quarta-feira, 27 de julho de 2016

9ª Aula de SOCIOLOGIA  3ºs ANOS Ensino Médio - MUDANÇA SOCIAL
Conceito geral: é toda transformação observável no tempo que afeta, de maneira não provisória nem efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social de determinada coletividade, modificando o curso de sua história.
De uma maneira geral, a ideia de mudança social está fortemente associada às de progresso, desenvolvimento e evolução, embora isso nem sempre ocorra. As mudanças sociais podem ocorrer também para piorar a situação de uma sociedade.
Exemplo: a vinda dos europeus para as Américas provocou a desorganização e a desestruturação dos povos ameríndios, muitos dos quais acabaram sendo escravizados ou mortos. Outros acabaram associando-se ao colonizador, renunciando à sua cultura e seus valores.

A sociedade é uma realidade em constante mudança; As mudanças ocorrem devido a um conjunto de fatores morais, culturais, econômicos e institucionais que interagem entre si para produzir o processo de mudança. As sociedades urbanas se transformam com maior velocidade do que as sociedades rurais ou tribais; mesmo assim, todas as sociedades estão sempre se transformando. Toda mudança social implica em mudança cultural e vice-versa, pois a cultura engloba todos os domínios da vida social e o nosso comportamento está ligado aos modos culturalmente estabelecidos de perceber a realidade.
As formas de organização da sociedade podem ser substancialmente alteradas por mudanças sociais. A partir dessas mudanças, a história das sociedades vai assumindo formas próprias, específicas de cada sociedade. Moderno versus arcaico, dinâmico versus conservador.  Uma das capacidades mais marcantes da sociedade moderna tem sido sua capacidade de produzir e absorver as mudanças sociais. Cada mudança social representa uma ruptura com a tradição.

FATORES DE MUDANÇA SOCIAL: Não há um padrão fixo referente ao assunto. Em geral, são os seguintes:
- GEOGRÁFICOS: condições climáticas, cataclismas, disponibilidade de recursos naturais (petróleo, minérios, etc.), ou escassez (ex: seca) têm sido causa de mudança social. A seca no Nordeste brasileiro é um exemplo, pois provoca a desarticulação de várias famílias de baixa renda, através da migração forçada, temporária ou permanente de famílias inteiras ou de seus membros isoladamente.

- LIDERANÇAS CARISMÁTICAS: Moisés, Maomé, Jesus, Calvino, Lênin, Gandhi, Vargas, Marx, etc., podem ser apontados como personalidades que, através de suas qualidades de liderança, provocaram mudanças.
Em alguns casos, a mudança não foi mérito das qualidades pessoais do líder, pois, se por um lado ele possui qualidades, por outro lado, elas são resultado de mudanças sociais da própria sociedade, ou seja, a cultura e a sociedade atuaram sobre o líder, ou seja, ele também é fruto da mudança cultural.
Portanto, as mudanças sociais são causadas pela atuação de líderes carismáticos e pelas forças socioculturais que agem sobre eles. Exemplo: a legislação trabalhista que Vargas implantou não foi um presente que ele deu ao Brasil, mas foi o resultado da pressão social então existente: a intensa luta do proletariado urbano em busca de melhores condições de vida levou Vargas a promover a introdução das leis trabalhistas.

- IDEOLÓGICOS (Inclui o econômico, social e cultural): através da difusão cultural (exemplo: literatura), a ideologia passa a ser divulgada, podendo provocar mudança social. exemplos: a divulgação do marxismo na Rússia e em outros países levou à revolução socialista. A ética calvinista estimulou o avanço do capitalismo nos países de maioria protestante. Por outro lado, o islamismo no mundo árabe é um fator de manutenção dos valores tradicionais, onde as mudanças sociais ocorrem de maneira mais devagar.

- INVENÇÕES E DESCOBERTAS (inclui forças endógenas): descoberta é a anunciação ou revelação de princípio cientifico até então desconhecido, mas que já existia na ordem natural. Invenção é a criação de algo até então inexistente, permitindo aplicação prática ao princípio cientifico. As descobertas só se tornam causa de mudança social quando são transformadas em invenções. Ex: a máquina a vapor só existiu por causa dos conhecimentos da física, assim como a lâmpada só foi inventada após a descoberta da eletricidade.
As invenções podem ser materiais e sociais. Exemplos de invenções sociais: bancos, leis, religiões, sindicatos, voto secreto, democracia, o princípio da divisão dos poderes do Estado, etc.
Obs: Nem toda invenção de normas legais implica em mudança social; A mudança depende da sua divulgação e de sua coercibilidade, seja pela sua aceitação, seja pela fiscalização do seu cumprimento. Na maioria dos casos, descobertas e invenções não são feitas por acaso, mas surgem como resposta a necessidades, por um lado, e por outro, quando existem condições socioculturais para o seu surgimento. Ex: a máquina a vapor e o tear mecânico só foram inventados porque havia a necessidade de se produzir mais em menos tempo com menor custo para vencer a concorrência, dando início à revolução industrial.

-DIFUSÃO (inclui forças exógenas ou externas, globalização): é considerada o mais importante fator de mudança social, pois é através do contato entre sociedades que as descobertas e invenções são difundidas e incorporadas.  Exemplos:
a) a invenção do papel e da tipografia foram responsáveis pela ampla difusão de ideias, muitas das quais eram tidas como perigosas para os governantes. No Brasil colônia era proibido ter imprensa, para evitar a propagação das ideias consideradas subversivas à Coroa.
b) a expansão marítima, fruto do avanço na tecnologia das naus, levou o europeu a invadir e colonizar as Américas, promovendo ampla mudança social na vida dos povos ameríndios.
c) As cidades e os portos abertos (no Brasil colônia, os portos eram fechados) foram grandes promotores de novas ideias de mudança social.
d) na atualidade, os meios de comunicação de massa são os mais eficientes instrumentos de mudança social.

RITMO DE MUDANÇA E DEFASAGEM CULTURAL
O ritmo da mudança social não é homogêneo em todas as sociedades. Há segmentos sociais que mudam mais rapidamente do que outros. As instituições econômicas, por exemplo, mudam mais rapidamente do que os padrões de organização familiar. Essa diferença no ritmo de mudanças recebe o nome de defasagem cultural. As áreas institucionais às quais pertencem os valores básicos e as normas consideradas sagradas da sociedade (ex: família e religião) são mais resistentes às mudanças.
Religião e mudança social: No mundo muçulmano, mais conservador, a mudança social é muito mais lenta do que no cristianismo ocidental. Isto também se deve à questão da inexistência de democracia no mundo islâmico, onde prevalecem ditaduras, sultanatos, teocracias ou monarquias absolutistas.
Família e mudança social: Ao longo das últimas décadas, vários países do ocidente, incluindo o Brasil (principalmente nas grandes cidades) passaram por mudanças nos padrões familiares, algo inimaginável para gerações anteriores. A grande diversidade de famílias e formas de agregados familiares tornou-se um traço distintivo da época atual. As pessoas têm menos probabilidades de se virem a casar como ocorria no passado, e quando casam, fazem-no numa idade mais tardia. O índice de divórcios subiu significativamente, contribuindo para o crescimento das famílias monoparentais (comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes)". São famílias recompostas a partir de segundos casamentos, ou através de novas relações que envolvem filhos de relações anteriores. As pessoas optam cada vez mais por viver juntos antes do casamento, ou como alternativa ao casamento. O mundo familiar é hoje muito diferente do que era há cinquenta anos atrás. Apesar das instituições do casamento e da família ainda existirem e serem importantes nas nossas vidas, o seu caráter mudou radicalmente.
O maior número de divórcios alterou o comportamento e o modo de vida de muitos filhos de casamentos desfeitos. Os filhos podem então, perder o referencial sobre o que é casamento e família.
MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO AUGUSTE COMTE. Para Comte, a mudança social era determinística, pois pressupunha um progresso contínuo e linear, pelo qual todas as sociedades passariam necessariamente, assim como todas as ciências atravessaram os três estágios da humanidade (teológico, metafísico e positivo).  Para Comte, a mudança (sempre associada à ideia de progresso) só ocorreria através do avanço da ciência, mas para isso, era necessário que a situação vigente (ordem) não fosse alterada. Comte afirmava que a desarmonia social era resultado da incapacidade de os homens se adequarem a uma nova ordem representada pela sociedade industrial em expansão. Ele acreditava que através de valores como a ciência, a moral, a ordem e o progresso, a sociedade seria reformada. Seu ponto de partida era a reforma intelectual e moral do homem.
MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO DURKHEIM
Em sua análise sobre as mudanças sociais, Durkheim observou que na história das sociedades houve uma evolução da solidariedade mecânica para a orgânica por causa da crescente divisão do trabalho. Isso se deveu a fatores demográficos: o aumento da população ocasionou intensidade de interações, complexidade de relações sociais e aumento da qualidade desses vínculos.
Solidariedade Mecânica: é característica das sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo (coletivismo). É essa igualdade de ideias, funções, interesses e valores que asseguram a coesão social.
Solidariedade orgânica: predomina nas sociedades "modernas" ou "complexas", onde há maior diferenciação individual e social. Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada (individualismo). A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social, que não está baseada em igualdade de crenças, valores, usos e costumes, é obrigatório o uso da coerção e punição, através de códigos, regras, direitos, deveres, aparelhos repressores e punitivos, através do Direito e do Estado.
A MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO MAX WEBER
Para Weber, o Protestantismo foi uma das principais causas para o avanço do capitalismo e para o surgimento da Revolução Industrial. Weber afirmava que os valores protestantes, como a frugalidade, o pensamento independente e a autossuficiência, foram necessários à criação e crescimento do pensamento capitalista e às ações conducentes à Revolução Industrial. Essas observações estão em sua grande obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".

A MUDANÇA SOCIAL SEGUNDO KARL MARX

Para Marx e Engels, as sociedades mudavam a partir das transformações ocorridas na infraestrutura econômica e na superestrutura. Para Marx, "todas as sociedades estão baseadas nas forças econômicas (a infraestrutura) e as mudanças nesta tendem a comandar as alterações na superestrutura (instituições políticas, culturais, legais, etc.). Para Marx, o materialismo dialético e histórico era o motor da história humana, onde as transformações ocorriam através de processos de transformação social profundos (as revoluções).

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