1ª Aula de Sociologia 3º ano E. Médio
ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL
SOCIOLOGIA
A estratificação e a desigualdade
social fazem parte das sociedades humanas, que são divididas com base em
critérios socialmente construídos.
A desigualdade social é,
para a Sociologia, um grande objeto de estudo. Vários estudos sociológicos
mostram que alguns dos fenômenos sociais mais graves, como a violência, podem
estar relacionados com as relações desiguais estabelecidas entre os sujeitos. É
comum pensar que a desigualdade está relacionada apenas com a condição
econômica das pessoas. Porém, embora tenha grande impacto na realidade
individual, a condição material é apenas uma das inúmeras diferenciações que
possuem valor social agregado e que podem influenciar positiva ou negativamente
a realidade de um sujeito. Atributos como gênero, idade, crença religiosa ou
etnia podem e são vistos dentro de um contexto valorativo, isso é, são vistos
como características aceitáveis, desejáveis ou repulsivas. É nesse contexto que
se aplica o conceito de estratificação social.
Uma forma simples de entender o que é
a estratificação social é enxergá-la como um conjunto de
desigualdades que atingem diferentes sujeitos de uma sociedade, separando-os de
alguma forma dos demais. Um grupo de pessoas que pertence a uma camada mais
pobre de uma sociedade, por exemplo, acaba não tendo acesso aos
mesmos serviços disponibilizados a uma pessoa de melhor condição
econômica. Isso também é visto de forma ainda mais clara na composição e na
organização da maior parte das grandes cidades. Os bairros periféricos, ou as
“periferias”, onde se encontra a maior parte da população mais pobre, estão
localizados, comumente, mais afastados dos centros das cidades.
A pirâmide social exemplifica a hierarquia constituída em uma sociedade
Nesse sentido, as sociedades podem ser vistas como
construídas em uma pirâmide hierárquica: uma minoria favorecida encontra-se no
topo e os menos favorecidos encontram-se mais próximos da base. A
estratificação, no entanto, não é característica exclusiva de nossa era contemporânea.
A desigualdade foi vista em diferentes épocas da história humana e segue
padrões de organização diferentes a depender do período e das convenções
sociais. Esses sistemas de estratificação estão divididos em quatro tipos
diferentes: a escravidão, a casta, o estamento e a classe.
·
A escravidão é uma
forma extrema de desigualdade. Nesse sistema, alguns indivíduos tornam-se
propriedade de outros, sendo tratados como objetos, sem força de ação ou
vontade que não seja a de seu senhor. Embora tenha sido formalmente erradicada,
a escravidão ainda existe em certas partes do mundo, inclusive no Brasil.
·
O sistema de castas está
associado principalmente às culturas indianas que partilham da crença hindu
referente à reencarnação. Esse sistema parte da crença de que os indivíduos
estão separados em diferentes níveis hierárquicos determinados desde o
nascimento. Cada casta possui um papel fixo a ser cumprido, e aqueles que não
forem fiéis aos rituais e aos deveres de sua casta renascerão em uma posição
inferior na próxima encarnação. Não existe, portanto, mobilidade entre as
hierarquias de uma casta, que determina até o tipo de contato que cada
indivíduo pode ter com membros de outras castas.
·
Os estamentos foram a
forma de organização social de um grande número de civilizações no mundo
antigo. O mais famoso deles foi visto na era feudal europeia. Os estamentos
feudais constituíam estratos com diferentes obrigações e direitos, isto é, eram
divididos em aristocratas e nobres, que ocupavam o posto mais alto da hierarquia,
o clero ou as autoridades religiosas, que formavam outro estamento voltado
exclusivamente para atividades religiosas, e os servos, mercadores e artesãos,
que compunham a plebe. Nesse sistema, cada estamento possuía obrigações
específicas: os nobres guerreavam; o clero cuidava dos costumes religiosos, e
os servos eram responsáveis pela produção dos bens consumíveis necessários.
·
O sistema de classes possui
maior complexidade e é muito diferente dos outros tipos de estratificação.
Embora não haja consenso entre os estudiosos do assunto, podemos definir,
resumidamente, uma classe social como um grande agrupamento de pessoas que
dividem condições materiais parecidas, condições essas que influenciam
imensamente os demais aspectos de suas vidas. Isso quer dizer que a condição
econômica tem profunda influência sobre as formas de diferenciação das classes.
Diferentemente de outros tipos de estratificação, as classes não são
estabelecidas por intermédio de posição religiosa ou por posição herdada. Os
indivíduos possuem certa mobilidade na organização social, podendo ascender ou
descender na estrutura hierárquica. A esse movimento damos o nome de mobilidade
social, uma importante parte da dinâmica de uma sociedade.
Dois teóricos destacaram-se no campo de estudo da
teoria de classes: Karl Marx e Max Weber. Eles se pautaram na noção de que uma
classe é constituída por um grupo de pessoas que se assemelham em relação à
posse de meios de produção. Existiriam então duas classes sociais principais
distintas: os industrialistas ou capitalistas e o proletariado. O primeiro
detém os meios de produção (indústrias, fábricas, manufaturas), e o segundo
dispõe apenas de sua própria força de trabalho para obter seu sustento.
Weber, entretanto, apesar de pensar como Karl Marx
em relação à influência da realidade material na formação de nossa sociedade,
acreditava que haveria mais fatores, além da condição material do indivíduo,
que influenciariam a construção social. Para Weber, as teorias puramente
materialistas eram insuficientes para compreender a complexidade das relações
sociais entre classes. Dimensões da vida social, como a desigualdade social,
não se resumiam puramente à condição material de cada indivíduo. Era necessário
observar, portanto, as demais variáveis que afetariam a construção do sujeito
social, como o status social, que é definido na relação de diferenças entre
grupos sociais e de acordo com o prestígio social conferido pelos demais. Essa
relação de status, por exemplo, vai além das separações econômicas, sendo determinado
com base no conhecimento direto de uma pessoa diante de interações em
diferentes contextos. Isso confere certo poder de ação ao indivíduo, além
daquele determinado por suas posses materiais.
Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia
RODRIGUES,
Lucas De Oliveira. "Estratificação e desigualdade social"; Brasil
Escola. Disponível em
.
Acesso em 02 de marco de 2016.
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