6ª Aula de Sociologia 3º Ano Ensino Médio
Karl Marx (1818-1883) - O Materialismo Dialético e Histórico
Marx fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, na qual
afirma que Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a realidade
material – e o que é determinado – as representações e conceitos acerca dessa
realidade. A filosofia idealista seria, assim, uma grande mistificação que
pretende entender o mundo real, concreto, como manifestação de uma razão
absoluta.
Marx procurou compreender a história real dos seres humanos
em sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão
da história foi chamada de materialismo histórico. Para Marx não existe o
indivíduo formado fora das relações sociais, como o querem Hegel, Feuerbach,
Schopenhauer, Kierkegaard e outros tantos. Para ele “A essência humana é o
conjunto das relações sociais”, o que significa que a forma como os indivíduos
se comportam, agem, sentem, e pensam vincula-se à forma como se dão as relações
sociais. Essas relações sociais, por seu lado, são determinadas pela forma de
produção da vida material, ou seja, pela maneira como os seres humanos
trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das
sociedades.
A forma como os homens produzem esses meios depende em
primeiro lugar da natureza, isto é, dos meios de existência já elaborados e que
lhes é necessário reproduzir;[1]
Ao falar da produção material da vida, Marx não se refere
apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à manutenção físicas dos
indivíduos, considera o fato de que, ao produzirem todas essas coisas, os seres
humanos constroem a si mesmos como indivíduos. Isso ocorre porque, “o modo de
produção da vida material condiciona o processo geral de vida social, política
e espiritual”[2]. Marx reconhece o trabalho como atividade fundamental do ser
humano e analisa os fatores que o tornaram uma atividade massacrante e alienada
no capitalismo. Marx pretende expor a lógica do modo de produção capitalista,
em que a força de trabalho é transformada em uma mercadoria com dupla face: de
um lado, é uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo salário; de outro, é a
única mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o capital.
Marx também entende o desenvolvimento histórico-social como
decorrente das transformações ocorridas no modo de produção. Nessa análise, ele
se vale dos princípios da dialética, mas garante que seu “método dialético não
só difere do hegeliano, mas é também sua antítese direta”[3]. Na concepção
hegeliana, a dialética torna-se instrumento de legitimação da realidade
existente. No pensamento de Marx, a dialética leva ao entendimento da
possibilidade de negação dessa realidade “porque apreende cada forma existente
no fluxo do movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a
dialética em Marx permite compreender a história em seu movimento, em que cada
etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas como algo transitório,
que pode ser transformado pela ação humana. De acordo com Marx, a história é
feita pelos seres humanos, que interferem no processo histórico e podem, dessa
forma, transformar a realidade social, sobretudo se alterarem seu modo de
produção.
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