sexta-feira, 29 de abril de 2016

7ª Aula de Filosofia do 3º Ano Ensino Médio

MORALIDADE E ETICIDADE (ÉTICA DE KANT E HEGEL)

Desde a antiguidade a Ética e moral são assuntos que estão presentes nas discussões de grandes filósofos. Esse é um assunto bastante comentado no âmbito da filosofia e bastante popular também entre os menos doutos, pois trata de questões que estão presentes no dia a dia das pessoas. Todo indivíduo que vive em sociedade lida com questões referentes a Ética, ela é algo que está intrinsecamente ligada a vida dos sujeitos conscientes. Grandes pensadores, não só da antiguidade, mas da história da Filosofia como um todo, se tornaram conhecidos por se debruçarem sobre a Ética nas suas obras, a exemplo de Aristóteles, Nietzsche, Jeremy Bentham, Kant, Hegel, entre outros.
Já no período conhecido como modernidade, mais precisamente nos sécs. XVIII – XIV, Kant (filósofo alemão, 1724 – 1804) desenvolveu várias discussões acerca da Ética, as quais podemos ter acesso em algumas de suas obras como a Crítica da razão prática. Do mesmo modo, Hegel (também filósofo alemão, 1770 -1831) desenvolve uma vasta reflexão acerca deste tema. Ambos viveram praticamente no mesmo período histórico – apesar de Hegel ter nascido posteriormente – mas a postura de cada um destes filósofos frente a este tema é bem diversa. Mais que isso, ambas são quase que opostas, é possível perceber isso através da crítica que Hegel faz ao tratamento que Kant dá a Ética.
Kant é responsável por formular uma Ética ou uma moral baseada no dever. Kant historicamente é conhecido por ser um sujeito que primava sobretudo pela razão em suas obras e acaba que o tratamento que ele dá a Ética também tendo esta característica. Kant coloca a razão como o elemento que deve reger toda ação humana. Ele elabora um conceito chave, o imperativo categórico, que é o reflexo desta razão absoluta, o princípio que todo indivíduo deve seguir como base para as suas ações. Este tal imperativo categórico preconiza que os indivíduos devem tomar suas atitudes de uma maneira que o princípio da sua ação possa ser tomado como um princípio de ação universal, ou seja, que aquilo que o indivíduo faça seja algo que possa necessariamente servir para todas as pessoas no mundo. E mais, que essa atitude seja também necessariamente considerada boa em qualquer contexto histórico, em qualquer tempo.
Hegel, por sua vez, é defensor de uma ética, também de cunho racional (o que já era de se esperar de um filósofo), mas de princípios diferentes da Ética defendida por Kant. A Ética de Hegel pode ser chamada de uma Ética contextualista, pois preconiza que o critério para avaliar uma ação como eticamente correta está no contexto da situação que o indivíduo está agindo, ou seja, é preciso avaliar outros elementos que estão dentro da situação e não somente a intenção do sujeito, como defende Kant. Além disso, na Ética de Hegel é importante verificar as consequências de tal ação para julgá-la, diferentemente da Ética de Kant que, estando somente no âmbito da intenção já se poderia julgar a ação do indivíduo.
As críticas de Hegel a Ética kantiana são inúmeras, a exemplo de algumas que já foram supracitadas. Enumerando estas críticas de Hegel a Ética kantiana teremos:
1 – Hegel afirma que considerar a intenção do indivíduo para um julgamento de ético não é suficiente. Se o indivíduo agir sempre de acordo com uma boa intenção, ainda assim pode haver más consequências e estas também devem ser consideradas para este julgamento ético. Uma boa intenção e más consequências torna a situação de modo geral eticamente incorreta;
2 – Da mesma maneira, determinar regras universais (imperativo categórico) para reger as ações dos indivíduos traz este mesmo problema. Imagine o caso do princípio universal de não poder matar; se eu sigo este princípio de maneira absoluta, no caso de alguém tentar me matar eu não vou poder revidar, mesmo portando uma arma e a minha vida estando em risco. Ou seja, eu não poderia me defender diante de um perigo eminente de morte para mim. Esta questão recai mais uma vez na problemática das consequências, estas devem ser consideradas. Neste quesito Hegel defende que existe um direito a vida e que eu poderia sim me defender. Deste modo, mesmo que eu mate a outra pessoa a minha atitude estaria justificada, pois no contexto da situação eu decidi agir em prol do meu direito a vida, um direito a defesa para garantir a minha sobrevivência.
No sentido destas primeiras considerações, Hegel defende uma Ética mais de caráter subjetivo, mais de caráter contextual, voltada para o indivíduo dentro de uma determinada situação e não de um indivíduo em um mundo como se fosse algo homogêneo.
3 – Hegel determina que é preciso considerar também a heterogeneidade do mundo e do tempo. Ou seja, é preciso que se leve em consideração que há lugares e lugares no mundo, lugares constituídos de uma determinada cultura, o que envolve hábitos e crenças. Do mesmo modo, o tempo leva estes costumes e crenças a mudarem, então a Ética não pode ser estática diante de um mundo que muda na medida do tempo. Há costumes atuais que são considerados corretos e que podem ter sido considerados incorretos, então como estabelecer o que é correto considerando toda a extensão do tempo? Hegel aponta uma solução para este problema: As ações em sua totalidade devem ser avaliadas de um ponto de vista que considere o local e o tempo em que elas são praticadas.
4 – Hegel também critica Kant no que di respeito a postura de Kant com a sua Ética frente ao estado. Para Hegel, Kant não considera a existência do estado em sua Ética, e este seria o seu maior erro. A partir desta problemática nós chegaremos ao principal ponto desta crítica.
Para Hegel a Ética envolve a relação dos indivíduos com o estado. Ela apresenta dois caráteres, o primeiro é subjetivo e diz respeito a Ética pessoal manifestada através de cada indivíduo e a segunda é objetiva e diz respeito a Ética do Estado, que diz respeito às normas do Estado, leis e costumes. Pode-se comparar a primeira como algo mais voltado para o indivíduo e a segunda mais voltada para o social, o conjunto dos indivíduos. A soma de “a+b”, ou seja, a Ética objetiva mais a subjetiva formam a totalidade do Ética. Hegel dá uma importância muito grande a esta parte objetiva, pois ela é responsável por moldar a natureza do homem, proporcionando uma espécie de segunda natureza que ao homem necessária para que ele tenha uma boa vivência em sociedade. Isto é as leis e normas da sociedade cumprem um papel de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. O termo “preparar” não seria exatamente o mais adequado, mas é quase que o efeito que se tem. Este processo de preparação se dá da seguinte maneira, as leis e normas funcionam como um meio de barrar as inclinações pessoais provindas da natureza primeira dos indivíduos. Nesta primeira natureza os indivíduos se comportam puramente por instintos, bem como quando nascem. Através do freio destes instintos o indivíduo irá adquirir uma segunda natureza que é mais voltada para o social, para o bem comum. Agindo de acordo com o que é determinado pelo estado (instituições sociais) o indivíduo é considerado ético.
O principal ponto desta crítica a Kant é que, segundo Hegel, Kant fica somente no âmbito da subjetividade pessoal e não considera a subjetividade social. Com isso, Kant leva a sua Ética a inúmeros problemas, os quais já foram citados acima. Hegel pressupõe que considerando a Ética do ponto de vista histórico e contextual estes problemas podem ser resolvidos, tornando assim a Ética possível. Hegel usa termos específicos nesta sua crítica, diz que Kant fica somente no âmbito da moralidade, do dever, da vontade subjetiva e que o mais viável é determinar que os indivíduos ajam de acordo com a eticidade, ou seja, fazer realizar o bem de acordo com a sua realidade histórica e de acordo com o que determina as instituições sociais. 

quarta-feira, 27 de abril de 2016

7ª Aula de FILOSOFIA 1º Ano M. 1º Trimestre
A FILOSOFIA: DO PERÍODO CLÁSSICO AO
GRECO-ROMANO

Em  479a.C, com a vitória dos gregos sobre os persas, consolida-se a democracia em Atenas.  A ideia de "homem" passa a ser identificada com a concepção de "cidadãos da polis".  As preocupações e especulações filosóficas concentram-se, a partir desse momento, não mais na relação do homem com a natureza.
O que importa agora é a relação entre seres humanos: a vida social.
"O homem é um animal político", diria Aristóteles. É o nascimento da filosofia clássica. O mundo nunca mais será o mesmo.

Sofistas
Os primeiros mestres na arte da argumentação
O período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação da natureza. Essa investigação tinha como vimos no capítulo anterior, um sentido cosmológico. Era a busca de explicações racionais para o universo,  manifestada na procura de um princípio primordial, (arché) para todas as coisas existentes. Seguiu-se a esse período uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações do homem com a sociedade. Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas.
Etimologicamente, o termo sofista significa sábio. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de impostor, devido, sobretudo, às críticas de Platão.
Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e de sagacidade mental. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados.
O momento histórico vivido pela civilização grega favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade praticada pelos sofistas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Por isso, os cidadãos mais ambiciosos sentiam necessidade de aprender a arte de argumentar em público para,  manipulando   as   assembleias, fazerem prevalecer seus interesses individuais e de classes.
As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes. Eles transmitiam, enfim, todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que se ria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.
Todas essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas sobre as coisas. Segundo essas concepções, não haveria uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao homem, ao momento, a um conjunto de fatores e circunstâncias.

Nem heróis, nem vilões
Foi, sobretudo, devido a Platão que se considerou a sofística apenas uma atitude viciosa do espírito, uma arte de manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os ouvintes, sem qualquer amor pela verdade,
Entretanto, abordagens mais recentes sobre a atuação dos sofistas procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se numa concepção flexível sobre os homens, a sociedade e a compreensão do real. Para os sofistas, as opiniões humanas são infindáveis, diversas e irredutíveis a uma única verdade. Não existem valores ou verdades absolutas.
É importante lembrar que não há uma única doutrina sofistica, O quê há são alguns pontos comuns entre as concepções de certos sofistas como Protágoras, Górgias e outros.
Protágoras de Abdera: o homem como medida
O homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são, enquanto são; e daquelas que não são, enquanto não são.
PROTÁGORAS


Estátua de Apoio. A idealização da figura
Nascido em Abdera, cidade litorânea entre a Macedônia e a Trácia, Protágoras (480-410 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como princípio básico de sua doutrina a ideia de que o homem é a medida de tudo o que existe.
Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do homem, isto é, o mundo é o que o homem constrói e destrói. Por isso não haveria verdades absolutas. Toda verdade se ria relativa a um determinado homem, grupo de homens ou sociedade.
A filosofia de Protágoras sofreu críticas em seu tempo por dar margem a um grande subjetivismo: tal coisa é verdadeira se para mim parece verdadeira. Assim, qualquer tese poderia ser encarada como falsa ou verdadeira, dependendo do ponto de vista de cada pessoa.
Górgias de Leontini: o grande orador
O bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa.
GÓRGIAS

Górgias de Leontini (487-380 a.C, aproximadamente),considerado um dos maiores oradores da Antiguidade, aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o ceticismo o absoluto. Afirmava que:
         a. nada existia;
         b. se existisse, não poderia ser conhecido;
         c. mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.

Sócrates de Atenas
O homem que subia perguntar
Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei.
SÓCRATES

Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.
Conta-se que Sócrates era filho de um escultor e de uma parteira. Uma dupla herança que, simbolicamente, o levou a esculpir uma representação autêntica do homem, fazendo-o dar à luz suas próprias ideias.
O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, exteriormente, ao dos sofistas, embora não "vendesse" seus ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral.
O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática. "Conhece-te a ti mesmo", frase inscrita no templo de Apoio, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.
Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a maiêutica.

A ironia
Na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria.  Mas não é esse o sentido da ironia socrática. No grego, ironia quer dizer interrogação. De fato, Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber. O que é o bem? O que é a justiça? E a coragem? E a piedade? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele.
No decorrer do diálogo, atacava de modo implacável as respostas de seus interlocutores. Com habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a arrogância e a presunção do saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. "Sei que nada sei", dizia Sócrates.
A ironia socrática tinha um caráter purificador   na  medida em que levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências.
Nesta fase do diálogo, a intenção fundamental de Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das respostas dadas pelos interlocutores, mas fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos.
A maiêutica

Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias ideias. Novamente, Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas.
Nesta segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias ideias. Assim, transportava para o campo da filosofia o exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira, ajudava a trazer crianças ao mundo. Por isso, essa fase do diálogo socrático, destinada à concepção de ideias, era chamada de maiêutica, termo grego que significa arte de trazer à luz.

Um corruptor da juventude?
Sócrates não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas, de cada pessoa, pois essas condições eram indispensáveis ao processo de autoconhecimento.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da população, composta de escravos, estrangeiros e mulheres, Sócrates foi considerado subversivo. Representava uma ameaça social, na medida em que desrespeitava a ordem vigente e dirigia suas atenções para as pessoas, sem fazer distinções de classe ou posição social. Interessado tão-somente na prática da virtude e na busca da verdade, contrariava os valores dogmáticos da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a juventude. No final do processo foi condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo nome).
Diante de seus juízes, Sócrates assumiu uma postura viril, altaneira, imperturbável, de quem nada teme. Permaneciaabsolutamente em paz com sua própria consciência. Se alguém lhe perguntasse "Não te envergonhas, Sócrates, de ter dedicado a vida a uma atividade pela qual te condenam à morte?", ele responderia: que um homem de bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre as possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles são justos ou injustos, corajosos ou covardes. (PLATÃO. Defesa de Sócrates, p. 14 (texto adaptado pelo Autor)).
Foi assim que Sócrates procurou caracterizar sua vida: construindo uma personalidade corajosa e guiando sua conduta pelo seu critério de justiça. Viveu conforme sua própria consciência. Morreu sem ter renunciado a seus mais caros valores morais.

Diferenças entre Sócrates e os sofistas
 Vejamos a concepção tradicional sobre os sofistas que se desenvolveu a partir das críticas de Platão.
A crítica de Platão aos sofistas só é compreensível à luz das muitas aposições que ele estabelece entre eles e Sócrates:
1.    O sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade; tanto assim que, condenado injustamente à morte, recusa-se a fugir, acatando a decisão de seus concidadãos;
2.    O sofista cobra para ensinar, Sócrates vive sua vida, e essa confunde-se com a atividade filosófica: filosofar não é profissão, é a atividade do homem livre;
3.    O sofista "sabe tudo", e transmite um saber pronto, sem crítica (que Platão identifica como uma "mercadoria" que o sofista, mercador, exibe e vende). Sócrates diz nada saber, e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um;
4.    O sofista faz retórica. Sócrates faz dialética. Na retórica, o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, persuadem sem transmitir conhecimento algum. Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás;
5.    O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância.
MAURA IGLÉSIAS
Curso de Filosofia, p. 38.
Platão de Atenas
Das aparências ao mundo das ideias perfeitas
Os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder.
PLATÃO

Nascido em Atenas, Platão (427-347 a.C.) pertencia a uma das mais nobres famílias atenienses. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição física, recebeu o apelido de Platão, termo grego que significa "de ombros largos".
Platão foi discípulo de Sócrates, a quem considerava "o mais sábio e o mais justo dos homens" (PLATÃO, Fêdon, p.120). Depois da morte de seu mestre, empreendeu inúmeras  viagens, num período em que ampliou seus horizontes culturais e amadureceu suas reflexões filosóficas.
Por volta de 387 a.C. retornou a Atenas, onde fundou sua própria escola filosófica, a Academia, nos jardins construídos por seu amigo Academus. Essa escola foi uma das primeiras instituições permanentes de ensino superior do mundo ocidental. Uma espécie de universidade pioneira dedicada à pesquisa científica e filosófica, além de se tornar um centro de formação política.
A maior parte do pensamento platônico nos foi transmitida por intermédio da fala de Sócrates, nos diálogos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão.
Um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão ésua teoria das ideias, com a qual procura explicar como se desenvolve o conhecimento humano, Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve meio da passagem progressiva do mundo das sombras e aparências para o mundo das ideias e essências.

O método dialético de Platão

A primeira etapa do processo de conhecimento é dominada pelas impressões ou sensações advindas dos sentidos. Essas impressões sensíveis são responsáveis pela opinião que temos da realidade. A opinião (doxa, em grego) representa o saber que temos sem tê-lo procurado metodicamente.
O conhecimento, entretanto, para ser autêntico, deve ultrapassar a esfera das impressões sensoriais, o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da sabedoria, o mundo das ideias. Para atingir esse mundo, o homem não pode ter apenas "amor às opiniões" (filodoxia); precisa possuir um "amor ao saber" (filosofia).
O método proposto por Platão para atingir o conhecimento autêntico (epistéme) é a dialética. No que consiste, basicamente, a dialética? Consiste na contraposição de uma opinião com a crítica que dela podemos fazer, ou seja, na afirmação de uma tese qualquer seguida de uma discussão e negação desta tese, com o objetivo de purificá-la dos erros e equívocos.
E qual a diferença entre conhecimento e opinião?
Quem possui conhecimento têm conhecimento de alguma coisa, isto é, de algo que existe, pois o inexistente não é nada. Assim, o conhecimento é infalível, já que é logicamente impossível que se equivoque. Mas a opinião pode estar errada. Como isto é possível? Não se pode opinar a res peito do que não existe, pois isto é impossível, nem tampouco a res peito do que existe, pois isto se ria conhecimento. Portanto, a opinião tem que ser tanto do que é como do que não é.
Mas, de que modo é isto possível? A resposta é que as coisas particulares contêm sempre caracteres opostos: o que é belo é, também, sob certo aspecto, feio o que é justo é, sob certo aspecto, injusto; e assim por diante. Todos os determinados objetos sensíveis, afirmava Platão, possuem esse caráter contraditório; são, pois, o intermédio entre o ser e o não ser e apropriados como objeto de opinião, mas não de conhecimento.
Somente quando saímos do mundo sensível e atingimos o mundo racional das ideias é que alcançamos também o domínio do ser absoluto, eterno e imutável. Nesse mundo das ideias só podemos entrar, segundo Platão, através do conhecimento racional, científico ou filosófico.
Assim, chegamos à conclusão de que a opinião se forma do mundo apresentado pelos sentidos, enquanto o conhecimento é de um mundo eterno; a opinião, por exemplo, trata de coisas belas determinadas; o conhecimento ocupa-se da beleza em si. (RUSSELL, Bertrand: História da filosofia ocidental, v. 1, p. 139.)

E onde, por exemplo, podemos encontrar a beleza, em toda sua plenitude? Platão responde: no mundo das ideias. Nesse mundo é que moram os seres totais e perfeitos: a justiça, a bondade, a coragem, a sabedoria etc.
Fora do mundo das ideias, tudo o que captamos através dos nossos sentidos possui apenas uma parte do ser ideal. O mundo sensível, portanto, é um mundo de seres incompletos e imperfeitos.
A teoria das ideias de Platão representa a tentativa de conciliar as duas grandes tendências anteriores da filosofia grega: a concepção do ser eterno e imutável de Parmênides e a concepção do ser plural e móvel de Heráclito. Para Platão, o ser eterno e universal habita o mundo da luz racional, da essência e da realidade pura. E os seres individuais e mutáveis moram no mundo das sombras e sensações, das aparências e ilusões.


Processo de evolução do
conhecimento segundo Platão
MUNDO SENSÍVEL                                              MUNDO DAS IDÉIAS
                                                   (conhecimento filosófico ou científico)


O mito da caverna
Platão criou uma alegoria, conhecida como mito da caverna, que serve para explicar a evolução do processo de conhecimento.
Segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõem a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão do que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.
Se escapasse da caverna e alcançasse o mundo luminoso da realidade, ficaria livre da ilusão. Mas, estando acostumado às sombras, às ilusões, teria de habituar os olhos à visão do real: primeiro olharia as estrelas da noite, depois as imagens das coisas refletidas nas águas tranquilas, até que pudesse encarar diretamente o Sol e enxergar a fonte de toda a luminosidade.


A filosofia no poder: os reis-filósofos
Na juventude, Platão alimentou o ideal de participação política em Atenas. Depois, desiludido com a democracia ateniense, confessou: Deixei levar-me por ilusões que nada tinham de espantosas por causa de minha juventude. Imaginava, de fato, que governariam a cidade reconduzindo-a dos caminhos da injustiça para os da justiça.( PLATÃO, . Cartas VII. Apud História do Pensamento, v. 1, p. 58.)
Abraçando a filosofia, adotou um novo ideal: Fui então irresistivelmente levado a louvar a verdadeira filosofia e a proclamar que somente à sua luz se pode reconhecer onde está a justiça na vida pública e na vida privada.
Para Platão, somente os filósofos, eternos amantes da verdade, teriam condições de libertar-se da caverna das ilusões e atingir o mundo luminoso da realidade e sabedoria.
Por isso, no seu livro República,  imaginou  uma  sociedade ideal, governada por reis-filósofos. Seriam pessoas capazes de atingir o mais alto conhecimento do mundo das ideias, que consiste na ideia do bem.
Aristóteles de Estagira
Do nascimento da lógica à ordenação do universo
O ser se exprime de muitos modos, mas nenhum modo exprime o ser. O ser se diz em vários sentidos.
ARISTÓTELES





Nascido em Estagira, em Macedônia, Aristóteles (384-322 a.C.) foi um dos mais importantes filósofos gregos de Antiguidade. Há informações de que teria escrito mais de uma centena de obras, sobre os mais variados temas, das quais restam 47, embora nem todas de autenticidade comprovada. Desempenhou extraordinário papel na organização do saber grego, acrescentando-lhe sua genial contribuição, que influenciou, decisivamente, a história do pensamento ocidental.
Filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia, provavelmente herdou do pai o interesse pelas ciências naturais, que se revelaria posteriormente em sua obra. Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos, tendo uma atuação crescentemente expressiva. Com a morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles o qualificava para assumir a direção da Academia. Seu nome, entretanto, foi preterido por ser considerado estrangeiro pelos atenienses.
Decepcionado com o episódio, deixou a Academia e partiu para Assos, na Mísia, Ásia Menor, onde permaneceu até 345 a.C. Pouco tempo depois foi convidado por Felipe II, rei da Macedônia, para ser professor de seu filho Alexandre. O relacionamento de Aristóteles e Alexandre foi interrompido quando este assumiu a direção do Império Macedônico, em 340 a.C.
Por volta de 335 a.C, Aristóteles regressou a Atenas, fundando sua própria escola filosófica, que passou a ser conhecida como Liceu, em homenagem ao deus Apoio Lício. Nesse local permaneceu ensinando durante aproximadamente doze anos.
Em 323 a.C, após a morte de Alexandre, os sentimentos anti-macedônicos ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua notória ligação com a corte macedônica, Aristóteles passou a ser perseguido. Foi então que decidiu abandonar Atenas, dizendo querer evitar que os atenienses "pecassem duas vezes contra a filosofia" (a primeira vez teria sido com Sócrates).
Apaixonado pela biologia, dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à classificação dos seres vivos. Tendo em vista a elaboração de uma visão científica da realidade, desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio.

Da sensação ao conceito: o discípulo discorda do mestre

Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos seres, procurando defini-la em termos reais.
Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos seres percebidos pelos sentidos. Assim, tudo o que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade sensível.
Portanto, rejeitava a teoria das ideias de Platão, segundo a qual os dados transmitidos pelos sentidos não passam de distorções, sombras ou ilusões da verdadeira realidade existente no mundo das ideias. Para Aristóteles, a observação da realidade leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são captados por nossos sentidos.
Partindo dessa realidade sensorial — empírica — a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada ser. Em outras palavras, a partir da existência do ser, devemos atingir a sua essência, através de um processo de conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico.
Neste sentido, afirmava Aristóteles, o ser individual, concreto, único não pode ser objeto da ciência. O objeto próprio das ciências é a compreensão do universal, visando o estabelecimento de definições essenciais, que possam ser utilizadas de modo generalizado.
A indução (operação mental que vai do particular para o geral) representa, para Aristóteles, o processo intelectual básico de aquisição de conhecimento. Ela possibilita ao ser humano atingir conclusões científicas, de âmbito universal, a partir do trabalho metódico com os dados sensíveis — que sempre apresentam seres individuais, concretos e únicos.
Assim, por exemplo, o conceito escola — ou qualquer conclusão científica sobre esse conceito — foi elaborado tendo como base a observação sistemática das diferentes instituições às quais se atribui o nome de escola. Dessa maneira, o conceito escola tem sentido universal na medida em que reúne em si a estrutura essencial aplicável ao conjunto das múltiplas escolas concretas existentes no mundo.

A nova interpretação para as mudanças do ser
Retomando a questão do ser, Aristóteles pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e transitoriedade das coisas. Era a clássica polêmica entre Heráclito e Parmênides. Para esse problema, Aristóteles propôs uma nova interpretação ontológica (relativa ao estudo do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir:
·       o ato: a manifestação atual do ser, aquilo que já existe.
·       a potência: as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é mas pode vir a ser.
Conforme Aristóteles, o movimento e a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na passagem da potência para o ato. Exemplo: a árvore que está sem flores pode tornar-se, com o tempo, uma árvore florida. Ao adquirir flores, essa árvore manifesta em ato aquilo que já continha, intrinsecamente, em potência.
Por outro lado, utilizando o mesmo exemplo, uma árvore continua sendo uma árvore mesmo sem estar florida. De onde podemos concluir que ter flores não é uma característica essencial da árvore. Assim, segundo Aristóteles, devemos distinguir também em todos os seres existentes:
·       a substância: aquilo que é estrutural e essencial do ser.
·        o acidente: aquilo que é atributo circunstancial e não-essencial do ser.
A substância corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo. Os acidentes pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza própria de cada ser.
O que determina a realidade de um ser: a causa
A investigação do ato e da potência do ser depende, no entanto, de alguns esclarecimentos sobre a causalidade. Isto porque essa passagem da potência para o ato não se dá ao acaso: ela é causada.
Aristóteles emprega o termo causa em sentido bastante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que determina a realidade de um ser. Distingue, assim, quatro tipos de causas fundamentais:
·       causa material: refere-se à matéria de que é feita uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na confecção de uma estátua.
·       causa formal: refere-se à forma, à natureza específica, à configuração assumida por uma coisa, tornando-a "um ser propriamente dito". Exemplo: uma estátua de homem e não de cavalo
·       causa eficiente: refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa. Exemplo: o escultor que fez a estátua.
·       causa final: refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa. Exemplo: o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do soldado ateniense.









Segundo Aristóteles, a causa formal está diretamente subordinada à causa final na medida em que a finalidade de uma coisa determina o que os seres efetivamente são.
A potência, em si mesma, não é capaz de formalizar o ser em ato, Para que se dê essa passagem, é preciso a interveniência de um agente transformador (causa eficiente), guiado por uma finalidade (causa final). Assim, a causa final é que comanda o movimento da realidade. É pela causa final, em última análise, que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato. (Veja no texto complementar As ideias e a realidade histórica, ao final deste capítulo, uma análise do aspecto ideológico da teoria aristotélica das quatro causas.)

A felicidade do homem
Aristóteles define o homem como ser racional e considera a atividade racional, o ato de pensar, como a essência da natureza humana. E como, para ele: o que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela (...) para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a mais feliz.
Para ser feliz, portanto, o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva. E orientando os nossos atos para uma conduta ética, a razão humana nos conduz à prática da virtude.
Para Aristóteles, a virtude representa o meio-termo, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. Exemplo: a virtude da prudência é o meio-termo entre a precipitação e a negligência; a virtude da coragem é o meio-termo entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio-termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva etc.
REVISÃO DE HISTÓRIA 2º ANO Médio para Prova.


O ESTADO MODERNO E O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO


No final da Idade Média o feudalismo entrou em uma profunda crise. A guerra, a fome e a peste desestruturaram a sociedade e a economia.
Nesse contexto, a burguesia, interessada no desenvolvimento do comércio (eliminação dos entraves feudais, unificação da moeda e do sistema de pesos e medidas), apoiou  o processo de centralização monárquica financiando os exércitos nacionais.
No rastro das guerras surgiram  Estados fortes nos quais surgiram soberanos absolutistas. Os principais Estados Nacionais modernos foram França, Inglaterra, Portugal e Espanha.


Características do Estado Moderno

           Centralização administrativa: o rei passou a controlar todas as decisões importantes do Estado.
           Soberania: o rei é soberano nas atitudes relativas ao Estado que governa,substituindo o conceito feudal de suserania.
           Burocracia: o rei era auxiliado na administração do Estado por um amplo funcionalismo.
           Exército nacional: veio substituir a cavalaria feudal para impor as vontades do rei e garantir a integridade do território do Estado, assim como fazer guerras contra Estados vizinhos ou senhores insubordinados.
           Delimitação fronteiriça: o rei precisava saber até onde poderia exercer o seu poder.
           Tributação: somente o Estado poderia cobrar impostos da população.
           Exercício da violência: o Estado tomou para si o direito de fazer justiça, reprimindo as formas tradicionais e pessoais de justiçamento (“fazer justiça com as próprias mãos”).
           Uniformização do sistema de pesos e medidas: visava facilitar as trocas comerciais, favorecendo o desenvolvimento econômico estatal.
           Uniformização linguística: a língua nacional era necessária para que as pessoas se sentissem parte de um todo coeso.


Teóricos do Absolutismo

           Nicolau Maquiavel (1469-1527): Sua obra mais conhecida “O Príncipe”, foi escrita para a educação de um futuro soberano. Nela argumentou que “os fins justificam os meios”; esse novo princípio ético separou  a condição de moral individual da condição de  moral pública. Esse posicionamento lhe deu o título de pai da ciência política moderna. Maquiavel foi conselheiro de muitos governantes poderosos de seu tempo.
           Thomas Hobbes (1588-1679): Tem fundamental importância no pensamento político contemporâneo. Seu livro “Leviatã”, é um elogio ao absolutismo, onde o autor destaca o papel do Estado absoluto no aprimoramento social, pois sem Estado “o homem é o lobo do homem”, eternamente dilacerando-se em contendas sangrentas. Ao Estado Leviatã coube a tarefa de impor  regras de conduta civilizadas aos súditos, mesmo que para isso tenha de usar de violência (exército ou polícia).
           Jean Bodin (1530-1596): Este autor defendeu a tese da autoridade divina do rei na obra “A República”. Assim, o poder real deveria ser total tanto sobre o Estado como sobre os súditos.
           Jacques Bossuet (1627-1704): pregava que o Estado deveria se resumir a  “ um rei, uma lei, uma fé ”. Na obra “Política Segundo as Sagradas Escrituras”. Defendeu que o poder do rei (predestinado) provém diretamente de Deus. Assim, somente Deus tem o direito de julgar os atos reais.
           Hugo Grotius (1583-1645): é considerado o “pai do direito internacional”, pois articulou seu pensamento em torno dos problemas envolvendo as relações entre os Estados absolutistas.

           
O Absolutismo Inglês
A Inglaterra foi derrotada na Guerra dos Cem Anos em 1453. Essa derrota alimentou as disputas internas e apenas dois anos depois os principais representantes da nobreza inglesas iniciaram a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), entre as família aristocrática de York, cujo brasão trazia uma rosa branca e a família nobre de Lancaster que tinha por símbolo heráldico uma rosa vermelha.
A longa e sangrenta guerra chegou a seu termo em 1485 e deixou como saldo um feudalismo enfraquecido na Inglaterra. Esse fato desencadeou a centralização monárquica pelas mãos da dinastia Tudor iniciada por Henrique VII (1485-1509).
Os governantes Tudor implementaram o absolutismo. Pacificaram a Inglaterra, o comércio da lã teve um grande desenvolvimento e a indústria naval floresceu.


Henrique VIII  governou a Inglaterra de 1509 a 1547, e teve um importante papel na consolidação do absolutismo inglês. A partir de 1527 envolveu-se num grande litígio em torno do divórcio com sua primeira esposa, a espanhola  Catarina de Aragão.



A recusa do Papa em desfazer o casamento real foi o estopim do rompimento inglês com Roma pelo Ato de Supremacia, em 1534.
 Henrique VIII tornou-se a cabeça da Igreja anglicana e casou-se com a cortesã Ana Bolena, mãe de Elizabeth.
Em 1547, o único filho de Henrique VIII, Eduardo VI tornou-se rei aos 10 anos para morrer aos 15 sem governar. Em 1553 ascendeu ao trono a ultra-católica Maria Tudor  que declarou guerra aos protestantes e passou para a história como “a sanguinária”.
Elizabeth I governou no auge do absolutismo inglês entre 1558 e 1603. Incentivou a construção naval, criou a Companhia das Índias Orientais e apoiou a pirataria. Interferiu na religião consolidando o anglicanismo pela lei dos 39 pontos de 1563. Derrotou a invencível armada da Espanha em 1588. O teatro floresceu com as peças de William Shakespeare.



(Elizabeth I)

Elizabeth I foi a última governante Tudor. Durante seu reinado a Inglaterra tornou-se a maior potência mercantilista européia. Foi sucedida por Jaime I, fundador da dinastia Stuart.


O Absolutismo Francês
O feudalismo francês sofreu um golpe de misericórdia com a  Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Esse fato favoreceu a centralização do poder na França, mas o absolutismo teve de esperar o fim das guerras religiosas entre católicos e protestantes (huguenotes) que dividiram e abalaram profundamente a França no século XVI.
A pacificação religiosa começou com a ascensão de um huguenote (calvinista) ao trono em 1594. O novo rei era  Henrique de Navarra que havia destronado a rei católico  Henrique III.
Os católicos franceses opuseram-se violentamente a ter um protestante no governo. Diante de tal resistência o novo rei converteu-se ao catolicismo (“Paris bem vale uma missa”). Henrique de Navarra subiu ao trono como Henrique IV no ano de 1594.
O novo rei iniciou a dinastia Bourbon que levou a França a ser o país mais absolutista da Europa. Em 1598, Henrique IV assinou o Êdito de Nantes, pelo qual concedeu direito de livre culto aos protestantes pondo fim às contendas religiosas na França.
Henrique IV foi morto por um católico inconformado em 1610. Seu filho e sucessor, Luís XIII (1610-1643), contava apenas 9 anos e a regência ficou a cargo de Maria de Médicis.
Em 1624, Luís XIII convocou o Cardeal Richelieu como seu primeiro ministro. Esse empenhou-se em impor controle aos protestantes, transformar a França numa potência mercantilista e a consolidar o poder absoluto preparando o caminho para Luís XIV.
Luís XIV (1643-1715) entrou para a história como o “Rei Sol”, em seu extenso reinado, levou a França ao apogeu do absolutismo.

Em 1685, revogou o Êdito de Nantes, pois temia  que os huguenotes se tronassem “um Estado dentro do Estado”. Calcula-se  que perto de 500.000 ricos burgueses huguenotes tenham deixado a França provocando grandes problemas econômicos.
Em seus delírios de grandeza o rei sol dilapidou as finanças públicas em guerras e na construção do Palácio de Versalhes, no qual viviam milhares de nobres ociosos parasitando os cofres públicos.
O brilho fulgurante da corte em Versalhes contrastava com a acelerada deterioração econômica do país. Os impostos abusivos pesavam sobre o povo e as insatisfações contra o governo  aumentavam sem parar, nesse momento podemos já reconhecer os fundamentos do pensamento iluminista e da Revolução Francesa.

Luís XV (1715-1774), herdou uma França em grave crise financeira.  Não obstante continuou a política belicista do pai travando entre 1756 e 1763 a guerra dos sete anos com a Inglaterra.
 O último representante da dinastia Bourbon foi Luís XVI (1774-1792), que herdou do pai uma França completamente falida com um povo que se agitava por mudanças drásticas. A Revolução Francesa de 1789 significou o fim do absolutismo na França e a execução do rei na guilhotina em 1793.


O MERCANTILISMO

O renascimento comercial da Baixa Idade Média favoreceu o desenvolvimento do capitalismo moderno que ficou conhecido como Capitalismo Comercial ou Mercantil.
O mercantilismo significou a transição entre o modo de produção feudal e o modo de produção capitalista.
A acumulação de capital provocada pelo mercantilismo na Europa favoreceu o desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra a partir do século XVIII.

CARACTERÍSTICAS DO MERCANTILISMO


           Metalismo ou Bulionismo: o mercantilismo foi muito influenciado pela idéia metalista de acumulação de capital, ou seja, o Estado seria tão mais rico quanto mais metais moedáveis (ouro e prata) dispusesse.  Tendo amplos recursos minerais em suas colônia da América (Peru, Colômbia e México), a Espanha adotou o bulionismo com maior ênfase.

           Balança Comercial Favorável: exportar muito e importar o mínimo necessário foi um estratagema utilizado por vários Estados para acumular capital através do superávit na balança comercial.

           Protecionismo: tributar as importações e incentivar a produção manufatureira interna foi a forma de evitar evasão de divisas (metais) encontrada por Estados pobres em recursos minerais. O protecionismo favoreceu o desenvolvimento de uma maior  organização do trabalho manufatureiro, o que repercutiu na Revolução Industrial.

           Intervenção Estatal: o Estado centralizado encontrou na economia mercantilista a forma de alicerçar e fortalecer o absolutismo monárquico e dar respostas à greve crise que se enunciou em todos os setores da sociedade européia em fins da Idade Média e início da Era Moderna.

           Industrialismo ou Colbertismo: essa política foi implementada na França por Colbert, ministro de Luís XIV. Baseava-se no incentivo a produção de artigos de luxo que a França poderia exportar facilmente obtendo superávit comercial.

           Colonialismo: A adoção simultânea de medidas protecionistas por vários Estados europeus neutralizou grande parte das trocas comerciais na Europa. Assim, o colonialismo surgiu como forma de dinamizar o comércio e obter imensos lucros na exploração colonial da América, África e Ásia.
 Jacobitismo foi um movimento político dos séculos XVII e XVIII na Grã-Bretanha e Irlanda que tinha por objectivo a restauração do reinado da casa dos Stuarts na Inglaterra e Escócia (e depois de 1707, ano em que a Escócia e a Inglaterra se uniram, o reino da Grã-Bretanha).
Tem um pendor católico e anti-protestante. O nome advém de Jaime II da Inglaterra (e Jaime VII da Escócia), cujo nome em Latim era Iacobus Rex. Este movimento acabaria por ser derrotado, sobretudo em dois grandes momentos e batalhas em 1715 e 1748.
O Jacobitismo foi a resposta à deposição de Jaime II de Inglaterra (VII da Escócia) em 1688, ano da Revolução Gloriosa, em que ele foi substituido pela sua filha protestante Maria II de Inglaterra juntamente com o seu marido Guilherme de Orange. Os Stuarts passaram a viver no continente europeu depois disso, tentando ocasionalmente reganhar o trono britânico com a ajuda da França e Espanha (e das forças católicas existentes em certas zonas como a Irlanda e as Highlands escocesas).
Dentro das Ilhas britânicas, o apoio principal ao Jacobitismo adivinha da Irlanda e Escócia (especialmente Highlands), zonas católicas. Também houve algum apoio na Inglaterra e no País de Gales, particularmente no norte de Inglaterra.
Os realistas (royalists) apoiavam o Jacobitismo porque eles acreditavam que o Parlamento não tinha autoridade para interferir com a sucessão real e muitos católicos viam-no como o alívio da opressão protestante. Muitas pessoas envolveram-se nas campanhas militares por vários motivos também. Na Escócia, a causa Jacobita tornou-se envolvida na agonia do sistema dos clãs guerreiros das Highlands, e tornou-se uma memória revivalista romântica.
O emblema dos Jacobitas é a rosa branca, a White Rose of York; o Dia da Rosa Branca é celebrado a 10 de Junho, o aniversário de Jaime Francisco Eduardo Stuart, conhecido como "The old pretender" que caso tivesse tido êxito teria sido o Rei Jaime III de Inglaterra (VIII da Escócia), nascido em 1688.
A Revolução Puritana foi um movimento que surgido na Inglaterra no século XVI, de confissão calvinista, que rejeitava tanto a Igreja Romana como a Igreja Anglicana.
As críticas à política da Rainha Isabel partiram de grupos calvinistas ingleses, que foram denominados puritanos porque pretendiam purificar a Igreja Anglicana, retirando-lhe os resíduos de catolicismo, de modo a tornar sua liturgia mais próxima do calvinismo.
Desde o início, os puritanos já aceitavam a doutrina da predestinação. O movimento foi perseguido na Inglaterra, razão pela qual muitos deixaram a Inglaterra, em busca de outros lugares com maior liberdade religiosa. Um grupo, liderado por John Winthrop, chegou às colinas da Inglaterra na América do Norte em abril de 1630.
As origens calvinistas do puritanismo
Esta variante do Protestantismo seria bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os Afrikaners), InglaterraEscócia e EUA. Dando origem a vários segmentos que mudaram profundamente a história da humanidade. Calvino se opôs à Igreja Católica e à Seita dos Anabatistas, que muitos tentam associar às igrejas Batistas da atualidade. Mas é importante destacar que os batistas não aceitam o sono da alma e a poligamia, marcas do Anabatismo.
Calvino foi o primeiro a criticar a missa cristã, e talvez por isso seus séqüitos romperam com a Igreja Anglicana por continuar a realizá-la.
Em Genebra (quando Calvino ainda vivia), iniciou-se um conflito entre os partidários da casa de Sabóia (católicos) e os confederados (protestantes), que deram mais tarde origens aos grupos huguenotes.
Com os ideais iluministas, e a doutrina de Calvino, os primeiros protestantes ingleses se tornaram um grupo tipicamente conservador.
Os puritanos não se desenvolviam na Inglaterra
O surgimento do puritanismo está ligado às confusões amorosas do rei Henrique VIII (1509-1547) e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564), que a partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em 1534 foi promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei “cabeça supremo da Igreja da Inglaterra.” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, sobrinha de Carlos V, o rei Henrique VIII e o Parlamento inglês separam a Igreja da Inglaterra de Roma, em 1536, adotando a doutrina calvinista apenas por comodismo. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do Parlamento. No ano de 1547, Eduardo VI, um menino muito enfermo, tornou-se rei.
A Reforma protestante avançou rapidamente na Inglaterra, pois o Duque de Somerset, o regente do trono, simpatizava-se com a fé reformada. Thomas Cranmer, o grande líder da Reforma na Inglaterra, publicou o Livro de Oração Comum, dando ao povo a sua primeira liturgia em inglês. Maria Tudor, católica romana, tornou-se rainha em 1553. Assessorada pelo Cardeal Reginald Pole, em 1554 ela restaurou a sua religião.
Em 1555, intensificou a perseguição os protestantes. Trezentos deles foram martirizados, entre eles, o arcebispo de CantuáriaThomas Cranmer (canonizado pela Igreja Anglicana), e os bispos Latimer e Ridley. Oitocentos protestantes fugiram para o continente, para cidades como Genebra e Frankfurt, onde absorveram os princípios doutrinários dos reformadores continentais. Elizabeth Iascendeu ao trono aos 25 anos em 1558, estabeleceu o “Acordo Elizabetano,” que era insuficientemente reformado para satisfazer àqueles que logo seriam conhecidos como “puritanos.”
Em seguida, promulgou o Ato de Uniformidade (1559), que autorizou o Livro de Oração Comum e restaurou o Ato de Supremacia. Em 1562, foram redigidos os Trinta e Nove Artigos da Religião, que são o padrão histórico da Igreja da Inglaterra, e a partir de janeiro de 1563, foram estabelecidos pelo Parlamento como a posição doutrinária da Igreja Anglicana. Em torno de 1567-1568, uma antiga controvérsia sobre vestimentas atingiu seu auge na Igreja da Inglaterra. A questão imediata era se os pregadores tinham de usar os trajes clericais prescritos. A controvérsia marcou uma crescente impaciência entre os puritanos com relação à situação de uma igreja “reformada pela metade.”
Thomas Cartwright, professor da Universidade de Cambridge, perdeu sua posição por causa de suas pregações sobre os primeiros capítulos de Atos, nas quais argumentou a favor de um cristianismo simplificado e uma forma presbiteriana de governo eclesiástico. A primeira igreja presbiteriana foi a de Wandsworth, fundada em 1572.
Em 1570, um pouco antes deste evento, Elizabete foi excomungada pelo Papa Pio V. A morte de Elizabete ocorreu em 1603, ela não deixou herdeiro. Apenas indicou como seu sucessor James I, filho de Maria Stuart, que já governava a Escócia. Quando o rei foi coroado, os puritanos, por causa da suposta formação presbiteriana do rei, inicialmente tiveram esperança de que sua situação melhorasse. Para enfatizar sua esperança eles lhe apresentaram, quando de sua chegada em 1603, a Petição Milenar, assinada por cerca de mil ministros puritanos, em que pediam que a igreja anglicana fosse completamente “puritana” na liturgia e administração.
Em 1604, encontram-se com o novo rei na conferência de Hampton Court para apresentar seus pedidos. O rei ameaçou “expulsá-los da terra, ou fazer pior,” tendo dito que o presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como Deus com o diabo”. Carlos I, opositor dos puritanos, foi coroado rei, em 1625. Já em 1628William Laud tornou-se bispo de Londres (em 1633 foi nomeadoArcebispo de Cantuária) e empreendeu medidas severas para eliminar a dissidência da Igreja Anglicana. Ele buscou instituir práticas cerimoniais consideradas “papistas,” além de ignorar a justificação pela fé, por causa de suas ênfases arminianas, oprimindo violentamente os puritanos e forçando-os a emigrarem para a América.
Em 1630John Winthrop liderou o primeiro grande grupo de puritanos até a Baía de Massachusetts e, em 1636, foi fundado o Harvard College. Laud tentou impor o anglicanismo na Escócia, só que isto degenerou num motim que serviu para aliar puritanos e escoceses calvinistas. Em 1638, os líderes escoceses reuniram-se numa “Solene Liga e Aliança” e seus exércitos marcharam contra as tropas do rei, que fugiram.
No ano de 1640, o Parlamento restringiu o poder do rei Carlos I. As emigrações para a Nova Inglaterra estacionaram consideravelmente. A Assembléia de Westminster, assim chamada por reunir-se na Abadia de Westminster, templo anglicano de Londres, foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra em 1643 para deliberar a respeito do estabelecimento do governo e liturgia da igreja e “para defender a pureza da doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações.”
É considerada a mais notável assembléia protestante de todos os tempos, tanto pela distinção dos elementos que a constituíram, como pela obra que realizou e ainda pelas corporações eclesiásticas que receberam dela os padrões de fé e as influências salutares durante esses trezentos anos.
A Assembléia de Westminster
Assembléia de Westminster caracterizou-se não somente pela erudição teológica, mas por uma profunda espiritualidade. Gastava-se muito tempo em oração e tudo era feito em um espírito de reverência. Cada documento produzido era encaminhado ao parlamento para aprovação, o que só acontecia após muita discussão e estudo. Os chamados "Padrões Presbiterianos" elaborados pela Assembléia foram os seguintes:
1. Diretório do Culto Público: concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo parlamento no mês seguinte. Tomou o lugar do Livro de Oração Comum. Também foi preparado o Saltério: uma versão métrica dos Salmos para uso no culto (novembro de 1645).
2. Forma de Governo Eclesiástico: concluída em 1644 e aprovada pelo Parlamento em 1648. Instituiu a forma de governo presbiteriana em lugar da episcopal, com seus bispos e arcebispos.
3. Confissão de Fé: concluída em dezembro de 1646 e sancionada pelo Parlamento em março de 1648.
4. Catecismo Maior e Breve Catecismo: concluídos no final de 1647 e aprovados pelo Parlamento em março de 1648.
Como conseqüências do auxílio dos escoceses, as forças parlamentares derrotaram o rei Carlos I, que foi decapitado em 1649.
O comandante vitorioso, Oliver Cromwell, assumiu o governo. Porém, em 1660Carlos II subiu ao trono e restaurou o episcopado na Igreja da Inglaterra. Teve início nova era de perseguições contra os presbiterianos.
Na Escócia, a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana adotou os Padrões de Westminster logo que foram aprovados, deixando de lado os seus próprios documentos de doutrina, liturgia e governo que vinham da época de John Knox. A justificativa era o desejo de maior unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Da Escócia, esses padrões foram levados para outras partes do mundo.
Conseqüências
O puritanismo não conseguiu substituir as estruturas de plausibilidade que o anglicanismo ofereceu à nação inglesa. As estruturas sociais anglicanas permaneceram. Apenas para uma pequena e influente minoria esta situação não era satisfatória, e esse grupo era o dos puritanos, que travaram vigorosas e infrutíferas batalhas com o governo político-religioso da Inglaterra. Em todos esses eventos, o apoio de Calvino foi influente na tentativa de levar sua doutrina a uma nação cujos laços com Roma haviam sido cortados apenas pela vaidade de um Rei.
doutrina calvinista é hoje largamente professada entre os fiéis anglicanos, e nela sobraram apenas traços da liturgia do catolicismo.
Muitos dos puritanos fugiram para países como os EUA, onde introduziram o Presbiterianismo oriundo da reforma calvinista da Igreja da Escócia.