sábado, 19 de abril de 2014

AULA DE FILOSOFIA 2º ANO ENSINO MÉDIO, M, T, E N

Introdução à fenomenologia
1. Introdução à Fenomenologia Prof. Edson Couto
2. • O conhecimento ocorre a partir da relação entre um sujeito e um objeto.
• Será que conhecemos os objetos tal qual eles são “em si mesmos”? Ou conhecemos apenas uma representação mental (uma imagem) do que eles são?
• Como é possível o conhecimento dos objetos?
• Quais são as condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas mesmas?
O problema do conhecimento
3. O problema do conhecimento
• Para responder a esses questionamentos, duas tradições ou escolas filosóficas se destacaram:
O Empirismo: corrente filosófica que defende a independência ontológica da realidade em relação aos nossos esquemas conceptuais e mentais. As ideias ou imagens que temos dos objetos da realidade correspondem à própria realidade das coisas. A fonte do conhecimento é a realidade, conhecida através das nossas sensações e experiências.
O Racionalismo: defende a primazia do sujeito na construção do conhecimento em relação ao objeto, ou seja, o que vemos da realidade não corresponde exatamente ao que “as coisas são em si mesmas”.
 As fontes do conhecimento são as ideais claras e distintas que são alcanças através do próprio exercício racional e dedutivo.
4. Immanuel Kant (1724 – 1804)
• Um dos mais importantes filósofos da modernidade;
• Influenciou profundamente o Iluminismo e buscou uma síntese entre racionalismo e empirismo;
• Sua reflexão filosófica buscou responder a 3 perguntas:
1. Que posso saber?
 2. Que devo fazer?
3. Que me é dado esperar? 
5. Racionalismo e Empirismo
• Para Kant o racionalismo e o empirismo são concepções insuficientes para explicar o conhecimento humano (o que podemos saber);
• “Kant afirmou que apesar da origem do conhecimento ser a experiência se alinhando aí com o empirismo, existem certas condições a priori para que as impressões sensíveis se convertam em conhecimento fazendo assim uma concessão ao racionalismo”. (Fernando Lang da Silveira, 2002).
6. O Conhecimento Transcendental
• Transcendental = o que é comum a todos os homens, transcende os casos particulares e individuais;
• São as condições a priori do entendimento de qualquer experiência, ou seja, o entendimento, a razão impõe aos objetos conceitos a priori.
• O conhecimento para Kant só é possível porque existem as faculdades humanas de cognição, ou seja, “estruturas” mentais que nos possibilitam organizar as percepções e o conhecimento. Essas estruturas são transcendentais e a priori, comuns a todos os indivíduos.
7. O Conhecimento Transcendental “Denomino transcendental todo o conhecimento que em geral se ocupa não tanto com os objetos, mas com nosso modo de conhecimento de objetos na medida em que este deve ser possível a priori. Um sistema de tais conceitos denominar-se-ia filosofia transcendental” (Kant. Crítica da Razão Pura).
8. O Idealismo Transcendental
• A nossa percepção “organiza” o nosso conhecimento das coisas, por isso, os objetos que vemos não são os objetos em si (“as coisas em si mesmas”, mas sim a forma como esses objetos se apresentam para nós, como fenômenos);
• Para Kant o que vemos é a representação das coisas na nossa percepção.
9. O conhecimento humano
• Para Kant, há duas fontes principais de conhecimento no sujeito:
·        A sensibilidade, modo receptivo-passivo por meio do qual os objetos nos afetam, sendo a intuição a maneira como nos referimos a esses objetos.
·        O entendimento, por meio do qual os objetos são pensados como conceitos (categorias).

10. "Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas.“ (kant, Crítica da Razão Pura, p. 75). Dito de outra forma: “a sensação sem a razão é vazia e a razão sem a sensação é cega” (Fernando Lang da Silveira, 2002) Racionalismo ou Empirismo? Os dois!
Resumindo: Os pensamentos, sem o conteúdo da experiência (dados através da sensibilidade na intuição), seriam vazios de realidade (racionalismo); por outro a experiência dos objetos, sem os conceitos a priori, não teria nenhum sentido para nós (empirismo).  Racionalismo ou Empirismo? Os dois!
11. Edmund Husserl (1859-1938)
• Husserl buscou realizar uma profunda crítica da ciência positivista e da razão objetiva vigentes em sua época.
• Para ele era necessário construir um novo método para o conhecimento, que deveria adotar uma perspectiva fenomenológica.
• A Fenomenologia seria então um método para conhecer a essência das coisas e da própria consciência.
• Husserl retoma a interrogação sistemática que analisa as condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas mesmas.
• Ele busca então uma renovação-continuação da atitude radical, sendo essa atitude, a atitude da crítica da razão.
• Essa crítica da razão implica uma crítica da ciência do conhecimento a priori, ou como em Kant, do conhecimento transcendental (puro).
12. Husserl e a crítica da Razão
• Tentativa de superar o ceticismo (descrença) em relação à capacidade de conhecer do sujeito.
• Construção de uma ciência transcendental dos fenômenos da consciência enquanto consciência.
• Proposição de um método fenomenológico, conhecido como redução fenomenológica que busca o retorno à consciência, por isso é considerada gnosiológica.
• Defesa da substituição da “atitude natural” e do “conhecimento natural” pela “atitude fenomenológica”.
13. A crítica ao Positivismo e às ciências naturais
• O Positivismo defendeu o primado do objeto e a anulação de qualquer subjetividade.
• Só tem valor de conhecimento o conhecimento objetivo.
• Para Husserl esse afã positivista pela objetividade afastou as ciência e o conhecimento do seu verdadeiro propósito: o homem real, o mundo da vida.
• O erro, segundo Husserl, das ciências e do naturalismo ingênuo é considerar o mundo dado e preexistente como objetivo e independente da consciência de um sujeito.
• Husserl critica a perspectiva das ciências positivas pois para estas os objetos são considerados como independentes do observador.
• Já Husserl defende que os objetos se apresentam enquanto fenômenos para uma consciência, ou seja, a fenomenologia procura enfatizar que o objeto se constitui enquanto objeto a partir da sua relação com uma consciência.
• Dessa forma o objeto não é independente do sujeito que o conhece e nem o sujeito é independente dos objetos que conhece.  
A crítica ao Positivismo e às ciências naturais
14. A crítica às Ciências Humanas e à Psicologia
• Segundo Husserl o problema da Psicologia e das Ciências Humanas é ter usado o mesmo métodos das ciências naturais.
• As ciências humanas buscam a medição de seus objetos sem ao menos buscar explicar o que eles são.
• O Psicologismo, segundo Husserl, é uma naturalização forçada dos objetos humanos como se fossem objetos físicos.
15. A Fenomenologia
• A busca pelo conhecimento seguro e verdadeiro, leva Husserl e a defender uma atitude científica (atitude fenomenológica) em relação à experiência.
• Precisamos, dessa forma,  deixar de lado ou colocar entre parênteses todas as nossas suposições, nossos “pré-conceitos” acerca das coisas e da experiência, o “senso comum”.
• Seria como um “limpar a mente”, livrá-la de toda e qualquer interferência, para olharmos pacientemente e cuidadosamente para o que experimentamos.
16. A Epoché Fenomenológica
• Para Husserl não devemos considerar o resultado dos processos perceptivos como descrições objetivas do mundo.
• A Fenomenologia como método, busca exatamente servir de exercício que o sujeito realiza sobre si mesmo para alcançar ideias claras e suspender os seus “pré-juízos”.
• A epoché ou redução fenomenológica é uma atitude que visa colocar entre parênteses todos os hábitos, as convicções ingênuas e as considerações obvias pré-concebidas.
• A atitude fenomenológica visa o esvaziamento da mente de tudo o que é fictício, não necessário, casual e pessoal, para colocar o sujeito na condição de espectador ingênuo e desinteressado do mundo.
• “Depois de assim ser libertado de uma parte de si mesmo, por meio de um trabalho demorado e árduo, será capaz de analisar com a devida objetividade o mundo e os fenômenos da consciência e do espírito”. (NICOLA, 2005).
• Precisamos inicialmente colocar entre parêntesis tudo o que nos é dado do exterior pelos sentidos, para concentrarmos a nossa atenção no próprio ato do pensamento.
• Deve-se colocar entre parênteses tudo o que é acessório, para poder atingir-se a essência pura.
• A epoché é um exercício, uma atitude que busca suspender o juízo sobre os objetos empíricos, sobre tudo o que não aparece como imediatamente evidente ante nossa consciência.
• "O primeiro passo do método fenomenológico consiste em abster-se da atitude natural, colocando o mundo entre parênteses (epoqué). Isso não significa negar sua existência, mas metodicamente renunciar ao seu uso. Ao analisar, após essa redução fenomenológica, a corrente de vivências puras que permanecem, constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo chama de fenômeno." (ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-dez, 2007).
17. “Segundo Husserl, a chamada redução fenomenológica proporciona o acesso ao “modo de consideração transcendental”, ou seja, o “retorno à «consciência»”. Assim, através da “redução fenomenológica” os objetos se revelam na sua constituição. Retornando à «consciência», os objetos aparecem na sua constituição, ou seja, como correlatos da consciência. O retorno, portanto, permite «dissolver o ser na consciência», isto é, permite que o ser (ou ente, ou melhor, o “ser do ente”) se torne «consciência»”. (Dante Augusto Galeffi). 
18. A epoché e a redução fenomenológica
• Para encontrar o fundamento último das coisas, ou sua essência, segundo Husserl, é preciso escapar da atitude natural e ir além da simples experiência prática e imediata, suspender todos os preconceitos, buscando orientar-se apenas por uma evidência apodítica, ou seja, por evidências certas e indubitáveis.
19. A consciência como intencionalidade:
• Para Husserl a consciência não é um depósito de lembranças ou de imagens dos objetos do mundo.
• Ela não é passiva, como se recebesse simplesmente as impressões do mundo e das coisas que afetaram nossos sentidos.
• A consciência é uma atividade direcionada às coisas, ou seja, uma intencionalidade que dá sentido às coisas.
• Portanto a consciência não é uma substância, ela está sempre voltada imediatamente para as coisas, existe sempre visando algo.
• Por isso a consciência é sempre consciência de algo.
• Podemos entender então que a consciência e as coisas formam parte de um mesmo fenômeno.
• É importante compreender que para Husserl as coisas são tais como os fenômenos as apresentam à nossa consciência.
20. Referências e indicações Bibliográficas
• GALEFFI, Dante Augusto. O que é isto — a Fenomenologia de Husserl? Ideação, Feira de Santana, n.5, p.13-36, jan./jun. 2000.
• ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-dez, 2007.
• NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia. São Paulo: Globo, 2005.

• PENHA, João. O que é o existencialismo. Coleção primeiros passos.

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