1ª Aula de História –
3º Ano Ensino Médio-2015
Neocolonialismo e a
descolonização.
Esta aula tratará de dois processos: primeiramente o processo
do neocolonialismo, iniciado no século XIX. Em seguida, o processo de descolonização,
efetivado com o final da Segunda Guerra Mundial.
O Neocolonialismo
O século XIX vai conhecer uma nova corrida colonial. Este
processo histórico está diretamente relacionado com a chamada Segunda Revolução
Industrial – ocorrida na Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Japão e
Estados Unidos.
A Segunda Revolução Industrial provocou um enorme aumento na capacidade
produtiva das indústrias, fazendo-se necessário uma ampliação do mercado
consumidor e do mercado fornecedor. A disputa por novos mercados resulta no
imperialismo e, posteriormente, na Primeira Guerra Mundial.
O Antigo Sistema
Colonial e o Neocolonialismo.
O Antigo Sistema Colonial ocorreu entre os séculos XVI e
XVIII. A preocupação fundamental era o fornecimento de gêneros tropicais e de metais
preciosos para a Europa, bem como o consumo de produtos manufaturados europeus,
por parte das colônias.
A mão-de-obra utilizada era a escrava (negra ou indígena), a
política econômica que norteava as relações era o Mercantilismo – com a necessidade
de acumulação de capitais, daí a existência dos monopólios.
A área geográfica do Antigo Sistema Colonial era a América-
podendo-se encontrar colônias de exploração e colônias de povoamento.
Já no Neocolonialismo a área geográfica passou a ser a África
e a Ásia. A política econômica que predomina será o liberalismo e o fator
básico da colonização é econômico, ou seja, necessidade de matérias-primas industriais,
tais como carvão, ferro, petróleo. A área colonial receberá os excedentes
industriais e será local para investimentos de capitais disponíveis na Europa.
As novas áreas coloniais também auxiliarão as tensões sociais
da Europa: novas terras para receber população europeia, tornando-se uma válvula
de escape às pressões demográficas.
O regime de trabalho será o assalariado – garantindo assim o
mercado consumidor. A mão-de-obra barata das áreas coloniais interessava às grandes
industriais, pois o trabalhador europeu recebia altos salários, em razão de sua
organização sindical e de partidos políticos que lutavam pelos direitos
trabalhistas.
A propaganda que defendia o imperialismo denominava-se
“darwinismo social”. Baseada em ideias pseudocientíficas, afirmava ser a
sociedade europeia (branca) mais civilizada que outras sociedades (não
brancas).
Assim, cabia à sociedade europeia a missão de “civilizar” as
demais, o conhecido “fardo do homem branco”.
Porém, o neocolonialismo foi estritamente econômico,
satisfazendo os interesses dos grandes grupos econômicos – cartéis, trustes e
holdings – e beneficiando a alta burguesia. Por conta disto, o neocolonialismo
alterou o capitalismo que, de concorrencial passou a ser monopolista: o capital
concentrado em grandes grupos econômicos financiados por grandes bancos.
Desenvolve-se então uma nova modalidade de capitalismo, o capitalismo
financeiro.
O imperialismo na Ásia
A revolução Industrial e a expansão das indústrias têxtil
inglesa torna a Ásia uma consumidora de produtos europeus, especialmente
britânicos.
Uma das regiões mais disputadas na Ásia foi a Índia que, ao
longo dos séculos XVI ao XIX ficará sob o controle da Inglaterra. A Índia será administrada
pela Companhia das Índias Orientais.
Em 1857 ocorre a Revolta dos Sipaios (revolta Indiana),
última tentativa de resistência ao domínio britânico e, em 1876 a rainha
Vitória foi coroada imperatriz da Índia.
O imperialismo na China ligava-se aos interesses econômicos
do chá, seda e outras mercadorias.
Entre 1840 e 1842 ocorreu a Guerra do Ópio, em razão da
destruição de carregamentos de ópio para a China. A vitória inglesa no conflito
resultou na assinatura do Tratado de Nanquim, onde Hong Kong é incorporado à Inglaterra
e cinco portos foram abertos ao comércio inglês – com destaque para os portos
de Xangai e Nanquim.
Após esta abertura forçada, a China será alvo de outras
nações imperialistas, como o Japão, Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Como
reação ao domínio estrangeiro surge uma sociedade nacionalista secreta – a
Sociedade dos Boxers – promovendo ataques e sabotagens aos estrangeiros. Surge
então a Guerra dos Boxers, cuja derrota chinesa às potências estrangeiras
culminou com novas concessões econômicas.
O imperialismo na
África.
Um dos pioneiros na conquista da África foi a França que, em
1830 ocupou a Argélia; em 1844 conquistou o Marrocos e em 1854 o Senegal. No
ano de 1910 foi formada a África Ocidental Francesa, composta pelos territórios
da Guiné, Gabão, parte do Congo e do Sudão. Ainda parte do império colonial contava-se
a Madagascar e a Tunísia.
A Inglaterra teve sua colonização na África impulsionada pela
construção do canal de Suez, no Egito. Em 1888 a companhia dirigida por Cecil
Rhodes conquistou a Rodésia. Entre os anos de 1888 e 1891 foram incorporados ao
império britânico o Quênia, a Somália e Uganda. Outros territórios britânicos
foram a União Sul-Africana, Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha
conquistou o Camarão, África Sudoeste e África Oriental. A Itália anexou a
Líbia, Somália e Eritréia.
Portugal anexou Moçambique, Angola, Guiné Portuguesa; a
Espanha com o Marrocos Espanhol, Guiné Espanhola e Rio do Ouro.
A região central da África era objeto de disputa por várias
nações europeias. Para resolver a questão foi organizada a Conferência de Berlim
(1884/85), que contou com a participação da Rússia e dos Estados Unidos. A conferência
estimulou a corrida sobre os poucos territórios livres que existiam no
continente africano.
O Japão adota posturas imperialistas a partir da década de
1860, início do período de modernização do Japão, conhecido como “Era Meiji”. O
imperialismo japonês ocorrerá sobre a China, Coréia e Formosa (Taiwan).
O imperialismo na América Latina será exercido pelos Estados
Unidos: México, após a guerra de 1848. A partir de 1870 o domínio
norte-americano se fará na região do Caribe.
A parte sul do continente americano terá o predomínio da
Inglaterra.
Consequências do
neocolonialismo
O mundo será partilhado entre as grandes potências
industriais. A tentativa de ampliar as áreas de dominação provocará o choque
imperialista. Este choque vai deflagrar a Primeira Guerra Mundial.
A descolonização.
Causas da
descolonização
A descolonização da Ásia e da África está relacionada com a
decadência da Europa, motivada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise de 1929
e Segunda Guerra Mundial.
Outro fator será o despertar do sentimento nacionalista na
Ásia e na África, impulsionado pela decadência da Europa e pela Carta da ONU,
que, em 1945, reconheceu o direito dos povos colonizados à autodeterminação. O
ponto máximo do nacionalismo será a Conferência de Bandung (1955), ocorrida na Indonésia
que estimulou as lutas pela independência.
A guerra fria e a polarização entre EUA (capitalismo) e a URSS
(socialismo) também contribuíram para o fim dos impérios coloniais. Cada uma
das superpotências via na descolonização uma oportunidade de ampliar suas influências
políticas e econômicas.
A Descolonização da
Ásia.
O processo de independ6encia das áreas coloniais asiáticas
foi por meio da guerra ou pacífica.
Independência da Índia
O processo de independência da Índia teve seu início na
década de 1920, através do Partido do Congresso, sob a liderança de Mahatma
Gandhi e Jawarhalal Nerhu.
A campanha de Gandhi foi caracterizada pela desobediência
civil, não violência e resistência passiva.
Em 1947, os ingleses reconheceram a independência da Índia.
Em face das rivalidades religiosas o território foi dividido: a maioria
hinduísta, governada por Nerhu formará a União Indiana; a parte islâmica,
governada por Ali Junnah, formará o Paquistão. Em 1971 o Paquistão Oriental proclama
sua independência do Paquistão Ocidental, surgindo a República do Bangladesh.
Independência da
Indonésia
O movimento de independência da Indonésia foi conduzido por
Sukarno. A luta estendeu-se até 1949, quando a Holanda reconheceu a
independência.
Independência da
Indochina
No ano de 1941, como resistência a ocupação japonesa,
formou-se um movimento nacionalista – Vietminh – dirigido por Ho Chi Minh. Após
a derrota japonesa na guerra foi proclamada a independência da República Democrática
do Vietnã ( parte norte).
Os franceses não reconheceram a independência e tentaram, a
partir de 1946, recolonizar a Indochina, tendo início a Guerra da Indochina. Em
1954, na Conferência de Genebra foi reconhecida a independência da Indochina, dividida
em Laos, Camboja e Vietnã (parte norte e parte sul).
A mesma conferência estabeleceu que o paralelo 17 dividisse o
Vietnã. Em 1956 formou-se a Frente de Libertação Nacional, contra o governo de
Ngo Dinh Diem – apoiado pelos EUA. A Frente contou com o apoio do Vietcong (exército
guerrilheiro). O cancelamento das eleições de 1960 deu início à guerra do Vietnã.
O Vietcong contou com o apoio do Vietnã do Norte, e o governo de Ngo Dinh Diem
dos EUA.
A guerra perdurou até 1975, quando os Estados Unidos
retiraram-se da região.
A Descolonização da
África.
Independência do Egito
O Egito era um protetorado inglês (a região possuía
autonomia, supervisionada pela Inglaterra). O domínio inglês terminou em 1936,
porém o canal de Suez continuou sob controle britânico.
Independência da
Argélia
O movimento nacionalista argelino começou em 1945. Liderada
por muçulmanos este movimento inicial foi reprimido.
As manifestações intensificaram-se após a fundação da Frente
Nacional de Libertação – influenciada pelo fundamentalismo islâmico. A guerra
de independência começou em 1954. Em 1957 ocorreu a Batalha de Argel –
duramente reprimida pelo exército francês. No ano de 1962 houve a assinatura do
acordo de Evian, ocorrendo o reconhecimento da independência argelina.
O fim do império
colonial português.
Durante a década de 1950 começaram a se organizar movimentos separatistas
em Angola, Moçambique e Guiné portuguesa.
Em 1956 foi criado o Movimento Popular pela Libertação de
Angola (MPLA), sob a liderança de Agostinho Neto. Posteriormente surgiram a
Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA).
Após a independência de Angola, mediante o Acordo de Alvor em
1975, os três grupos acima iniciaram uma guerra civil, na disputa pelo poder.
A independência de Moçambique foi patrocinada pela Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique), tendo como líder Samora Machel – que em 1960
iniciou um movimento de guerrilha. Portugal reconheceu a independência em 1975.
No ano de 1956, Amílcar Cabral fundou o Partido Africano para
a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). No ano de 1974 foi reconhecida a
independência da Guiné; em 1975 do Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
Um importante fato que contribuiu para o fim do império
colonial português foi a Revolução dos Cravos, que ocorreu em 25 de abril de
1974 e que marcou o fim do regime fascista (imposto por Oliveira Salazar e
continuado por Américo Tomás e seu primeiro-ministro Marcelo Caetano). O novo governo
de Portugal não ofereceu resistência para o reconhecimento da independência das
colônias.
As consequências da descolonização.
Entre as consequências do processo de descolonização
afro-asiática enumeramos o surgimento de novos países que, ao lado das nações
latino-americanas, formaram o bloco do Terceiro Mundo. Este bloco fica sob a dependência
dos países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou de países socialistas
(Segundo Mundo).
A dependência deste bloco será responsável pela concentração
de renda nos países ricos e pelo crescente endividamento externo dos países subdesenvolvidos,
apresentando sérios problemas de saúde, educação, desnutrição, entre outros.
Prof. Edson Couto
Nenhum comentário:
Postar um comentário