9ª Aula de
SOCIOLOGIA 3ºs ANOS Ensino Médio -
MUDANÇA SOCIAL
Conceito geral: é toda
transformação observável no tempo que afeta, de maneira não provisória nem
efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social de determinada
coletividade, modificando o curso de sua história.
De uma maneira geral, a ideia de
mudança social está fortemente associada às de progresso, desenvolvimento e
evolução, embora isso nem sempre ocorra. As mudanças sociais podem ocorrer
também para piorar a situação de uma sociedade.
Exemplo: a vinda dos europeus
para as Américas provocou a desorganização e a desestruturação dos povos
ameríndios, muitos dos quais acabaram sendo escravizados ou mortos. Outros
acabaram associando-se ao colonizador, renunciando à sua cultura e seus
valores.
A sociedade é uma realidade em
constante mudança; As mudanças ocorrem devido a um conjunto de fatores morais,
culturais, econômicos e institucionais que interagem entre si para produzir o
processo de mudança. As sociedades urbanas se transformam com maior velocidade
do que as sociedades rurais ou tribais; mesmo assim, todas as sociedades estão
sempre se transformando. Toda mudança social implica em mudança cultural e
vice-versa, pois a cultura engloba todos os domínios da vida social e o nosso
comportamento está ligado aos modos culturalmente estabelecidos de perceber a
realidade.
As formas de organização da
sociedade podem ser substancialmente alteradas por mudanças sociais. A partir
dessas mudanças, a história das sociedades vai assumindo formas próprias,
específicas de cada sociedade. Moderno versus arcaico, dinâmico versus
conservador. Uma das capacidades mais
marcantes da sociedade moderna tem sido sua capacidade de produzir e absorver
as mudanças sociais. Cada mudança social representa uma ruptura com a tradição.
FATORES DE MUDANÇA SOCIAL: Não há um padrão fixo referente ao
assunto. Em geral, são os seguintes:
- GEOGRÁFICOS: condições climáticas, cataclismas, disponibilidade
de recursos naturais (petróleo, minérios, etc.), ou escassez (ex: seca) têm
sido causa de mudança social. A seca no Nordeste brasileiro é um exemplo, pois
provoca a desarticulação de várias famílias de baixa renda, através da migração
forçada, temporária ou permanente de famílias inteiras ou de seus membros
isoladamente.
- LIDERANÇAS CARISMÁTICAS: Moisés, Maomé, Jesus, Calvino, Lênin,
Gandhi, Vargas, Marx, etc., podem ser apontados como personalidades que,
através de suas qualidades de liderança, provocaram mudanças.
Em alguns casos, a mudança não
foi mérito das qualidades pessoais do líder, pois, se por um lado ele possui
qualidades, por outro lado, elas são resultado de mudanças sociais da própria
sociedade, ou seja, a cultura e a sociedade atuaram sobre o líder, ou seja, ele
também é fruto da mudança cultural.
Portanto, as mudanças sociais são
causadas pela atuação de líderes carismáticos e pelas forças socioculturais que
agem sobre eles. Exemplo: a legislação trabalhista que Vargas implantou não foi
um presente que ele deu ao Brasil, mas foi o resultado da pressão social então
existente: a intensa luta do proletariado urbano em busca de melhores condições
de vida levou Vargas a promover a introdução das leis trabalhistas.
- IDEOLÓGICOS (Inclui o econômico, social e cultural): através da
difusão cultural (exemplo: literatura), a ideologia passa a ser divulgada,
podendo provocar mudança social. exemplos: a divulgação do marxismo na Rússia e
em outros países levou à revolução socialista. A ética calvinista estimulou o
avanço do capitalismo nos países de maioria protestante. Por outro lado, o
islamismo no mundo árabe é um fator de manutenção dos valores tradicionais,
onde as mudanças sociais ocorrem de maneira mais devagar.
- INVENÇÕES E DESCOBERTAS (inclui forças endógenas): descoberta é a
anunciação ou revelação de princípio cientifico até então desconhecido, mas que
já existia na ordem natural. Invenção é a criação de algo até então
inexistente, permitindo aplicação prática ao princípio cientifico. As
descobertas só se tornam causa de mudança social quando são transformadas em
invenções. Ex: a máquina a vapor só existiu por causa dos conhecimentos da
física, assim como a lâmpada só foi inventada após a descoberta da
eletricidade.
As invenções podem ser materiais
e sociais. Exemplos de invenções sociais: bancos, leis, religiões, sindicatos,
voto secreto, democracia, o princípio da divisão dos poderes do Estado, etc.
Obs: Nem toda invenção de normas legais implica em mudança social;
A mudança depende da sua divulgação e de sua coercibilidade, seja pela sua
aceitação, seja pela fiscalização do seu cumprimento. Na maioria dos casos,
descobertas e invenções não são feitas por acaso, mas surgem como resposta a
necessidades, por um lado, e por outro, quando existem condições socioculturais
para o seu surgimento. Ex: a máquina a vapor e o tear mecânico só foram
inventados porque havia a necessidade de se produzir mais em menos tempo com
menor custo para vencer a concorrência, dando início à revolução industrial.
-DIFUSÃO (inclui forças exógenas ou externas, globalização): é
considerada o mais importante fator de mudança social, pois é através do
contato entre sociedades que as descobertas e invenções são difundidas e
incorporadas. Exemplos:
a) a invenção do papel e da
tipografia foram responsáveis pela ampla difusão de ideias, muitas das quais
eram tidas como perigosas para os governantes. No Brasil colônia era proibido
ter imprensa, para evitar a propagação das ideias consideradas subversivas à
Coroa.
b) a expansão marítima, fruto do
avanço na tecnologia das naus, levou o europeu a invadir e colonizar as
Américas, promovendo ampla mudança social na vida dos povos ameríndios.
c) As cidades e os portos abertos
(no Brasil colônia, os portos eram fechados) foram grandes promotores de novas
ideias de mudança social.
d) na atualidade, os meios de
comunicação de massa são os mais eficientes instrumentos de mudança social.
RITMO DE MUDANÇA E DEFASAGEM CULTURAL
O ritmo da mudança social não é
homogêneo em todas as sociedades. Há segmentos sociais que mudam mais
rapidamente do que outros. As instituições econômicas, por exemplo, mudam mais
rapidamente do que os padrões de organização familiar. Essa diferença no ritmo
de mudanças recebe o nome de defasagem cultural. As áreas institucionais às
quais pertencem os valores básicos e as normas consideradas sagradas da
sociedade (ex: família e religião) são mais resistentes às mudanças.
Religião e mudança social: No
mundo muçulmano, mais conservador, a mudança social é muito mais lenta do que
no cristianismo ocidental. Isto também se deve à questão da inexistência de
democracia no mundo islâmico, onde prevalecem ditaduras, sultanatos, teocracias
ou monarquias absolutistas.
Família e mudança social: Ao
longo das últimas décadas, vários países do ocidente, incluindo o Brasil
(principalmente nas grandes cidades) passaram por mudanças nos padrões
familiares, algo inimaginável para gerações anteriores. A grande diversidade de
famílias e formas de agregados familiares tornou-se um traço distintivo da
época atual. As pessoas têm menos probabilidades de se virem a casar como
ocorria no passado, e quando casam, fazem-no numa idade mais tardia. O índice
de divórcios subiu significativamente, contribuindo para o crescimento das
famílias monoparentais (comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes)". São famílias recompostas a partir de segundos casamentos,
ou através de novas relações que envolvem filhos de relações anteriores. As
pessoas optam cada vez mais por viver juntos antes do casamento, ou como
alternativa ao casamento. O mundo familiar é hoje muito diferente do que era há
cinquenta anos atrás. Apesar das instituições do casamento e da família ainda
existirem e serem importantes nas nossas vidas, o seu caráter mudou
radicalmente.
O maior número de divórcios
alterou o comportamento e o modo de vida de muitos filhos de casamentos
desfeitos. Os filhos podem então, perder o referencial sobre o que é casamento
e família.
MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO AUGUSTE COMTE. Para Comte, a mudança social
era determinística, pois pressupunha um progresso contínuo e linear, pelo qual
todas as sociedades passariam necessariamente, assim como todas as ciências
atravessaram os três estágios da humanidade (teológico, metafísico e
positivo). Para Comte, a mudança (sempre
associada à ideia de progresso) só ocorreria através do avanço da ciência, mas
para isso, era necessário que a situação vigente (ordem) não fosse alterada.
Comte afirmava que a desarmonia social era resultado da incapacidade de os
homens se adequarem a uma nova ordem representada pela sociedade industrial em
expansão. Ele acreditava que através de valores como a ciência, a moral, a
ordem e o progresso, a sociedade seria reformada. Seu ponto de partida era a
reforma intelectual e moral do homem.
MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO DURKHEIM
Em sua análise sobre as mudanças
sociais, Durkheim observou que na história das sociedades houve uma evolução da
solidariedade mecânica para a orgânica por causa da crescente divisão do
trabalho. Isso se deveu a fatores demográficos: o aumento da população
ocasionou intensidade de interações, complexidade de relações sociais e aumento
da qualidade desses vínculos.
Solidariedade Mecânica: é característica das sociedades ditas
"primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos
humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a
integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se
refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais
necessários a subsistência do grupo (coletivismo). É essa igualdade de ideias,
funções, interesses e valores que asseguram a coesão social.
Solidariedade orgânica: predomina nas sociedades
"modernas" ou "complexas", onde há maior diferenciação
individual e social. Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças
sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de
cada indivíduo é mais acentuada (individualismo). A divisão econômica do trabalho
social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e
variedade das atividades industriais. Durkheim concebe as sociedades complexas
como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que
neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro
para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho
faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social,
que não está baseada em igualdade de crenças, valores, usos e costumes, é
obrigatório o uso da coerção e punição, através de códigos, regras, direitos,
deveres, aparelhos repressores e punitivos, através do Direito e do Estado.
A MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO MAX WEBER
Para Weber, o Protestantismo foi
uma das principais causas para o avanço do capitalismo e para o surgimento da
Revolução Industrial. Weber afirmava que os valores protestantes, como a
frugalidade, o pensamento independente e a autossuficiência, foram necessários à
criação e crescimento do pensamento capitalista e às ações conducentes à
Revolução Industrial. Essas observações estão em sua grande obra "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo".
A MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO KARL MARX
Para Marx e Engels, as sociedades
mudavam a partir das transformações ocorridas na infraestrutura econômica e na
superestrutura. Para Marx, "todas as sociedades estão baseadas nas forças
econômicas (a infraestrutura) e as mudanças nesta tendem a comandar as
alterações na superestrutura (instituições políticas, culturais, legais, etc.).
Para Marx, o materialismo dialético e histórico era o motor da história humana,
onde as transformações ocorriam através de processos de transformação social
profundos (as revoluções).
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