AULA DE FILOSOFIA 2º ANO ENSINO MÉDIO, M, T, E N
Introdução à fenomenologia
1. Introdução à
Fenomenologia Prof. Edson Couto
2. • O conhecimento ocorre a partir da relação entre um
sujeito e um objeto.
• Será que conhecemos os objetos tal qual eles são “em si
mesmos”? Ou conhecemos apenas uma representação mental (uma imagem) do que eles
são?
• Como é possível o conhecimento dos objetos?
• Quais são as condições, os limites e as possibilidades de
um conhecimento das coisas mesmas?
O problema do conhecimento
3. O problema do conhecimento
• Para responder a esses questionamentos, duas tradições ou
escolas filosóficas se destacaram:
• O Empirismo:
corrente filosófica que defende a independência ontológica da realidade em
relação aos nossos esquemas conceptuais e mentais. As ideias ou imagens que
temos dos objetos da realidade correspondem à própria realidade das coisas. A
fonte do conhecimento é a realidade, conhecida através das nossas sensações e
experiências.
• O Racionalismo:
defende a primazia do sujeito na construção do conhecimento em relação ao
objeto, ou seja, o que vemos da realidade não corresponde exatamente ao que “as
coisas são em si mesmas”.
As fontes do
conhecimento são as ideais claras e distintas que são alcanças através do
próprio exercício racional e dedutivo.
4. Immanuel Kant (1724
– 1804)
• Um dos mais importantes filósofos da modernidade;
• Influenciou profundamente o Iluminismo e buscou uma síntese
entre racionalismo e empirismo;
• Sua reflexão filosófica buscou responder a 3 perguntas:
1. Que posso saber?
2. Que devo fazer?
3. Que me é dado esperar?
5. Racionalismo e
Empirismo
• Para Kant o racionalismo e o empirismo são concepções
insuficientes para explicar o conhecimento humano (o que podemos saber);
• “Kant afirmou que apesar da origem do conhecimento ser a
experiência se alinhando aí com o empirismo, existem certas condições a priori
para que as impressões sensíveis se convertam em conhecimento fazendo assim uma
concessão ao racionalismo”. (Fernando Lang da Silveira, 2002).
6. O Conhecimento
Transcendental
• Transcendental = o que é comum a todos os homens,
transcende os casos particulares e individuais;
• São as condições a priori do entendimento de qualquer experiência,
ou seja, o entendimento, a razão impõe aos objetos conceitos a priori.
• O conhecimento para Kant só é possível porque existem as
faculdades humanas de cognição, ou seja, “estruturas” mentais que nos
possibilitam organizar as percepções e o conhecimento. Essas estruturas são
transcendentais e a priori, comuns a todos os indivíduos.
7. O Conhecimento
Transcendental “Denomino transcendental todo o conhecimento que em geral se
ocupa não tanto com os objetos, mas com nosso modo de conhecimento de objetos
na medida em que este deve ser possível a priori. Um sistema de tais conceitos
denominar-se-ia filosofia transcendental” (Kant. Crítica da Razão Pura).
8. O Idealismo
Transcendental
• A nossa percepção “organiza” o nosso conhecimento das
coisas, por isso, os objetos que vemos não são os objetos em si (“as coisas em
si mesmas”, mas sim a forma como esses objetos se apresentam para nós, como
fenômenos);
• Para Kant o que vemos é a representação das coisas na nossa
percepção.
9. O conhecimento
humano
• Para Kant, há duas fontes principais de conhecimento no
sujeito:
·
A sensibilidade, modo receptivo-passivo por meio do
qual os objetos nos afetam, sendo a intuição a maneira como nos referimos a
esses objetos.
·
O entendimento, por meio do qual os objetos são
pensados como conceitos (categorias).
10. "Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e
sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios,
intuições sem conceitos são cegas.“ (kant, Crítica da Razão Pura, p. 75). Dito
de outra forma: “a sensação sem a razão é vazia e a razão sem a sensação é
cega” (Fernando Lang da Silveira, 2002) Racionalismo ou Empirismo? Os dois!
• Resumindo: Os
pensamentos, sem o conteúdo da experiência (dados através da sensibilidade na
intuição), seriam vazios de realidade (racionalismo); por outro a experiência
dos objetos, sem os conceitos a priori, não teria nenhum sentido para nós
(empirismo). Racionalismo ou Empirismo?
Os dois!
11. Edmund Husserl (1859-1938)
• Husserl buscou realizar uma profunda crítica da ciência
positivista e da razão objetiva vigentes em sua época.
• Para ele era necessário construir um novo método para o
conhecimento, que deveria adotar uma perspectiva fenomenológica.
• A Fenomenologia seria então um método para conhecer a
essência das coisas e da própria consciência.
• Husserl retoma a interrogação sistemática que analisa as
condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas mesmas.
• Ele busca então uma renovação-continuação da atitude
radical, sendo essa atitude, a atitude da crítica da razão.
• Essa crítica da razão implica uma crítica da ciência do
conhecimento a priori, ou como em Kant, do conhecimento transcendental (puro).
12. Husserl e a
crítica da Razão
• Tentativa de superar o ceticismo (descrença) em relação à
capacidade de conhecer do sujeito.
• Construção de uma ciência transcendental dos fenômenos da
consciência enquanto consciência.
• Proposição de um método fenomenológico, conhecido como
redução fenomenológica que busca o retorno à consciência, por isso é
considerada gnosiológica.
• Defesa da substituição da “atitude natural” e do
“conhecimento natural” pela “atitude fenomenológica”.
13. A crítica ao
Positivismo e às ciências naturais
• O Positivismo defendeu o primado do objeto e a anulação de
qualquer subjetividade.
• Só tem valor de conhecimento o conhecimento objetivo.
• Para Husserl esse afã positivista pela objetividade afastou
as ciência e o conhecimento do seu verdadeiro propósito: o homem real, o mundo
da vida.
• O erro, segundo Husserl, das ciências e do naturalismo
ingênuo é considerar o mundo dado e preexistente como objetivo e independente
da consciência de um sujeito.
• Husserl critica a perspectiva das ciências positivas pois para
estas os objetos são considerados como independentes do observador.
• Já Husserl defende que os objetos se apresentam enquanto
fenômenos para uma consciência, ou seja, a fenomenologia procura enfatizar que
o objeto se constitui enquanto objeto a partir da sua relação com uma
consciência.
• Dessa forma o objeto não é independente do sujeito que o
conhece e nem o sujeito é independente dos objetos que conhece.
A crítica ao
Positivismo e às ciências naturais
14. A crítica às
Ciências Humanas e à Psicologia
• Segundo Husserl o problema da Psicologia e das Ciências
Humanas é ter usado o mesmo métodos das ciências naturais.
• As ciências humanas buscam a medição de seus objetos sem ao
menos buscar explicar o que eles são.
• O Psicologismo, segundo Husserl, é uma naturalização
forçada dos objetos humanos como se fossem objetos físicos.
15. A Fenomenologia
• A busca pelo conhecimento seguro e verdadeiro, leva Husserl
e a defender uma atitude científica (atitude fenomenológica) em relação à
experiência.
• Precisamos, dessa forma, deixar de lado ou colocar entre parênteses todas
as nossas suposições, nossos “pré-conceitos” acerca das coisas e da
experiência, o “senso comum”.
• Seria como um “limpar a mente”, livrá-la de toda e qualquer
interferência, para olharmos pacientemente e cuidadosamente para o que experimentamos.
16. A Epoché
Fenomenológica
• Para Husserl não devemos considerar o resultado dos
processos perceptivos como descrições objetivas do mundo.
• A Fenomenologia como método, busca exatamente servir de
exercício que o sujeito realiza sobre si mesmo para alcançar ideias claras e
suspender os seus “pré-juízos”.
• A epoché ou redução fenomenológica é uma atitude que visa
colocar entre parênteses todos os hábitos, as convicções ingênuas e as
considerações obvias pré-concebidas.
• A atitude fenomenológica visa o esvaziamento da mente de
tudo o que é fictício, não necessário, casual e pessoal, para colocar o sujeito
na condição de espectador ingênuo e desinteressado do mundo.
• “Depois de assim ser libertado de uma parte de si mesmo,
por meio de um trabalho demorado e árduo, será capaz de analisar com a devida
objetividade o mundo e os fenômenos da consciência e do espírito”. (NICOLA,
2005).
• Precisamos inicialmente colocar entre parêntesis tudo o que
nos é dado do exterior pelos sentidos, para concentrarmos a nossa atenção no
próprio ato do pensamento.
• Deve-se colocar entre parênteses tudo o que é acessório,
para poder atingir-se a essência pura.
• A epoché é um exercício, uma atitude que busca suspender o
juízo sobre os objetos empíricos, sobre tudo o que não aparece como
imediatamente evidente ante nossa consciência.
• "O primeiro passo do método fenomenológico consiste em
abster-se da atitude natural, colocando o mundo entre parênteses (epoqué). Isso
não significa negar sua existência, mas metodicamente renunciar ao seu uso. Ao
analisar, após essa redução fenomenológica, a corrente de vivências puras que
permanecem, constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo chama
de fenômeno." (ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em
Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-dez, 2007).
17. “Segundo Husserl, a chamada redução fenomenológica
proporciona o acesso ao “modo de consideração transcendental”, ou seja, o
“retorno à «consciência»”. Assim, através da “redução fenomenológica” os
objetos se revelam na sua constituição. Retornando à «consciência», os objetos
aparecem na sua constituição, ou seja, como correlatos da consciência. O
retorno, portanto, permite «dissolver o ser na consciência», isto é, permite
que o ser (ou ente, ou melhor, o “ser do ente”) se torne «consciência»”. (Dante
Augusto Galeffi).
18. A epoché e a
redução fenomenológica
• Para encontrar o fundamento último das coisas, ou sua
essência, segundo Husserl, é preciso escapar da atitude natural e ir além da
simples experiência prática e imediata, suspender todos os preconceitos,
buscando orientar-se apenas por uma evidência apodítica, ou seja, por
evidências certas e indubitáveis.
19. A consciência como
intencionalidade:
• Para Husserl a consciência não é um depósito de lembranças
ou de imagens dos objetos do mundo.
• Ela não é passiva, como se recebesse simplesmente as
impressões do mundo e das coisas que afetaram nossos sentidos.
• A consciência é uma atividade direcionada às coisas, ou
seja, uma intencionalidade que dá sentido às coisas.
• Portanto a consciência não é uma substância, ela está
sempre voltada imediatamente para as coisas, existe sempre visando algo.
• Por isso a consciência é sempre consciência de algo.
• Podemos entender então que a consciência e as coisas formam
parte de um mesmo fenômeno.
• É importante compreender que para Husserl as coisas são
tais como os fenômenos as apresentam à nossa consciência.
20. Referências e
indicações Bibliográficas
• GALEFFI, Dante Augusto. O que é isto — a Fenomenologia de Husserl? Ideação, Feira
de Santana, n.5, p.13-36, jan./jun. 2000.
• ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em
Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-dez, 2007.
• NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia. São
Paulo: Globo, 2005.
• PENHA, João. O que é o existencialismo. Coleção primeiros
passos.
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