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Escola de Frankfurt: introdução histórica
A Escola de Frankfurt foi formada na metade do século XX por um
grupo de intelectuais que produzia um pensamento conhecido como Teoria Crítica.
Em meio a um contexto histórico-político turbulento na Alemanha
e no mundo, surgiu o embrião de um movimento intelectual cuja consolidação mais
tarde foi denominada de Teoria Crítica. A Alemanha, após o
estratagema político de uma direita - concentrada no Partido Nacional
Socialista – marcada pelo fracasso e demérito popular, deu a vitória a Hitler
em eleições diretas, abrindo caminho para a perseguição e destruição das
organizações dos trabalhadores e de seus partidos representativos. A ascensão
do Nazismo, a Segunda Guerra Mundial, o “Milagre Econômico” no
pós-guerra e o Stalinismo foram os fatores que marcaram
a Teoria Crítica da sociedade, tal como esta se desenvolveu do
início de 1920 até meados dos anos 70.
Sob a iniciativa de Felix J. Weil, filho de um negociante de
cereais que fizera fortuna na Argentina, houve a “Primeira Semana de Trabalho
Marxista” que tinha como prerrogativa lançar a noção de um marxismo verdadeiro
e puro. A partir deste evento nasceu a ideia de criar um instituto permanente
na condição de órgão independente de investigação. Este instituto foi
estabelecido com um donativo de Herman Weil (pai de Felix) e de um contrato com
o Ministério da Educação que frisava a exigência de que o diretor do instituto
deveria ser titular de uma cadeira na universidade. O Instituto de Pesquisa
Social (como foi denominado) e que deveria se chamar Instituto para o Marxismo,
foi criado oficialmente por um decreto do Ministério da Educação em 1923, tendo
como diretor Kurt Albert Gerlach, falecido em outubro de 1923. Foi Carl
Grünberg que ocupou o cargo até 1930. Em 1931, foi criada uma dependência do
instituto em Genebra, por sugestão de Albert Thomas (diretor da Organização
Internacional do Trabalho). Em 1933, um escritório com vinte e um indivíduos
instalou-se em Genebra, tornando-se o centro administrativo do instituto, que
foi fechado pelos nazistas. A partir de setembro de 1933, a Escola de Frankfurt
deixou a cidade de Frankfurt e formou departamentos na França e na Suíça. Cabe
aqui salientar que sem a consolidação do instituto não teria sido possível a
existência da Escola de Frankfurt –sendo que este desenvolvimento se deu
somente após a saída (obrigatória) do instituto de Frankfurt; embora o termo
“Escola de Frankfurt” tenha sido instituído somente após o regresso do
instituto à Alemanha, em 1950.
Quanto à terminologia, observa-se uma tradicional problemática,
pois “escola” notifica um corpo intelectual cujos membros se concentram em uma
mesma linha de pensamento, no caso da Teoria Crítica, de uma mesma
avaliação crítica social da política vigente, o que não se pode determinar
verdadeiramente quando observadas as teorias de seus membros. A Teoria
Crítica tornou-se legítima como tal após a publicação da obra “Teoria
Tradicional e Teoria Crítica” de Max Horkheimer, na Revista de
Pesquisa Social entre 1932 e 1942. É sabido que Horkheimer foi o principal
responsável pela consolidação da escola, não somente por sua posição
intelectual e política no âmbito da Universidade de Frankfurt, mas, sobretudo,
por sua situação financeira que lhe garantiu grandes realizações.
Formou-se, nessa linha, uma comunhão de pensadores críticos da
sociedade, de sua condição subordinada a um processo de dominação, valendo-se
do marxismo heterodoxo para fundamentarem suas críticas. O Instituto de
Pesquisa Social teve como membros Pollock, Wittfogel, Fromm, Gumperz, Adorno,
Marcuse e outros que passaram a contribuir com artigos, ensaios e resenhas para
a revista. Muitos dos ensaístas, como foi o caso de Walter Benjamim, Marcuse e
Adorno, somente se filiaram ao instituto na fase de sua emigração para os
Estados Unidos.
Enfim, a partir de 1931 sob a direção de Horkheimer houve uma
importante modificação na revista: a hegemonia dos estudos econômicos foi dada,
neste momento, à filosofia. Foi, portanto, nessa linha que se norteou a
compreensão da identidade do projeto da Escola de Frankfurt, já que ao tratar
de problemas sobre história, política ou sociologia, os autores recorriam
constantemente a Platão, Kant, Hegel, Schopenhauer, Bergson, Heidegger e
outros.
Prof. Edson Couto - Pós-Graduado em Metodologia de Ensino em Sociologia e Filosofia - UNIASSELVI
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