Aula de História do 1º Ano Ensino Médio - Medievo
I. Os conceitos de Cortesia
e Amor Cortês
A
cortesia medieval era uma qualidade mundana, uma virtude essencialmente laica e
que dizia respeito ao comportamento social daqueles que compartilhavam a vida
nas cortes reais e principescas dos castelos que se multiplicaram no século
XII.
Cultura
das elites, cortesia era visitar-se entre cortes. Mais do que isso, era um
refinamento de costumes, um controle mais rigoroso das pulsões, uma polidez,
uma arte de viver, uma sociabilidade e, principalmente, uma fina educação para
com a mulher.
Ser
amável, educado e fino. Saber expressar seu amor de forma gentil: essa foi a
primeira e principal fase na transição do homem-guerreiro para o cortesão. Esse
era o novo-homem cortês do século XII, um cavaleiro que caminhava a passos
largos para se tornar um cavalheiro.
Essa
revolução silenciosa e amorosa foi tão profunda na história do ocidente que os
termos que expressam hoje o nosso amor romântico e o ambiente sedutor que
definem o envolvimento entre duas pessoas de sexos opostos surgiram na primeira
metade do século XII. Sem dúvida, trata-se de uma grande transformação
histórica que elevou a condição feminina! O amor romântico tal como o
conhecemos não surgiu até aquilo que algumas vezes se chama a renascença do
século XII.
II. Como elas eram tratadas?
(...) não é sem razão que
quando uma mulher falava de amor no mundo medieval (...) estivesse sempre se referindo
a experiências vividas com carinhosos e solícitos amantes, nunca com o marido.
Na Idade Média, com o enorme alcance desse fenômeno histórico, o amor cortês, o
amor e o tratamento carinhoso por parte dos homens nasceram a princípio sob o
signo da infidelidade conjugal.
III. As mulheres tomam a
iniciativa
Cortesã, cortejada: a grande
“sala das damas” era o lugar no castelo onde os cavaleiros, agora também
poetas, tentavam mostrar seus talentos literários, todos dirigidos a ela (57).
Homens dominados, sob o poder das mulheres.
IV. Características do amor
cortês
A mais intrigante
característica desse amor medieval é a submissão absoluta do homem à dama. E
mais: ele é solteiro, jovem; ela, casada, mais velha! Naquele jogo, onde a
mulher era quem sempre vencia, a capacidade do homem em se prostrar, mesmo
sendo fisicamente mais forte, é notória. Por amor, ela se tornou a senhora, a
dama, e ele o vassalo, o submisso, aquele que prestava juras de fidelidade
absoluta e agia sempre com moderação para não corromper a reputação da mulher
amada, já que era uma mulher casada. Nos textos, o amor da dama é inacessível, intocável,
distante.(...) Os defeitos femininos deveriam ser apagados, esquecidos e suas
virtudes glorificadas, exaltadas, e supervalorizadas até o ponto em que o
objeto daquele amor fosse tão sublime quanto a aurora ou o próprio amor. A
idealização da mulher amada muitas vezes fazia com que o poeta a afastasse da
realidade e isso transformava o “morrer-de-amor” numa constante em versos.
(...) Para Maria de França (século XII), quanto maiores a nobreza, a prudência,
a beleza e a cortesia da dama, maiores seriam os motivos para a angústia e
submissão do amante complacente, que se jogaria ao chão com juras de amor
eterno. Esse amor deveria ser alimentado com a presença constante, mesmo que
fortuita, pois se acreditava que o hábito também desenvolveria o amor (...).
Excertos do Estudo: Entre a
Pintura e a Poesia: o nascimento do Amor e a elevação da condição feminina na
Idade Média. Priscilla Lauret Coutinho e Ricardo da Costa. In: GUGLIELMI, Nilda
(dir.). Apuntes sobre familia, matrimonio y sexualidad en la Edad Media.
Colección Fuentes y Estudios Medievales 12. Mar del Plata: GIEM (Grupo de
Investigaciones y Estudios Medievales),Universidad Nacional de Mar del Plata
(UNMdP), diciembre de 2003, p. 4-28 (ISBN 987-544-029-9).
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