sexta-feira, 31 de outubro de 2014

AULA DE HISTÓRIA 2º ANO ENSINO MÉDIO

Revolução Industrial e Socialismo
Nesta aula, iremos tratar da Revolução Industrial e de suas  consequências para o mundo contemporâneo. Entre as consequências, destaque para o desenvolvimento de novas ideias sócio-políticas, que foi o Socialismo.
A Revolução Industrial.
Entende-se por Revolução Industrial um conjunto de inovações técnicas que acabaram resultando na substituição da ferramenta pela máquina e propiciando a passagem do artesanato manual para a produção industrial concentrada nas fábricas.
A Revolução Industrial foi um processo decisivo para o estabelecimento da sociedade capitalista - sociedade caracterizada pela produção de bens materiais. Uma classe detém os meios de produção, isto é, máquinas, terras, fábricas; outra classe vende sua força de trabalho em troca de um salário e realiza o trabalho de produção. A primeira classe é a burguesia - que além dos meios de produção, possui o capital e a segunda classe é formada pelos proletários. Com o desenvolvimento destas duas classes teremos o início de um conflito, denominado luta de classes.
O processo da Revolução Industrial começou na Inglaterra, que apresentava uma série de condições, que iremos analisar a seguir.
A Revolução Industrial na Inglaterra.
Vários são os fatores que explicam o início da revolução Industrial na Inglaterra.
UMA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA.
A Revolução Industrial inglesa foi precedida por uma revolução agrária. Desde o final da Idade Média, a agricultura inglesa passava por profundas modificações, graças a substituição da produção em pequenas propriedades, voltada para o mercado local, por uma produção em larga escala; para atender o mercado externo, realizada em grandes propriedades.
Durante o reinado de Elizabeth I, o comércio de lã teve um grande desenvolvimento. Para a produção de lã era necessário aumentar as passagens, necessidade suprida pelas leis de cercamento. Com os cercamentos os pequenos proprietários e camponeses tiveram suas terras usurpadas, sendo expulsos para as cidades, transformando-se em força de trabalho para a indústria nascente.
Nem todas as grandes propriedades surgidas com os cercamentos dedicavam-se à criação de carneiros, havia aquelas especializadas na produção de alimentos para o abastecimento das cidades, que cresciam cada vez mais.
Para controlar e obrigar, os expulsos do campo, a aceitarem as duras condições de trabalho, em 1601 foram assinados as leis dos pobres, que consideravam crimes o desemprego e a mendicância; obrigando esta camada a trabalhar nas chamadas "oficinas de caridade", que abasteciam com mão-de-obra as manufaturas inglesas.
FATORES DE ORDEM ECONÔMICA.
A Inglaterra foi, ao longo dos séculos XVII e XVIII, a nação que mais acumularam capitais. Este processo de acumulação de capitais foi possível, graças à expansão da atividade comercial - que gerou um amplo mercado consumidor (a Revolução Comercial). A partir do reinado de Elizabeth I (1558/1603) há uma expansão dos domínios coloniais ingleses. Nas colônias do sul na América do Norte, a Inglaterra adota a produção de algodão em grandes propriedades, para abastecer as manufaturas inglesas.
Outro fator de ordem econômica foi a decretação dos Atos de Navegação (1651) que serviu para eliminar a concorrência dos holandeses na indústria têxtil e no comércio marítimo. Desta forma, os produtos ingleses atingiam todas as partes do mundo, sendo transportados por navios ingleses.
FATORES DE ORDEM SOCIAL.
Como se viu, com os cercamentos há um processo de expulsão dos camponeses e dos grandes proprietários do campo, auxiliando na composição de uma mão-de-obra disponível para as indústrias. Esta camada, inteiramente desprovida de bens materiais, passa a vender sua força de trabalho para os donos das fábricas - surgindo assim os proletários.
FATORES DE ORDEM POLÍTICAS.
Desde o século XVII ( Revolução Gloriosa - 1688 ) a burguesia inglesa controlava o Estado e impunha diretrizes políticas para satisfação de seus interesses econômicos.
CICLO DE INVENÇÕES.
A invenção auxilia o aumento da produção, contribuindo para a geração de capitais - investidos em outras invenções, gerando aumento da produção e, consequentemente mais capitais, resultando novas invenções, e assim por diante.
A revolução técnica começou na fabricação de algodão, quando John Kay, em 1733, inventou a lançadeira volante, aumentando a capacidade de tecelagem. Em 1767, James Hargreaves inventou a fiadora Jenny, aumentando a produção de fios e, Richard Arkwright, em 1769 a aperfeiçoou.
Em 1785, Edmund Cartwright inventou o tear mecânico e o descaroçador de algodão foi inventado em 1769 por Whitney. Nesta mesma época (1769), James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor. Devemos ressaltar que as máquinas acima eram de metais, estimulando a siderurgia. As máquinas, por sua vez, funcionavam a vapor, sendo necessários investimentos em mineração (técnicas para produção de carvão).
A utilização das máquinas exigia a concentração dos trabalhadores num só local, surgindo assim as fábricas.
As consequências da Revolução Industrial.
A Revolução Industrial trouxe várias mudanças na economia, na sociedade, na política e na estrutura da ideologia.
Para começar, a Revolução Industrial patrocinou uma verdadeira revolução nos transportes. Com o aumento da capacidade produtiva houve uma enorme necessidade de transportar as mercadorias com maior rapidez - transporte de matérias-primas para as indústrias e transporte dos produtos industrializados para os mercados consumidores. A revolução nos transportes deu-se com a invenção da locomotiva e da navegação a vapor.
A locomotiva foi inventada em 1830, por George Stephenson. A navegação a vapor foi uma invenção norte-americana - os clippers - destacando-se o inventor Fulton, que projetou o navio Clermont e percorreu, em 1803, o rio Hudson.
As locomotivas e a navegação a vapor distribuíam as mercadorias a longas distâncias e por preços reduzidos.
No aspecto político, a Revolução Industrial veio consolidar o liberalismo econômico, solidificando o modo de produção capitalista. O modelo de Estado Liberal, já existente na Inglaterra, é difundido nos países que se industrializam ao longo do século XIX.
Do ponto de vista social e político, o industrialismo fez surgir uma nova classe social o proletariado, e com ela o início de uma luta de classes entre a burguesia e o proletário.
A luta de classes é resultado do antagonismo entre os trabalhadores e os patrões. Antes do surgimento das fábricas, o trabalhador artesão dominava todo o processo de produção e controlava o seu tempo de trabalho; com as fábricas, o trabalhador passou a ter que se adaptar ao ritmo da máquina, perdendo o controle sobre o processo produtivo - pois ele não é o dono da máquina - e sobre o tempo - este passa a ser determinado pela máquina. Para adaptar-se ao ritmo da máquina, foi imposta ao trabalhador uma rígida disciplina, com multas e castigos.
Além disto, as condições de trabalho eram muito precárias, também havia uma enorme exploração do trabalho infantil e feminino, cujos salários eram mais baixos que os dos homens. As jornadas de trabalhos ultrapassavam as catorze horas diárias...
Como forma de reação a esta situação, a classe operária organiza movimentos para conquistar melhores condições de trabalho, assunto que será abordado mais adiante.
Outra consequência da Revolução Industrial foi o desenvolvimento das cidades - o urbanismo . Houve um crescimento populacional enorme nos centros urbanos, que concentravam as oficinas, fábricas, armazéns e moradias dos trabalhadores. A concentração populacional nas cidades, que não apresentavam infraestrutura para tanto, causou novos problemas de saúde, de habitação e de moradia. As precárias condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora tornou o alcoolismo um grave problema urbano.
Conclusão
A Revolução Industrial contribuiu para um aumento da produção, para uma concentração industrial, para a divisão do trabalho e para a consolidação do capitalismo liberal.
Estabeleceu uma nova forma de trabalho - o trabalho assalariado e favoreceu o processo de industrialização na agricultura.
A partir da Revolução Industrial ocorre um enorme crescimento populacional e o surgimento das cidades.
No plano ideológico, as péssimas condições de trabalho dos operários - os produtores da riqueza - favorecem o desenvolvimento de novas ideias, ideias que criticam o capitalismo; pregando sua destruição, trata-se do SOCIALISMO.
O Socialismo.
As péssimas condições de vida dos operários, provocadas pela industrialização, levaram alguns pensadores a buscar soluções para os problemas surgidos. Surgiram então ideias reformistas, procurando construir uma nova sociedade, onde houvesse igualdade social, eliminando a exploração do homem sobre o homem.
O conjunto destas ideias fundamentou o pensamento socialista, que pode ser dividido em, basicamente, duas correntes: a dos socialistas utópicos e a dos socialistas científicos.
Antes da análise das correntes do socialismo, faz-se necessário uma apresentação do movimento operário, que reivindicava melhores condições de trabalho.
Primeiramente, a reação da classe trabalhadora contra as péssimas condições de trabalho deu-se pela quebra das máquinas, foi o chamado movimento ludista; em seguida, os trabalhadores iniciaram sua organização para conduzir melhor o movimento operário, surgindo assim as trade unions, as uniões operárias. Dentre estas organizações operárias, destacou-se o movimento cartista, na Inglaterra – a Associação de Operários elaborou uma petição de direitos (Carta do Povo), apresentada ao Parlamento que reivindicava: sufrágio universal restrito aos homens; votação secreta; representação igual para todas as classes no Parlamento. O movimento cartista representou um confronto entre a classe operária e a burguesia, resultando disto, uma necessidade; por parte da classe operária de melhor conhecer o funcionamento da sociedade capitalista.
Os sindicatos, surgidos no final do século XIX foram evoluções destas trade unions, que passaram a organizar as lutas da classe trabalhadora.
CORRENTES DO SOCIALISMO.
SOCIALISMO UTÓPICO
Corrente que idealizava uma nova sociedade e acreditava atingir esta nova sociedade sem luta de classes, mediante reformas pacíficas.
Os principais socialistas utópicos foram: Saint-Simon (1760/1825), Charles Fourier (1772/1837), Robert Owen (1771/1859) e Proudhon (1809/1865).
Entre os precursores do socialismo utópico, pode-se identificar a obra de Thomas Morus, Utopia, publicada em 1506 e que idealizava uma sociedade igualitária- atacando a propriedade privada; no século XVII, durante a Revolução Puritana, temos a ação dos niveladores; grupo de artesãos e dos escavadores - proletários urbanos e rurais sem terras, que defendiam a igualdade social. Durante a Revolução Francesa, Graco Babeuf pregava uma República igualitária.
SOCIALISMO CIENTÍFICO
Os principais teóricos desta corrente foram Karl Marx (1818/1883) e Friedrich Engels (1820/1895).
O socialismo científico critica a visão idealista do socialismo utópico e coloca a classe operária como uma classe revolucionária. O pensamento desta corrente é baseado em dois fundamentos:
- a História é resultado da luta de classes;
- a classe operária deve construir a nova sociedade, que seria alicerçada na igualdade social, impondo a ditadura do proletariado - transição para a construção de uma sociedade socialista.
A sociedade socialista, apresentada por Marx e Engels, não apresentaria a propriedade privada dos meios de produção- o Estado se apoderaria dos bens de produção; o objetivo da produção não seria mais o lucro individual e sim atender os interesses coletivos e o Estado seria o responsável pelo retorno da riqueza à coletividade.
Marx e Engels fundaram, em 1847, a Liga Comunista e, no ano de 1848, publicaram o Manifesto Comunista, cuja divisa será "proletários de todos os países, uni-vos".
SOCIALISMO CRISTÃO
Postura da Igreja Católica que criticava a exploração do capitalismo, porém vai criticar a teoria da luta de classes, defendida pelo socialismo. Para a Igreja Católica, deveria haver uma harmonia entre os interesses da classe trabalhadora com os patrões. A Igreja procurou conciliar capital e trabalho através da encíclica Rerum Novarum.
O ANARQUISMO
Corrente que identifica o Estado como a origem de todos os males. Defendem, além do fim da propriedade privada, a eliminação do Estado.

Entre seus principais representantes temos Bakunin e Kroptkin. As ideias socialistas serão postas em prática nos movimentos revolucionários de 1848 e 1871. Em 1917, a Rússia transformou-se no primeiro Estado socialista.

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