AULA DE HISTÓRIA 3º ANO ENSINO MÉDIO M, T e N.
Primeira Guerra Mundial
e Revolução Russa.
Esta aula abordará a Primeira
Guerra Mundial, suas causas e consequências, entre as consequências; destaque
para a Revolução Russa e a criação do primeiro Estado socialista da história.
Entre as causas da Primeira
Guerra Mundial, temos a Unificação da Itália e da Alemanha, que contribuiu para
a ruptura do equilíbrio político europeu. Assim, faz-se necessário analisar
primeiro este processo para, em seguida, tratarmos da Primeira Grande Guerra.
Unificação Italiana.
Em 1850 a Itália encontrava-se
dividida em vários Estados, de acordo com as decisões tomadas no Congresso de
Viena, alguns ocupados pela Áustria. Entre estes Estados, o reino do Piemonte
era o mais desenvolvido, tornando-se o ponto de partida para a unificação italiana.
Entre as causas da unificação italiana,
temos o desenvolvimento industrial e o fortalecimento da burguesia, que via na
unificação política uma necessidade para ampliar seus negócios econômicos:
garantir a continuidade de seu crescimento interno e capacidade para concorrer
no mercado externo.
Outro importante fator deste processo
foi o desenvolvimento do nacionalismo, expressado pelo Risorgimento, movimento
de caráter liberal tendo como líder, Camilo Benso, o conde de Cavour - ministro
do reino do Piemonte. O nacionalismo desenvolveu a formação de sociedades
secretas, que defendiam a unificação, com destaque para os carbonários.
As tendências políticas.
A alta burguesia industrial, que
era representada pelo conde Cavour, defendia o liberalismo econômico e a
monarquia constitucional parlamentar; a média burguesia e o proletariado eram
defensores da criação de uma República e, por fim; havia a ideia de que a
unificação italiana ocorresse em torno da Igreja, a Confederação dos Estados Italianos,
sob a presidência do papa Pio IX.
A formação do Reino da Itália.
Em 1854 Cavour inicia o processo
de unificação política da Itália, participando da Guerra da Criméia, auxiliando
França e Inglaterra contra a Rússia. Em 1858, por conta deste auxílio militar,
Cavour consegue apoio de Napoleão III, então imperador da França, na luta contra
a Áustria pela unificação italiana.
A primeira etapa da unificação
italiana foi a guerra contra a Áustria, e paralelamente a esta guerra, Garibaldi
conquistava territórios na região da Romanha.
O próximo passo para a conclusão
do processo foi a incorporação de Roma, sob o controle do papa e protegida pelo
exército francês. Em 1870 eclode a guerra franco-prussiana, que vai acelerar a
unificação da Itália. A derrota francesa facilita o domínio italiano sobre
Roma, que se tornará a capital do novo reino. A anexação de Roma provocara a Questão
Romana, onde o papa Pio IX não reconhece o Estado italiano unificado. Esta
questão só será solucionada em 1929, com a assinatura do tratado de Latrão,
surgindo o Estado do Vaticano, sob a soberania
do papa.
A unificação italiana ocorreu tardiamente,
final do século XIX, fazendo com que a Itália chegasse atrasada na corrida
colonial. A busca por mercados, já dominados pela Grã-Bretanha e França provocam
um desequilíbrio político na Europa, sendo uma das causas da Primeira Guerra
Mundial.
A unificação da Alemanha.
Após o Congresso de Viena, a
Alemanha estará dividida em 38 Estados, formando a Confederação Germânica,
presidida pela Áustria e tendo a Prússia como o Estado mais desenvolvido
economicamente. A Áustria se opunha á unificação política, que será liderada
pela Prússia.
No ano de 1834 foi criado o Zollverein
( união aduaneira dos Estados germânicos) possibilitando uma expansão do
capitalismo, que só seria efetivada através da unificação política. O mentor do
processo de unificação será Otto von Bismarck, chanceler da Prússia.
A processo da unificação será
possível a partir da aliança entre a alta burguesia alemã e os junkers, a
aristocracia prussiana que controlava o exército e administração.
As guerras pela unificação.
A Guerra dos Ducados, em 1864,
marca o início da unificação alemã. Guerra contra a Dinamarca pelos ducados de
Schleswig-Holstein, que tinha população alemã. Nesta guerra houve uma aliança
com a Áustria;
A Guerra das Sete Semanas, em
1866, envolvendo a Prússia contra a Áustria, com vitória espetacular dos
prussianos. A Confederação Germânica foi dissolvida surgindo a Confederação
Germânica do Norte. Ao tentar anexar
os Estados alemães do Sul, houve uma forte reação da França - temendo que a
Alemanha se transformasse em grande potência europeia. A unidade da Alemanha só
seria garantida após um conflito com a França;
A Guerra Franco-Prussiana,
ocorrida em 1870. O estopim da guerra foi a candidatura do príncipe Leopoldo de
Hohenzollern ao trono da Espanha. Napoleão III vetou a candidatura, exigindo
que Guilherme I; rei da Prússia e parente de Leopoldo, prometesse que nenhum príncipe
germânico se candidatasse ao trono espanhol. Guilherme I passou um telegrama a
Bismarck, para que fosse encaminhado à Napoleão III. O telegrama foi adulterado
por Bismarck, tornado um insulto ao povo francês. A guerra foi declarada.
A guerra foi vencida pela Prússia,
possibilitando a anexação dos Estados do Sul e, no ano de 1871, Guilherme I foi
coroado imperador da Alemanha, sendo
proclamado - na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes - o II Reich alemão.
No mesmo ano a França assinou o
Tratado de Frankfurt, permitindo à Alemanha a anexação da Alsácia-Lorena e
impunha a França uma pesada indenização
de guerra ( 5 milhões de francos ). Este tratado contribuiu para o desenvolvimento
do revanchismo francês, uma das principais causas da Primeira Guerra Mundial.
Para a França, a derrota na guerra
Franco-prussiana acarretou a queda do II Império francês e a proclamação da
República. A população de Paris, insatisfeita com os resultados da guerra, com
a escassez de alimentos rebelou-se e ocupou o poder. Estava assim instalada a Comuna
de Paris, o primeiro ensaio de um governo formado por trabalhadores de toda a
história.
A experiência da Comuna foi
destruída pelo exército francês em 27 de maio de 1871, com mais de 20.000
"comunardos" executados. A Comuna de Paris tornou-se um exemplo para
o movimento operário europeu.
A Primeira Guerra
Mundial (1914-18).
As causas da guerra.
Um dos principais fatores da eclosão
do primeiro grande conflito mundial foi o choque imperialista entre as grandes
potências europeias, ou seja, a disputa por mercados consumidores e fornecedores.
A unificação italiana e alemã contribuiu para a quebra do equilíbrio europeu,
visto que ameaçava os mercados industrias da França e Inglaterra. Como exemplo,
a construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá - unindo a Alemanha aos lençóis
petrolíferos do Oriente Médio - ameaçando a hegemonia britânica na região.
O revanchismo francês, após a
guerra Franco-prussiana, bem como os interesses imperialistas, possibilitaram a
formação do chamado Sistema de Alianças - que reuniu algumas potências
europeias em dois blocos distintos: Tríplice Aliança, consolidada em 1822, e
formada pela Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália; e a Tríplice Entente, surgida
em 1907 e composta pela França, Rússia e Grã-Bretanha.
O pan-eslavismo, defendido pela
Rússia, que levava o Império russo a apoiar os movimentos nacionalistas
ocorridos nos Balcãs, tornado a Rússia uma aliada da Sérvia na luta contra o
Império Austro-húngaro.
O nacionalismo da Sérvia serviu
de causa imediata para o início da Primeira Guerra Mundial. Os povos eslavos da
península Balcânica dominados pelos austríacos - região da Bósnia-Herzegóvina -
rebelaram-se, sendo apoiados pelos sérvios. Na capital da Bósnia, Saravejo, um
estudante; pertencente a um organização secreta chamada Mão Negra, assassinou o
arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, no dia 28 de junho de 1914.
O Império Austro-húngaro atacou a
Sérvia que recebeu apoio da Rússia. A partir daí, o sistema de alianças
funcionou automaticamente:
a. Alemanha declarou guerra à Rússia; a França
declarou guerra à Alemanha e, pouco depois, foi a vez da Grã-Bretanha declarar
guerra à Alemanha.
As fases da Primeira Guerra.
A Primeira Guerra Mundial
apresentou três fases distintas:
A primeira fase da guerra ( 1914/15),
foi caracterizada pela movimentação das tropas. O alemães adotaram o Plano
Schlieffen, que consistia num ataque à França, através do território da
Bélgica. A invasão da Bélgica serviu de pretexto para a Grã-Bretanha declarar guerra
à Alemanha.
A principal batalha nesta fase de
movimento foi a batalha do Marne, forçando um recuo das tropas alemãs. Enquanto
isto, na frente oriental o exército alemão não encontrava dificuldades para
enfrentar o exército russo, pouco preparado para a guerra.
Depois da batalha do Marne, a frente
ocidental conhece a Segunda fase da guerra, denominada "guerra suja de
trincheiras".
A "guerra de
trincheiras" foi uma guerra de posições, onde cada exército procurava
vencer o opositor pelo desgaste. Esta fase provocou o desenvolvimento da
indústria bélica, com o uso de metralhadoras, tanques de guerra e do avião.
Duas batalhas ilustram esta fase,
a batalha de Somme e a batalha de Verdun. No ano de 1917, dois acontecimentos
mudaram por completo os rumos da guerra: a entrada dos Estados Unidos e a saída
da Rússia.
A Rússia saiu da Primeira Guerra
Mundial em função da Revolução Bolchevique - que será analisada adiante; já os
Estados Unidos entraram no conflito procurando garantir seus negócios na Europa.
França e Grã-Bretanha eram devedores dos norte-americanos e, uma possível
vitória da Tríplice Aliança poria em risco os investimentos norte-americanos.
Quando os alemães torpedearam navios norte-americanos, foi declarada guerra à Alemanha.(06/04/1917).
A terceira, e última fase, volta
a ser de movimento, marcada pelo avanço dos aliados e recuo das "potências
centrais". Após uma rebelião popular contra a guerra- acompanhada de uma
greve geral- o Kaiser Guilherme II abdica e, no dia 11 de novembro de 1918 assina
o armistício. Com o fim do II Reich é instalada na Alemanha a República de
Weimar.
As alianças durante a guerra.
Os italianos, que inicialmente,
estavam na Tríplice Aliança, passaram para a Tríplice Entente, sob promessas de
que receberia territórios na Turquia, Áustria e colônias da Alemanha; o Império
Otomano - dominado pelo turcos - foram aliados dos alemães, assim como a
Bulgária. Japão, Sérvia, Portugal, Grécia, Romênia e Brasil foram aliados da
Tríplice Entente.
OS TRATADOS DE PAZ.
Antes do término da guerra, o
presidente dos Estados Unidos, Woodron Wilson , elaborou uma proposta de paz,
conhecida como Programa dos 14 pontos, proclamando uma paz sem anexações ou indenizações.
Determinava a diplomacia aberta, a liberdade dos mares, a redução das barreiras
aduaneiras, amplo desarmamento, afirmação do princípio da autodeterminação dos
povos e a criação da Sociedade das Nações, com o objetivo de garantir a paz
mundial. No entanto, durante a assinatura dos tratados de paz, os 14 pontos de
Wilson foram colocados de lado.
A Conferência de Paris.
Conferência de Paz que tomou as
decisões diplomáticas após a primeira guerra. Ficou estabelecida a Paz dos
Vencedores, marcada pelo espírito revanchista.
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