Aula de Filosofia 1º Ano Ensino Médio
Os Sofistas
Górgias - Juntamente com Protágoras foi um dos maiores sofistas de todos os tempos
Após o surgimento da democracia na Grécia antiga, vários
transformações ocorreram na sociedade, exigindo novas formas de se relacionar.
A democracia era o sistema de governo que pressupunha a escolha periódica de
executores e elaboradores das leis. E para isso, não havia nenhum critério.
Neste período, em que já estão avançadas as questões
cosmológicas, a busca pelo ser das coisas deixa de ser o foco principal das
questões filosóficas, que agora se ocupa com o homem e suas potencialidades.
Era preciso saber falar para fazer valer seus interesses nas assembleias.
Surgem, então, os famosos oradores denominados Sofistas, palavra
que significa sábio em grego.
Esses homens, portadores de uma eloquência incomum, propunham
ensinar qualquer coisa aos cidadãos que almejassem os cargos públicos ou
simplesmente que se defenderiam em um caso litigioso. No entanto, suas técnicas
nada mais eram do que ensinar a persuadir convencendo seu interlocutor em um
debate, seja pela emoção, seja pela passividade deste. Ardilosos oradores, os
sofistas fascinavam àqueles que ouviam suas palestras, ensinando como
transformar um argumento fraco em um argumento forte e vice-versa. Para eles,
fácil era convencer conforme seus interesses, por isso conseguiam provar que
uma coisa ora era branca, ora preta. O importante era convencer a qualquer
custo. Mediante salários (ou seja, cobravam pelo ensino), eles ensinavam a quem
pudesse pagar, sobre qualquer coisa, dizendo serem portadores de um saber
universal. Mas na prática, ensinavam como refutar o seu adversário, não se
preocupando com a relação que as palavras tinham com as coisas, articulando-as
segundo as necessidades do debate para convencer e derrotar seu oponente.
São famosos e numerosos os sofistas que atuaram na Grécia
antiga, em especial em Atenas, onde a cultura floresceu com mais evidência.
Híppias, Pródico, Antístenes, Trasímaco são apenas alguns exemplos históricos
destes que inventaram certo modo de
viver numa política que pressupunha a isonomia (leis iguais para todos os
cidadãos). No entanto, podemos destacar especialmente dois dos maiores sofistas
de todos os tempos: Górgias e Protágoras.
Protágoras é conhecido como o primeiro sofista. Sua fama se
estendia por todas as colônias e era um homem culto e bem sucedido. Aliás, a
estima do público, a vaidade e o reconhecimento era algo de que todos os
sofistas se valiam, pois para eles o que importa é o momento e jamais o que se
tem depois de morto. Questões espirituais eram descartadas, gerando algumas
acusações de impiedade, das quais o próprio Protágoras conseguiu escapar.
Este eminente orador vivia uma forma de absoluto subjetivismo
relativista. Sua máxima “o homem é a medida de todas as coisas” ilustra
bem o modo de pensar das diferentes pessoas. Isto quer dizer que cada pessoa,
pensa, deseja e busca algo para si, de tal forma única que impossibilita que
exista uma verdade absoluta. A verdade, segundo Protágoras, depende de cada um,
depende de como cada coisa aparece para cada um em seu juízo. O que pode ser
verdade para um, pode não o ser para outro. Com esse relativismo moral, ele
rejeita toda verdade universal. Se algo te parece bom, faça. Se isso traz
benefício a você e prejuízo aos outros, faça assim mesmo.
Com isso, Protágoras também desacreditava dos deuses. Seu
pragmatismo imediatista afirmava que se você nada pode saber dos deuses, eles
não servem para nada e, assim, você pode ser indiferente a eles. Esse foi um
dos motivos pelos quais ele foi acusado de impiedade.
Outro ilustre sofista e não menos importante foi Górgias.
Descartando qualquer noção de moral ou virtude, ele determinou a persuasão como
algo essencial ao homem. Segundo ele, o domínio dessa técnica permite ao homem
conhecer todas as coisas e, com isso, ser feliz.
Górgias redigiu um tratado sobre o Não Ser, em resposta ao
filósofo Parmênides, em que consta o resumo de seu modo Niilista de pensar.
Para ele, nada existe de real; e se nada existe, o homem não pode conhecer
verdadeiramente nada; e mesmo que algo exista e possa a ser conhecido, seria
impossível comunicar aos outros este conhecimento.
Desse modo, Górgias acentua o seu ceticismo, evidenciando a
impossibilidade de um conhecimento definitivo e propiciando um ambiente em que
o mundo só tem o valor daquilo que o homem confere, consciente de sua
efemeridade, ou seja, que o homem é um ser passageiro e que age apenas para
satisfazer seus interesses pessoais.
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