AULA DE FILOSOFIA 3º ANO ENS. MÉDIO.
A Razão Pura Prática em Kant e os
Fundamentos da Ética.
A “Crítica da Razão Pura” é o livro em que Kant separa os
domínios da ciência e da ação. O conhecimento se constrói a partir do fenômeno
que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto.
Assim, são as categorias lógicas que constituem objetos, permitindo que possam
ser conhecidos de forma universal e necessária.
No entanto, Kant distingue conceitos de ideias.
Estas são, por excelência, objeto da Razão Pura, já que não podem ser
conhecidas (não há fenômenos das ideias). A Razão é a faculdade do
incondicionado e seu limite para conhecer é o fenômeno. Logo, sem função na
área do conhecimento, a Razão pensa objetos, ainda que não possam ser conhecidos.
Para Kant, a Razão não constitui objetos, mas tem uma função reguladora das
ações humanas. As principais ideias listadas por Kant são as de Deus, de Alma e
de Mundo como totalidade metafísica, isto é, como um todo. Analisemos cada uma
delas.
A ideia Cosmológica ou de Mundo como totalidade guia nosso
pensamento na expectativa de que o mundo seja um todo. Lembremos que Kant
situa-se no século XVIII, não tendo informações como nós hoje. Mesmo assim,
pela estrutura do aparelho representacional (o ânimo), nenhum homem pode
conhecer ou experimentar a totalidade do mundo, apenas partes. Mas concebemos o
mundo como um todo, acreditamos nisso e isso guia nossas ações.
A ideia psicológica ou de Alma vem da tradição que acredita que
somos seres não somente materiais, mas dotados de uma entidade metafísica, a
alma, pertencente ao reino dos fins e não das coisas. A alma não pode ser
conhecida (pois não se tem fenômeno), mas as aflições, angústias, as escolhas,
enfim, o drama humano, fazem crer que há uma alma e que é nela que devemos
buscar princípios que forneçam leis para regular as ações entre os homens. O
homem é livre, por isso não pode ser conhecido (tal como o modelo
hipotético-dedutivo), mas somente apreciado em suas ações exteriorizadas.
Portanto, o estudo da alma diz respeito à Ética e não à psicologia, pois esta é
impossível, segundo Kant.
Do mesmo modo, a ideia Teológica ou de Deus, tradicionalmente em
debate, não é objeto de conhecimento humano. Deus não é fenômeno, não é objeto
de ciência, mas sim de crença. E a crença, isto é, aquilo que é verdade para
alguém, depende da autoridade transmitida ou revelada. Deus não pode ser
conhecido, mas norteia as ações e condutas humanas.
Dessa forma, é possível pensar em como uma ética pode ser
universal sem cair no empirismo ou num dogmatismo exagerado. Conforme Kant,
deve-se usar a mesma solução da ciência: os juízos sintéticos a priori.
Nesse caso, seria necessário um esquema que auxiliasse na construção de leis
válidas universalmente. São elas:
- Máxima: a máxima moral é a pergunta que um ser
consciente deve se fazer para saber se deve ou não agir de uma forma e não de
outra. Ex.: “Posso, em uma dificuldade, roubar?”.
- Lei: a lei é a constatação do interesse egoísta,
visto que a contradição expressa na máxima deverá sair do particular para o
universal. A lei é a expressão do interesse universal, evidenciando que é
possível pensar em leis racionais válidas universalmente. Ex.: “Nenhum ladrão,
por mais que roube, aceita ser roubado”.
- Ação: após este exercício de consciência, o agente
moral age segundo a escolha que fizer. Para ser uma escolha moral, a ação deve
ser conforme a lei, isto é, conforme o dever. No entanto, Kant
entende que é possível agir somente por dever, isto é, obedecer à Lei a
contragosto, forçado ou constrangido. Ainda assim, a ação é moral. Essa
distinção é importante, justamente para mostrar que a lei, sendo racional, deve
ter força para obrigar os indivíduos a obedecê-la, sem o que nenhuma
convivência seria possível. É o fundamento da organização social, que começa
nos hábitos, costumes e cultura de um povo, mas deve passar pelo crivo da
reflexão crítica do ser racional e consciente.
Portanto, o uso da razão pura não tem utilidade teórica em Kant,
mas apenas o seu uso prático, donde o seu livro “Crítica da Razão Prática”.
Por Prof. Edson de Souza
Couto
Graduado em História pela ULBRA/TORRES
Pós-Graduado Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia pela UNIASSELVI/CAPÃO DA CANOA
Graduado em História pela ULBRA/TORRES
Pós-Graduado Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia pela UNIASSELVI/CAPÃO DA CANOA
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