quarta-feira, 30 de abril de 2014

AULA DE FILOSOFIA 3º ANO ENSINO MÉDIO

Pragmatismo
O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do século XIX, com origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes dos Estados Unidos.
Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos.
O primeiro registro do termo pragmatismo ocorreu em 1898, tendo sido usado por William James. Este creditou a autoria do termo a Charles Sanders Peirce, que o teria criado no início dos anos 1870.
A partir de 1905 Peirce passou a usar o termo pragmaticismo para designar sua filosofia, rejeitando o nome original, pragmatismo, que estaria sendo usado por "jornais literários", de uma maneira que Peirce não aprovava.
A questão que distingue o pragmatismo do pragmaticismo reside principalmente no entendimento dado a esta locução - "desdobramentos práticos". Segundo a máxima pragmática de Peirce, o sentido de todo símbolo ou conceito depende da totalidade das possibilidades de formação de condutas deliberadas a partir da crença na verdade deste conceito ou símbolo. Neste leque, incluem-se desde os efeitos mais prosaicos até as condutas mentais mais remotas. Neste aspecto, porque o pragmatismo daria relevância apenas às evidências empíricas e às práticas mais vantajosas para o sujeito individual, pode ser considerada uma doutrina filosófica menos exigente que o pragmaticismo.
O pragmatismo se aproxima do sentido popular, segundo o qual um sujeito "pragmático" é aquele que tem o hábito mental de reduzir o sentido dos fenômenos à avaliação de seus aspectos úteis, necessários, limitando a especulação aos efeitos práticos, de valor utilitário, do pensamento. Peirce, aliás, justifica a invenção do desajeitado termo "pragmaticismo" justamente como meio de tornar a sua concepção de pragmatismo "feia demais para seus sequestradores", ou seja, para evitar que também este conceito tivesse seu sentido psicologizado. Segundo ele, foi o que, lamentavelmente, aconteceu com o pragmatismo depois que saiu do Metaphysical Club.
A Filosofia do Processo (ou Filosofia do Organismo), desenvolvida nos anos 1930 e 1940 por Alfred North Whitehead, mesmo sem contato direto com os Collected Papers peirceanos, mostra-se convergente com a cosmologia do pragmaticismo. Em ambos os casos, o universo é concebido como um agregado emergente de eventos e não mais, como na perspectiva filosófica moderna (inclusive a implícita à filosofia da linguagem iniciada por Wittgenstein), como uma coleção de fatos. Recentemente, esta convergência entre a filosofia do processo e o pragmaticismo foi explorada pelo filósofo neerlandês Guy Debrock. A partir delas, Debrock sintetiza o que ele chama de pragmatismo processual. Também recentemente, o projeto realista do pragmatismo foi reformulado por Richard Rorty.
Nas palavras de William James: “O método pragmatista é, antes de tudo, um método de terminar discussões metafísicas que, de outro modo, seriam intermináveis”. O mundo é um ou muitos? Livre ou fadado? Material ou espiritual? Essas noções podem ou não trazer bem para o mundo; e as disputas sobre elas são intermináveis. O método pragmático nesse caso é tentar interpretar cada noção identificando as suas respectivas consequências práticas (...) Se nenhuma diferença prática puder ser identificada, então as alternativas significam praticamente a mesma coisa, e a disputa é inútil.
História
Para William James, Sócrates era um adepto do pragmatismo, Aristóteles usava-o metodicamente e Locke, Berkeley e Hume fizeram contribuições para a verdade por esse meio.
O pragmatismo foi à primeira filosofia estadunidense elaborada autonomamente. Inspirada em Ralph Waldo Emerson, seus fundadores foram Charles Sanders Peirce, com seu artigo How to make our ideas clear, e William James, que retomou as ideias de Peirce, popularizando-as em sua coletânea "O Pragmatismo". Durante o início do século XX, o pragmatismo espalhou-se rapidamente pela cultura estadunidense, e foi além até outras culturas e povos.
O pragmatismo se impôs nos EUA como corrente dominante antes da Segunda Guerra Mundial, sofrendo posteriormente um longo eclipse, dada a predominância da filosofia analítica. Seu ressurgimento deveu-se, sobretudo à obra de Richard Rorty. Egresso da corrente analítica, mas extremamente original, Rorty foi criticado por suas ideias acerca do fim da filosofia e por seu pretenso relativismo. Considerava-se principalmente um discípulo de Dewey, mas também fortemente inspirado pelos grandes nomes da filosofia continental - Hegel, Nietzsche, Heidegger, Foucault e Derrida. Até hoje o pragmatismo é bastante popular e difundido nos EUA e tem um forte impacto sobre sua cultura.
Filosofia
Para Peirce o significado de qualquer conceito é a soma de suas todas as consequências possíveis.

Para William James a utilidade da filosofia deveria ser investigar apenas o que realmente faz diferença na nossa vida prática. Assim, ele vai contra as reflexões filosóficas abstratas e insuficientes, princípios fixos e absolutos, sistemas fechados e teorias sobre origens. James defende que teorias são instrumentos e não respostas para enigmas, pois respostas nos permitem descansar tranquilos enquanto instrumentos somente são úteis quando utilizados com finalidades práticas.
Critério de verdade
Nas palavras de William James e Francis Schaeffer, o pragmatismo defende que o sentido de tudo está na utilidade - ou efeito prático - que qualquer ato, objeto ou proposição possa ser capaz de gerar. Uma pessoa pragmatista vive pela lógica de que as ideias e atos de qualquer pessoa somente são verdadeiros se servem à solução imediata de seus problemas. Nesse caso, define-se como verdade o conjunto de todas as suas consequências práticas relativas a determinado contexto. Por exemplo: uma religião só é boa quando tiver como consequência indivíduos mais generosos, pacíficos e felizes. O que torna verdadeira a afirmação de que ela é boa são suas consequências. E a filosofia deve estudar o que faz gerar essas consequências e como usá-las para tornar a sociedade um lugar melhor.
O pragmatismo refuta a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos podem, só por si, representar adequadamente a realidade. Dessa forma, opõe-se tanto às correntes formalistas quanto às correntes racionalistas da filosofia. Antes, defende que as teorias e o conhecimento só adquirem significado através da luta de organismos inteligentes com o seu meio. Não defende, no entanto, que seja verdade meramente aquilo que é prático ou útil ou o que nos ajude a sobreviver a curto prazo. Os pragmatistas argumentam que se deve considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem estar da humanidade em geral, no mais longo prazo possível.
Epistemologia
O pragmatismo original é contra a ciência pela própria ciência. Para ele um estudo só se justifica caso tenha alguma utilidade social, mesmo que a longo prazo, mas dando preferência ao que tiver utilidade imediata. E, ao mesmo tempo, defende que uma teoria só pode ser comprovada pelas suas evidências práticas, tendo assim semelhanças com o empirismo.
Também existem muitas semelhanças entre a filosofia pragmática de William James e a análise do comportamento fundada pelo psicólogos Skinner. É importante lembrar que William James foi um dos fundadores da psicologia moderna portanto provavelmente influenciou Skinner diretamente na fundação do comportamentalismo.
Instrumentalismo
A concepção de pragmatismo de William James e uma releitura de Emerson serviram como base para uma vertente do pragmatismo. Seu criador, o filósofo e pedagogo John Dewey, chamou-a "instrumentalismo". Em Dewey, o pragmatismo se aproxima da filosofia social ou mesmo de uma prática da pesquisa política. Na sua obra Reconstrução em filosofia, Dewey sugere, por exemplo, que a filosofia deva reproduzir, na área sócio-política, o que a ciência moderna realiza na área tecnológica.
Críticas
O filósofo e Prêmio Nobel de Literatura Bertrand Russell criticou especialmente o critério de Verdade do pragmatismo. Segundo Russell, para os pragmatistas uma crença deve ser julgada verdadeira na medida em que as consequências práticas da adoção dessa crença sejam boas. Então, diz Russell, 'verdade' seria qualquer coisa na qual compensasse acreditar. "A noção de que é muito fácil saber quando as consequências de uma crença são boas - fácil a ponto de uma teoria do conhecimento não precisar levar em conta uma coisa tão simples - tal noção, devo dizer, parece-me uma das mais estranhas assunções que uma teoria do conhecimento possa fazer." Para Russell, é óbvio que existe uma transição entre considerar uma crença útil e assumi-la como verdadeira - uma diferença que a definição pragmatista de 'verdade' ignora, sem, no entanto destruir o significado comumente dado à palavra 'verdade', o que resultaria, em sua opinião, em uma irremediável inadequação entre critério de verdade e significado da palavra verdade - entre os 'fato' e as 'verdade'. “‘Fatos’, dizem eles [os pragmatistas],  não são verdadeiros nem falsos, ou seja, a verdade não tem nada a ver com os fatos”. Russell aponta inconsistências lógicas na filosofia pragmatista, tais como jogos de palavras e afirmações tautológicas. O pragmatismo não apresenta nenhuma razão para que a verdade e a utilidade andem sempre juntas. Além disso, adotar utilidade como critério de verdade nem mesmo é útil, segundo Russell, porque geralmente é mais difícil descobrir se uma crença é útil do que descobrir se ela é verdadeira. Finalmente, não sendo apresentada nenhuma razão pela qual a verdade e a utilidade devam andar juntas.
Max Horkheimer, em Eclipse da Razão, faz uma crítica semelhante e acrescenta que, ao definir todo meio apenas pelo fim que ele almeja atingir, o pragmatismo fomenta uma sociedade que não dá valor para a reflexão e a meditação - e por isso mesmo é que foi fundado e se tornou tão popular nos Estados Unidos. Dewey revidou as críticas, defendendo que o objetivo do pragmatismo não é chegar a um objetivo último supersantificado - isso é absolutismo. Ao contrário, o objetivo é justamente levar à reflexão sobre o que é o melhor para a humanidade, refletindo sobre as mudanças necessárias para se adequar ao contexto dinâmico das nossas sociedades.

Referências
JAMES, William (1948) "What pragmatism means." Pragmatism - a reader, p.93.
JAMES (1948), p. 94.
"Pragmatism: A new name for some old ways of thinking". In JAMES, W. Pragmatism: A New Name for Some Old Ways of Thinking / Four Related Essays Selected from "The Meaning of Truth". New York/London/Toronto: Longmans, Gren and Co., pp. VI-301. Publicado originalmente em 1907.
Peirce, C.S. (1977) O que é Pragmatismo. In Peirce, C. S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva. Publicado originalmente em 1905.
TOURINHO, Emmanuel Zagury. Behaviorismo radical, representacionismo e pragmatismo.  Temas psicol. 1996, vol. 4, n°2, pp. 41-56 .. ISSN 1413-389X.
"William James's Conception of Thruth" . In RUSSELL, Bertrand Russell (1910) Philosophical Essays, p. 72s.
Cornelis de Waal (1995) Sobre Pragmatismo , p. 22.
O desenvolvimento do pragmatismo americano , por John Dewey. Scientiae Studia vol. 5 n°2 São Paulo, abril-junho de 2007.
A Filosofia de W. James , por Arthur Arruda
RUSSELL, Bertrand. Philosophical Essays . London: Longmans, Green, and Co., 1910.
Russell on Pragmatism , por Jane Duran. Russell: The Journal of the Bertrand Russell Archives. McMaster University Library Press n° 14 (summer 1994): 31-7. ISSN 0036-01631
A John Dewey reference page
A Mead Project reference page

Pragmatism Cybrary

Aula de Filosofia 3º ano Ensino Médio - EXISTENCIALISMO

Nascido no século XIX, através das ideias do filósofo dinamarquês Kierkegaard, esta vertente filosófica e literária conheceu seu apogeu na década de 50, no pós-guerra, com os trabalhos de Heidegger e Jean-Paul Sartre. A contribuição mais importante desta escola é sua ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-arbítrio.
Para os existencialistas, a existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser. Assim, não há uma inquietação relativa aos postulados produzidos pela Ciência ou às especulações metafísicas, e sim no que se refere ao sentido da existência. Daí a predominância de elementos da Fenomenologia de Husserl – movimento que procura compreender os fenômenos tais como eles parecem ser, sem depender do real conhecimento de sua natureza essencial – nesta corrente filosófica, já que ambas privilegiam a vivência subjetiva em detrimento da realidade objetiva.
existencialismo  pressupõe que a vida seja uma jornada de aquisição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua caminhada existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos, pois não se pode racionalizar o mundo como nós o percebemos. Esta visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do Existencialismo, a qual não se pode negar.
Coube a Sartre batizar esta escola filosófica com a expressão francesa ‘existence’, versão do termo alemão ‘dasein’, utilizado por Heidegger na sua obra Ser e Tempo. Além destes filósofos renomados, o movimento contava também com Albert Camus – adepto destes postulados apenas no campo literário – e Boris Vian.
Soren Aabye Kierkegaard, antecessor do Existencialismo, encontra seu caminho dentro da Filosofia ao rebater os conceitos de Aristóteles ainda presentes nas teorias da época, combatendo assim os ideais hegelianos, principalmente sua crença na submissão de todos os fenômenos às leis naturais, o que lhes confere um determinismo providencial e retira das mãos do homem sua liberdade individual.
Foi este filósofo que legou ao existencialismo a idéia central da liberdade do homem, bem como de sua eterna aflição perante a falta de um projeto que regeria a caminhada humana, o que deixa o indivíduo à mercê de suas próprias decisões e atitudes. Ele vê a realidade como um feixe de possibilidades diante das quais o ser, com sua liberdade de escolha, pode optar pelas que mais lhe convém. Estes caminhos podem ser englobados, para ele, em três opções primordiais – o estilo estético, no qual cada um busca aproveitar ao máximo cada momento; o estilo ético, dentro do qual o homem procura viver com atitudes corretas e morais; e o estilo religioso, que se apóia sobre a fé.
De certa forma, a moderna física quântica parece adotar esta mesma visão, agora em uma versão mais científica, porém acompanhada da crença na existência de uma força superior, traduzida em termos energéticos. O existencialismo, porém, continua mais ativo que nunca, influenciando a filosofia, a literatura e as artes cinematográficas.
AULA DE FILOSOFIA 1º ANO ENSINO MÉDIO - M,T,N.

Conceitos-chave


• Mito (do grego mythos, "fábula"): narrativa tradicional, integrante da cul­tura de um povo, que utiliza elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo e dar sentido ã vida humana.

•  Mitologia: conjunto dos mitos de uma determinada cultura. Ex.: mitolo­gia egípcia, grega, romana etc.

•  Logos(do grego legein, "reunir, falar"): entre seus vários sentidos, pode­mos destacar o de "saber racional", "inteligência", "razão", "discurso ordenado".

•  Polis: cidade-Estado grega. Surgiu no chamado período arcaico da his­tória grega (séculos VII-VI a.C). Exemplos de polis: Messena, Corinto, Tebas, Megara, Erétria, Olímpia, Esparta e Atenas. Nas cidades, o cidadão grego foi conquistando direitos e contribuindo para a vida social. A pa­lavra político designava o cidadão que participava dos destinos da polis.

•  Cosmogonia: o termo foi aqui utilizado para significar a exposição so­bre a origem do universo baseada em relatos míticos.
•  Cosmologia: teoria sobre as características do universo baseada em princípios racionais e sistemáticos.
•  Período pré-socrático: fase inaugural da filosofia grega, abrangendo reflexões desenvolvidas desde Tales de Mileto (623-546 a.C.) até Sócrates (468-399 a.C). É marcado pela busca de elaborações cosmológicas. Principais escolas pré-socráticas: a) jônica (Tales, Anaximandro, Anaxímenes); b) pitagórica (Pitágoras); c) mobilista (Heráclito); d) eleática (Parmênides, Zenão); e) agrigentina (Empédocles); f) atomista (Leucipo, Demócrito).

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Resumo das Grandes Navegações - Aula 2º Ano Ens. Medio

Expansão Marítima Europeia.
A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.
Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa.
O contato comercial entre todas as partes do mundo ( Europa, Ásia, África e América ) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimentos geográficos e o contato entre culturas diferentes.
Fatores para a Expansão Marítima.
A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial o fator essencial foi a formação do Estado Nacional.
Formação do Estado Nacional e a centralização política - as Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político, pois se fazia necessário uma complexa estrutura material de navios, armas, homens, recursos financeiros. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima.
Avanços técnicos na arte náutica - o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos- bússola, astrolábio, sextante - e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.
Interesses econômicos - a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo - que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; tomada de Constantinopla, pelos turcos otomanos, encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.
Sociais - o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.
Religiosos- a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa
Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para as Grandes Navegações.
A formação do Estado Nacional português está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica. A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha ( a partir de 1143 ) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna.
Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis - movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é caracterizada pela expansão externa de Portugal: a expansão marítima.
Etapas da expansão
A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza, interessada em conquista de terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.
A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:
1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;
1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;
1434 - chegada ao Cabo Bojador;
1445 - chegada ao Cabo Verde;
1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 - Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Expansão marítima espanhola
A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de Reconquista.
No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada – foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano, Cristóvão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.
Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e, sem saber chegou a um novo continente: a América.
A seguir a principais etapas da expansão espanhola:
1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;
1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente;
1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.
As rivalidades Ibéricas
Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram assinar um acordo – proposto pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.
O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas demais nações europeias.
Navegações Tardias
Inglaterra, França e Holanda.
O atraso na centralização política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:
A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e, após este longo conflito, a Inglaterra passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado de Luís XI ( 1461-1483).
Somente após estes conflitos internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I ( 1558-1603 ); e franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.
A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os holandeses iniciarão a expansão marítima.

CONSEQÜÊNCIAS
As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos.
A seguir algumas das principais mudanças:

A decadência das cidades italianas; a mudança do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes capitalistas; o euro-centrismo, ou a hegemonia europeia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

AULA DE HISTÓRIA 1º ANO ENSINO MÉDIO: M,T e N - História Antiga

Hebreus

OBJETIVO:  Este módulo apresentará uma visão sobre o mundo dos hebreus ou também chamados, israelitas. Descendentes do patriarca Abraão, tiveram uma vida de muitas peregrinações. Como era seu modo de vida, política, religião e sociedade e que contribuições deixaram para as próximas civilizações.
Hebreus (israelitas)
Qual a origem e significado do termo “hebreu”?
Esse nome vem da raiz ‘a-vár’, que significa “passar, transitar, atravessar, cruzar”. Esse nome denota viadantes, aqueles que ‘passam adiante’. Isto porque os israelitas por um tempo realmente levaram uma vida nômade.
Os hebreus tiveram uma história de migração, lutas, fugas e cativeiros, mas procuravam e conseguiram preservar sua cultura.
A civilização hebraica, formada por pastores nômades viviam na cidade de Ur, na Mesopotâmia. Conduzidos por Abraão, partiram de Ur e se estabeleceram na Palestina. No meio do seu território havia o rio Jordão, que fazia da região a área mais fértil e favorável para a agricultura. Eles chegaram à Palestina por volta de 2.000 a. C., esse território era conhecido como terra de Canaã.
Você encontrará um registro completo sobre a vida dos hebreus na Bíblia. Lá estão registrados toda sua peregrinação, sua moral, costumes, leis e história religiosa. Eles deixaram como herança o monoteísmo, a crença em um único Deus verdadeiro.
Podemos dividir a história dos hebreus em três etapas: governo dos patriarcas, governo dos juízes e governo dos reis.
Então, vamos começar??!!
GOVERNO OU ERA DOS PATRIARCAS
Os hebreus eram dirigidos por patriarcas, estes eram líderes políticos, que eram encarados como o “pai” da comunidade.
O primeiro grande líder, ou patriarca hebreu foi Abraão, segundo o antigo testamento. Abraão era mesopotâmico, originário de Ur, da Caldéia.
Abraão conduziu os hebreus de Ur, rumo à Palestina (terra prometida). Chegaram por volta de 2000 a. C., viveram na Palestina por quase três séculos. Durante esse tempo, Abraão fundou uma cultura religiosa monoteísta. Eles saíram de Ur em direção à terra Prometida confiando na promessa de seu único Deus Jeová de levá-los a uma terra que mana ‘leite e mel’. Depois de Abraão, a liderança foi passando de pai para filho. De Abraão foi para Isaque e depois para Jacó. Este último teve um destaque interessante, pois Jacó teve seu nome mudado para Israel e teve doze filhos, que deram origem as doze tribos de Israel. Mas tiveram tempos complicados. Os hebreus tiveram conflitos com vizinhos e uma terrível seca que assolou a Palestina, obrigando-os a emigrar para o Egito, onde permaneceram por mais de 400 anos. Eram perseguidos e escravizados pelos faraós.
 Somente a ideia de libertação consolou um povo abatido e escravizado. Essa ideia veio por meio de Moisés. Os hebreus liderados por ele fugiram do Egito. Essa fuga é conhecida como “Êxodo”. Podemos ver no êxodo, do relato bíblico algumas particularidades, como a ocasião em que o Deus dos hebreus, Jeová, abriu o mar Vermelho. Eles fugiram do Egito, perambularam 40 anos no deserto e por fim retornaram à palestina.
Durante a perambulação, Moisés não chegou a entrar na Palestina, por isso quem os conduziu até lá foi Josué, sucessor de Moisés. Mas para reapossarem a Palestina, os hebreus tiveram que travar intensas lutas com os cananeus e posteriormente com os filisteus, povos que ocuparam a região. Foram quase dois séculos de lutas e nesse período os hebreus foram governados pelos juízes.
E assim passamos para a segunda era hebraica.
GOVERNO OU ERA DOS JUÍZES
Antes quem julgava os hebreus era o patriarca. Agora havia líderes militares, indicados das doze tribos que julgavam tudo. Esse período se estendeu por uns 300 anos, entre a conquista da Palestina (chamada  também de Canaã) até o início da monarquia.
Entre esses chefes estavam: Gideão, Jefté, Samuel e Sansão, conhecido por sua monstruosa força.
GOVERNO OU ERA DOS REIS (MONARQUIA)
Os filisteus ainda representavam muita ameaça aos hebreus, visto que lutavam pelo completo controle do território da Palestina. Isso fez com que os hebreus instituíssem a monarquia, para poder assim centralizar o poder e ter mais força para enfrentar os adversários.
O primeiro rei hebreu foi: Saul, da tribo de Benjamim. Ele, porém não teve sucesso em enfrentar os inimigos e, em batalha ao ver que não conseguiria derrotar seus adversários, ele e seu escudeiro se suicidam.
 Já no século XI a. C., Davi , sucessor de Saul, conseguiu mostrar eficiência  nos combates militares. Venceu os inimigos, tornou a nação hebraica forte e estabilizada. Tinham um exército brilhante e Jerusalém se tornou a capital. Davi conseguiu o grande feito de expandir os domínios do reino.
 Seu filho, Salomão, o sucedeu em 966 a. C., este ficou conhecido na história pela imensa fortuna e sabedoria que adquiriu. Tornou-se rei muito jovem, segundo a Bíblia, sua primeira esposa foi à filha de faraó, mas depois dela chegou a ter 700 esposas e 300 concubinas. Ampliou a participação no comércio, construiu várias obras públicas, como o famoso templo de Jerusalém, dedicado a Jeová. Os exageros iam da economia à cultura.
Mas havia altos impostos e os camponeses trabalhavam muito nas construções. Isso gerou descontentamento geral que piorou com a morte de Salomão. O resultado foi que com o filho de Salomão, o reino acabou se dividindo. Criando o  reino de Israel e o reino de Judá. Com as capitais em Samaria e Jerusalém, respectivamente.
 O reino, com isso o reino ficou vulnerável e logo foi levado ao cativeiro pelos babilônios. Estes saquearam o templo em Jerusalém e destruíram tudo. O cativeiro iniciou-se em 587 a. C. e durou até 538 a.C., depois houve o retorno à Palestina e o início da reconstrução das muralhas da cidade, do templo e da própria cidade.
 Mais tarde, foram conquistados novamente pelos Greco-macedônios e pelos romanos.
 Em 70 d.C. Tito, general romano, destruiu Jerusalém e os hebreus abandonaram a Palestina. Esse abandono é chamado de Diáspora.
 Somente em 1948 foi fundado novamente o Estado de Israel, junto com conflitos com árabes e de outras nacionalidades. Mas somente nos anos 90, foi que surgiram acordos, mas não com paz completa.
 SOCIEDADE HEBRAICA
 A maioria eram camponeses, pastores e escravos. Pagavam altos impostos ou então serviam em vários trabalhos como o serviço militar. Acima dessa classe tem os burocratas e comerciantes. No topo estavam os grandes fazendeiros, sacerdotes, funcionários públicos e a família real.
 Como mostra a pirâmide abaixo:



ECONOMIA

Na maior parte do tempo a economia era baseada na agricultura e na criação de ovelhas e cabras. Somente a partir do reinado de Salomão é que os hebreus desenvolveram mais o comércio. Daí começaram a buscar o individualismo, o lucro. Infelizmente isso resultou na desigualdade social.
 CULTURA
 Os hititas, habitantes da Ásia, os ensinavam a usar o ferro. Os arameus da Síria, os influenciaram na língua e na escrita, usando o aramaico.
 Mas a religião era a base da cultura. O monoteísmo – crença em um só deus- acabou, fundando o cristianismo e o islamismo. Os hebreus tinham Jeová ou Iavé, como único Deus. Acreditavam que Jeová enviaria o messias e que libertaria o povo. Comemoravam a Páscoa, que na verdade representava a saída dos hebreus do Egito (êxodo) além do pentecostes, que era o derramamento do Espírito Santo sobre os cristãos. Guardavam também o sábado, resguardando-se de qualquer atividade.
 Na literatura, destaca-se a Bíblia que é dividida por eles em:
  • livros históricos: que descrevem a própria história deles, desde Josué até a conquista e dominação Persa. São estes os livros de: Josué, Juízes, Samuel.
  • Livros proféticos: são livros proféticos de acontecimentos futuros. Entre eles estão os livros de: Isaías, Daniel, Ezequiel e Amós.
  • Livros didáticos: são os que ensinam princípios religiosos, morais e sociais. Entre eles têm-se os livros de: Jó,  Salmos, Provérbios e o cântico de Salomão também chamado de Cântico dos cânticos.
Os hebreus nos influenciam muito em sentido religioso e literário, mas foram vagarosos no desenvolvimento científico. Na arquitetura destaca-se o Templo em Jerusalém, dedicado a Jeová, construído por Salomão.



Sinopse do livro O que é Ideologia de Marilena Chauí?

Pelo Prof. Edson de Souza Couto
Graduado em Licenciatura Plena em História ULBRA/TORRES
Pós-Graduado em Ensino de Filosofia e Sociologia UNIASSELVI/CAPÃO DA CANOA

O que é ideologia
          A autora Marilena Chauí inicia o livro “o que é ideologia” abordando a definição do que é ideologia e nos apresenta também alguns caminhos pelos quais a ideologia burguesa passou até chegar a seu estágio atual e explica que, para ela, ideologia é um conjunto sistemático e encadeado de ideias de forma que essa ideologia representa um ideário histórico, social e político que oculta à realidade e que esse ocultamento aponta uma forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política.
         Marilena introduz seus conceitos remontando ao pensamento filosófico da Grécia Antiga sobre o que ocasiona o movimento do ser. Em seguida, faz uma analogia à teoria das quatro causas de Aristóteles, afirmando que são mais importantes as causas de permanência e menos importantes às causas de mudança ou movimento. Ela afirma também que a teoria da causalidade no mundo moderno, reforçada pelos pensamentos de Galileu, Bacon e Descartes, foi reduzida a apenas duas causas: a eficiente e a final.
          As quatro causas explicam a permanência e o movimento ou mudança, um aspecto fundamental da teoria da causalidade que consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor. A teoria das quatro causas faz distinção entre dois tipos de atividades: a atividade técnica – poiésis e a atividade ética e política – práxis.
          De acordo com Chauí, a física moderna trouxe-nos a possibilidade de explicar o corpo humano pela anatômica e fisiologicamente. Com o objetivo de representar uma máquina natural e impessoal que obedece à causalidade eficiente surgiu o homem como um ser peculiar que será valorizado pela ética protestante tornando-se um indivíduo moderno. Além do homem burguês descobre-se outro; o trabalhador livre.
         O homem mescla-se em dois diferentes tipos de homens; o burguês, proprietário privado dos meios de produção e há o trabalhador, despojado desses meios e dessas condições de trabalho. Os trabalhadores "livres" fazem parte da natureza, enquanto os burgueses constituem a sociedade.
         Marilena Chauí diz que o idealista considera o real como ideias ou representações e que o conhecimento da realidade se reduz ao exame dos dados e das operações de nossa consciência ou do intelecto, como atividade produtora de ideias que dão sentido ao real e o fazem existirem para nós. Para o empirista a realidade é um puro dado imediato e para o idealista um dado da consciência. A autora Chauí ressalta que a história não é sucessão de fatos no tempo, nem o progresso das ideias, mas o modo como homens determinados criam os meios e as formas de sua existência social que se transformam em econômica, política e cultural.
          Para Marilena Chauí a história é o real, e o real é o movimento incessante pelo qual os homens em condições indesejáveis instauram um modo de sociabilidade e procuram fixá-lo em instituições determinadas, além dessas fixações sociais os homens produzem ideias pelas quais explicam e compreendem sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o sobrenatural. Nas sociedades divididas em classes e também em castas essas ideias são reproduzidas e difundidas pela classe dominante com intuito de legitimar e assegurar seu poder econômico, social e político.
         A autora Marilena Chauí descreve como surgiu o termo ideologia; o termo ideologia aparece pela primeira vez em 1801 no livro de Destutt de Tracy, Elementos de Ideologia. Foi o Destutt de Tracy que elaborou uma teoria sobre as faculdades sensíveis, responsáveis pela formação de todas as nossas ideias: querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória). Destutt de Tracy pertencia ao grupo de pensadores que eram: antiteológico, antimetafísico, críticos a toda explicação sobre uma origem invisível e espiritual das ideias humanas e inimigos do poder absoluto dos reis, eram também materialistas e pertenciam ao partido liberal e esperavam que o progresso das ciências experimentais, baseadas exclusivamente na observação, na análise e síntese dos dados observados, pudesse levar a uma nova pedagogia e a uma nova moral.
          Em seguida Destutt de Tracy propõe o ensino das ciências físicas e químicas para “formar um bom espírito”, dos elementos de ideologia ele procura analisar os efeitos de nossas ações voluntárias e escreve, então, sobre economia, na medida em que os efeitos de nossas ações voluntárias concernem à nossa aptidão para prover nossas necessidades materiais. O sentido pejorativo dos termos “ideologia” e “ideólogos” vieram de uma declaração de Napoleão que, num discurso ao Conselho de Estado em 1812, declarou: “Todas as desgraças que afligem” nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da história. Aponta-se também que tal termo foi empregado por Augusto Comte em “Curso de Filosofia Positiva” e explica sucintamente que, para os positivistas, ideologia era um conjunto de ideias de uma época, em que eles afirmavam que “o poder pertence a quem possui o saber” e que quando as ações humanas contrariassem as ideias, elas seriam tidas como desordem, o que contrariava o lema da sociedade positivista de “Ordem e Progresso”.
          De acordo com Chauí, Durkheim chama de ideologia; um resto, uma sobra de ideias antigas, pré-científicas que ele as considera como preconceitos e pré-noções inteiramente subjetivas, individuais, “noções vulgares”, pois,  considera tal atitude subjetiva e tradicional. Para ele o grande princípio metodológico que permite tratar o fato social como coisa e liberar o cientista da ideologia é: “Tomar sempre para objeto da investigação um grupo de fenômenos previamente isolados e definidos por características exteriores que lhe sejam comuns e incluir na mesma investigação todos os que correspondem a essa definição”. Assim, o fato social, convertido em coisa científica, nada mais é do que um dado, previamente isolado, classificado e relacionado com outros por meio da semelhança ou constância das características externas.

A IDEOLOGIA DA COMPETÊNCIA

          Marilena Chauí afirma que, o Filósofo francês Claude Lefort escreveu a ideologia burguesa como um pensamento e um discurso de caráter legislador, ético e pedagógico que definia para toda a sociedade o verdadeiro e o falso, o bom e o mau, o lícito e o ilícito, o justo e o injusto, o normal e o patológico, o belo e o feio, a civilização e a barbárie. A partir dos anos 30 do século XX houve uma mudança no processo social do trabalho, o trabalho industrial passou a ser conhecido como fordismo, no qual uma empresa controla desde a produção da matéria prima até a distribuição comercial dos produtos. Com o Fordismo foi introduzida uma nova prática das relações sociais, conhecida como a organização no sentido de administrar, racionalizar se for eficiente e como administração científica racional que possui lógica própria e funciona por si mesma. A organização do trabalho industrial dividiu-se em duas novidades: a linha da montagem e a gerência científica.
          Lefort cita na ideologia contemporânea como a ideologia invisível emana diretamente do funcionamento da organização e das chamadas “leis do mercado”. A ideologia da competência domina pelo descomunal prestígio e poder conferidos ao conhecimento científico e tecnológico e o discurso competente é aquele proferido pelo especialista que ocupa uma posição determinada na hierarquia organizacional. Na outra modalidade o discurso da competência é privatizado refere-se aquele que ensina enquanto indivíduos privados e não enquanto sujeitos sociais ao relacionarmos com o mundo e com os outros. Os dois discursos foram construídos para assegurar 02 pontos indissociáveis do modo de produção capitalista: a existência da racionalidade nas leis de mercado; e que só há felicidade na competição e no sucesso de quem vence a competição.
         A ideologia tem a função de dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção. é a de apagar as diferenças como de classes e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como, por exemplo, a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, ou o Estado. Podemos cometer um engano, contrapondo ideologia e crítica da ideologia, e podemos contrapor a ideologia ao saber real que muitos dominados têm acerca da realidade da exploração, da dominação, da divisão social em classes e da repressão a que este saber está submetido pelas forças repressivas dos dominantes (forças repressivas que não precisam ser apenas as da polícia ou as do exército, mas que podem ser sutilmente, a própria ideologia difundida e conservada pela escola e pelas ciências ou filosofias dos dominantes).
         Marilena Chauí ressalta que é indispensável ver na ideologia do sistema capitalista os três tipos diferentes de família (diferentes tanto por sua finalidade como por seu modo de organização), a burguesa, a proletária e a pequeno-burguesa, já não poderiam falar: a Família. Se pudesse mostrar que a família burguesa é um contrato econômico entre duas outras famílias para conservar e transmitir o capital sob a forma de patrimônio familiar e de herança (mantendo a classe) teria que mostrar que é por isso que, nessa família, o adultério feminino é uma falta grave, pois faz surgirem herdeiros ilegítimos que dispersariam o capital familiar, e que, por este motivo, o adultério feminino é convertido, para a sociedade inteira, numa falta moral e num crime penal. Se, por exemplo, pudesse mostrar que a família proletária tem por função exclusiva reproduzir a força-de-trabalho procriando filhos, teria que mostrar que é por isso (e não por razões religiosas e morais, que justamente são ideológicas) que a mulher proletária não tem direito ao aborto decente e nem o direito ao anticoncepcional, a não ser quando, em virtude da modificação tecnológica que leva à automação do trabalho, interessa aos dominantes diminuir a quantidade de oferta de mão de obra no mercado de trabalho. Se a ideologia mostrasse todos os aspectos que constituem a realidade das famílias no sistema capitalista, se mostrasse como a repressão da sexualidade está ligada a essas estruturas familiares (condenação do adultério, do homossexualismo, do aborto, defesa da virgindade e do heterossexualismo, diminuição do prazer sexual para o trabalhador porque o sexo diminui a rentabilidade e produtividade do trabalho alienado), como, então, a ideologia manteria a ideia e o ideal da Família? Como faria, por exemplo, para justificar uma sexualidade que não estivesse legitimada pela procriação, pelo Pai e pela Mãe? Não pode fazer isto. Não pode dizer isto; porque a ideologia não tem história, mas fabrica histórias imaginárias que nada mais são do que uma forma de legitimar a dominação da classe dominante compreende-se por que a história ideológica (aquela que aprendemos na escola e nos livros) é sempre uma história narrada do ponto de vista do vencedor ou dos poderosos que é transformado em único sujeito da história não só porque impediu que houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o “direito” à história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que se lembrem apenas.
         Chauí encerra a obra criticando a supremacia histórica dos “grandes homens”, dos “grandes feitos”, das “grandes descobertas”, dos “grandes progressos”, a ideologia nunca nos diz o que são esses “grandes”. Grandes em quê? Grandes por quê? Grandes em relação a quê? No entanto, o saber histórico nos dirá que esses “grandes”, agentes da história e do progresso, são os “grandes e poderosos”, isto é, os dominantes, cuja “grandeza” depende sempre da exploração e dominação dos “pequenos”, Aliás, a própria ideia de que os outros são os “pequenos” já é um pacto que fazemos com a ideologia dominante.
         Com base nos estudos históricos levantados concluímos que a ideologia burguesa pode manter sua hegemonia mesmo sobre os vencidos, pois estes interiorizam a suposição de que não são sujeitos da história, mas apenas indivíduos explorados.

Referência

-CHAUÍ, M. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense. 2001.
AULA DE FILOSOFIA 1º ANO ENSINO MÉDIO


Conceitos Chave:

  Ideologia: sistema de ideias que elabora uma "compreensão da reali­dade" para ocultar ou dissimular o domínio de um grupo social sobre outro. Traços gerais: anterioridade, generalização e lacuna. A ideologia atua como uma forma de consciência parcial, ilusória e enganadora que se baseia na criação de conceitos e preconceitos como instrumentos de dominação.
  Doutrina ideológica: concepção fechada, rígida, unilateral, lacunar. Estabelece "verdades" para sustentar desejos ocultos.
  Racionalização: além do significado básico de "tornar racional", signi­fica também a tendência para procurar argumentos e justificativas para crenças ancoradas em preconceitos, emoções, interesses pessoais ou hábitos arraigados.

Análise e Entendimento
A máscara da ideologia
1.   Afinal, o que você entende por ideologia? Elabore uma definição básica.
2.   Seguindo a análise de Marilena Chauí, explique os traços gerais que caracterizam a noção de ideologia: anterioridade, generalização, lacuna.
3.   Aponte alguns dos aspectos ideológicos contidos na afirmação "querer é poder". Comente, Dê exemplos de outros "ditos" ou "frases feitas" e os comente.
Ideologia e filosofia
4. Qual a diferença entre doutrina ideológica e teoria filosófica?
5.   Interprete e discuta a seguinte afirmação: Na teoria filosófica há o dese­jo de atingir a verdade; na doutrina ideológica há o estabelecimento de verdades para sustentar desejos.

6.   O que podemos entender por racionalização? Comente. Procure dar um exemplo de racionalização a partir de sua vivência.
Aula de Filosofia do 1º Ano Ensino Médio


CONSCIÊNCIA CRÍTICA

• Homem e consciência: o processo de conscientização faz do homem um sistema aberto, relacionado com o mundo (alteridade) e consigo mesmo (inferioridade). Somos eternos caminhantes destinados ã procura e ao encontro da realidade.
  Consciência crítica: depende do crescimento harmonioso das duas dimensões do processo de conscientização: a consciência de si (interioridade, reflexão) e a consciência do outro (alteridade, atenção).
  Pensamento: veículo do processo de conscientização, Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa, avaliar a realidade.
  Senso comum: "consiste em uma série das crenças admitidas por um determinado grupo social e que sutis membros acreditam serem compartilhadas por todos os homens" (C. Perelman),
  Filosofia: do grego filos (amor) e sofia (sabedoria), a palavra passou a designar, na Grécia Antiga, um tipo de saber que nasce do uso metódico da razão, da investigação racional.

  Filosofia e a especialização do conhecimento: na Antiguidade, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento racional (astronomia, física, lógica, biologia, ética etc.), Com a  especialização do conhecimento científico, o campo filosófico foi se restringindo cada vez mais (lógica, teoria do conhecimento, ética, valores,  estética, política etc.), mas a filosofia passou a ter o papel de reflexão dos conhecimentos alcançados e de recuperação da unidade do saber. 

Ética Contemporânea
      Importância da Ética na vida pessoal e profissional A ética enquanto ciência responsável por estudar e criticar "os diversos tipos de moral é importante em nossa vida para que consigamos refletir sobre nossas atitudes e sobre nossas crenças, buscando sempre o bem estar e o bom relacionamento com o próximo.
      Apenas refletindo e criticando a nós mesmos conseguiremos encontrar o comportamento adequado para cada ambiente, pessoal ou profissional, fazendo de nossas atitudes as mais éticas possíveis diante uma determinada situação e diante a uma determinada cultura - que também: pode ser contestada e criticada, mas nunca desrespeitada.

Abertura: Ética Contemporânea
        A ética contemporânea teve seu início em meados do século XIX, devido às mudanças que a evolução da ciência provocou na humanidade, descobrindo até mesmo formas eficientes de acabar com a vida humana. Dessa forma, o novo pensamento ético que nasceu começou a contestar o racionalismo absoluto, e assumir a existência de uma parte inconsciente em todos os homens. As principais correntes dessa Ética    Contemporânea são: O Existencialismo, o Pragmatismo, a Psicanálise, o Marxismo, o Neopositivismo e a Filosofia Analítica. A ética na idade contemporânea se defronta com uma enorme variedade de tendências   morais derivadas do pluralismo   cultural existente. Dentro de uma mesma sociedade encontramos correntes morais  diferentes,  que  se  formam a partir dos juízos de valores recebidos por cada sujeito em seu ciclo de    convivência. A imparcialidade exigida da ética faz com que nenhuma   dessas "vertentes" morais seja aceita como a melhor tendência. Às  correntes  da ética  contemporânea   cabe  criticar  e   analisar  os diferentes hábitos e costumes existentes nos dias atuais para que cheguemos a um ponto comum a ser aceito.
        Há também um novo desafio imposto aos estudiosos que se dedicam à ética: o fato de que o comportamento dos homens nem sempre são guiados  pelos  seus juízos sobre o valor dos atos.  Além  da parte irracional já aceita e levada em consideração por essas correntes, o conceito deturpado de felicidade pode fazer com que as pessoas se distanciem das virtudes éticas, da justa medida citada   por Aristóteles em seus estudos.
        A nova filosofia de vida e a ética de manipulação favorecem  ao imediatismo, à criação de cidadãos altamente manipuláveis e à superação do individual sobre o coletivo. Tudo é feito em nome de uma  falsa liberdade,  que está  se  confundindo  com  o  conceito  de libertinagem.
       Analisar esses fatos de acordo com cada uma das correntes da ética contemporânea é o objetivo desse texto. Iniciaremos então a nossa    discussão nos referenciando no Existencialismo, que   tem   como principais  filósofos  Kierkgaard e Sartre.

O Existencialismo e o Pragmatismo

      O Existencialismo é uma corrente de estudos da ética contemporânea que tem dentre seus preceitos análise do homem concreto, do indivíduo como ele realmente é. O único contraponto visível entre seus dois principais autores reside no fato de que para Sartre,  Deus não existe, tornando o homem totalmente livre e sem nenhum vínculo com um possível criador.
      O Pragmatismo é uma corrente muito interessante a nós, já que nasce nos Estados Unidos, ligado ao avanço científico e tecnológico e do espírito de empresa. Para o Pragmatismo, a verdade seria identificada como algo útil, que é essencial para vivermos e convivermos. Ou seja, algo só é considerado bom quando nos leva ao êxito. Isso torna a corrente basicamente egoísta.
      A partir dessas breves definições podemos estabelecer uma ponte entre as duas correntes contemporâneas: Ambas analisam uma ética totalmente individual, que leva em conta apenas o momento atual, sem se preocupar com o futuro e com as tão comentadas virtudes éticas citadas por Aristóteles.
     Não estamos aqui para dizer que essa forma de pensar esteja totalmente errada. Queremos apenas alertar para o fato de que se analisarmos a questão ética apenas por esse ponto de vista estaremos incorrendo em um grande erro, afinal nós somos homens políticos e como tais devemos nos portar.  Afinal, tudo que fazemos hoje gera um reflexo em nosso futuro, e se torna uma marca inapagável em nosso passado.
     Essa visão' do espírito de empresa, originária do Pragmatismo deu origem aos Trustes e Cartéis, à exploração dos homens e países mais pobres. Nossa consciência não pode ser objeto facilitador dessas injustiças, e sim um caminho racional para chegarmos à verdadeira liberdade e felicidade.

A Psicanálise e o Marxismo

       A Psicanálise contribuiu com a ética ao confirmar a existência de uma parte inconsciente nos homens. Isso faz com que alguns atos sejam atribuídos a essa parte inconsciente, cabendo assim um julgamento ético diferenciado.
      Vale frisar que não devemos considerar ética  determinada  atitude que antes era vista como antiética apenas pelo fato de ser fruto do inconsciente  humano. Entretanto  esse  ponto  deve  ser seriamente analisado antes de se obter o resultado de um julgamento.
      O Marxismo vê o homem como ser produtor, criador, inventivo, transformador, social e histórico. Dá especial atenção ao proletariado, que    segundo os marxistas dá origem a uma sociedade verdadeiramente humana.
      Essas vertentes éticas distinguem-se das duas citadas anteriormente pelo   fato   de   considerarem   o   outro   em   suas premissas. Não   se baseiam  em  um  individualismo  egoísta  nem fazem  generalizações sobre os fatos acontecidos. É bom lembrarmos   também   que   todas   as   correntes   da   ética contemporânea são contra o universalismo e o racionalismo absoluto, e a favor do reconhecimento do irracional e da descoberta da ética dentro do próprio homem. Entretanto consideramos o Pragmatismo e o Existencialismo correntes demasiadamente individualistas e pouco aplicáveis em nosso dia- a - dia, visto que somos animais sociais e não conseguimos viver fora desse ciclo social.

O Neopositivismo e a Filosofia Analítica
     Consideramos o Neopositivismo e a Filosofia Analítica como sendo as duas correntes das mais completas da Ética Contemporânea. Sua atenção é voltada ao que hoje definimos como ética: A análise da linguagem moral, tratando o homem como algo que pode sim ser definido, defendendo também os conceitos de obrigação, dever, justeza.
    A partir dessas correntes, que aceitam o homem como ser social, e que assume a liberdade como algo que deve ser aproveitado juntamente com o outro, e que defende os direitos essenciais a todos os seres humanos, como o direito à vida e à educação, é que tomamos a liberdade de criticar alguns hábitos e costumes que não consideramos fundamentos cabíveis á construção de uma ética racional global.
   O genocídio, o famoso "jeitinho brasileiro", inúmeros outros costumes mundiais devem sim ser repensados para que possamos chegar a um mundo onde o fim último de todas nossas ações possa ser alcançado: A felicidade. Assim como vários hábitos devem ser arraigados em diferentes tipos de moral, já que são considerados como virtudes éticas por todos aqueles que os presenciam. O que não  podemos é nos acomodar nessa zona de conforto, pretendendo manter esse status quo que por tanto tempo tomou conta de nossa sociedade e de nossas vidas. O importante é que haja um movimento a favor da mudança, um esforço para melhorar, fazendo da filosofia e da ética nossas armas de combate, para que assim cheguemos o mais próximo da tão esperada justa-medida, novamente citando Aristóteles.
Reflexões Éticas

"Os desafios éticos impostos ao mundo contemporâneo devem ser analisados sob o ponto de vista de que nada é constante, e observando as variáveis intrínsecas a cada indivíduo e sociedade."


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. História e grandes temas. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
LAW, Stephen. Filosofia. Guia ilustrado Zahar. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.