segunda-feira, 27 de abril de 2015

1. A CRISE DE 1929
Fatores
Os Estados Unidos emergiram da Primeira Guerra Mundial como a maior potência econômica do mundo.
Sua indústria e agricultura ha viam atingido níveis de produção jamais alcançados e suas reservas de ouro superavam as de todos os demais países. Os Estados Unidos eram os grandes credores do mercado internacional. Havia inclusive um considerável excedente de capital, que os norte-americanos investiram sob a forma de empréstimos para recuperar os países europeus devastados pela guerra.
O fator primordial para a eclosão da crise de 1929 foi a insistência, por parte da economia norte-americana, em manter os níveis de produção alcançados durante o conflito mundial, sem ajustá-los às condições do pós-guerra. Mas o reerguimento econômico das nações europeias tendeu a torná-las autossuficientes e, depois, concorrentes dos próprios Estados Unidos. O excesso de produção provocou a baixa dos preços internacionais das matérias-primas, afetando o poder aquisitivo dos países exportadores de produtos primários. Por outro lado, o mercado interno norte-americano, cuja população com poder de compra vinha consumindo dentro do limite máximo de sua capacidade, mostrou-se incapaz de absorver a produção excedente. Gerou-se assim uma crise de superprodução (pelo ângulo dos produtores) ou de subconsumo (pelo ângulo dos consumidores), agravada pelo fato de a economia norte-americana haver se desenvolvido de forma descontrolada.
A crise
A redução planejada da produção – que atualmente se apresenta como a solução mais apropriada para o problema – foi inviabilizada pelos próprios capitalistas e pelo governo do presidente republicano Hoover, o qual manteve o tradicional liberalismo econômico dos Estados Unidos, recusando-se a interferir no processo econômico. Assim, procurou-se amainar a crise em curso por meio da estocagem de excedentes da produção e da maior facilidade na concessão de empréstimos, a fim de incentivar o mercado consumidor.
O primeiro setor a entrar em colapso foi o agrícola, devido à que da dos preços de seus produtos e à alta dos custos. Em seguida, foi a vez da indústria. A abrupta contenção da produção gerou dispensas em massa, reduzindo ainda mais o potencial de consumo.
Durante alguns meses, o mercado de ações manteve-se alheio à derrocada da agricultura e da indústria. Mas a persistência da crise afetou a confiança dos especuladores, gerando a retração na compra de ações. Como resultado, ocorreu o crack da Bolsa de Valores de Nova York (outubro de 1929). Embora os grandes bancos sobrevivessem à tormenta, milhares de instituições financeiras menores faliram, arruinando milhões de pequenos depositantes e investidores. O desemprego cresceu avassaladoramente, superando a marca de 13 milhões de pessoas!
A Semana de Arte Moderna foi um marco na história da cultura brasileira. Foi aplaudida e duramente criticada, mas deixou a semente renovadora da produção cultural nacional. O ano de 1922 foi pródigo em ocorrências inovadoras:
Modernismo, Tenentismo e a criação do Partido Comunista do Brasil.
A Crise de 1929 e o New Deal Nova York, outubro de 1929: alguém que perdeu tudo com a queda dos preços das ações tenta levantar alguns recursos para poder enfrentar despesas inadiáveis.
A Grande Depressão espalhou-se por todo o mundo capitalista, favorecendo a ascensão dos regimes totalitários e preparando o caminho para a Segunda Guerra Mundial.
2. O NEW DEAL
Em 1933, assumiu a Presidência dos Estados Unidos o democrata Franklin Roosevelt (eleito em 1932), o qual pôs em prática uma política econômica intervencionista e antiliberal, à qual deu o no me de New Deal.
Seus pontos principais eram a realização de grandes obras públicas, a fim de reduzir o desemprego; fixação de preços mínimos para o petróleo, carvão e produtos agrícolas, com o objetivo de estimular a produção; apoio aos pequenos investidores e criação de um órgão governamental que controlasse o sistema bancário; empréstimos estatais aos fazendeiros cujas propriedades estivessem hipotecadas; elevação dos salários, visando aumentar o poder aquisitivo da população; e concessão de empréstimos ao exterior, com vistas à reativação dos mecanismos do comércio internacional.
Por volta de 1936, os Estados Unidos já estavam superando os efeitos da Grande Depressão. Assim, em 1939, o país se encontrava em condições de aproveitar a nova conjuntura criada pela Segunda Guerra Mundial.
Alemanha
O escoamento de divisas do país já atingia uma taxa sem precedentes quando o marco perdeu a cobertura americana. Uma soma de 50 milhões de libras em ouro e divisas deixou a Ale manha, na primeira quinzena de junho, acompanhada, na terceira semana, de uma soma de 17,5 milhões de libras. O povo e o governo da Alemanha relembraram claramente a terrível crise monetária de 1923, quando os marcos valiam menos do que o papel em que eram impressos. Temendo o pânico, o governo impôs severas restrições ao crédito.
“A redução da circulação monetária está causando grandes transtornos. A corrida às caixas econômicas começou hoje, e já havia longas filas diante das portas antes que elas se abrissem. Mas somente as quantias necessárias para os soldos, salários, impostos e outros pagamentos necessários foram entregues nos guichês. Houve protestos, brigas e discussões, mas nenhuma desordem séria (...).”
Grã-Bretanha
A crise financeira propagou-se da Alemanha para a Grã-Bretanha. Os fundos alemães a curto prazo, investidos em Londres, foram retirados, e por volta de agosto houve uma corrida a Londres.
O Banco da Inglaterra teve que fazer pagamentos em ouro, mas a partir de setembro de 1932 não podia mais fazê-los. Ao final desse ano, doze países seguiam o exemplo da Grã-Bretanha e suspendiam também o pagamento em ouro. O dólar ficou sem lastro-ouro em 1933, o franco em 1936.
A luta para manter o lastro-ouro, entretanto, havia inibido mais ainda o investimento e o crescimento, e aumentado as dificuldades do comércio internacional. A reação americana à redução de capital e à queda de produção havia sido a elevação das tarifas sobre produtos importados, que já eram muito altas. A Europa não podia vender produtos à América e, consequentemente, não tinha dinheiro para comprar produtos da América. Pouco a pouco, os países da Europa aumentaram suas tarifas e cotas de importação. A Grã-Bretanha, finalmente, abandonou sua política de livre comércio. O comércio internacional havia sofrido um colapso; muitas fábricas, estaleiros e indústrias foram fechados. Muitos trabalhadores ficaram desempregados. Provavelmente, na pior época, havia aproximadamente 30 milhões de pessoas no mundo para os quais não havia trabalho, homens que, aparentemente, não tinham utilidade para a sociedade.
Em alguns países o desespero dos desempregados, dissimulado pela mera citação das estatísticas, gerava uma situação revolucionária. Mas, na Grã-Bretanha, os desempregados não se tornaram revolucionários; simplesmente se acomodaram, fazendo o possível para tirar o melhor proveito do pouco que tinham.
América Latina
“Por alguns anos, antes da crise atual, os países latino-americanos tomaram empréstimos em grande escala do mercado americano (...). A população americana era próspera e parecia desejosa de comprar bônus latino-americanos em quantidades quase ilimitadas, sob pressão dos poderosos vendedores das companhias de investimento americanas. Na América Latina era fácil obter dinheiro com tais empréstimos, e era também fácil gastá-lo, muitas vezes com desperdício. Essa importação levara a uma expansão de obras públicas em países latino-americanos e a uma procura anormal de trabalho (...).
Quando veio a crise, esse estímulo artificial aos negócios foi subitamente suprimido. Em muitos países, não foi possível obter empréstimos adicionais. A execução de obras públicas teve de ser inteiramente interrompida, ou grandemente retardada. Muitos governos encontraram-se às voltas com grandes projetos que não podiam levar avante. Seus orçamentos eram agravados por enormes compromissos de juros e amortização sobre essa nova dívida pública, enquanto suas receitas, especialmente as receitas alfandegárias, de que esses países dependem em grande parte, estavam se esgotando rapidamente.
Homens aproveitados na construção de obras públicas eram despedidos, assim como muitos trabalhadores empregados na produção de artigos básicos para exportação. Isso significava depressão nos negócios, declínios de salários e desemprego.”
Comentarista americano, citado no New York Times, 30 de agosto de 1930.
HISTÓRIA NO BRASIL
1. DELFIM MOREIRA (1918-1919)
Rodrigues Alves fora eleito, sucedendo a Venceslau Brás, mas, por moléstia, não pôde tomar posse. Respondeu interinamente pela Presidência o vice-presidente da República, Delfim Moreira. Seu governo durou até julho de 1919.
2. EPITÁCIO PESSOA (1919-1922)
Rodrigues Alves faleceu em janeiro de 1919, não tendo decorrido dois anos de seu mandato. De acordo com a Constituição, eram necessárias novas eleições. A oposição do Estado do Rio Grande do Sul a qualquer candidatura paulista ou mineira, bem como à candidatura de Rui Barbosa (que foi apresentada), influiu na indicação de Epitácio Pessoa, paraibano que gozava de prestígio por sua participação na reunião de Versalhes.
Epitácio Pessoa colocou civis no Ministério da Guerra (Pandiá Calógeras) e no Ministério da Marinha (Raul Soares).
A insatisfação contra o sistema político e a desmoralização da República provocaram o surgimento do “Tenentismo”.
O Tenentismo apareceu pela primeira vez como manifestação política durante o governo de Epitácio Pessoa, quando do levante do Forte de Copacabana (5/7/22), episódio dos “Dezoito do Forte”.
3. ARTUR BERNARDES (1922-1926)
Em 1921, São Paulo já aprovara a candidatura de Artur Bernardes, de Minas Gerais. Mas o novo presidente recebia uma situação dificílima. Além de uma permanente ameaça de revolução, em virtude da mal querença e da agitação dos militares, apareciam os primeiros efeitos de uma crise econômica decorrente do fim da Primeira Guerra Mundial.
Artur Bernardes governou sob estado de sítio. Novas manifestações tenentistas aconteceram. Em São Paulo, a revolta que dominou a capital foi chefiada por Isidoro Dias Lopes, Juarez e Joaquim Távora.
Partindo do Rio Grande do Sul, formou-se a Coluna Prestes que, de 1924 a 1927, percorreu grande parte do país. Antes dos levantes de 1924, a oposição no Rio Grande do Sul, chefiada por Assis Brasil, revoltara-se contra a quinta reeleição de Borges de Medeiros. Com a mediação do general Setembrino de Carvalho, foi firmado o Pacto de Pedras Altas (1923), concordando-se com a reforma da Constituição gaúcha, a fim de se vetar a reeleição do presidente do Estado.
A reforma da Constituição Federal (1926) impôs a limitação do habeas corpus, o veto parcial do presidente e a ampliação do poder de intervenção federal nos Estados, o que resultou em um fortalecimento do Executivo presidencial.
4. WASHINGTON LUÍS (1926-1930)
Radicado em São Paulo desde moço, Washington Luís ali fizera sua carreira política na máquina do PRP (Partido Republicano Paulista). Ao contrário de Artur Bernardes, que vivera fechado no Catete, granjeava certa popularidade depois que assumiu, passeando a pé pela Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Suspendera o estado de sítio, mas recusara a anistia aos presos políticos do tempo de Epitácio Pessoa e Artur Bernardes.
Sucessão
Washington Luís, rompendo com a Política do Café com Leite, preteriu o nome de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (Minas Gerais) em favor de Júlio Prestes. Aglutinadas em torno de Minas Gerais e Rio Gran de do Sul, as forças oposicionistas formaram a Aliança Liberal, cujo programa reivindicava voto secreto, maiores garantias individuais, direitos trabalhistas e anistia aos rebeldes. Indicou como candidatos Getúlio Vargas e João Pessoa (vice).
Foi a terceira eleição competitiva da República Velha (1930). A vitória coube a Júlio Prestes, que não foi empossado em virtude da deposição de Washington Luís pela Revolução de 1930.
5. A REVOLUÇÃO DE 1930
Introdução
No fim da década de 20, os setores que contestavam as instituições da República Velha não tinham possibilidade de êxito: os “tenentes”, após seus vários insucessos, estavam marginalizados ou no exílio; as classes médias urbanas não tinham autonomia para se organizar. Todavia, uma oportunidade ia abrir-se para esses setores: uma nova divergência entre as oligarquias regionais e o golpe sofrido pelo setor cafeeiro com a crise mundial de 1929.
Fatores
• A dissidência regional
A indicação de Júlio Prestes pelo presidente Washington Luís como candidato do governo à Presidência na eleição de 1930, ao que parece, para que sua política de estabilização financeira não fosse interrompida, não foi aceita por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente do Estado de Minas Gerais.
Crise do Estado Oligárquico e Revolução de 1930
Rompia-se a Política do Café com Leite. Antônio Carlos, a fim de enfrentar
o Governo Federal, realizou uma aliança com os Estados do Rio Grande do Sul e Paraíba. No Rio Grande do Sul, o Partido Republicano e o Partido Libertador tinham chegado a um relativo acordo, o que fortalecia o Estado no plano nacional. A este último foi oferecida a candidatura à Presidência, e à Paraíba, a candidatura à Vice-Presidência. Juntaram-se a eles o Partido Democrático de São Paulo e outras oposições de outros Estados.
Era a coligação da Aliança Liberal (1929). Dela faziam parte velhos políticos, como Borges de Medeiros, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Venceslau Brás, Antônio Carlos. Foram lançadas as candidaturas de Getúlio Vargas para presidente e João Pessoa para vice.
 .
O programa da Aliança Liberal ia ao encontro das aspirações dos setores opostos ao cafeeiro, ao proclamar que os produtos nacionais deviam ser incentivados, e não só o café, cujas valorizações prejudicavam financeiramente o país. Outros sim, pretendendo sensibilizar as classes médias urbanas, o programa defendia as liberdades individuais, o voto secreto, a participação do poder judiciário no processo eleitoral, leis trabalhistas e anistia.
Apesar da grande repercussão de sua campanha nos centros urbanos, os candidatos da Aliança Liberal foram derrotados, pois a grande maioria dos Estados se alinhou junto ao presidente Washington Luís.
• A Crise de 1929
Embora seja certo que a crise mundial repercutiu com mais intensidade no Brasil em 1931, é preciso considerar que seus efeitos iniciais já abalavam o setor cafeeiro, e isso foi percebido por seus adversários, que viram nesse fato uma oportunidade para criticar o governo.
Por outro lado, o setor cafeeiro e o Governo Federal estavam distancia dos por este ter recusado auxílio àquele no início da crise. Os grupos dominantes de São Paulo, embora tivessem marchado com a candidatura de Júlio Prestes, não estavam dispostos a uma luta armada.
• A Revolução
Com a derrota eleitoral, os velhos políticos da Aliança Liberal, como Borges de Medeiros, pretenderam compor-se com os vitoriosos, como geralmente acontecia na República Velha. Mas existia na Aliança uma ala de políticos jovens (Maurício Cardoso, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Neves, Flores da Cunha, Virgílio de Melo Franco, Francisco Campos) que não se conformava com uma situação na qual sua ascensão política permanecia dependente. Portanto, optaram pela via armada, e, para isso, aproximaram-se dos “tenentes”, como Juarez Távora, Ricardo Hall e João Alberto.
A conspiração sofreu várias oscilações por causa da posição conciliatória dos velhos oligarcas da Aliança Liberal, até mesmo do próprio Getúlio Vargas, o que provocou seu esfriamento. Porém, foi alentada pela “degola” de deputados federais eleitos por Minas Gerais e Paraíba (maio de 1930), pelo assassinato de João Pessoa (julho de 1930) no Recife, por motivos ligados a problemas locais, mas explorado politicamente pelos conspiradores, e pela adesão de Borges de Medeiros, em agosto.
Os “tenentes” foram aproveitados por sua experiência revolucionária, mas a chefia militar coube ao tenente-coronel Góis Monteiro, elemento de confiança dos políticos gaúchos.


No dia 3 de outubro eclodiu a revolta no Rio Grande do Sul; e no Nordeste, sob a chefia de Juarez Távora, no dia seguinte, participavam principalmente tropas das milícias estaduais e forças arregimentadas por “coronéis”. Várias tropas do Exército aderiram, algumas mantiveram-se neutras e poucas resistiram. Em vários Estados os governantes puseram-se em fuga. Quando se esperava um choque de grandes proporções entre as tropas que vinham do Sul e as de São Paulo, o presidente Washington Luís foi deposto, no dia 24, por um grupo de altos oficiais das Forças Armadas, que tinham a intenção de exercer um papel moderador. Formou-se a Junta Governativa Provisória, intitulada Junta Pacificadora, integrada pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, e pelo almirante Isaías Noronha.
• Conclusão
Houve um momento culminante na crise da década de 1920: as oligarquias regionais dissidentes optaram pela luta armada, o descontentamento militar ganhava novo alento, as classes médias urbanas insatisfeitas constituíam uma ampla ala de apoio.
Nesse momento, o setor cafeeiro era atingido pelos primeiros efeitos da crise de 1929 e distanciava-se do Governo Federal. Daí a possibilidade de vitória de uma revolução.
Portanto, um fator externo combinou-se com o agravamento de contradições internas.
O setor cafeeiro continuou representando um papel fundamental na economia do país, mas, com a derrota, perdeu a hegemonia política.

A revolução levou a uma composição de equilíbrio entre os setores da classe dominante. Não houve uma ruptura no processo histórico, mas apenas uma acomodação à atualização das instituições.

domingo, 26 de abril de 2015

O REINO DE CUXE
Grande civilização ao sul do rio Nilo.
A Núbia:
• A região da Núbia se localizava ao sul do território do Antigo Império egípcio. A civilização Núbia se desenvolveu onde hoje se encontram o Egito e o Sudão.
• Assim como o Egito, o desenvolvimento econômico e social núbio estava diretamente relacionado com o rio Nilo, principal meio de obtenção de água e fertilização das terras, além de ser fundamental no estabelecimento de rotas comerciais com povos do norte (egípcios, assírios, asiáticos...) e povos do sul da África.
• O nome Núbia faz referência a uma das grandes riquezas deste povo, a exploração do ouro. O termo Nub, em hieroglífico, significa ouro, daí o nome Núbia, a terra do ouro.
• A Núbia se constituiu como um grande centro comercial onde circulavam egípcios, povos do mediterrâneo (gregos, assírios, hebreus...) e povos do sul da África.
• A região foi ocupada por povos predominantemente negros, daí a denominação grega de Etiópia: Terra dos faces queimadas.
Localização geográfica da Núbia.

Fotografia atual de navegação no rio Nilo. Disponível em

 O Reino de Cuxe:
• O Reino de Cuxe se desenvolveu entre os séculos XX a.C e IV d.C.
• O Reino de Cuxe se desenvolveu social, econômica e politicamente através de contatos constantes com outros povos, principalmente os egípcios, assírios, aksunitas e outros povos do sul da África. Estes contatos influenciaram a formação cultural deste reino.
• A prática comercial com tantos povos diferentes proporcionava uma troca cultural intensa entre os cuxitas e outros povos. O comércio também proporcionava um desenvolvimento econômico intenso deste reino.
• O Reino de Cuxe contava com grandes cidades, as principais foram: Kerma, Méroe e Napata.

Ruínas da Antiga cidade de Kerma.

Ilustração da cidade de Napata.
Disponível em:


 Ruínas da cidade de Méroe.
Disponível em http://www.uploadimages4free.com/upload/big/black_pharaos_meroe_sudan-2245.jpg


 Política:
• O Reino de Cuxe, foi governado por reis que eram lideres políticos e militares. Estes reis governaram um vasto território, cuja prosperidade resultava do controle das principais rotas comerciais às margens do rio Nilo.
• Durante séculos a região foi dominada pelo Faraó egípcio, sendo considerado um território do antigo Império do Egito. As relações entre os dois reinos, Cuxe e Egito, eram conflituosas, devido a interesses econômicos e políticos.
• A XXV Dinastia egípcia é composta por reis núbios, que governaram tanto o Egito quanto Cuxe.
• A administração do Reino de Cuxe ficava a cargo de funcionários reais, responsáveis pela coleta de impostos, pelos governos das cidades e regiões dominadas por este reino.

 Estátuas do exército cuxita Disponível em
http://realhistoryww.com/world_history/ancient/Images_Egypt/nubian_soldiers.jpg

 Coluna de Taharca (templo de Karnak), Faraó Cuxita que governou o Egito entre 690 a 664 a.C.
 Estátua do faraó Taharca. Disponível em

Candaces:
• Candace é um título derivado da palavra meroíta KTKE ou KDKE, cujo significado é rainha-mãe.
• As mulheres núbias da Antiguidade também desempenhavam papéis relevantes na vida política de seu povo. Existem vários indícios de que as mulheres de sangue real desempenhavam várias funções e ocupavam cargos de liderança no reino. Dentre essas funções destacava-se o papel das sacerdotisas do Templo de Amon e o cargo de rainha-mãe ou candace.
• O reino de Cuxe foi governado por várias Candaces. Ser candace era ocupar-se da administração civil, do comércio, dos exércitos, da religião e estabelecer relações diplomáticas com os reinos vizinhos.

Mural representando Candace Amenirdis I
Candace Amenirdis I. Disponível em
                                                                                                                                   Economia:
• A economia cuxita se desenvolveu através de atividades econômicas diversas. Dentre as principais podemos destacar:
• Mineração: a exploração de ouro e pedras preciosas no Reino de Cuxe atraiu comerciantes de várias partes do mundo antigo e tornou a região um grande centro comercial do Nilo. Além do ouro os cuxitas exploração o ferro, que os permitia produzir armas e ferramentas mais eficientes.
• A agricultura: Desenvolveu-se o cultivo de sorgo, trigo, lentilha, melão, pepino, tâmaras, dentre outro gêneros, graças à fertilidade e oferta de água do rio Nilo.
• Pecuária: O pastoreio era uma atividade fundamental para a economia cuxita, aproveitando-se das planícies e pastagens comuns na região.
• Artesanato e produção ceramista: a produção de artigos de peles de animais e plumas e a produção de joias tornou a região um grande centro de produção artesanal, além da cerâmica, extremamente ornamentada e famosa em diversas regiões do mundo antigo.
• Comércio: O comércio foi a principal atividade econômica cuxita, responsável pelo enriquecimento cultural, material, político e social do reino de Cuxe.

 Shaduf:
• Instrumento de irrigação desenvolvido por agricultores cuxitas no século XV a.C e fundamental para a irrigação de terras áridas no interior do território do Reino de Cuxe.
O sistema consistia em retirar água do rio Nilo, através de um balde, e represá-la em canais de irrigação, que a levavam para locais mais secos, permitindo o cultivo nestas regiões.
Ilustração do sistema Shaduf.
Utilização atual do Shaduf. Disponível em
        
 Sociedade:
• A sociedade cuxita, assim como outras sociedades antigas, foi marcadamente hierarquizada. Existiam vários grupos sociais responsáveis por diferentes funções sociais e ocupando diferentes posições de prestigio social e poder político. Os nobres eram responsáveis pela liderança da sociedade e detinham grande parte da riqueza produzida. Comerciantes e artesãos eram responsáveis pelas atividades econômicas desenvolvidas nas cidades e camponeses se voltavam para a produção agropecuária.
• Além destes grupos aa sociedade cuxita também se utilizava de escravos, responsáveis por atividades econômicas diversas e obtidos em guerras, prisioneiros.
  Cultura:
• O Reino de Cuxe criou, através de contatos com diversos povos, de culturas diferentes, uma cultura especifica e muito rica.
• Os principais contatos e trocas culturais cuxitas ocorreram com o Egito, devido a proximidade entre os dois reinos. Estes contatos marcaram e enriqueceram as duas culturas.
• A arquitetura, artes plásticas, escrita e costumes dos dois povos foram formados a partir destes contatos culturais.  
 Escrita Meroíta:
• Quando aconteceu o domínio da Núbia sobre o Egito, um idioma diferente do egípcio começou a surgir, ficando conhecido como meroíta. O idioma egípcio, praticamente desapareceu e não mais foi usado para se fazer as inscrições nos túmulos e monumentos cuxitas. Sob a influência de idiomas africanos, os hieróglifos foram, pouco a pouco, sendo substituídos e dando forma a uma escrita cursiva, a escrita meroíta.
• Esta escrita ainda não foi totalmente decifrada, sendo ainda hoje objeto de pesquisas e estudos por parte de historiadores e arqueólogos. 

 Escrita Meroíta. Disponível em

Religião:
• Os antigos núbios, assim como os egípcios, eram politeístas e praticamente cultuavam as mesmas divindades. Um mesmo deus podia ter nomes e aparências variadas, conforme a região ou período histórico. Alguns destes eram representados com formas humanas. Outros, porém, eram antropomorfos. Era comum a adoração de animais, dentre eles: o gato, o crocodilo, o carneiro, o leão, o elefante e outros.
• A tradição egípcia da mumificação e construção de monumentos funerários (Mastabas, Pirâmides, Hipogeus) foi adotada no Reino de Cuxe.

Deus Apedemak (Leão) conduzindo outros Deuses núbios.
Mural representando o Deus Leão, Apedemak. Disponível em
 
 Templos:
• Os estilos da arquitetura e da escultura religiosa do reino de Cuxe foram bastante influenciados pelos modelos egípcios, considerando a influência cultural que predominava nessa região, quando do período em que o Egito exercia controle sobre a Antiga Núbia.
Ruínas do Templo de Amón, em Djebel Barkal. Disponível em

 Necrópole de Nuri Disponível em

                          
Referências Bibliográficas:
• BRAICK, Patrícia Ramos. Estudar História: das origens do homem à era digital. 1 edição. São Paulo: Moderna,2011.
• CUNHA, Sônia Ortiz; GONÇALVES, José Rollo. Cuxe: O resgate histórico de um antigo reino Núbio. Disponível em
 Acessado em 05/05/2014, às 20:07 horas.

• LECLANT, J. O Império de Kush: Napata e Méroe. In:MOKHTAR, Gamal (org.). História geral da África: África Antiga. 2 edição. Brasília: UNESCO, 2010, Volume 2.                                                                                                                                                                                    

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917


A guerra de 1914-1918 não tinha ainda chegado ao seu fim quando, na Rússia, o Partido Socialista Bolchevista tomou o poder. Esse foi o acontecimento mais relevante gerado pela guerra. Tal fato, literalmente, modificou o curso da história do mundo.
A Revolução foi iniciada por partidos liberais ligados à burguesia que pretendiam transformar a Rússia num Estado liberal, nos moldes da Inglaterra ou da França. Foram, porém, surpreendidos pelo Partido Bolchevista organizado por Lenin, que transformou radicalmente a organização política do Estado, que passou a ser dirigido pelos sovietes, formados por soldados e camponeses, bem como sua organização econômica com base na propriedade coletiva e na igualdade social.
Para que a Revolução vingasse, tornou-se necessário enfrentar os inimigos do novo regime numa guerra revolucionária em que houve a intervenção de alguns países ocidentais. Essa guerra ajudou a dar coesão ao novo regime.
Em 1921, a Revolução tinha triunfado. Mas o país estava arruinado, sendo necessário um longo período de reorganização para que ele entrasse novamente em ritmo de desenvolvimento.

2. A CRISE DO ANTIGO REGIME NA RÚSSIA

O Antigo Regime na Rússia compunha-se de um poder político absoluto exercido pelo imperador (tsar ou czar), da antiga dinastia dos Romanov. Apoiava-se em uma organização basicamente agrária, tendo em vista que 85%da população vivia no campo. Os nobres proprietários de terra e a burguesia industrial e mercantil concentravam-se nas cidades, bem como os cossacos da Guarda Imperial, que representavam outros pontos de apoio.
O governo era autocrático. O imperador escolhia um corpo de ministros, seus auxiliares no governo. Não havia nenhuma forma de restrição efetiva ao seu poder.
Os problemas do Império Russo começaram efetivamente com a Guerra Russo-Japonesa de 1905, motivada pelo choque de interesses na Manchúria. A derrota ante os japoneses mostrou a deficiência do Estado tsarista, tornando evidente a urgência de reformas.
Os partidos políticos mais organizados iniciaram uma série
de manifestações contra o Império. Dentre eles merecem destaque o Partido Operário Social-Revolucionário Russo,
fundado em 1898, e o Partido Social-Democrático Russo, de 1902. Este último apresentava duas facções surgidas nas reuniões de Londres e Genebra, de 1903: os bolcheviques, de tendência radical, e os mencheviques, moderados e conciliadores.
Os movimentos de rua foram duramente reprimidos pelos cossacos, assinalando-se o Domingo Sangrento, de 22 de janeiro de 1905. Enquanto isso, a tripulação do couraçado
Potemkin amotinava-se contra seus oficiais. As greves multiplicavam-se, atingindo até mesmo a zona rural.
Esse conjunto de pressões levou o imperador a criar a Duma, espécie de Assembleia Legislativa. No fundo, era uma reação do poder imperial, que pretendia com essa concessão estancar os movimentos de rua e ganhar tempo para controlar o problema. As Dumas eleitas entre 1905 e
1912, ao todo em número de quatro, foram pressionadas, nada podendo fazer. O disfarce constitucional do Império Russo não durou muito tempo. Os efeitos da Grande Guerra, na qual a Rússia se viu envolvida, acabaram por desmascará-lo. A crise gerada pela guerra evidenciava a deficiência da estrutura imperial. Alguns dados poderão exemplificar melhor a questão: o exército precisava de 1,5 milhão de obuses e conseguiu apenas 360 mil; a balança comercial entre 1914 e 1917 apresentava um deficit que subira de 214 milhões de rublos em 1914 para 1,658 bilhões em 1917; em 1914, a dívida pública do Estado era de 1 bilhão de rublos, e em 1917 chegara a 10 bilhões; o meio circulante passou de 1,6 bilhão em 1914 para 9,5 bilhões em 1917. Os salários eram assim desvalorizados, por causa da inflação violenta, e as empresas com capitais nacionais iam à falência, aumentando a entrada do capital estrangeiro, o qual alcançaria 50% do capital total da Rússia em 1917 (33% era francês, 23% inglês, 20% ale mão, 14% belga e 5% norte-americano).
Nessa conjuntura de crises, os descontentamentos sociais cresceram; as greves eram numerosas. Somente no ano de 1916, entraram em greve cerca de 1.170.000 operários.

3. A REVOLUÇÃO BURGUESA: FEVEREIRO DE 1917

A burguesia liberal pressionava o governo, apoiada pela esquerda moderada. Provocaram manifestações dos trabalhadores nas ruas e uma greve geral paralisou os transportes em Petrogrado. O imperador não se preocupou muito, pois o movimento atinha-se à capital e, ademais, a guarnição militar da cidade era poderosa. Mas ele não contava com dois pontos essenciais: os soldados não se prestaram a reprimir os movimentos, com os quais eram coniventes, e os chefes socialistas puseram-se imediatamente a organizar a luta. No dia 12 de março (27 de fevereiro pelo calendário russo, atrasado 13 dias em relação ao calendário ocidental), os soldados recusaram-se a marchar contra o povo amotinado. Sem o exército, o poder político imperial desapareceu. Dois governos foram constituídos imediatamente, o primeiro por deputados da Duma; o segundo, intitulado soviete, era um conselho de soldados, trabalhadores e camponeses. Inicialmente, a Revolução limitou-se a Petrogrado, mas em seguida difundiu-se rapidamente. O tsar abdicou e os sovietes, que se organizavam para dirigir as grandes cidades, formaram, junto com a Duma, um governo provisório; a monarquia absolutista estava vencida.
O governo provisório era dirigido pelo príncipe Lvov e dominado pela burguesia. Pusera fim ao tsarismo para organizar uma República parlamentar liberal. Era fundamental, portanto, manter a Rússia no sistema de alianças mundial, o que significava continuar a guerra contra a Alemanha. A partir de maio, o ministro da Guerra, Kerensky, preparou uma grande ofensiva contra a Áustria-
Hungria, aliada da Alemanha.
O país não tinha condições para dar sequência à guerra, estava esgotado. Além disso, a burguesia não representava a massa. Era uma minoria reduzida que não tinha força suficiente para impedir a elevação dos preços, estimular a produção ou impedir as deserções dos soldados, muitos dos quais lutavam descalços.

4. A REVOLUÇÃO SOCIALISTA

A instabilidade política refletia a incapacidade do governo provisório. A cidade de Petrogrado transformou-se em núcleo revolucionário. Os bolcheviques aumentavam suas fileiras e o Congresso dos sovietes, controlado por eles, exigia a retirada da Rússia da guerra. O governo provisório perseguiu os líderes bolcheviques e reprimiu violentamente as manifestações públicas; Lenin refugiou-se na Finlândia.
Em julho, os bolcheviques contavam com o considerável número de cerca de 200 mil partidários. Contavam ainda com o apoio dos marinheiros da base de Kronstadt. O fracasso da ofensiva contra a Áustria-Hungria deu oportunidade à manifestação do dia 17 de julho, em Petrogrado. Caiu o governo provisório de Lvov, que foi substituído por Kerensky. Adversário dos bolcheviques, Kerensky não era menos socialista, só que mais moderado. Em setembro, o general Kornilov, ligado ao Antigo Regime, marchou em direção a Petrogrado. Kerensky foi obrigado a pedir ajuda, até mesmo aos bolcheviques. Kornilov foi batido, mas Kerensky mostrou sua dependência em relação aos trabalhadores e aos bolcheviques.
Preconizado por Karl Marx, o sistema de produção socialista só foi posto em prática no século XX, primeiramente na Rússia, depois de 1917; a seguir nos países comunistas da Europa Oriental; na China, depois de 1949; em Cuba, depois de 1959; e em outros países, perfazendo o total de 1/3 da população mundial, antes da queda do socialismo no Leste Europeu.

5. A REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917

A Rússia constituiu durante muito tempo o exemplo único de experiência socialista. Em 1917, a situação do Império Russo era de crise absoluta, agravada pela participação na Primeira Guerra Mundial. Disso se aproveitou o partido bolchevique (maioria) para tomar o poder num golpe político dirigido por Lenin. Esta foi a chamada Revolução de Outubro. Em fevereiro desse mesmo ano, ocorrera uma revolução burguesa que pretendia implantar um regime parlamentarista de governo na Rússia, tendo sido o governo exercido durante algum tempo por Kerensky, líder do partido socialista revolucionário. Para consolidar a Revolução dentro da Rússia, foi necessário enfrentar uma coligação internacional até 1921. Nesse período, Trotsky organizou o Exército Vermelho e propôs a ideia de uma revolução permanente que de veria ser difundida por todo o
mundo, ao que se opôs Stalin, que pretendia consolidar a Revolução na Rússia em primeiro lugar.

6. OS DEZ DIAS QUE ABALARAM O MUNDO

O Governo Provisório que dominava a Rússia desde a revolução de março de 1917 mostrava-se tão incapaz de controlar a economia ou de melhorar a situação militar quanto o governo tsarista. Pressionado pelo soviete de Petrogrado durante seus oito meses de existência, enfraqueceu-se ainda mais devido à revolta do General Kornilov, em setembro. A coalisão socialista, sob o comando de Kerensky, não deu ao povo a paz que almejava, nem as reformas econômica e agrária que os bolcheviques ofereciam.
Em maio, durante a conferência partidária, Lenin havia conseguido aprovar suas “teses de abril”, propondo a paz, a não cooperação com o Governo Provisório e a transferência de poder desta entidade burguesa para os sovietes, tão logo estes fossem dominados pelos bolcheviques proletários. Estes sovietes (conselhos) de representantes de trabalhadores e de soldados haviam surgido em todo o país após a Revolução de Fevereiro (existiram alguns, de curta duração, em 1905). Seus membros eram eleitos nas fábricas e nas casernas e alguns foram constituídos na zona rural. Eram mais populares do que o Governo Provisório.
Em setembro, os bolcheviques haviam-se assegurado da maioria nos sovietes de Petrogrado e de Moscou, em bora os mencheviques e os revolucionários socialistas ainda do minassem o Comitê Executivo Central do Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, que se reunira pela primeira vez em junho, elegendo seu corpo diretivo. Lenin achava que as condições eram, então, propícias à revolução socialista. “Todo poder aos sovietes” tornou-se a palavra de ordem.
No dia 23 de outubro, numa reunião do Comitê Central do Partido Bolchevista, tomou-se a decisão de preparar uma insurreição armada.
Para pôr em prática tal decisão, foi formado um departamento político (Politburo). Dois dias mais tarde, o soviete de Petrogrado constituiu um Comitê Militar Revolucionário, sob a presidência de Trotsky. Foi este organismo e não o Politburo do partido que preparou e executou o golpe sub sequente. A 3 de outubro, as tropas da guarnição de Petrogrado reconheceram no soviete de Petrogrado único poder e, no dia 5, a Fortaleza de Pedro e Paulo, onde havia um arsenal de 100.000 fuzis, passou para o lado do soviete. Na noite de 6 para 7 de setembro, o Comitê Militar Revolucionário, se dia do no Instituto Smolny, deu a senha para o início da ação. (John Reed)

 A organização econômica do Novo Regime

Assim que os comunistas tomaram o poder na Rússia, implantaram o governo do povo, a ditadura do proletariado, que se fazia representar pelos sovietes. Decretou-se a comunização total: os bens de produção foram estatizados, as indústrias com mais de cinco empregados e as terras foram coletivizadas, a moeda foi extinta, criando-se um bônus correspondente às horas de trabalho e que poderia ser trocado por alimentos e serviços.
As dificuldades foram a oposição interna (camadas descontentes) e a, pressão externa. Por isso foi adotada a NEP (Nova Política Econômica), a partir de 1921. As pequenas indústrias voltaram à situação anterior; a venda dos produtos agrícolas foi devolvida aos camponeses; e a moeda voltou a circular. Lenin pretendia dar um passo atrás para poder “dar dois passos à frente”. A produção agrícola recuperou-se rapidamente, bem como a produção industrial. Porém, os kulaks, camponeses abastados, enriqueciam com a alta de preços.

A sucessão a Lenin

Em 1924, morria o grande líder da Revolução Russa, Lenin, que deixara em aberto o processo de sucessão.
Eram dois os candidatos: Stalin, que defendia a tese do socialismo em um só país, e Trotsky, que defendia a expansão imediata da revolução socialista. Apesar de Trotsky ser ortodoxo – seguidor fiel das teses marxistas –, suas propostas foram rejeitadas pelo Congresso do PCUS, que entregou a chefia do governo a Stalin, iniciando o período da era stalinista.

7. STALINISMO

O termo stalinismo define o período em que a URSS foi governada por Josef Vissarionovith Djuga tchvili, ou simplesmente Josef Stalin (que significa “de aço”), entre 1924 e 1953.
A ascensão de Stalin significou uma mudança radical no processo de implantação do socialismo, tal como era concebido pela Revolução Bolchevique.
Em termos políticos, a ascensão de Stalin significou a implantação de um Estado extremamente burocratizado e autoritário, controlado por uma elite militar, que tomava as decisões independentemente da população ou de seus organismos de representação.
Em 1927, foi anunciado o primeiro plano quinquenal, cuja finalidade era o desenvolvimento da indústria pesada. Seguiram-se outros planos quinquenais, que desenvolveram a produção industrial e agrícola.
A grande dificuldade estava na agricultura, em relação à qual o governo abandonou a ideia de coletivização total e criou as granjas coletivas (kolkhozes) e as fazendas estatais (sovkhozes). Existia um mercado paralelo em que os camponeses podiam vender os excedentes da produção, a qual de veria ser fornecida ao Estado a preços de custo.
A produção econômica global era planificada e dirigida por um órgão central, o Gosplan. Um banco central, o Gosbank, acumulava os capitais em nome do Estado, cerca de 25% do produto global, e os distribuía para os bancos industriais, comerciais e agrícolas.
Os bens de produção foram incrementados em detrimento dos bens de consumo. O comércio era realizado em grandes lojas do Estado e a variedade dos produtos era muito reduzida, pois a padronização diminuía os custos.
O avanço da economia soviética em relação aos países capitalistas foi muito grande no setor industrial, mas permaneceu atrasado no setor agrícola.
A ideia de uma sociedade comunista preconizada por Marx esteve bem longe de realizar-se na Rússia, onde foi necessário distinguir com salário os trabalhadores mais eficientes, e ao mesmo tempo realizar a conversão da produção industrial para bens de consumo. Existia uma elite intelectual, os grandes cientistas e a cúpula dirigente do partido, que preservava alguns privilégios em relação aos demais membros da população.
Os países socialistas são mono partidários, isto é, só o Partido Comunista é legalizado e a única forma de participação política é pertencer ao partido. A unidade básica de poder é o soviete de camponeses, operários e soldados, de onde saem os representantes para eleger os membros do governo.
Abolindo os cultos e as religiões tradicionais, violentamente perseguidos nos países socialistas, acabou-se por criar uma nova forma de religião, a religião do Estado.

5. CRONOLOGIA
1898 – Partido Social Democrata Russo.
1903 – Congresso de Londres: bolcheviques e mencheviques.
1905 – Derrota para o Japão na disputa pela Manchúria.
1914-17 – Rússia luta ao lado da Entente na Primeira Guerra Mundial.
1917 – Revolução Burguesa Fev. de 1917 – A Revolução Burguesa depõe o czar Nicolau II. Out. de 1917 – Revolução Bolchevista.
1918-1921 – Guerra Civil.
1921 – A implantação da NEP (Nova Política Econômica).
1924 – Morte de Lenin, substituído por Stalin.
1928 – Início dos Planos Quinquenais.

1953 – Morte de Stalin.