cuja forma é uma em si e por si, não se comporta sempre do mesmo modo em sua imutabilidade, sem admitir jamais, em nenhuma parte e em coisa alguma, a menor alteração?

- É necessário - disse Cebes - que todas conservem do mesmo modo a sua identidade, Sócrates!

- E doutra parte, que dizer dos múltiplos, como homens, cavalos, vestimentas, ou quaisquer outros do mesmo gênero, e que são iguais ou belos - são sempre os mesmos aspectos às essências pelo fato de nunca estarem no mesmo estado nem em relação a si nem em relação aos outros?

- E dessa maneira - atalhou Cebes - eles nunca se comportam da mesma forma.

- Assim, pois a uns podes tocar, ver ou perceber por intermédio dos sentidos; mas quanto aos outros, os seres que conservam sua identidade, não existe para ti nenhum outro meio de captá-los senão o pensamento refletido, pois que os seres desse gênero são invisíveis e subtraídos à visão.

- Nada mais certo!

- Admitamos, portanto, que há duas espécies de seres: Uma visível, outra invisível.

- Admitamos.

- Admitamos, ainda que os invisíveis conservem sempre sua identidade, enquanto que com os visíveis tal não se dá.

- Admitamos também isso.

- Bem, prossigamos - tornou Sócrates. Não é verdade que nós somos constituídos de duas coisas, uma das quais é o corpo e a outra, a alma?

- Com qual dessas duas espécies de seres podemos dizer, pois, que o corpo tem mais semelhança e parentesco?

- Eis uma coisa que é clara para toda a gente: com a espécie visível.

- Por outro lado, que é a alma? Coisa visível, ou coisa invisível? Não é visível, pelo menos aos homens, Sócrates!

- Todavia, quando falamos do que é visível e do que não o é, fizemo-lo com relação à natureza humana? Ou talvez creias que foi a propósito de qualquer outra coisa?

- Foi a propósito da natureza humana.

- Portanto, que diremos da alma? Que ela é coisa visível, ou que não se vê?

- Que não se vê.

- Vale dizer, por conseguinte, que ela é uma coisa invisível?

- Sim.

- Logo, a alma tem com a espécie invisível mais semelhança do que o corpo, mas este tem, com a espécie visível, mais semelhança do que a alma?

- Necessariamente, “Sócrates” (Fedon, 78 b- 79 a, trad. J. Paleikat).


5. O movimento da alma: Para Sócrates a alma é causadora do movimento, por um poder não recebido de fora. No Fedro, diálogo platônico sobre a alma, a afirmação colocada na boca de Sócrates é precisa:

"Cada corpo movido de fora é inanimado. O corpo movido de dentro é animado, pois que o movimento é a natureza da alma" (Fedon 245 e).

6. A alma é imortal, porque incorruptível: Num primeiro argumento da imortalidade com base em sua natureza, alegou Sócrates, que, por ser espiritualidade e simples, em tal estado não pode corromper-se. Em sendo incorruptível, decorre ser imortal. Não se pode desfazer, nem mesmo após a morte do corpo. Efetivamente, a simplicidade tem por efeito formal excluir a corrupção, pois que a corrupção supõe a composição de partes.

7. A alma é imortal, porque é superior ao corpo: Marcada pela atividade vivificadora, hegemonia do querer e maior agilidade de pensar quando afastada da matéria entorpecedora; mas esta insistência cabe apenas enquanto dissertação sobre a razão geral da espiritualidade, ou simplicidade, de onde deriva tal superioridade.

"...quando a alma e o corpo estão juntos, a natureza manda a um obedecer e ser escravo e a outro que impede e mande. Pois bem, qual desses parece assemelhar-se ao que é divino e qual ao que é mortal? Não achas que somente o que é divino tem capacidade para mandar e que só o que é mortal é apropriado para obedecer e ser escravo?

- Penso como tu.

- A que se parece a nossa alma?

- É evidente, Sócrates, que a nossa alma se parece ao que é divino e nosso corpo ao que é mortal.

- Considere, pois, querido Cebes, se de tudo que acabamos de dizer, se deduz necessariamente que nossa alma se assemelha muito ao que é divino, imortal, capacitada para pensar, ao que tem uma forma única, simplesmente indissolúvel, sempre igual e sempre parecido a si mesma. Pelo contrário, o nosso corpo se parece ao que é humano, mortal, sensível, composto, dissolúvel, sempre em mudança e jamais semelhante a si mesmo. Há alguma razão que possamos alegar para destruir estas conclusões e provar que não é assim?

- Nenhuma, Sócrates.

- Se é assim, não convém ao corpo dissolver-se logo e a alma permanecer sempre indissolúvel, ou em um estado indiferente?

- Eis outra verdade.

- Vês, que depois da morte do nosso homem, sua parte visível, o corpo, que permanece exposto ante nossos olhos e que chamamos cadáver, devia dissolver-se. Não sofre, contudo, de imediato não se dissolve e permanece mesmo intato por algum tempo considerável, principalmente se o morto era formoso e se encontrava na flor da idade. Os corpos embalsamados, como no Egito, duram incólumes por um tempo considerável. Mesmo nos corpos que se corrompem, conserva-se sempre uma parte, como os ossos, os nervos e algumas outras partes da natureza que assim se podem dizer imortais.

- Não é verdade?

- Certíssimo.

- E agora, a alma, ser invisível que vai para um meio semelhante a ela mesma, excelente, puro, lugar invisível, ou seja, aos infernos, junto a um Deus cheio de bondade e sabedoria, - uma paragem a qual espero vá a minha alma, se assim quiser Deus, - uma tal alma, com tal natureza não faria mais do que abandonar seu corpo para desvanecer no nada como o creem a maioria dos homens? Para isto falta muito, meu amigo Simas e meu querido Cebes. Note melhor o que ocorre, então: se a alma se retira, pura, sem nada conservar do corpo, como a que durante a vida não manteve com ele nenhuma relação voluntária, para, pelo contrário, fugir dele, recolhendo-se em si mesma, meditando sempre, ou seja, filosofando bem e aprendendo com isso a morrer - não representa isto uma preparação para a morte?

- Sim, realmente é isso.

- Se a alma se retira neste estado, vai para um ser semelhante a ela, divino, imortal, cheio de sabedoria, junto do qual, livre dos seus erros, da sua ignorância, dos seus temores, dos seus amores desenfreados e de todos os males próprios à natureza humana, e goza da felicidade" (Fedon, 79 e 81 a).

8. Imortal porque se move a si mesma: a seguir o argumento de Platão apresentado no livro Fedro:

"Toda a alma é imortal, porque aquilo que se move a si mesmo é imortal. O que move uma coisa e é por outro movido, anula-se uma vez terminado o movimento. Somente o que a si mesmo se move, nunca saindo de si, jamais acabará de mover-se e é para as demais coisas que se movem, fonte do início do movimento. O início é algo que não se formou, sendo evidente que tudo que se forma, forma-se de um princípio. Este principio de nada proveio, pois, que se proviesse de uma outra coisa, não seria princípio. Sendo o principio coisa que não se formou, deve ser também, evidentemente coisa que não pode ser destruída. Se o princípio pudesse desaparecer, nem ele mesmo poderia nascer de uma outra coisa, nem dele outra coisa, porque necessariamente tudo brota do princípio. Concluindo, pois, o princípio do movimento é o que a si mesmo se move. Não pode desaparecer nem formar-se, do contrário o universo, todas as gerações parariam e nunca mais poderiam ser movidos.

Pois bem, o que a si próprio se move é imortal. Quem isto considerar como essência e caráter da alma, não terá escrúpulo nesta afirmação. Cada corpo movido de fora é inanimado, pois que o movimento é a natureza da alma. Se aquilo, que a si mesmo se move, não é outra coisa senão a alma, necessariamente a alma será algo que não se formou. “E será imortal” (Fedro, 245).

9. A imortalidade decorrente da sua simplicidade: Outra prova da imortalidade da alma a partir de sua mesma natureza, considera-a indestrutível por ação a agir sobre ela a partir do exterior. Ponderou Sócrates que, sendo a alma simples, nenhuma causa consegue destruí-la. A seguir o argumento de Platão apresentado no livro República:

“Sócrates: - Não tem cada coisa o seu mal e seu bem”? A oftalmia é o mal dos olhos; a doença o mal de todo o corpo; a manga, o mal do trigo; a podridão, o da madeira; a ferrugem, o do ferro e cobre. Em uma palavra, quase nada há na natureza que não tenha seu mal e sua doença particular.
Glauco: - É verdade.

Sócrates: - Quando o mal ataca uma coisa, a deteriora, acabando por dissolvê-la e aniquilá-la?

Glauco: - Sem dúvida.

Sócrates: - assim, pois, cada coisa é destruída pelo mal e pelo princípio de corrupção que traz em si, de sorte que, se o mal não força para destruí-la, nada mais há que o possa fazer, porque o bem não pode produzir este efeito, nem tão pouco o que não é nem bem nem mal.

Glauco: - como poderia ser?

Sócrates: - Se, pois, encontramos na natureza alguma coisa cujo mal inerente a torna verdadeiramente má, que não pode porém dissolvê-la e destruí-la , não podemos afirmar desta coisa que naturalmente não pode perecer?

Glauco: - Parece muito lógico, que sim.

Sócrates: - pois não há nada que torne má a alma?

Glauco: - Sim, certamente; todos os vícios que mencionamos atrás: a injustiça, a intemperança, a covardia e a ignorância.

Sócrates: - Haverá um só destes vícios capaz de alterá-la e destruí-la? Cuidado que não caiamos em erro, supondo que, quando o injusto e insensato é surpreendido em delito, seja a injustiça, que é o mal de sua alma, a causa de sua morte. Eis, ao contrário, como se deve encarar a realidade. Adverte que a enfermidade, que é o mal do corpo, o aniquila pouco a pouco, o destrói e reduz ao ponto de não ter sequer a forma do corpo. E todas as outras coisas de que temos falado tem seu mal próprio, que se lhes adere e as corrompe e leve ao extremo de deixarem de ser que antes eram. Não é verdade?

Glauco: - Sim.

Sócrates: - Fazendo agora aplicação disto à alma, é verdade que a injustiça e os outros vícios, em que se alojando e fixando na alma, a corrompem e emurchecem, até que, conduzindo-a à morte, a separam do corpo?

Glauco: - De modo algum: isto não se dá a respeito da alma.

Sócrates: - Por outro lado, seria absurdo dizer que um mal estranho destruiria uma substância que seu próprio mal não é capaz de destruir... Abstenhamo-nos de dizer que nem a febre, nem nenhuma outra enfermidade, nem a degola, nem a retaliação do corpo em mil pedaços, nem o que quer que seja, pode dar a morte à alma, a menos que se faça ver que, pelos males que o corpo padece nestas circunstâncias, a alma torna-se mais injusta e ímpia.

E não toleremos que se diga que a alma ou outra substância perece pelo mal que sobrevêm a uma substância de natureza diferente da sua, se não concorre ali o mal que lhe é próprio...

“Logo, é evidente que o que não pode perecer, nem por seu próprio mal, nem pelo mal alheio, deve necessariamente existir sempre; e que, se existe sempre, é imortal” (República, 608 e ss.).


2. Análise da alma por Aristóteles
  
Observação: Aristóteles inventou o conceito 'análise' que significa 'dividir para compreender'.
   Diferentemente de Platão e Sócrates, Aristóteles, para compreender a alma, teoricamente, a dividiu, como exposto abaixo. O objetivo principal desta divisão foi identificar no homem a virtude intelectual agindo sobre a virtude moral de modo que fosse possível ao homem ser virtuoso nas suas ações na pólis.
   Para Platão, para que o cidadão agisse virtuosamente na pólis, ele teria que conhecer as virtudes que se encontravam no topós das ideias, ou seja, para agir com justiça, o homem teria que conhecer o que é justo, para agir corajosamente teria que conhecer o que é a coragem, etc. Estas ideias, justiça, coragem, etc., que são reais (porque são universais, perfeitas, imutáveis e efetivas) geram as ações virtuosas na pólis quando conhecidas através da alma. Esta é a doutrina socrático-platônica chamada de virtude-ciência, ou seja, "age justamente quem conhece a justiça", portanto quem não age justamente ignora o que seja a justiça. Um exemplo disso é o livro Críton: Sócrates não foge da prisão porque ele conhece a verdade: 'a justiça' que é expressa pela lei que o condenou.
   Por outro lado, Aristóteles advoga que, para que uma pólis feliz possa existir, seus cidadãos têm que praticar ações virtuosas, desse modo, portanto, as virtudes 'justiça' e 'coragem', por exemplo, são atingidas na ação inteligente dentro da pólis, ou seja, a virtude moral sob a ação do cálculo inteligente produzido pela virtude intelectual. Esta é a Ética de Aristóteles chamada de teoria do justo-meio; uma virtude é o justo-meio entre dois vícios, por exemplo: a coragem é o justo-meio entre a covardia (vício por falta) e a temeridade (vício por excesso).
   Quando Aristóteles analisa a alma humana, ele a divide em duas partes: irracional e racional. A parte irracional do ser humano tem algo que também tem nos vegetais e nos animais. As funções nutritivas têm em comum com os vegetais, as funções perceptivas têm em comum com os animais. Já a parte racional, que nos diferencia dos outros seres vivos, é dividida em duas: a virtude intelectual e a virtude moral. A primeira visa a vida contemplativa e a segunda a vida ativa na polis.

   O fim da polis é a felicidade, e, segundo Aristóteles, ela só é possível se o cidadão fizer bom uso de sua virtude racional (de sua racionalidade). O cálculo inteligente no uso da virtude intelectual é fundamental para busca do justo meio (virtude) na atividade política. É bom atentar para o fato que, a felicidade em Aristóteles é a felicidade da pólis, ou seja, o seu bom funcionamento e que em função disso os cidadãos atingem as suas felicidades individuais. O cidadão feliz é aquele que atua com as virtudes em benefício da pólis.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CONCEITO DE NACIONALISMO

Ideologia segundo a qual o indivíduo deve lealdade e devoção ao Estado nacional – compreendido como um conjunto de pessoas unidas num mesmo território por tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns, que constitui uma individualidade política com direito de se autodeterminar. O nacionalismo assume inúmeras formas e pode-se originar com base em diversas necessidades: de uma comunidade étnica, religiosa ou cultural, sob dominação, tornar-se independente; de um grupo ou comunidade impor sua nacionalidade e se transformar em soberano no Estado; ou de o próprio Estado-Nação impor seus ideais aos cidadãos como forma de sobreviver como unidade. O sentimento nacionalista tem suas raízes na Revolução Francesa. A burguesia volta-se contra a nobreza e o clero e proclama que o poder não emana de Deus nem do soberano, mas do povo e da nação. A lealdade ao rei é substituída pela lealdade à pátria. No final do século XVIII e no decorrer do XIX, a ascensão do sentimento nacionalista coincide com a Revolução Industrial, que promove o desenvolvimento da economia nacional, o crescimento da classe média, a exigência popular de um governo representativo e o desejo imperialista.
O nacionalismo também encontra ressonância no populismo da América Latina, em especial no governo de Juan Domingo Perón, na Argentina; nos de Getúlio Vargas e João Goulart, no Brasil; e no de Lázaro Cárdenas, no México (1934-1940). Com o fim da Guerra Fria e o desmantelamento da URSS, projetos de autonomia nacional são despertados em diversas partes do mundo, como a recusa das repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) em se integrar à Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e as lutas separatistas no Timor Leste, no País Basco, na Irlanda do Norte e no Tibet, entre outros. Além disso, como forma de reafirmar distinções em Estados cada vez mais multiétnicos, explodem movimentos nacionalistas dentro de vários Estados e movimentos de grupos de identidade, como o da comunidade negra. Em muitos países ressurge o nacionalismo autoritário: é o neonazismo na Áustria, na França e na Itália e o movimento dos skinheads na Inglaterra, na Alemanha e no Brasil.
Conclusão, o Nacionalismo é até certo ponto o característico sentimento da lealdade política ocidental. No entanto há quem o distinga perfeitamente de patriotismo sendo este o sentimento de lealdade às terras e ao grupo e o nacionalismo mais um sentimento de superioridade étnico-cultural.
Nacionalismo brasileiro
É o movimento de pessoas que amam o Brasil, sua cultura, sua diversidade e sua gente. É a união de pessoas que, por seu sentimento de amor a Pátria, farão tudo o que estiver ao alcance de suas mãos por um Brasil melhor, menos desigual e mais justo.
O verdadeiro nacionalismo brasileiro não é um sentimento hipócrita que leva as pessoas às lágrimas ao som do hino nacional, nem tampouco é o sentimento perene que surge nas épocas de grandes eventos esportivos ou de grande comoção nacional.
O nacionalismo brasileiro é o sentimento capaz de entristecer, indignar e levar a despertar nas pessoas o desejo de mudança quando vemos crianças a vender balas ou a fazer malabarismos nos faróis, brasileiros dormindo ao relento, sem casa, sem comida e sem esperança. É o sentimento que nos causa revolta quando sabemos de um pai de família que saiu de casa para trabalhar e não mais voltou, mas foi encontrado morto em uma guia de rua.
É o sentimento que nos faz indignar quando vemos que não há dinheiro suficiente para uma educação de qualidade, mas sobra para a corrupção. É o mesmo sentimento que nos faz tremer de raiva ao ver à falência do INSS, do sistema público de saúde e os deputados e senadores terem direito a carros zero, combustível de graça e até auxílio-paletó.
O nacionalismo brasileiro é o sentimento que não aceita o nepotismo, não aceita o pagamento absurdo de juros aos credores da divida externa, enquanto aposentados tem de esmolar nas ruas e nos semáforos.
Nesse sentimento de amor a Pátria não há espaço para violência, ódios, preconceitos ou rancores. Amamos também a democracia e os direitos que a liberdade nos dá. Nacionalistas são todos aqueles que jamais criarão ou apoiarão qualquer lei ou medida que venha a prejudicar o Brasil, os Estados, as Cidades e suas populações. Entretanto, é importante ressaltar que os nacionalistas brasileiros não têm ódio aos outros povos e suas culturas.
Respeitamos a cultura de outras nações e seus valores. Os verdadeiros nacionalistas do Brasil não só respeitam, mas são capazes de aprender e assimilar as boas experiências das outras nações e adapta-las a nossa realidade. O sentimento do nacionalista brasileiro é como o sentimento de um pai e uma mãe em relação a sua casa e seus filhos.
Um pai zeloso, uma mãe zelosa, jamais tomariam atitudes que venham a prejudicar seu lar, sua família e seus filhos. Mas, mantem um bom relacionamento com os seus vizinhos também. O nacionalismo brasileiro é o sentimento de amor a Pátria, mas não tem o Brasil como religião, todo nacionalista tem direito a sua crença seja ela qual for, o que nos une é o amor a Pátria.
O verdadeiro nacionalismo não prega o ódio, o racismo, o preconceito, a violência, a luta armada, a ditadura, a segregação, o fisiologismo, o nepotismo e nem tampouco a divisão dos Estados da Federação. Somos a favor da unidade, pois unidos somos mais fortes.
Nacionalismo é amar a terra-mãe, tratar a ela e a seus filhos com dignidade e respeito. Lutar contra as injustiças, indignar-se contra a roubalheira, os escândalos, as mentiras, a corrupção e aqueles políticos que legislam em causa própria. Nacionalismo é dar valor ao comércio e a indústria do Brasil, fazendo com que sejam capazes de concorrer em condições de igualdade com o que há de melhor no mundo, gerando empregos e divisas para o Brasil.

POPULISMO
O populismo foi um tipo de situação política experimentada na América Latina entre as décadas de 1930 e 1960, que teve como grande contexto propulsor a crise de 1929. Nessa época, várias das nações latinas – vistas como portadoras de uma economia periférica – viveram uma fase de desenvolvimento econômico seguido pelo crescimento dos centros urbanos e a rearticulação das forças sociais e políticas. Foi em meio a essas transformações diversas que a prática populista ganhou terreno.
A política populista é marcada pela ascensão de líderes carismáticos que buscam sustentar sua atuação no interior do Estado através do amplo apoio das maiorias. Muitas vezes, abandona o uso de intermediários ideológicos ou partidários para buscar na “defesa dos interesses nacionais” uma alternativa às tendências políticas de sua época, sejam elas tradicionalistas, oligárquicas, liberais ou socialistas. De diferentes formas, propaga a crença em um líder acima de qualquer outro ideal.
No campo de suas ações práticas, a tendência populista prioriza o atendimento das demandas das classes menos favorecidas, colocando tal opção como uma necessidade urgente frente aos “inimigos da nação”. De fato, o populismo permitiu a participação política de grupos sociais que historicamente foram completamente marginalizados das arenas políticas latino-americanas. Contudo, esse tipo de ação das camadas populares junto ao Estado não pode ser confundida com o exercício da democracia plena.
Uma das contradições mais marcantes do populismo consiste em pregar a aproximação ao povo, mas, ao mesmo tempo, estabelecer mecanismo de controle que não permitam o aparecimento de tendências políticas contrárias ao poder vigente. De tal maneira, os governos populistas também são marcados pela desarticulação das oposições políticas e a troca dos “favores ao povo” pelo apoio incondicional ao grande líder responsável pela condução do país.
Além do autoritarismo e do assistencialismo, os governos populistas também tem grande preocupação com o uso dos meios de comunicação como instrumento de divulgação das ações do governo. Por meio da instalação ou do controle desses meios, o populismo utiliza de uma propaganda oficial massiva que procura se disseminar entre os mais distintos grupos sociais através do uso irrestrito de rádios, jornais, revistas e emissoras de televisão.
A ascensão dos regimes populistas sempre foi vista com certa desconfiança por determinados grupos políticos internos ou estrangeiros. A capacidade de mobilização das massas estabelecidas por tais governos, o apelo aos interesses nacionais e a falta de uma perspectiva política clara poderia colocar em risco os interesses defendidos pelas elites que controlavam a propriedade das terras ou das forças produtivas do setor industrial.
Dessa forma, podemos compreender que o populismo entrou em crise no momento em que não conseguiu mais negociar os interesses – muitas vezes antagônicos – das elites econômicas e das classes trabalhadoras. Quando as tensões políticas e sociais chegaram a tal ponto, podemos ver que grupos nacionais conservadores buscaram apoio político internacional, principalmente dos Estados Unidos, para varrer o populismo por meio da instalação de ditaduras que surgiram entre as décadas de 1950 e 1970.

Na América Latina, os exemplos de experiência populistas podem ser compreendidos na ascensão dos governos de Juan Domingo Perón (1946 – 1955/1973 – 1974), na Argentina; Lázaro Cárdenas (1934 – 1940), no México; Gustavo Rojas Pinilla (1953 – 1957), na Colômbia; e Getúlio Vargas (1930 – 1945/ 1951 – 1954), no Brasil. Apesar de se reportar a uma prática do passado, ainda hoje podemos notar a presença de algumas práticas populistas em governos estabelecidos na América Latina.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Filosofia - Ensino Médio

A difícil tarefa de perceber o outro

“O império do eu” foi uma expressão utilizada pelo filósofo romeno Emil Cioran (1911-1995) para descrever o fato de que, em última instância, durante toda nossa existência estamos presos a um imperativo: nós mesmos, e nosso esquecimento pragmático e constante de que somos apenas mais um daqueles que, entre milhares, se arrastam pela superfície do globo. E ainda que possamos entender sua filosofia como o “exercício de pensar contra si mesmo”, Cioran já nos advertiu, em sua obra Breviário de decomposição:
“Cada um é para si mesmo um dogma supremo; nenhuma teologia protege seu deus como nós protegemos nosso eu; e este eu, se o assediamos com dúvidas e o colocamos em questão, é apenas por uma falsa elegância de nosso orgulho: a causa está ganha de antemão”
Emil Cioran
Tendo em vista a compreensão do “eu” em Emil Cioran, podemos continuar pensando em uma expressão bastante reproduzida pelo senso comum: “pessoas tratam outras como objetos”. Quão óbvio e quão vil isto nos parece? Mas se, para além do entendimento de “objeto” significando “coisa”, nós o entendermos como o oposto de “sujeito”, poderemos melhor compreender nossa frequente indiferença em relação às outras pessoas. Desta forma, a acusação volta-se para todos: com que frequência temos “percebido” os outros como sujeitos, de fato? Como indivíduos?
É claro que muito deste “imperativo de nós mesmos” é reforçado pelo meio em que vivemos, de forma que não poderíamos utiliza-lo para justificar, por exemplo, a existência de um sistema econômico que ignore que somos indivíduos coletivos. O nosso resultado individualista muito deve ao mundo neoliberal em que estamos inseridos, em que se valoriza o indivíduo enquanto consumidor e concorrente; em que predominam o hedonismo e o imediatismo, etc.
Mas, se levarmos em conta o fato de que quase toda pessoa (para não correr risco ao dizer “todas”) em algum momento de sua vida recorreu ao solipsismo, isto é, se perguntou pela possibilidade de ser a única pessoa existente e todo o resto da realidade ser criação sua, compreendemos a influência aterradora do “eu” de que Cioran falava. Para ele, é inevitável que todos nos consideremos, explícita ou implicitamente, “eleitos”, e nos tornamos livres (embora não “libertos”) na medida em que descobrimos que isto é uma inverdade.
É difícil, portanto, a tarefa de perceber o outro, principalmente porque exige que questionemos a nós mesmos enquanto autoridade pensante. Esse tipo de compreensão de nossos “eus” é, de certa forma, natural, uma vez que é apenas por intermédio de nossa própria existência que podemos ter acesso ao mundo exterior a nós. O que não podemos é aceitar que isto seja mais um obstáculo ao nosso convívio social, além de todos os resultantes dos imperativos econômicos e políticos.