sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Aula de História do 1º Ano Ensino Médio - Medievo

I. Os conceitos de Cortesia e Amor Cortês
A cortesia medieval era uma qualidade mundana, uma virtude essencialmente laica e que dizia respeito ao comportamento social daqueles que compartilhavam a vida nas cortes reais e principescas dos castelos que se multiplicaram no século XII.
Cultura das elites, cortesia era visitar-se entre cortes. Mais do que isso, era um refinamento de costumes, um controle mais rigoroso das pulsões, uma polidez, uma arte de viver, uma sociabilidade e, principalmente, uma fina educação para com a mulher.
Ser amável, educado e fino. Saber expressar seu amor de forma gentil: essa foi a primeira e principal fase na transição do homem-guerreiro para o cortesão. Esse era o novo-homem cortês do século XII, um cavaleiro que caminhava a passos largos para se tornar um cavalheiro.
Essa revolução silenciosa e amorosa foi tão profunda na história do ocidente que os termos que expressam hoje o nosso amor romântico e o ambiente sedutor que definem o envolvimento entre duas pessoas de sexos opostos surgiram na primeira metade do século XII. Sem dúvida, trata-se de uma grande transformação histórica que elevou a condição feminina! O amor romântico tal como o conhecemos não surgiu até aquilo que algumas vezes se chama a renascença do século XII.
II. Como elas eram tratadas?
(...) não é sem razão que quando uma mulher falava de amor no mundo medieval (...) estivesse sempre se referindo a experiências vividas com carinhosos e solícitos amantes, nunca com o marido. Na Idade Média, com o enorme alcance desse fenômeno histórico, o amor cortês, o amor e o tratamento carinhoso por parte dos homens nasceram a princípio sob o signo da infidelidade conjugal.
III. As mulheres tomam a iniciativa
Cortesã, cortejada: a grande “sala das damas” era o lugar no castelo onde os cavaleiros, agora também poetas, tentavam mostrar seus talentos literários, todos dirigidos a ela (57). Homens dominados, sob o poder das mulheres.
IV. Características do amor cortês
A mais intrigante característica desse amor medieval é a submissão absoluta do homem à dama. E mais: ele é solteiro, jovem; ela, casada, mais velha! Naquele jogo, onde a mulher era quem sempre vencia, a capacidade do homem em se prostrar, mesmo sendo fisicamente mais forte, é notória. Por amor, ela se tornou a senhora, a dama, e ele o vassalo, o submisso, aquele que prestava juras de fidelidade absoluta e agia sempre com moderação para não corromper a reputação da mulher amada, já que era uma mulher casada. Nos textos, o amor da dama é inacessível, intocável, distante.(...) Os defeitos femininos deveriam ser apagados, esquecidos e suas virtudes glorificadas, exaltadas, e supervalorizadas até o ponto em que o objeto daquele amor fosse tão sublime quanto a aurora ou o próprio amor. A idealização da mulher amada muitas vezes fazia com que o poeta a afastasse da realidade e isso transformava o “morrer-de-amor” numa constante em versos. (...) Para Maria de França (século XII), quanto maiores a nobreza, a prudência, a beleza e a cortesia da dama, maiores seriam os motivos para a angústia e submissão do amante complacente, que se jogaria ao chão com juras de amor eterno. Esse amor deveria ser alimentado com a presença constante, mesmo que fortuita, pois se acreditava que o hábito também desenvolveria o amor (...).

Excertos do Estudo: Entre a Pintura e a Poesia: o nascimento do Amor e a elevação da condição feminina na Idade Média. Priscilla Lauret Coutinho e Ricardo da Costa. In: GUGLIELMI, Nilda (dir.). Apuntes sobre familia, matrimonio y sexualidad en la Edad Media. Colección Fuentes y Estudios Medievales 12. Mar del Plata: GIEM (Grupo de Investigaciones y Estudios Medievales),Universidad Nacional de Mar del Plata (UNMdP), diciembre de 2003, p. 4-28 (ISBN 987-544-029-9).

Nenhum comentário:

Postar um comentário